30 dezembro 2011

Um Livro Único

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Este ano fui marcado por muitas leituras, especialmente de grandes 'relíquias' da literatura mundial, destacando:

- Cronicas de Nárnia, C. S. Lewis
- O Senhor dos Anéis, J. R. R. Tolkien
- A República, Platão
- A Abolição do Homem, C. S. Lewis
- Cartas de Um Diabo para Um Aprendi, C. S. Lewis
- O Menestrel de Deus - Vida e Obra de Anton Bruckner
- Admirável Mundo Novo, Aldous Huxley

Além de vários outras leituras na facul, e durante a vida.

Bem, há poucas semanas eu comecei a reparar em algo, que acho que até então não tive muita consciência. Se você reparar bem, a maioria das literaturas usa de 'expressões' e alguns 'clichês' de versos da Biblia, na maioria das vezes, ironizando ou fazendo um paralelo. Esses momentos na literatura são únicos, e únicos durante a obra, é como se fossem palavras, por pior que sejam, que de algum modo nos chamam a atenção. Sabe, é como beber. Você pode experimentar os mais diversos tipos de refrigerantes, sucos de caixinha, de polpa, alcoolicos, ou mesmo sucos naturais mas com gelo e açucar. Mas quando você toma uma limonada natural, de verdade, ou um copo da água direto do manancial; você sente, você percebe que 'isso é diferente', realmente te 'toca' de algum modo 'genuíno'.

Bem, ai eu fiquei pensando: "O que há na Bíblia de tão especial que tão difere das demais literaturas?"

Pensei no Crônicas de Nárnia, uma tentativa do Lewis de fazer um paralelo com lições biblicas, e de uma cosmovisão geral cristã, porém com uma estória num sentido mais cativante para um público infantil. A história, o enredo pode ser cativante, a forma como é escrito também. Mas ainda assim, é diferente, não é a mesma coisa.

Então pensei um pouco mais e tentei reparar em algo em que todas as literaturas tinham e que a Bíblia não tinha. Foi quando por um momento eu pensei em outra coisa:

A Natureza

Dá veio uma luz. Bem, conseguimos ter uma clara percepção de uma paisagem natural e de uma não-natural. Olhamos para as cidades e fica evidente que aquilo foi obra humana, ou mesmo uma praça, um parque. Mas quando entramos numa genuina floresta como a mata-atlantica, lidamos com aquele ambiente, e logo percebemos algo: "Isso não foi feito por uma mente humana." Bem, não estou dizendo que foi feito por outra mente não-humana, o objeto em questão não vem ao caso. Mas a questão é que quando olhamos na Natureza em si, vemos não o que poderia chamar de uma 'casualidade' em si, pois encontramos muitos padrões nela, mas sim, que parece que não foi feito, a principio com nenhuma 'intenção humana'. Não foi uma pessoa que colocou aquela planta ali, que delimitou seu território, o formato, entre outras coisas. A forma como tal está organizada não é para convencer o homem de nada, ou dar conforto a este (se acontecer, é mais um ato de adaptação do homem); em outras palavras, é uma estrutura organizada meio que 'nem ai para o homem'.

Quando olhamos para um parque, uma cidade, ou qualquer coisa, vemos em tal algum tipo de 'intenção humana' ali. Seja em convencer, seja em dar algum tipo de conforto ou logistica para vivencia humana; mas de um modo claramente que só uma mente humana faria isso, com propósitos humanos. Podemos dizer que a Natureza em si não tem propósitos, enquanto que as obras humanas têm.


Bíblia ≠ Demais Literaturas

Se leio um texto mais estilo artigo cientifico, a priore, temos ali a defesa de uma tese. No qual se busca refutar ou afirmar, ou chegar em alguma conclusão, e nisto há analises e argumentações, sobre o que é observado, feito; de modo, a tentar ser 'convincente, claro' para o leitor ou ouvinte. Se ouvimos uma obra mais do tipo filosófica, antropológica, vemos muito uma argumentação, como se o texto fosse um 'processo educativo' (como um tipo de máquina em movimento) tentando fazer o leitor entender o que o autor tenta dizer e convencê-lo de estar certo. Numa obra mais do tipo ficção, vemos muita a tentativa de uma descrição de uma realidade convincente, ou a tentativa de nos chamar a atenção para alguns temas, sobretudo atuais, e ironizá-los, ou aumentá-los, ou questioná-los, e por ai vai, pondo questionamentos e idéias que o autor teve de onde isso pode chegar. Sempre vemos essa perspectiva humana, de dar uma credibilidade, confiança, um resultado efetivo em sua palavra, seja na retórica, na argumentação, na linguagem. Ou seja, é AMBICIOSA. Sempre vemos algum tipo de ambição nas palavras, sejam elas boas ou más.

E é ai que reside a diferença. Não encontramos isso na Bíblia. Não é escrito como um livro de hoje. Nem como era escrito uma obra de Platão da época (a grosso modo). O caráter da Bíblia é diferente. Você lê e não encontra essas ambições no autor. É como o retrato da paisagem da Natureza qual descrevi anteriormente. Você olha para a Natureza, e de certo modo, é como se ela não está nem aí. Isto é o que mais me impressiona a Bíblia, ela não tem a ambição de nos convencer. Não em sua linguagem, não em sua argumentação, não em sua retórica. Olhe para o livro de Números. Parece que apenas estamos olhando uma "Base de Dados". Olhe para provérbios, parece um monte de frases jogadas ao vento. Algo do tipo, "bem, se não acreditar, por mim tanto faz, depois você que arque com as consequencias."


Provérbios 1
Escutem! A Sabedoria está gritando nas ruas e nas praças. Nos portões das cidades e em todos os lugares onde o povo se reúne, ela está gritando alto, assim:

"– Gente louca! Até quando vocês continuarão nesta loucura? Até quando terão prazer em zombar da sabedoria? Será que nunca aprenderão? Escutem quando eu os corrijo. Eu darei bons conselhos e repartirei a minha sabedoria com vocês. Eu chamei e convidei, mas vocês não me ouviram e não me deram atenção. Vocês rejeitaram todos os meus conselhos e não quiseram que eu os corrigisse. Assim, quando estiverem em dificuldades, eu rirei; e, quando o terror chegar, eu caçoarei de vocês. Zombarei de vocês quando o terror vier como uma tempestade, trazendo fortes ventos de dificuldades. Eu rirei quando estiverem passando por sofrimentos e aflições. Então vocês me chamarão, mas eu, a Sabedoria, não responderei. Vão procurar por toda parte, porém não me encontrarão. Vocês não quiseram a sabedoria e sempre se recusaram a temer a Deus, o Senhor. Não aceitaram os meus conselhos, nem prestaram atenção quando os corrigi. Portanto, receberão o que merecem e ficarão aborrecidos com as coisas que fizeram. Os tolos morrem porque rejeitam a sabedoria; os que não têm juízo são destruídos por estarem satisfeitos consigo mesmos. Mas quem me ouvir terá segurança, viverá tranqüilo e não terá motivo para ter medo de nada."

[ME DIGA ONDE VOCÊ JÁ LEU ALGO COM ESTA IDÉIA, DE MODO QUE CONSEGUIU TE INTIMIDAR MAIS DO QUE ESTA.]

Está lá, apenas fala. O autor demonstra algum tipo de paz ao escrever as palavras. A Bíblia sempre tem um tom REDENTOR, RECONCILIADOR - o que já difere de 99% dos demais livros. Algo do tipo, tanto faz. Não estou preocupado o que vão achar das minhas palavras, da minha literatura; mas gostaria que prestasse atenção e desse valor ao que digo, para o seu bem. Quem tem ouvido ouça, que não tiver, que siga o seu caminho.

Ao mesmo tempo, a Bíblia é um livro 'desconexo'. Biblia por definição significa um conjunto de livros. E esses livros são desconexos. O Simarilion, O Hobbit, a triologia dos Senhor dos Anéis, por exemplo, todos escrito por Tolkien, acho que contém mais palavras do que a Bíblia, estes sim são bem conexos; propositalmente conexos. Vemos essa mentalidade do autor. Mas na Bilblia, não tem como! Por definição, pois ela foi escrita num periodo, que acreditasse de mais de 2.000 anos. Muitos dos autores nem se conheceram. De modo, que vemos autenticidades literais. O exemplo mais claro disso fica nos Evangelhos, 4 autores diferentes, 4 linguagens, estilos, abordagens, pontos de vistas diferentes, não há uma busca de coerência para com a outra parte. Toda esse conjunto de coisas descasadas. É único!

O Alcorão dos Islâmicos por exemplo, não tem isso. Fora escrito por Maomé. A Bíblia, são 39 autores, dezenas de livros !! Será que alguem faz realmente noção do que isso significa? É um ato único na História! Acho que a coisa "mais próxima" (apesar que apenas na variavel tempo) que podemos comparar seria o desenvolvimento dos postulados de Euclides sobre Geometria, em "Os Elementos", qual dura até hoje.

Além disso, vemos na Bíblia as caracteristicas da linaguagem e dos pensamentos da Época. Compare Jó com João por exemplo, os dois extremos. A simplicidade de um provavel nomade dos desertos e montanhas, que apenas pastoreava gado, na mais simples das vidas, numa época com poucas palavras, de pouca cultura. Mas foi um exemplo de homem de fé, é descrito com a linguagem de Moisés. Vemos as caracteristicas da pena de Moisés, mas não a descrição do homem Moisés, uma vida muito simples, um tipo de jornada qual ele não vivenciou nem contemplou, pois a dele, desde o seu nascimento foi muito diferente. Já João, esbanja um cara que passou por muita coisa mais atual, viajens, conhecendo os romanos, a prisão, e tantos outros, teve que se voltar para a arte para DESENHAR o que foi descrito posteriormente como as palavras do que conhecemos hoje como o livro de Apocalipse (que significa: revelação; a revelação das figuras, imagens, de João; ou o que alguns atribuem, como a revelação que aconteceria no fum dos tempos).

Esta coerencia que vemos no todo da Biblia, em sua cosmovisão. Nos convence de que toda ela é especial. De modo que ao ler a Bíblia, consideremos-a, e comos convencidos por isso, que tal foi ARQUITETADA, CONFIGURADA, ESCRITA por uma única pessoa. Nos parece uma incrivel obra de arte.

Além disso, podemos ver coisas absurdas na Bíblia. Uma especie de 'anti-sofismo'. O oposto de um discurso politico, ou palestra, ou mesmo dos 'sermões' como estamos acostumados a ver hoje nas igrejas. A pessoa confeça todos os seus erros, alias, péssimos, horríveis, jus de morte (para a época), alias, Estevão foi morto. E por fim, temos algo do tipo, "dane-se o que vai acontecer comigo, se vou morrer ou viver. O que importa é que Jesus Cristo foi pregado." Até mesmo a busca da felicidade, essa palavra "felicidade" é deixado em segundo plano. É como a Natureza "e daí". E daí que nascemos. E daí que morremos. Vaidade de vaidade tudo é vaidade. A única verdade é Cristo. É um tipo de assassinato do Ego, qual praticamente não vemos em nenhum livro. Eu particularmente, nunca pude encontrar isso num livro que já li, ou qualquer texto que já li. Até mesmo os da Ellen G. White, vemos um grande teor argumentativo, por isso considero-os diferentes.

Tentando finalizar

Infelizmente, não costumamos parar para pensar sobre isso. Mas quando começamos a enumerar item por item do que faz da Bíblia tão única; e genuinamente diferente de qualquer outra coisa que já tenha lido, até mesmo de Confúcio, Sêneca (quais se aproximam no ambito da moral, da idéia), bem, é uma lista enorme. Me surgem um monte de coisas na cabeça agora. Poderia falar sobre as profecias "internas" vamos assim dizer, e que historicamente, se concretizaram. Como as mais de 70 profecias messianicas do Antigo Testamento, que se concluiram perfeitamente com Jesus. Além daquelas sobre o mundo nos últimos dias. De como causou polemica em toda história, de como foi odiada, de como foi tentado várias vezes, ser TOTALMENTE destruida, abolida da humanidade, impedida que fosse lida, etc.

Nada se compara a ela. E acho que talvez o fator mais especial. É porque ela é tão SEM AMBIÇÃO, GANANCIA, na sua produção, de modo que a torna muito pura. Quando saímos da cidade e vamos para o simples campo, percebemos como somos 'presos a tantas coisas', 'objetos', 'vaidades', 'trabalho', vemos melhor quem somos. Porque chegamos na Natureza, neste lugar sem intenção, não feito pelo homem, não  produzido por uma mentalidade humana. Nós serve como um espelho para alma. Porém, infelizmente, há uma grande limitação, que é a própria linguagem da Natureza. Precisamos de palavras, diga-se de passagem, de muitas, muitas palavras, e assim muitas idéias. Aliás, considero que temos que ir além das palavras e nos encher de muitas 'idéias musicais', que é ainda mais pleno do que as palavras do dicionário. Agora quando se trata da Biblia, vemos este espelho extremamente claro, porém, CHEIO DE PALAVRAS, mas como a Natureza, sem intenção, não feito pelo homem. E assim, ao lermos, estudarmos a Bíblia, nossos olhos abrem de modo que conseguimos nos ver absurdamente tão claro, mas tão claro, que normalmente desejamos fechá-la, ficamos com medo deste livro, de lê-lo, e de assim, encarmos nós mesmos, quem realmente somos. Além disso, quando mais compreendemos a Bíblia, parece que mais claro e fácil fica de se compreender e ver as pessoas, suas intenções, e tudo mais.

Outra comparação. No filme Matrix, ler a Bíblia, é como a oportunidade de sair da Matrix, e como Neo, poder finalmente enxergar a realidade. A questão é, queremos vê-la? Queremos sair do nosso mundinho, idéias, sonhos, perspectivas, e desejos virtuais?

Aí está, ao meu ver, a prova máxima, de que a Bíblia é um livro único. Incomparavel com qualquer outro livro ou obra escrita por um humano. Não disse em nenhum momento até aqui a parte 'religiosa', de que isso quer dizer que então foi inspirada realmente por Deus. Não disse isso, se você quer acreditar nisso ou não, fique a vontade. Mas o grande fato é que a Bíblia é a única coisa na Terra que tem o seguinte poder, e que você e eu podemos averiguar a qualquer momento:



"Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até a divisão de alma e espírito, e de juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração."

Hebreus 4:12 



É simplesmente isto, o que a Bíblia tem de especial. É este poder vivo e eficaz, de penetrar em nossos corações e fazer uma autópsia extremamente lucida discernindo nosso pensamento e nossas intenções. (inclusive as dos outros).

Que tal em 2012, participar de uma grande aventura que vai demandar MUITA MUITA coragem. Algo que nem mesmo a maioria dos cristãos tem. Que é a de ler e estudar este conjunto de livros, chamado de Bíblia.

23 dezembro 2011

Mensagem de Natal - 2011

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"Os filósofos são inúteis porque a humanidade não quer servir-se deles."
Platão, em A República

Modo estranho de começar uma mensagem de Natal. Mas é algo que acontece e que precisamos reconhecer. Sim, reconhecer, caso um dia quisermos realmente obter algum tipo de crescimento genuíno. Sócrates estava sendo questionado, quando começava a defender a virtude e o papel do sábio, do filósofo, quando foi questionado: "Mas ninguém quer saber de vocês. São vistos como estranhos, além de muitos serem acusados de caluniadores."

E então Sócrates, mostra na verdade que o que acontece, é uma insubordinação. As pessoas na verdade não querem servir-se dos sábios, dos filósofos, querem governar, ao invés de ser governadas, mesmo quando elas não têm razão, nem capacidade. É como se você ganhasse uma grande fortuna mas não soubesse como administrá-la de forma que fosse bom para você, para a comunidade, para a família, para a economia, e para a prosperidade no futuro, mas há quem sabe; e você poderia deixar todo o dinheiro com tal para fazê-lo então o que fosse mas justo; mas não, prefere cuidar você mesmo do seu dinheiro e gastá-lo como achar melhor.

Bem, de certo modo, é exatamente o que acontece nos dias de hoje com o cristianismo, se formos assim pensar. A questão em geral não é se a religião é boa ou má, ou quanto as boas verdades das Escrituras Sagradas, ou os ensinamentos de Jesus, e tudo mais. O problema está em as pessoas – inclusive eu, muitas vezes – não quererem servi-los. Pensamos: esta vida é minha, este corpo é meu, esta mente é minha, estes olhos são meus, este tempo é meu; logo, faço com eles o que quiser.

Convenhamos, isto funciona razoavelmente em tempos de paz e prosperidade. Como um rico país, em que o Governo faz verdadeiros desperdícios de recursos públicos,  e muitos erros, mas com a nação em plena prosperidade, por mais que cometa erros, no fim, tudo dá certo, tudo vai bem, a dinheiro de sobra para queimar. Ou mesmo uma pessoa jovem, que em sua juventude, na plenitude do vigor físico, encara diversas coisas destrutivas para a saúde, e mesmo assim, o vigor continua. Como repreendeu Jesus:

“Mas ai de vós, ricos! porque já tendes a vossa consolação.”
Mateus 6:24

O problema, como já advertia o filósofo é quando a casa cai. Quando a cidade entra em caos pelos erros e negligencias do governante tolo, quando a pobreza começa a assolar a população, quando faltam recursos básicos, quando ocorrem ameaças de guerra e seu exército está despreparado, quando todos os seus súditos (que não querem servi-lo, mas são obrigados) começam a ver uma oportunidade de destroná-lo, ou mesmo acabar com sua vida. Quando realmente a ilusão se desfaz, e nos vemos na real, olhamos para as nossas mãos e nada temos, e então, podemos ver um ao outro como semelhantes filhos de Deus. E é quando costumamos então a recorrer a tais, inclusive a Deus, a religião.

A vida incerta é, não sabemos o futuro, e o nosso passado já é o suficiente para nos mostrar quantas surpresas de mudanças repentinas e inesperadas ocorrem sem que sejamos consultados, tampouco preparados. Isso nos ensina que não devemos ter orgulho e nos vangloriar de nossa fortuna, de nosso emprego, diploma, nossa casa, e tudo mais; tudo pode se desfazer da noite pro dia, ou do dia para noite; Nem tampouco olhar com arrogância para os menos afortunados. Os quais, de certa forma, são melhores do que ‘os que têm’, pois são menos desapegados e mais independentes das muitas coisas que temos.

O que você sentiria, pensaria, faria, se um dia, ao andar pelas ruas da cidade, ao se deparar com um morador de rua, fédido, esfarrapado, faminto, numa noite muito fria, e este ao observar que você está com frio, lhe oferece o único manto que tem para você? Não esqueço das palavras de meu querido professor e amigo Paulo Paccheco, que certa vez na aula de psicologia, falou da amiga italiana [vou chamá-la de ‘Ana’] dele que trabalhava de voluntária num campo de refugiados (se não me engano) na África, num lugar totalmente miserável, a a mais miserável da miséria da miséria máster que se possa imaginar; pessoas sem nada, sem comida, sem água; dependia totalmente da ajuda dos grupos humanitários e missões evangelísticas, para sobreviver mais alguns anos sofridos. Bem, contou que certa vez, um grupo dessas mulheres que caminhavam dezenas de quilômetros todos os dias para uma pedreira onde quebravam na força bruta (marretada) toneladas de pedras (tipo, produziam essas pedrinhas que usamos na construção civil – agora você sabe porque compramos tão barato), e ganhavam praticamente nada, algo equivalente a 1 centavo por tonelada de pedra quebrada, vamos assim dizer. E aí, naquele ano em que houve um terremoto na Itália e tals, elas ficaram sabendo do ocorrido, foram até a Ana, pois gostavam muito dela, e pegaram todas suas economias de 1 mês inteiro, o cofrinho delas, o que deu um total, vamos supor de 30 centavos (ou seja, absolutamente nada para nós, mas para elas tudo, o trabalho de 30t de pedras quebradas) e insistiu para que a Ana enviasse este dinheiro para ajudar ‘sua tribo’ (os italianos).

Quando observei as imagens da catástrofe, o que via eram belas ruas, belas calçadas, belas casas, belos carros de luxo destruídos, casas muito bem mobiliadas, com laptops, fogões, até iPhone, guarda-roupa com roupas suficiente para cada dia do mês. Pessoas com recursos, cidades bem equipadas e preparadas. Muitos ali, tudo segurado, pessoas que tinham serviços médicos de primeira a disposição, comida do bom e do melhor, tanto, que até desperdiçavam, além de água em abundância com qual podiam se refrescar com sua piscina no quintal. E ali na África, aquelas mulheres, que mal tinham apenas uns remendos de roupas sujas (que provavelmente foram doadas), rasgadas, descalças, desnutridas, desidratadas, sem nada! E elas, ofereceram tudo o que tinham, 30 centavos, não dava para comprar nem 4 bananas!

Ana recusou. Não podia aceitar. Seu coração não permitiu. Pensou ela: “A Itália não precisava do dinheiro dela. Elas lutaram com tanto suor por aquilo, e já não tinham nada, tinham que usar algo para si, para uma fruta para comer talvez.” Mas elas insistiram para Ana. E disse, que “se o povo da Ana está passando necessidade, então nosso povo ajuda”, “Seu povo, meu povo.” Quando Ana ouviu isso, não se conteve, e desabou num longo e profundo choro. Ana viu o quão miserável ela realmente era, e o tão afortunado aquelas pobres mulheres eram. E não adiantou insistir. Ela teve que aceitar. Mas ao invés de enviar o dinheiro para a Itália, comprou coisas para elas. E isto gerou um documentários francês.

- Que lição!

A grande lição que Jesus nos deixou é o motivo, a razão de se viver, o que realmente vale, o que dá valor e sentido a vida; e é a forma que mais nos rende bem-estar, realização e gratidão que é SERVIR ao próximo. Sabemos que nossa mãe e nosso pai nos amam, porque vemos o tanto que eles vivem em função de nos servir, se sacrificam por nós. Amamos nosso parceiro(a) pois também vemos o quanto tal se sacrifica por nós; e cada vez, que servimos ele(a), estamos alimentando o amor, em cada pequeno ato, dos mais simples gestos ao maior sacrifício. A humildade é tão grande, que muitas vezes, a benevolência do próximo nos faz até chorar. Como disse uma pastor uma vez:

“Por que a humildade é tão grande?”

Por favor, não confunda o Natal como o dia do papai Noel, o dia dos presentes, ou de andar no shopping, o dia de consumir, o dia de grandes banquetes, o dia de acabar com seu fígado e saúde, o dia de festas, e da família reunido. Tudo isso é possível fazer sem amor, sem carinho, sem humildade, sem um ímpeto de servir o próximo. E assim, toda a magia se perde. Além disso, há muitas pessoas sem família, há muitas pessoas que não ganharão nenhum presente, pessoas, que passarão fome e sede, que ao invés de festa, apenas uma peregrinação pelas ruas e sarjetas da vida, ou num barraco numa área de risco, ansiosos e atentos ao tempo para que não caia um típico temporal de verão.

Noel foi um monge cristão que ficou conhecido por distribuir simples presentes (maioria brinquedos) para crianças órfãs e carentes. Não façamos dessa homenagem a este ato de benevolência, caridade, como um ato de luxo e coração da vaidade, como em geral as pessoas nos dias de hoje normalmente fazem neste dia.

Sei que nessas horas, principalmente quando não temos muita folga na conta bancária, é difícil, às vezes duro, querer servir ao próximo, ser um servo de pessoas que nem mesmo temos algum afeto, não conhecemos. Mas quando damos o primeiro passo, quando agimos, quando a ação ocorre, uma magia transforma nosso coração, e este é humanizado, de modo que o amor brota espontaneamente. Pois demos algo de si, mesmo um sacrifício forçado, para o próximo; isso faz com que o valorizemos. O amor surge e vai crescendo na medida em que nos desfazemos de nosso egoísmo.

Hoje as pessoas estão cada vez mais desafetuadas. Culpa da Internet talvez. É tudo tão fácil. Fácil ligar, fácil conectar, fácil enviar mensagens, do mesmo modo, fácil sair, sair sem mesmo despedir. Não há olho no olho. Não há sacrifício da sua parte. São tantos os contatos, 100, 300, 500, 1000, no face, no msn, no Orkut, email... que as pessoas quase se tornam descartáveis, se sai um há mais 10 para conversar. Se perde uma pessoa, bem, “o mar está cheio de peixe” – frases desse tipo, já são até ensinadas como um provérbio da virtude. A que ponto chegamos!?

Por isso apelo a cada alma que até aqui leu estas palavras, que encare como meta para este dia, e para o próximo ano, servir. Sirva o próximo. Sirva seus pais. Sirva sua família. Sirva seus amigos. Sua namorada, seu noivo, marido. Sirva ao seu vizinho, mesmo ao desconhecido. Agradeça ao motorista do ônibus por seu trabalho, ao gari por manter suas ruas limpas (sim a cidade é sua). Agradeça ao fazendeiro que produziu seu alimento. Sirva como se fosse a única e última coisa que lhe restasse a fazer na vida, a cada dia, e será a mais livre e realizada das pessoas.

Há um provérbio chinês que diz: “Cave um profundo poço de generosidade, e ele se encherá de amigos, retribuições, agradecimentos, reconhecimento, realizações, ajuda e solidariedade quando os dias ruins vierem, e nunca lhe faltará alimento.”


E por fim, esta era a grande lição que Jesus quis nos deixar:


“Ame teu próximo como a si mesmo.”


Ou seja, “faça pelo teu próximo, como faria para si.”

Esta é a única frase com que o Natal e a vida tenham algum sentido.



Um feliz natal para você e sua família.
E que a paz de Deus que excede todo entendimento possa ser derramado em abundância na seu dia-dia.

Ter ou não ter namorado, eis a questão

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Quem não tem namorado é alguém que tirou férias remuneradas de si mesmo. Namorado é a mais difícil das conquistas. Difícil porque namorado de verdade é muito raro. Necessita de adivinhação, de pele, saliva, lágrima, nuvem, quindim, brisa ou filosofia. Paquera, gabira, flerte, caso, transa, envolvimento, até paixão é fácil. Mas namorado mesmo é muito difícil.


Namorado não precisa ser o mais bonito, mas ser aquele a quem se quer proteger e quando se chega ao lado dele a gente treme, sua frio, e quase desmaia pedindo proteção. A proteção dele não precisa ser parruda ou bandoleira: basta um olhar de compreensão ou mesmo de aflição.


Quem não tem namorado não é quem não tem amor: é quem não sabe o gosto de namorar. Se você tem três pretendentes, dois paqueras, um envolvimento, dois amantes e um esposo; mesmo assim pode não ter nenhum namorado. Não tem namorado quem não sabe o gosto da chuva, cinema, sessão das duas, medo do pai, sanduíche da padaria ou drible no trabalho.


Não tem namorado quem transa sem carinho, quem se acaricia sem vontade de virar lagartixa e quem ama sem alegria.


Não tem namorado quem faz pactos de amor apenas com a infelicidade. Namorar é fazer pactos com a felicidade, ainda que rápida, escondida, fugidia ou impossível de curar.


Não tem namorado quem não sabe dar o valor de mãos dadas, de carinho escondido na hora que passa o filme, da flor catada no muro e entregue de repente, de poesia de Fernando Pessoa, Vinícius de Moraes ou Chico Buarque, lida bem devagar, de gargalhada quando fala junto ou descobre a meia rasgada, de ânsia enorme de viajar junto para a Escócia, ou mesmo de metrô, bonde, nuvem, cavalo, tapete mágico ou foguete interplanetário.


Não tem namorado quem não gosta de dormir, fazer sesta abraçado, fazer compra junto. Não tem namorado quem não gosta de falar do próprio amor nem de ficar horas e horas olhando o mistério do outro dentro dos olhos dele; abobalhados de alegria pela lucidez do amor.


Não tem namorado quem não redescobre a criança e a do amado e vai com ela a parques, fliperamas, beira d'água, show do Milton Nascimento, bosques enluarados, ruas de sonhos ou musical da Metro.


Não tem namorado quem não tem música secreta com ele, quem não dedica livros, quem não recorta artigos, quem não se chateia com o fato de seu bem ser paquerado. Não tem namorado quem ama sem gostar; quem gosta sem curtir quem curte sem aprofundar. Não tem namorado quem nunca sentiu o gosto de ser lembrado de repente no fim de semana, na madrugada ou meio-dia do dia de sol em plena praia cheia de rivais.


Não tem namorado quem ama sem se dedicar, quem namora sem brincar, quem vive cheio de obrigações; quem faz sexo sem esperar o outro ir junto com ele.


Não tem namorado que confunde solidão com ficar sozinho e em paz. Não tem namorado quem não fala sozinho, não ri de si mesmo e quem tem medo de ser afetivo.


Se você não tem namorado porque não descobriu que o amor é alegre e você vive pesando 200Kg de grilos e de medos. Ponha a saia mais leve, aquela de chita, e passeie de mãos dadas com o ar. Enfeite-se com margaridas e ternuras e escove a alma com leves fricções de esperança. De alma escovada e coração estouvado, saia do quintal de si mesma e descubra o próprio jardim.


Acorde com gosto de caqui e sorria lírios para quem passe debaixo de sua janela. Ponha intenção de quermesse em seus olhos e beba licor de contos de fada. Ande como se o chão estivesse repleto de sons de flauta e do céu descesse uma névoa de borboletas, cada qual trazendo uma pérola falante a dizer frases sutis e palavras de galanteio.


Se você não tem namorado é porque não enlouqueceu aquele pouquinho necessário para fazer a vida parar e, de repente, parecer que faz sentido.


Artur de Távala



Dedico este texto para minha linda, Aline.

18 dezembro 2011

Etmologia de 'Evandro'

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Uma contribuição, de um amigo da internet, Prof. Mapelli Siqueira, sobre a etmologia do meu nome. Gostei.

Do grego Euandrós (homem bom) – eu (bem; benévolo, bom; felizmente; justamente, regular); andrós (do homem; viril), que veio de anēr (esposo; guerreiro; homem; indivíduo; varão).

O termo eu veio da raiz *proto-indo-europeia *su, que teve esta evolução: Su > hu > ēu > grego eu. E anērveio de *ane-er (que vive e se movimenta; etc.), que originou andrós, de *ane-de-er-o-s (daquele que comunica, respira, vive; etc.).

A raiz *ane entrou na formação do latino anima (alma, princípio vital, vida; ar, odor, sopro; habitante, indivíduo, pessoa), de *ane-mā (origem da vida; etc.).



Voltando a anēr (esposo; guerreiro; homem; indivíduo; varão), encontramos a sua aproximação com o hebraico ANWŠ Enōš (humano, mortal), nome de um neto de Adão, que poderia ser “Enōr” ou, ainda, “Anōr”, porque “š” tem permuta com “r” (ex.: grego ekklēsía e klēros: igreja e clero; querer e quis).

Enōš originou-se da raiz ANŠ Anaš (incurável, mortal) no idioma original da Terra, que chamo de Adam, que existiu do Éden até Babel. Observamos que esta raiz originou ainda o hebraico AYŠ īš (=anēr), que perdeu “-n-”; assim como o latino vir (homem), que poderia ser “wir” ou “yir” (īr = īš), perdeu “-n-”.



Voltando a andrós (do homem; viril), que tem “-n-”, vemos a sua relação com o latino mundus (limpo, puro; mundo; etc.), de *man-de-o-s ou *mon-de-o-s (da humanidade; etc.). E *man, que veio de *mā-ane (origem da vida; etc.), é o mesmo que *ane-mā, que originou o latino anima (alma, princípio vital, vida; ar, odor, sopro; habitante, indivíduo, pessoa). É bom lembrar que *man, ou *mon, se relaciona ainda com *men (mencionar, pensar, permanecer, projetar, remanescer; pequeno, isolado).

O russo mir (mundo; paz) originou-se de *mā-er (origem do movimento; etc.), que formou também *mer(cintilar, tremeluzir; flutuar; purificar; fazer mal, prejudicar, danificar, ofender, ferir, magoar, matar, perturbar, afligir, mortificar, atormentar). Tanto o russo mir quanto o latino vir (homem) perderam o “-n-” do original adâmico ANŠ Anaš(incurável, mortal).



A estranheza de acharmos que o nome de Enos, filho de Sete, significa “humano, mortal” e que *mer traz juntos “purificar” e “matar”, explica-se pela entrada do pecado (morte) no mundo.

Raízes e radicais *proto-indo-europeus: *ane (comunicar; respirar; viver); *de (advérbio; demonstrativo; preposição); *er (ir; movimentar-se, que faz movimento); *mā (bom; dia, manhã; mãe; que ocorre em bom momento); *man ou *mon (alma; homem; mão); *o (desinência do masculino); *s (desinência do nominativo); *su (bem; bom).

Vendo Notebook Dell

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Breve fotos

Vendo Notebook Dell Inspirion 1525

Valor: R$ 600 (a vista) ou 2x350 ou 3x250
(se for usar financeiras para honrar compromisso, adicional da taxa que elas cobram, normalmente entre 5 e 10% do valor)

2 anos de uso
MUITO BEM CUIDADO E CONSERVADO
Tela é nova (trocada este ano)

Configuração:
Processador Intel Core 2 Duo T5800 2Ghz 64 bits
Memória: 3 Gb DDR2
HD SATA 80 GB
2 saidas de para fone de ouvido, 1 para som digital SPDIF
Tela 15" Widescreen, tela 100% inclinável
Wi-fi, Bluetooth, HDMI, Firewire, 4 USB 2.0, S-Video, 13Q4, Rede 100/1000, fax-modem, DVD-RW, leitor de SD/MMC, MS/Pro.
Botões de atalho para Midia no teclado.
Bateria 6 células:
- Win 7, uso leve, dura ~50min.
- Win Vista, uso leve, dura ~ 1h40
- Win XP, uso leve, dura ~3h
Cor: prata interno e preto externo.

+ caixa original, certificados Dell, manual, CDs original Dell, Drivers, softwares...

Acessórios:
Originais Dell:
- Conector para saída de video RGB (verde, vermelho, azul + audio digital)
- Controle remoto para player

Analise
Hardware
Em perfeito estado. Todas as teclas estão em perfeito estado, e mouse pad também.
HD não travando, e 90% da capacidade real. Sendo que é parcionado, sendo 10Gb dedicados a Backup e restauração do sistema (padrão da Dell). Sistema de refrigeração um pouco a desejar, é preciso, como a maioria dos laptops, deixar um bom espaço inferior entre a superficie para ter uma boa ventilação. E o Windows vista, ou aplicações e execuções mais pesadas, como audio e vidoe, tendem a fazê-lo esquentar muio. Mas nunca chegou a dar pane de temperatura, ou o processador desligar.

Quanto a desempenho.
Usei o principalmente para trabalhos pesados de programação e não deixou NADA a desejar. Também usei para trabalhar arquivos pesados no AutoCad 2006 (não tive nenhum problema de velocidade no processo), no Flash CS (ótimo desempenho, porém, projetos muito grandes, chegavam a dar um pouco de lag).
Também trabalhei muito com edição de som e o video e música, como Sibelius 6 e 7 (o sibelius 7 deixava a exigir um pouco mais de desempenho, mas o 6 funcionava perfeitamente, contanto que não fosse um projeto sinfonico muuiiito pesado); com edição de ´video não tive problemas para edição abaixo de 700p. E para rodar vídeos, ele é muito bom, mesmo no HDMI a 1920x1080, processamento perfeito. A placa de video é da Intel, deixa um pouco a desejar para jogos de muita exigencia 3D. Meu uso foi mais voltado para trabalhos voltados para som, a qualidade da placa de som é muito boa, as caias de sons internas deixam um pouco a desejar, nada que uma boa externa não resolva, capacidade de 24bits em 48mhz (ajustável), e com possibilidade algumas melhorias, como suplemento nos gráficos (isso direto na placa).

Para jogos, pouco usei. Mas tive algumas experiências com Call of Duty 2, Battlefield 2, Age of Empires 3, FarCry.. bem, é só não deixar os recursos gráficos no máximo que dá para jogar de boas.

É um computador bem silencioso também, teclado, mouse, disco rigido, processador, cooler.

É praticamente um computador que vai rodar bem tudo o que você precisa, mesmo que para trabalhos. Contanto que não seja edição exorbitantes de vídeos em altissíma resolução, ou para ficar jogando de ultima geração com os gráficos no máximo. E que nunca trava. É um bom Dell, que honra o nome da marca, que certamente ainda vai durar muitos anos de boas.

Motivo de venda: Apenas para obter um produto com uma configuração mais moderna, e mais compacto. de 11 ou 12 polegadas.