01 agosto 2008

"A Arte da Guerra" - Lutando a Caminho de Casa

Liu Ji disse:
Quando você lutar com os inimigos, se eles baterem em retirada e se dirigem para casa sem qualquer razão aparente, será imperativo observá-los cuidadosamente. Se eles estiverem de fato esgotados e sem suprimentos, você poderá enviar comandos atrás eles. Mas, se for uma expedição a caminho de casa, você não conseguirá ficar no caminho dela.

A regra é:
"Não para um exército a caminho de casa"¹



Essa frase é formidável, chocante, inspiradora! Quando li ela, fiquei pasmo por um tempo razoável pensando na profundidade e em tantas coisas, valores que estão embutidos em sua bagagem.

Pense bem na cena. Um milênio atrás. Numa mentalidade que se valoriza muito a vida familiar, tanto é que as pessoas viviam em pequenas comunidades, em geral. Talvez tinha mulheres, filhos pequenos. Então é covocado pelo exército. Se despede em pouco tempo, e enfrenta, então, uma longa jornada por dias até o batalhão. Ali e feito os treinamentos entre demais coisas para preparar-se para a guerra. Depois de um bom tempo, segue jornada por meses, muitas vezes, por terras distantes; passando por sofrimentos, fadiga, pouca comodidade, saudade da familia, enfrentando enfermidades, apenas pelo companheirismo de seus colegas de unidade. Então, após meses de jornada, enfrentam um inimigo dificil. Vê muitos daqueles que passaram os últimos meses como amigos, companheiros, serem mortos, talvez tenha sido gravemente ferido. Depois, talvez passe por outras batalhas.

Após uns 2 anos de serviço, então chega uma hora em que o general diz: "Vamos para casa." Eu não consigo muito exprimir e imaginar o efeito moral, hormonal, fisico e mental que deve ocorrer na pessoa num momento desse. Pois aliás, o máximo que fiquei fora acampando foram uns 5, 6 dias acho; já longe de casa, mais tempo... contudo, havendo Internet, telefone e o maldito celular. Você acaba tendo noticias, a comunicação é mantida; o maior diferencial hoje, de certa forma, é praticamente a distancia (x, y, z), mas isso nem importa muito, pois até mesmo é possível se comunicar por uma webcan.

Como é que fica a moral dos soldados? Bem, o assunto do dia-dia no caminho de volta, é falar sobre a familia, o povoado, vilarejo, a mulher, filhos, a comida de casa, a rotina de casa e coisas do tipo. A cada momento cresce mais o anseio, o desejo, a vontade, o vislumbre, de se chegar, apalpar seu lar. Do mesmo isso se torna a luta, a preitada desses homens, a grande odisséia, a epopéia momentanea e única que corre em suas veias. Do mesmo modo, há uma terrível determinação e desespero em seus corações para alcançar esse sonho, que aí daquele que cruzar seu caminho!

Muitos já foram os generais, lideres e exércitos que se enfraqueceram, ocorreram revoltas, tumultos, entre outros, porque seus lideres ousaram "não voltar mais para casa." O filme "Rei Arthur", num que representa um pequeno grupo de soldados especiais romanos mostra um pouco dessa idéia.

Mas quem se ousará a tentar obstruir seu caminho? A determinação o fará lutar até a morte, pois chegar em casa é seu desejo. Não está lutando pelo seu general, não está lutando pela guerra, pelo país, mas pelo seu lar, para rever sua família. Pois de certa forma, a própria guerra não faz sentido se não for para em prol de sua familia e amigos; e agora, inimigos tentam interromper esse encontro com a sustentação de toda a causa?

Por outro lado, se for pensar naquela cena de "seguir o fluxo". Imagine um exército de pessoas com toda determinação, olhando fixo a linha do horizonte e para lá marchando com passos firmes e determinados, sem se importar com nada além de alcançar aquele ponto; e então, um rato surge no caminho, ou alguem entra na frente e tenta pará-los! Certamente será esmagado, pisoteado; ou então, ela passa a seguir o fluxo.

Outra coisa interessante é essa tendência humana em seguir fluxos. No filme "Forrest Gump" mostra dezenas de pessoas que começaram a seguir o cara em sua "corridinha" pelo país; certamente, ao observar e serem tocados pela determinação daquele homem; a certeza absoluta de prosseguir rumo ao horizonte, não se importante com o que há no caminho. Pessoas hoje mesmo, seguem. Cada movimento de etinia, grupos entre outros... são uma marcha; e quanto mais determinados, mais atraem pessoas convictas de seguir aquele alvo.

No final da Segunda Guerra Mundial qunado muitas tropas souberam do fim, da rendição das Alemanha, muitas pessoas imediatamente, que moravam na Europa, vizualizaram a direção de suas casas no horizonte e para lá foram. Muitas ficaram dias sem comer, mas não paravam de andar. Algumas em situações físicas das mais lamentáveis, mas não havia um segundo para seus corpos pensarem em si, desncansarem; chegar em casa era tudo!

...

Contudo essa casa, é um lar temporal, e querendo ou não, fútil, vaidoso, que se esvanece. Enquanto que há o supre lar, o Lar Celeste, aquele lar que Jesus nos prometeu. O lar do qual nenhum de nossos jamais pisou; mas antes estamos aqui, em terras longíquas. Contudo, estamos "a caminho de casa"?

Não é achismo, é questão de fato! O nosso testemunho diz por si, se estamos voltando para casa ou não, ou se apenas, estamos fazendo uma jornada "naquela direção". Olhe na Bíblia, e ali encontrará pessoas que estavam a caminho de casa, e pessoas que apenas faziam uma jornada. No Exodo vemos o povo hebreu no deserto, milhares de pessoas. Todavia, uma geração inteira se perdera, morrera, pois não estavam caminhando para casa, a Canaã prometida; desses, apenas um pequeno punhado de pessoas foram os que viveram, pois estavam rumo a Canaã.

E quanto aos mártires? Os apóstolos? Vemos claramente ali, um pequeno punhado de pessoas caminhando, lutando para chegar em casa; e que isso fora fazendo com que outros entrassem e entrassem. E ninguem conseguia entrar no caminho, ninguem conseguia interrompê-los. De modo, que muitos deles, foram mortos, pois era o único modo de tentar pará-los. Mas en vão. O sangue derramado era como sementes.

Mas e hoje? Estamos caminhando para casa? Agimos como um feroz e determinado exército em que nada mais importa a não ser alcançar aquele ponto no horizonte? Com tamanha disposição, determinação. Que não há quem consiga barrar, obstruir, parar, entrar no meio; nem mesmo Satanás e seus anjos. Ao tentar, serão empurrados para fora, ou pisoteados, ou passarão a seguir a maré? Pessoas que estão cansadas do exército, da guerra, da batalha, do inimigo, da terra peregrina, onde são forasteiros... mas estão naquele "harg" que brota do coração inundando cada célula, para chegarem ao lar.

Muitos infelizmente, tentam analisar isso por passos. Dizer "já demos tantos passos". Religiões, como denominações costumam fazer isso, "Oh, já crescemos e tantos x números no mundo." Mas isso também ocorre quando meramente se caminha naquela direção, se que se tenha o atributo semantico de "caminhando para casa".

Deveríamos hoje ser o mais formidável e notável exército a caminho de casa. Mas quão indeferentes temos sido, de modo a apenas parecer ser mais um movimento ideológico entre tantos outros. De modo, que o que sim vemos, é apenas um ou outro e não um exército que está realmente marchando rumo ao lar.

(Se reparar bem, essa cena mostra uma clara demonstração - se for ver o contexto - de um exército a caminho de casa.)

Pense sobre isso.


______________________
1. Sun Tzu, A Arte da Guerra, "Luta Armada".

0 comentários: