1984 não é um livro para qualquer um ler, não recomendo para adolescentes, nem mesmo jovens, apenas para pessoas que acreditam terem já alcançando algum tipo de maturidade filosófica, intelectual (sim, acredito ser necessário ter lido já um bom repertório filosófico entre muitas outras coisas), pois neste sentido ele é muito denso, trata de várias questões, um monte, de certo modo, quase sobre tudo, sobre o Mundo em que vivemos, sobre o individuo, suas ações, comportamentos, a mente, a memória, o que é ‘realidade’, o que é ‘registro’, sobre politica, o poder do Estado, o “Coletivismo Social X Individualidade”; relações de poder. A sempre hierarquia das classes: Alta, Média e Baixa. E muitíssimas reflexões sobre tudo, sobre consumo, indústria, produção, educação, mídia, monitoração do individuo, controle social, controle do pensamento, controle da mente, linguística, epistemologia, idiomas, sobre ‘palavras’, religião, e o mais incrível, ‘bons argumentos contra o cristianismo’ (o que é Raaaaaaro de se ver - bons).
O livro me trouxe várias reflexões, vários questionamentos, provocações, ideias, claro, não vou falar de todas. Apenas de algumas que acho que quero destacar.
O Senso de Segurança
A Oceania dominada pelo Partido, formou um conceito, uma clara idéia na mente de todos os seres pensantes que sempre estão sendo vigilados pela Policia do Pensamento, não há onde esconder, não tem nem como esconder um pensamento, se a pessoa pensa algo contra o partido (crimideia), é apenas questão de tempo, não há como se esconder, cedo ou tarde será pega, e apagada da História, nunca existira.
Todavia, houve um momento em que ele baixou as guarda, ao mesmo tempo, que com isso tinha alguma consciência que isto significava a sua morte, já estava morto por ter pensado assim. E acabou conhecendo um quarto no meio da prole, onde tinha seus encontros com sua Julia. Não havia teletela. E o dono do local parecia ser uma pessoa carismática. E ele ficou por meses tendo seus encontros amorosos, achando que naquele cantinho, naquele quarto, estava seguro e refugiado do mundo. Mas ali foi apenas uma cilada preparada pela Policia do Pensamento para ele. Havia uma teletela escondida atrás do quadro, esperando apenas uma confissão dele para pegá-lo no flagra.
O senso de segurança se passou a não existir. A única teórica segurança que havia era em viver de modo a não causar nenhum tipo de problema para o partido. E isto incluía em estar de acordo com seus propósitos e a sua idéia de que de Guerra, como se a Guerra, as outras nações é a que fossem as culpadas, pelos bombardeios. Pois de outro modo, estava sempre, em constante vigilância.
Temos uma reflexão, uma critica aqui sobre o que significa a Policia. E não apenas isto, mas os meios, mas os instrumentos de MONITORAMENTO do individuo. Pois por um lado, quanto maior e mais complexa a sociedade, mais ordem é necessária, e para haver ordem, é preciso haver monitoração e controle. Ou seja, é preciso abrir mão, em partes da sua liberdade. Liberdade no sentido de fazer as coisas sem estar sendo vigiado e controlado pelo Estado. E por outro lado, se não houvesse, como seria? E hoje, se formos ver, é uma questão presente. Enquanto estamos desenvolvendo melhores meios de monitoramento da população. Não haverá de chegar um momento, no qual cada individuo possa estar em constante controle ou observação? Por um lado, utopicamente, não haveria de ser nenhum problema ser monitorado, contanto que sua liberdade estivesse garantida, e não aparecesse uma policia do pensamento apagando sua vida. Mas isto, apenas seria possível num Poder, semelhante ao que vemos na Biblia, qual diz que há Anjos Redatores, que anotam cada passo nossa, mas que por outro lado, não vemos eles se intrometendo e nos obrigando a nada. Todavia, o Estado, Partidos, Empresas e por ai vai, está preocupado apenas com Poder. E isto, inclui, o poder sobre o individuo, de controla-lo, de fazer segundo a sua vontade. Se o radar viu que a pessoa passou da velocidade, tal leva um multa, e se a pessoa tentar fugir da multa, o Estado, possui instrumentos, para obriga-lo a pagar, ou então, manda-lo para a cadeia. (é o Estado controlando).
Até que ponto, podemos realmente admitir que o Controle, o Poder do Estado, é algo bom? Visto que este, significa, a morte do individuo mesmo que numa escala pequena. Em quanto que os Estados Totalitários numa escala maior. Uma coisa, o livro me deixou claro, “Segurança significa escravidão”. Todavia, por outro lado, não nos é mais possível viver sem Controle, sem subordinar-se há um grande poder. O grande problema que por fim temos é, ao meu ver, CONFIANÇA. Podemos realmente confiar no Estado? E quando falamos nisso, estamos falando nas pessoas que compõe o Estado. Podemos realmente confiar nelas? Que razões temos para confiar? Apesar de hoje, claramente ser um covil de ladrões, praticamente em toda a História o fora, até mesmo em Israel, ao ler o Antigo Testamento, acredito que vemos mais pessoas não-confiáveis no Poder, no Estado, (alias, o povo que clamou por um Rei, pois Deus não queria este modelo de organização para Israel). Até mesmo Salomão, em grande parte do seu tempo, apenas colaborou para a ruina de Israel. Vemos claramente na Biblia, que o único modo ideal, é quando o Poder está nas mãos de Deus, no sentindo, que as pessoas que estão no poder, elas estão totalmente rendidas a guia de Deus, a vontade dEle, e não ao próprio egoísmo, ambições e achismos, ambições terrenas e passageiras – diga-se de passagem. Mas isto, mesmo em Israel, foi raro de se ver; e não espero nos dias de hoje. Mesmo quando SUPOSTAMENTE, o Cristianismo chegou ao Poder na Europa – a Idade Média – as pessoas que compuseram o Poder (o Clero), bem, em nome de Deus, praticamente, se opôs totalmente a tudo quanto realmente era da vontade de Deus. Como está escrito em Daniel: “Lançou a verdade por terra.”; “Mudou os tempos e as leis.” E colocou o próprio homem, como no lugar de Deus, com autoridade e poder tão quão. (bem, é o que diziam para os homens)
O Ministério do Amor
Quando a pessoa saia dos padrões. A Policia do Pensamento prendia ela e a enviava para o “Ministério do Amor” (nome totalmente irônico). E lá, tal passava por uma violenta e cruel tortura, contudo o que me fez questionar o que é a tortura. Mas simplesmente levava ao ponto não só de experimentar o sofrimento e a dor, mas de esvaziar-se totalmente de si.
Nisto, tem uma das maiores revoluções, de tudo o que era visto antes sobre tortura, se vamos assim pensar. O que eles estavam se importando não era em ‘obter informações’ da pessoa, força-lo a dizer nomes, culpados, e dizer tudo. Mas sim, mudar o pensamento, o caráter, a personalidade dele. Antes, ele odiava o Partido, e só sairia de lá quando amasse Partido. Mas não por mera palavras, ou para tentar convencer os torturadores de modo para quem parem com a tortura e o libertem. Mas só iriam soltá-lo quando realmente estivesse ‘curado de sua loucura’. Conseguiam descobrir um modo, algo em especial (claro uma tortura em especial, um modo) de alcançar o mais profundo de sua mente e destruir suas últimas barreiras, para realmente mudarem seu pensamento.
É uma forma totalmente diferente de tortura, do passado. Que aliás, tente a ser, vamos assim dizer, a Punição da Policia do futuro, as armas do futuro. Não uma mera agressão ao corpo (“uma forma de controle e domínio ao corpo”), mas também uma forma de “controlar a mente”. E neste caso, controle da mente se constitui em curar a pessoa da loucura, e torna-la mais um ‘objeto’ com a ‘programação’ desejada pelo Partido. E nisto, se constitui em manter “o Sistema”, ou seja, “os trabalhos, as classes, o modo de vida, desejos, pensamentos”. E querendo ou não é isto o que eu particularmente vejo nas músicas, nos programas de TV em geral, na maioria dos filmes, e até mesmo no que se acha na Internet. É diferente se encontrar algo que se sai desta mentalidade de hoje. Além disso, uma das coisas que o Partido tinha praticamente abolido era o estudo da História e da Literatura antiga (imprópria), e veja só, não é exatamente o que estamos vendo hoje? E não apenas vendo nesses canais da mídia (os instrumentos de acesso dos Poderes para incumbir um pensamento as Massas), mas posso ver nas próprias pessoas. Pessoas quais, algumas ficam o dia inteiro com a TV ligada, ouvindo musicas de propósitos comerciais (praticamente quase tudo), e etc. Se vê claramente como é a mentalidade delas. Não vi nenhum personagem no livro 1984 que representasse bem esse tipo de pessoa, mas no “Admirável Mundo Novo”, tal pessoa podemos ver claramente representa na Lenina. São as pessoas comuns, que não questionam nada. Tornando-se anacefaladas, engolem tudo, sem senso critico; e só pensam em gastar, se divertir, não há nenhuma preocupação realmente séria antropológica, ou sobre o futuro, tão pouco, preocupação em conhecer, estudar e saber das coisas do passado, ou entender como as coisas funcionam.
A Nova Lingua
Reduzir a capacidade de expressão, pensamento (até onde isso depende de palavras), do individuo. Em outras palavras (forçando o caso), reduzir, mudar e controlar o idioma de modo a fazer as pessoas apenas a conseguir pensar como o partido.
Ou seja, suponha que o partido quisesse que tudo fosse 0, 1, 2, 3, .., 10. E ai, ensinasse a pessoa apenas a fazer operação de adição (+), e os números 0, 1, 2, 3,4,5. E por fim, a pessoa só iria conseguir fazer as seguintes operações:
x + y = k, (com x = [0, 5], y = [0, 5], ou seja, k = [0, 5], no conjunto dos naturais)
E ai, você pensa, ué: mas 5 + 5 = 10. E o máximo é 5, o que fazer? Simples, evidente que o Partido ensinava apenas algo do tipo 3+2=5 ou 5+0=5. Coisas, do tipo, pensar além disso. Além apenas desse “pequeno conjunto de palavras”, era totalmente ILEGAL, IMPRÓPRIO, HERESIA, é contra o partido, por exemplo, pensar na ‘subtração’ (-), ou multiplicação, ou nos números 6, 7 e 8.
Quando se contextualiza isto para a questão do idioma é exatamente isto. A pessoa só iria sabe ‘um pequeno conjunto de palavras’, e apenas saberia fazer ‘um pequeno conjunto de operações’ com tais palavras, e com isso, só iriam resultar num ‘pequeno conjunto de pensamentos e expressões’ (entre 1 e 5), que eram os pensamentos que o Partido iria querer. Qualquer anomalia no individuo, e este era enviado para o Ministério do Amor, para ele esquecer para ele poder aprender e acreditar (como diz no livro) que 2+2=5.
E isto está acontecendo hoje!!! Não é apenas o Internetês. Mas os livros por aí, as pessoas em geral. E nisto, estou falando das pessoas não só em comum. Mas mesmo uma pessoa mais executiva, com doutorado e tals. Mesmo que ela saiba 10 idiomas, em geral, você vai ver, e aí é uma pessoa apenas que conhece os termos referentes e voltados para o seu trabalho, área de atuação. Como no “Admirável Mundo Novo”, conhece, estuda, apenas aquilo que é útil para o seu trabalho, cargo, função na sociedade. E assim, é cada vez mais comum encontrar Engenheiros Moleculares, doutores em Astrofisica, mas que não sabe a diferença do Torá da Bíblia, ou quais foram os períodos da História, ou o que foi a Idade Média, ou a Revolução Francesa, ou a Industrial; tampouco sobre os pensadores gregos ( a origem da Razão), ou Agostinho (o pai da Teologia), etc. A geração de hoje já mal sabe o que foi a II Guerra Mundial, ou quem foi Hitler, ou a Guerra Fria, e mal sabe, o que aconteceu no mundo há 60, 70 anos atrás, pior, 30 anos atrás. E acham que o “atual estado e modelo das coisas” sempre foram assim e sempre serão assim. “o passado é o presente” e “o futuro é o agora” (como era os ditos axiomáticos das pessoas no livro).
O Poder
A parte da tortura é incrível, filosoficamente incrível, pois vai tirando de exemplos da História, de modo de como construir um Império Perpétuo. E ai vai vendo ponto por ponto porque todos os demais falharam. Alias, o propósito do Ministério do Amor de mudar a mentalidade das pessoas, ao invés de assassiná-las foi um aprendizado do passado para manter o controle e domínio do Partido. A Guerra também fazia parte deste objetivo. A Guerra não era mais por luta de território, ideológico, alimentos, era apenas para controlar o povo com um senso nacionalista, de submissão, de ideia de ‘inimigo em comum’ e com isso senso de fraternidade. E entre esses pontos, o MAIS CHOCANTE e claro, foi quando disse que todos os povos e impérios antigos, inclusive o Nazismo errou em ‘fantasiar’ e inventar outras coisas para o MOTIVO do ‘porquê’ fazer isto, mas que eles, tinham bem claramente bem definido, que o único propósito era “PODER”.
A grosso modo deixa claro uma coisa, tudo é uma questão de PODER. Qual é o propósito dos ricos, da Classe Alta, dos dominadores...? Poder. Simples assim. Não é dinheiro. Alias, dinheiro pode facilmente desvalorizar ou não significar. Mas dominar, ter controle sobre os outros, isso sim é PODER. Ou mais ainda, dizer quem pode viver ou morrer. Ou mais ainda, PODER para fazer a pessoa pensar o que você quer que ela pense (O Controle da Mente, a ULTIMA E MELHOR ARMA que pode ser feita para domínio). E de certo modo, o livro me fez pensar muito nisso. Me fez novamente, abrir mais o olho, e perder a ingenuidade, e novamente ver claramente, que quem busca Riquezas, Dinheiro, Status etc, busca poder. E nisto fica mais claro o que diz as Escritoras:
“O amor ao dinheiro [Poder] é a raíz de todos os males.”
E mais ainda, apesar de eu sentir uma grande atitude critica para com o Cristianismo do autor. Ele deixou bem claro, evidente, que tudo, o mundo, as coisas, o sistema não muda, é apenas o mesmo, a busca pelo TOPO DA PIRAMIDE, querer chegar na Classe Alta e manter o poder. Mas por outro lado, é exatamente o que o verdadeiro cristianismo bíblico se opõe. Pois Jesus criticou isso, chamava as pessoas a abandonar o poder, deixar isso da vida dela, chamou os riscos a dar tudo o que tem aos pobres, e eles mesmo não buscou riqueza, nem glória, nem status algum. O evangelho é loucura para este mundo, literalmente. Todavia ao mesmo tempo, uma coisa ficou fortemente gravada em mim: "Eu concordo com tudo isso!", "Qual é o problema?" Pois bem, vamos assim pensar, tirando o senso de moral, virtudes cristãs, é simplesmente poder, Lei do Mais Forte, Sobrevivência do Mais Forte; mas o autor, faz toda esta critica ao PODER, ao Estado, a morte do individo, o coletivismo, e ao mesmo tempo critica a religião, mas fica com os pés firmados num pseudomoralismo que vem de onde? De fato, sem uma verdadeira religião e Deus, o que temos no livro é apenas um modelo de máxima competência de dominio e poder, teoricamente 'o ideal' do animal chamado 'homem'. Então meu caro George, você apenas defendeu a Biblia por fim, criticou o que ela critica, expos parte do problema que ela expõe (a qual propõe origens mais profundas a causa), e colaborou ainda mais sobre as profecias da Biblia sobre os últimos tempos, últimos dias. A operação máxima de Satanás, o Ministério da Iniquidade, de escravizar o homem, a consciencia do homem, fazê-los escravos do pecado, ignorantes para com a verdade, que seriam dias trabalhosos e etc.
É mais um daqueles que criticam a Biblia não pelo incrivel conteudo. Mas porque a autoria desta obra incrivel é dada a Deus, e não a ele. Alias, diga-se de passagem, mais uma vez colabora ele, ao dizer no livro, que a Biblia foi abolida pelo Partido. E ao mesmo tempo, uma pessoa que passava pelo Ministério do Amor, ficava com marcas mentais tão profundas, que o Partido não se preocupava mais com ele, ele podia ler uma Biblia, e o Partido não daria a minima, nem a Policia do Pensamento, pois a consciencia dele estava totalmetne cauterizada para provocações e mudanças, além daquilo que o Partido queria que tal pessoa tivesse. (substitua "O Partido" por Satanás, e é exatamente o que a Bíblia diz). - Capitche!
E este ponto foi o que mais me chocou no livro. Fiquei perturbado com estes pensamentos por dias. Até onde não estou eu escravizado e corrompido neste sistema, também, apenas querendo poder? Entre tantas outras coisas. Pude ver mais claramente o quão ‘robotizado’ eu já não fui pelo Estado e pelos poderes. E me fez reavaliar e pensar em mutias coisas que já na vi na Licenciatura e sobre o papel da Educação e da Escola.
Bem, é isso ai. Um super resumo das principais provocações deste obra que recomendo para todos que tem maturidade, sangue frio, e quem está disposto a encarar a tristeza de se perder a ignorância, e em ver a realidade mais como é (um excremento de porcos).
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