03 fevereiro 2011

Os Monópodes ou Tontópoles que são Os Tontos

Me surpreendi muito com a história que se passa na Ilha dos Tontos, no livro Crônicas de Nárnia, em O Peregrino da Alvorada. Claro, é uma história infantil e boba. Mas por detrás disso, encontro uma grande reflexão, num discurso que há entre Lúcia, o Mago e Aslam, sobre o povo, os tontos monópodes.

Creio que este trecho dá uma boa idéia de quem eram os tontos:

"... A gente invisível concordava com tudo. Aliás, era mesmo difícil discordar da maioria de suas afirmações:
- è o que eu vivo dizendo: quando uma pessoa tem fome, gosta de comer. - Ou: Está ficando escuro; de noite é sempre assim - Ou então: Vocês vieram pela água; é muito molhada, não é?" (Cap. O livro mágico)


Mais para frente, Aslam diz para o mago:

"- Está aborrecido, Coriakin, por ter de governar uns súditos tão apalermados como os que lhe dei?
- Não - respondeu o mágico - Sâo de fato muito estúpidos, mas não são perigosos. Já estou até gostando deles.Algumas vezes perco um pouco a paciência, esperando o dia em que poderão ser governados pela sabedoria e não por esta magia rudimentar.
- Tudo a seu tempo, Coriakin - disse Aslam."
(cap. Os anõezinhos do mágico)


No caso, não se engane que eram pessoas novas, crianças esses tontos. Na verdade, pela narrativa do conto, muitos anos se passaram, talvez décadas, quem sabe centenas de anos, e ainda haviam essas pessoas tão tontas, ignorantes, quase incapazes de pensar e decidir. Simplesmente concordavam e seguiam se, reflexão alguma o que seu chefe dizia, até mesmo quando havia contradição (como mais a frente foi o debate entre Lúcia e o chefe, a respeito da beleza dos monópodes).

Bem, há poucos dias atrás, um ser impaciente coloca no orkut numa comunidade cristã "Ignorância tem cura?" E logo de cara, já começa a soltar a franga, e falar mal de todos os religiosos da igreja dele que ele julga serem ignorantes, cabeças fechadas, porque eles só sabem seguir algumas regras fixas bobas e não procuram entendê-las, nem nada, é uma regra, uma tradição, então ponto final. E isso o estava deixando louco. Pois para ele, seus "desqueridos" irmãos eram como os Tontópoles.

A verdade é que quantos tontópoles como os Tontos de Nárnia não conhecemos? Aliás, que julgamos tontos. Pois, se formos pensar bem. Aos olhos de Aslam, o próprio mágico, ou Lúcia, ou Edmundo podiam ser tontos. Aliás, sobre o olhar de um ser muito superior, certamente, somos criaturas incrivelmente tontas. Se tirarmos o Zoom de nós, veremos, que os Tontos somos nós mesmos. Mas dificilmente gostamos de reconhecer isso, preferimos nos achar legais, inteligentes, aqueles que sabem o que faz, que tem a razão. Por fim, gostamos de ser teimosos até mesmo quando sabemos estar errados.

Mas e mesmo quanto a essas pessoas que julgamos inferiores a nós, de algum modo, nem que seja quanto a serem mais tontos do que eu ou você. Estamos aborrecidos com estes filhos e filhas de Deus, que Ele colocou em nosso caminho? Cade a paciência para com eles? Cade a paciência mesmo que tenhamos que esperar anos? Por que tratá-los com certo desdém e desprezo?

Temos que aprender a suportar e tolerar o próximo. Nem diria aprender, mas simplesmente agir. Não se aprende a tolerar, simplesmente se tolera. Claro, que a pratica leva a fluencia. Mas não tem segredo. Jesus, Moisés, Deus já havia deixado para nós a Lei Aurea, devemos tratar o próximo como a nós mesmos. Ou, fazer ao próximo o que gostaríamos que fizessem a nós. Ou, amar o próximo assim como Cristo nos amou (até mesmo morrendo). O que isso quer dizer? Não devemos esperar por uma MAGIA que nos produza esse DESEJO. Creio que jamais iremos querer nos sacrificar por alguem que não seja algum tipo de forte apego afetivo, como um pai, mãe, filho etc. Logo, se o que você quer é na verdade dar um murro na pessoa, empurrá-la no trilho de trem, fazer com que simplesmente desapareça. Bem, é nesse exato momento, em que você deve, simplesmente se CONTRARIAR, se CONTRADIZER. Quer x? Então faça (-x). Simplesmente. Podemos fazer isso. Na verdade, somos bons em fingir. Isso, finjamos. Haja fingindo que gosta. E assim vai praticando. E verá, que a PRÁTICA, mesmo por fingimento, produz "magia". É dificil, e de certo modo, nunca soube de alguem que agiu com altruísmo e amor ao próximo, esperando uma magia interior impulsioná-la a isso. Mas sempre soube, e praticamente todos, que foi o contrário, que primeiro agiram, mesmo por má vontade, ou na marra, mas que isso produziu magia que impulsionou futuros movimentos.

Isso sim é praticar o amor. Amor não são impulsos mágicos do coração. Mas ações, principios que fazemos, mesmo que na marra. E o mais incrivel é que isso, o Amor, a ação, produz muitos impulsos mágicos. Impulsos até mesmo de amar, gostar e tolerar as tolices dos Tontos, dos Tontópodes, e dos Monópodes de nossas vidas.

Mas o que as crianças tem aprendido na escola? Certamente, nada de muito útil como isto, como amor, e lógica. Mas se tivessem aprendido. Se isso fosse mais ensinado e divulgado, ao invés das brigas, vinganças, impaciências entre outros. Com certeza seria um mundo um pouco melhor, e não haveriam tantos divórcios como está aceleradamente acontecendo.

0 comentários: