07 julho 2009

Vitamina B12 e o Regime Vegetariano

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Há muitas pessoas que contestam o regime vegetariano devido à vitamina B12. Vamos então analisar os fatos.

Qual é a importância da vitamina B12?
Muitas: Forma e regenera células vermelhas do sangue, prevenindo a anemia; Promove o crescimento e estimula o apetite das crianças; Aumenta a energia.
Mantém o sistema nervoso saudável; Utiliza adequadamente as gorduras, carboidratos e proteínas; Ameniza a irritabilidade; Aumenta a capacidade de concentração, memória e equilíbrio; Controlar os níveis de hemocisteína, o qual está muito associado com várias doenças e problemas de saúde; É um tonificante imunológico; Importante na manutenção da bainha de mielina (importantíssimo para os nervos funcionarem corretamente). Entre muitas outras.

O que pode ocorrer na sua carência?
Fadiga, confusão, perda de memória, fraqueza muscular, danos causados pelos nervos, perca imunológica, problemas na replicação celular comprometendo a manutenção do organismo e mesmo facilitando o surto de células cancerígenas. A doença mais característica é a chamada Anemia Perniciosa, a qual promove alterações neurológicas progressivas e mortais se não houver tratamento, além de fraqueza, convulsões e graves danos no tecido parietal gástrico.

Quanto que se deve consumir?
Não se sabe ao certo qual deve ser o consumo de vitamina B12. O paradigma que se usa é que a dose diária de B12 necessária para o organismo é de 2,4 microgramas (mcg) para adultos, 1,2 mcg para crianças de até oito anos e 2,8 mcg para gestantes e mães que amamentam. Porém isso é muito variável, pois pessoas que possuem um alto consumo de proteína necessitam ainda mais dessa vitamina, logo pessoas vegetarianas necessitam de um consumo menor de tal (se não consomem proteína em excesso); atletas e quem exercem atividades que envolve pensar muito (como estudos) também necessitam mais.

Absorção e uso no organismo.Em primeiro lugar é importante ressaltar que apenas bactérias e levedos sintetizam essa vitamina, animais não a produzem; a vitamina que absorvemos ao ingerir derivados animais é resultante das reservas de tal vitamina no organismo de tal; o qual ele ingeriu de outras fontes que continham tal.

Ao se ingerir tal ela deve ser separada da proteína dos alimentos, o que envolve um desempenho vital de um devido funcionamento das enzimas digestivas, do suco gástrico; e um bom funcionamento do jejuno (intestino pequeno) onde é finalmente absorvida pela corpo. Sendo que ela é armazenada em grandes quantidades no fígado, a única entre as vitaminas B armazenadas em quantidade substancial.


Quanto tempo leva para aparecer sintomas de carência desta vitamina?
Não se sabe ao certo. Varia de organismo para organismo. Sendo que o corpo humano faz grandes reservas desta vitamina. A qual seus sintomas podem ser um pouco escondidos por uma alta quantia de outras vitaminas do complexo B. Mas estimasse que, em geral, uma forte carência da vitamina B12, em torno de 5 anos já deve haver sintomas fortes e claros. Porém se há uma baixa reposição, o corpo tende a adaptar de modo a diminuir o metabolismo, o que minimiza os efeitos e sintomas, podendo, assim, dificultar a constatação do sintoma. Visto que é uma carência de facil e rápida reposição, até por meio intravenoso; diferente da desnutrição, por exemplo.

Qual é o primeiro sintoma?Há variações, mas um dos mais comuns é a anemia. Baixa quantidade de células vermelhas no sangue. Normalmente, nesse diagnostico o médico indica suplementos ricos em ferro, que normalmente são associados com B12, resolvendo o problema; porém, se isso não resolve, um exame mais profundo é necessário e é onde pode ser verificada a anemia perniciosa ao verificar-se uma baixa concentração de vitamina B12 no sangue. Outros sintomas são fragilidades, manchas e envelhecimento precoce da pele. Sintomas mentais mais presentes são: fadiga mental, dificuldade de concentração, lapsos na memória e dificuldade de gravar coisas, perca de mobilidade, mudança de comportamento (para algo estranho).

Qual a principal causa da anemia perniciosa?
O óbvio é a baixa quantidade de B12 no sangue. Equivocadamente alguns associam isso aos vegetarianos, devido ao dito que não há fontes não-animais de B12. Porém, a maioria dos casos está entre as pessoas carnívoras. Estimasse que a grande maioria das pessoas consomem quantidades adequadas desta vitamina na alimentação. O maior problema está quanto a não ou baixa absorção deste pelo organismo.

O principal fator são os problemas intrínsecos associados a problemas de saúde e ao ácido estomacal. Estimasse que 20% das pessoas mais velhas são deficientes em B12, mas não sabem. Além que pessoas carnívoras tendem a ter maiores problemas de fermentação, problemas gástricos e intestinais liderando o ranking (também devido ao fato de haverem mais carnívoros do que vegetarianos). Também se sabe que pessoas que consomem muita bebida alcoólica possuem menores concentrações de B12, pois o excesso de álcool impede a absorção deste nutriente. Mesmo que as quantidades de B12 no sangue de alcoólatras sejam maiores, a reserva desta vitamina nos tecidos é normalmente deficiente. Em último caso estão os vegetarianos restritos, pois requer muito tempo para aparecer algum sintoma, e os saudáveis normalmente tendem a reabastecer o estoque; logo, a maior parte dos casos nos vegetarianos estão associados a problemas de saúde e não a alimentação vegetariana.

Fontes de vitamina B12.
É certo que derivados de animais possuem vitamina B12 como leite (e seus derivados), peixes, ovos, carnes. Um dos grandes mitos é limitar apenas a tais. As maiores fontes de B12 e mais rica tanto na quantidade quanto a facilidade de absorção estão em fontes naturais, liderando o levedo de cerveja; há também os cereais integrais, que acabam tendo pequenas quantias de bactérias que produzem a vitamina B12 [refinados tendem a não possuírem nada], depois os vegetais verdes, batatas, e cianofíceas (um tipo de alga). Sendo que no reino animal a maior concentração está na carne do fígado; porém inferior comparado ao levedo de cerveja, sobretudo na facilidade de absorção.

Também muitos alimentos industrializados são artificialmente abastecidos com B12. Todavia, alguns defendem que as bactérias da boca são capazes de produzir B12 e que constantemente ingerimos pequenas quantias de B12 por esse meio. Também alguns defendem que alimentos a partir de cereais e oleoguminosas produzidas de formas o mais natural possível sem que haja muita esterilização, como a produção de leite de soja caseiro, por haver uma quantia maior de bactérias acaba favorecendo na ingestão da vitamina B12.

Verdades sobre o regime vegetariano e vitamina B12

[NOTA DE ATUALIZAÇÃO - 03/10/2016]
0. Há 12 anos sigo um regime vegetariano. No meu último exame sanguineo de B12 este contato dentro do nível esperado, porém apontando uma tendência de queda. Talvez isto ocorra por ter parado de me suplementar com Levedo de Cerveja nos últimos 2 anos [um teste interessante]. Porém,hoje conheço uma família que a mais de 20 anos são veganos, em que, o pai, nos últimos anos tem apresentado deficiência de B12, ele tem tomado injeções de B12, porém, com o tempo tem caído novamente. Além da filha deles, hoje com 22 anos, que também está com carência de B12 e (alguns sintomas físicos), pois tem a dieta restrita desde que nasceu. Porém, o caso deles mostra que eles não buscam suplementar a falta de B12, não tomam Levedo de Cerveja entre outros, evitam ao máximo derivados de leite e ovos. Ficou claro que há casos de carência e suas consequencias, porém que elas ocorrem com um longo período de tempo. É necessário, na maioria dos casos das pessoas, suplementar caso não haja ingestão de nada de origem animal.

1. Não se sabe ainda ao certo a relação entre a fadiga, falta e aumento de energia, tanto em pessoas saudáveis quanto em deficientes desta vitamina; no corpo de um esportista ou praticante de atividades físicas, pois há muitas mudanças de paradigmas. Porém é certo que sabe que a deficiência da vitamina, assim como outras doenças, ou mesmo uma digestão dificultada, pouca ingestão de água e perca de sais minerais causam perda de desempenho e energia. Mas ainda não há um relacionamento certo de que uma hiperatividade produza carência de B12.

2. Um consumo regular de levedo de cerveja é SUFICIENTE para suprir as necessidades de vitamina B12 de uma pessoa na maioria casos. Sendo que se aconselha a ingestão em pó ou em grão que facilitam a digestão e absorção. Para maximizar, o ideal é tomar no inicio do café da manhã, puro se possível, ou junto com algum alimento liquido simples de fácil digestão que não haja muita proteína, como sucos e, de preferência a temperatura ambiente.

3. É raríssimo encontrar um vegetariano/vegano deficiente em B12. Todavia, aqueles que não suplementam, após anos de regime restrito, provavelmente haverá valores baixos de B12. Apenas a menor parte dos vegetarianos/veganos que não suprem, sempre apresentarão níveis normais de B12.

4. São praticamente casos isolados e extintos os de vegetarianos que morreram devido a falta de consumo de B12. (não levando em conta os que possuíam problemas de absorção). Você conhece um?

5. Um regime vegetariano restrito e bem equilibrado é considerado o mais saudável por n motivos.

6. Omega 3 e cálcio também fazem parte de uma alimentação vegetariana bem equilibrada. Sendo a linhaça considerada uma das maiores fontes de Omega 3, a berinjela, de cálcio, verduras escuras, de ferro.

7. Casos de deficiência de nutrientes e problemas de saúde em vegetarianos está mais associado a doenças físicas. Quando ocorre a abstinência de carne, porém ao mesmo tempo, uma pobre alimentação em quantia e variedade de vegetais, integrais entre outros; assim como outros hábitos, como sedentarismo, consumo de álcool e entorpecentes; é o que normalmente provoca a deficiência e não ao fato de não ingerir carne, isoladamente.

8. O consumo de derivados de animal não garante que não haverá problemas com B12; pois indiretamente podem comprometer a devida absorção e uso no organismo. a pessoa pode possuir outros fatores que comprometem sua aborção e uso pelo organismo.

9. O consumo de produtos animais promovem muitos males; no qual apenas num consumo limitado (o que alguns dizem "moderado") pode-se “diminuir” esses males. Em especial, tais alimentos são mais indigestos, pelo difícil trabalho digestivo, na maioria das vezes levando a fermentação, a carência de fibras, e grande quantidade de LDL que diminuem o rendimento de absorção dos nutrientes - e não é só da vitamina B12.

10. Os animais, assim como os seres humanos, necessitam da vitamina B12, porém eles também não sintetizam, assim como nós; inclusive os herbívoros. Pois apenas as bactérias e leveduras sintetizam. Logo, donde eles absorvem o B12 que nós absorvermos deles? Sim, dos vegetais; das bactérias presentes nelas, especialmente. [Não confunda com a celulose, uma proteína que eles conseguem quebrar, porém, nós não, pois não produzimos a enzima.]

11. Houve e há milhões de pessoas que já viveram muitos anos e saudáveis sem consumir carne. Ressaltando alguns casos de narizeus (hebreus – em especial – que eram consagrados para uma vida totalmente dedicada e especial para Deus, que resultava em muitas restrições), monges shaolins (possuíam crenças que a carne contaminava o corpo, especialmente numa visão mais espiritualizada misticamente), Escola dos Pitagóricos (Pitágoras, filósofo e matemático grego, que aprendeu sobre o regime vegetariano nos seus estudos no Oriente e Egito, por outras culturas, tornou-se vegetariano e fundou uma escola na Grécia onde para fazer parte, a pessoa tinha que tornar-se vegetariana – porém, haviam certas loucuras), há muitos (milhões) seguidores de filosofias pagãs que proíbem matar e consumir animais.

12. Hoje há muitos vegetarianos no mundo, tanto atletas, nutricionistas, médicos, professores, engenheiros, cantores, celebridades; e que são clinicamente saudáveis. Entre eles: Brad Pitt, Pamela Anderson, Dustin Hoffman, Avril Lavigne, Paul McCartney, Shania Twain, Clint Eastwood, Albert Einstein, Leonardo daVinci, Sócrates, Leona Lewis, Alicia Silverstone, James Cromwell, Jennifer Connelly, Geezer Butler, Bill Pearl (Mr. Universe), Mac Danzig, Mike Mahler, Ricky Williams, Tony Gonzales, Petra Nemcova, ... [a lista é longa]

13. Eu conheço muitos vegetarianos que são há muitos anos e totalmente saudáveis. Conheço vários de destaque. E muitos deles, tão saudáveis que há muitos anos não sabem nem o que é espirrar. Eu sou vegetariano desde o final de 2003, e estou totalmente bem, muito melhor do que quando não era; além da disposição física, do imunológico, das atividades físicas que agora faço, da dificuldade para ficar cansado, e da dificuldade para gastar toda energia que tenho; ontem num check-up, o médico olhou meu exame de sangue, e foi seguindo item por item (uma longa lista) e tudo ok; com destaque para minha alta concentração de hemoglobina e HDL e baixa quantia de LDL, colesterol, triglicérides estável. Até os imunológicos estavam tudo ok, sendo que antes de tornar vegetariano sempre estavam alterados e elevados devido à rinite alérgica, a qual agora só volta se eu descuidar muito da saúde e por vários dias. Eu consumo regularmente levedo de cerveja, mas pouco por causa da B12 (nem penso nisso, para ser sincero), porem pelas suas outras propriedades, em especial por ser um tônico imunológico.


Conclusão
Em função da vitamina B12, não há razão alguma para a pessoa não aderir a um regime vegetariano. Caso fosse este o real motivo – da desculpa – a pessoa também não consumiria derivados de animal devido a um prejuízo muito significativo e num prazo muito mais curto, das suas toxinas, colesterol entre outros.

Vale também ressaltar a estatística: Quantas pessoas morrem por ano, no Brasil, em decorrência de problemas de circulação, entupimento de artérias, hipertensão, obesidade, associadas à gordura praticamente toda provindo dos animais, frituras e guloseimas? Quantas pessoas morrem por ano, no Brasil, em decorrência da falta de B12, porque eram vegetarianas? E quantos os casos, de tais, que ficaram com alguma doença devido à gordura animal? E devido à falta de B12 por não comer carne?

Novamente, se vê que apenas trata de uma tentativa infundamentada de desprezar; para continuar a justificar seu consumo de carne. Consumo este fundamentado não na lógica e na razão – salvo alguns casos – pela busca de uma saúde ideal e amor aos animais e ao meio ambiente. Mas, simples e puramente fundamente no paladar, apetite e indisposição à mudar.

11 de maio de 2010
Há 2 dias vi numa farmácia que a venda de vitamina B12 em capsulas. Eram 400 capsulas, cada uma com a dose diária da vitamina necessária (e mais um pouco). O preço era em cerca de R$ 36,00. Ou seja, R$ 0,09 / capsula. Um custo baixissimo por dia. Se a vitamina B12 era a desculpa, aqui está mais uma solução, que sai nem 10 centavos por dia.

02 julho 2009

Frustrações

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Confesso que tenho passado por tempos intrigantes, para não dizer atordoantes. E de certo modo uma das principais relações para com isso tem sido a música.

Uma breve retrospectiva me faz lembrar de um garoto que até os seus 14 anos não possuía noção, gosto, consideração alguma pela música - Tirando o caso particular da banda “Mamonas Assassinas”, em que, em minha ingenuidade, decorava e cantava todas as músicas de cor e fazia questão de vê-los na TV, até tinha uma fita K7 deles; Também houve uma curtíssima fase em que eu gostava, literalmente, do barulho das músicas de Bass, Techno, do meu irmão, que ele colocava no carro: com uma bazuca grave, módulo, amplificador, de modo que faziam as janelas, paredes e móveis de casa tremer; porém, era uma atração totalmente pelo barulho, pela batida que tudo aquilo fazia; mas se durou 3 meses foi muito. Recordo de ter passado muitos anos sem ouvir uma música por conta própria; eu só ligava para futebol.

Ali para os meus 14, 15 anos comecei a ouvir muito rock, rap entre outras coisas; mas sabe, nem por vontade própria, mas mais porque os colegas de escola ouviam muito e fui na onda; porém, sempre tive uma peculiaridade quanto as músicas que eu preferia, de modo, que minhas bandas preferidas eram Green Day, AeroSmith e Tihuana (acho que escreve assim), que tinha uma música com o coro “I get to town...”; e comecei a ouvir muito isso. De música mais erudita (vamos assim dizer), eu ouvia alguns temas de filmes, como Indiana Jones, Star Wars - achava 10 toda aquela aventura e energia. Também foi por aí que eu ouvi pela primeira vez o Pedra Coral num teatro, a primeira vez que ouvi uma música gospel em muitos anos, e tal me surpreendeu muito, e tive uma breve paixão por tal.

Porém, foram aos 16 anos que tudo mudou. Aconteceu toda aquela mudança que podem ver em minha história. E eu deixei de ouvir essas músicas. E mais influenciado por amigos cristãos, como o Vitor Hugo passei a ouvir músicas de produção da denominação Igreja Adventista do Sétimo Dia. Em especial “Tom de Vida”, “Novo Tom” e essas coisas mais “POP ASD”. Até que um dia, minha prima me emprestou o CD do “Arautos do Rei – Por que, oh pai?”, eu nunca havia ouvido Arautos, mas foi na abertura da primeira música – “Breve Virá” – naquele arranjo das quatro estações de Vivaldi, aqueles violinos e tudo mais; eu, pela primeira vez ouvi algo que parecia conter um valor, diferente de tudo o que já havia ouvido; algo que me fez perceber, sem saber o que, mas que ali havia sentido, valor; lembro de ter derramado lágrimas - apesar de hoje considerar um arranjo horrivel que profanou a música de Vivaldi. Desde então passei a ouvir muito Arautos do Rei, entre outros, aos poucos passei a desenvolver um senso critico musical, a racionalizar a música. E a escutar música clássica e apaixonar por ela.

Passei a ouvir sim bastante música clássica, e em 2006, 2007, posso dizer que já não tinha mais gosto nenhum pelas músicas populares, rock, rap, sertanejo, e por aí vai; era só música sacra e clássica. Mas a marca do “temporalismo” e da “emoção rápida” ainda continuava de modo a não ter muita paciência na música erudita de ouvir todos aqueles 16, 20min; sinfonia então... não suportava ficar ouvindo 30min, 50min, 1hora a mesma música; sempre em busca daqueles momentos mais fortes, alegres, rápidos, ritmados. Então era sempre pelas curtas, de 4 – 7 min. as músicas de meu interesse.

Em 2007 quando comecei a aprender trompete e fui ao primeiro concerto, com a Fila Harmonia de São Bernardo do Campo, e ouvi a terceira sinfonia de Beethoven, aquilo me surpreendeu e me impactou muito. É totalmente diferente ouvir uma orquestra ao vivo e no computador; suas células vibram com o timbre dos instrumentos, há o momentun. Passei a apreciar mais a música erudita (clássica como mais conhecida) e a ir a vários concertos. De modo que de 2007 para cá passei a ouvir muito mais tais músicas, e não só os “pequenos momentos”, mas as obras completas, de capa a capa - os vários minutos. E nisso, a música que mais amei, talvez eu tenha ficado viciado foi a Abertura 1812 de Tchaikovsky, que tem por volta de 17 minutos. De modo que eu aprecio cada segundo da música, e a sua construção; de modo, que cada segundo é precioso, todo o desenvolvimento da música e poesia é importante e necessário, o final perde o sentido sem a oração do inicio.

Meu ouvido foi cada vez mais se educando no movimento erudito, com essa pluralidade de instrumentos: violinos, violas, violoncelos, contra-baixos, fagotes, flautas, clarinetas ,oboés, tímpano, bombo sinfônico, trompetes, trompas, trombones, tubas (instrumentos básicos de uma orquestra), e toda as harmonias, o trabalho dos timbres, das peculiaridades de cada instrumento, as dinâmicas, a variação rítmica, a variação de velocidade, desde um adagio a um alegretto. Toda essa coisa que torna a música rica, cheia de vida, expressão, de idéias, valores. Pude passar a compreender por que os gênios da música são de fato gênios, o que há de especial nas composições deles; essas músicas que levaram meses e anos para serem compostas, muito bem trabalhadas, ao invés desses “expressos” de hoje.

De 2008 para cá passei a ouvir muito mais sinfonias, estou com vários gigabites apenas de sinfonias no meu computador, Beethoven, Bach, Dvorak, Brahms, Haydn, Handel, Mahler, Bernstein, Rossini, Vivaldi, Mozard, Tchaikovsky... de modo que estou totalmente familiarizado com tais, eu me envolvo, é como se abrisse um livro, um longo e grande livro, porém, tão extraordinários que você não para de ler e não quer parar de ler. O costume é tamanho que hoje eu nem penso mais na duração da música, de modo que 16, 20, 30 minutos são até pouco numa música, e os 40, 60 minutos passam num piscar de olhos. No final há quase que um choro porque ela vai encerrar. Parece até mesmo que uma música boa mesmo hoje, precisa ser longa, pois não vejo como trabalhar todo "o sermão dessas músicas", idéias, reflexões, pensamentos, em 2 ou 3 minutos.

A grandes frustração é que hoje dificilmente consigo ouvir outra coisa além disso. Todo o resto se tornou sem sal, obsoleto, fraco, vazio, tão inferior, precoce. Músicas de 2, 5 minutos, com poucos intrumentos, um arranjo simples, fraco, musicas feitas meramente para cantar e dançar e não para pensar, músicas que não buscam significados e expressão sentimental, intelectual e racional mas mera emoção; músicas no ritmo do capitalismo. É como se olhasse para um mundo sem cor, em preto e branco embriagado. Isso tem me afetado principalmente na própria Igreja, pois as músicas são de doer o ouvido e a alma. Sabe, ouvir uma nona sinfonia de Beethoven e depois ter que ouvir uma música em que apenas tem uma guitarra, um violão, um baixo elétrico, uma bateria e um piano, por 5 minutos fazendo a mesma coisa, sempre as mesmas harmonias, a dinâmica extridente, alta, a La carismática, volume sempre muito alto, gritado, emotivo, ritmado, sempre aquela coisa compactada, e uma letra que por 7 minutos fica repentindo a mesma estrofe “Eu preciso de Ti.”, “Abre os meus olhos...”["porque eu não quero abrir." Né? Se cantam isso todo dia, e nunca os olhos abrem! Há algo de errado.] e etc. Tipo, não dá para engolir, para não dizer, uma tortura. Dá vontade de chorar. Ainda mais ao ver cada vez mais essa música temporal, tende a se tornar ainda mais temporal e subjetiva; cada vez mais semelhante ao que Bernstein compôs na sinfonia “Jeremias”, no movimento 2, “Profanação”; ali parece que Bernstein mostrou claramente ao mundo a profanação musical e que tal era a tendência do mundo, a concentração cada vez maior do ritmo e do barulho e cada vez mais ausente o trabalho da melodia. A frustração é tamanha, que mesmo na música erudita, as pessoas hoje estão tão estimuladas, tão elétricas, tão cheias de adrenalina, de estresse, tão frenéticas, que gostariam muito de uma música do tipo “O Guarani”, “Willian Tell” (já mais para o final), quarta sinfonia de Thaikovsky (tirando os 2 movimentos centrais); mas que não têm “saco” nenhum para ouvir a Sinfonia 2 de Brahms que é a sua pastoral, totalmente bucólica, suave, é praticamente como se você voasse calmamente por infindáveis bosques lindos, serenos, calmos. Mas não! Querem ver uma cena de transito na cidade, e se possível com uma batida de carro, ou um trem descarrilando atingindo a base de um arranha-céu e este desmoronando, ao mesmo tempo em que há uma perseguição em alta velocidade. Está tudo excitado!!!!

Música que excita e muitas vezes, apenas meramente isso. Totalmente diferente da décima sinfonia de Beethoven – Ops! Quer dizer, a primeira de Brahams – que agora escuto. Uma música tão profunda, extraordinária, envolve e faz refletir tantas coisas. Querem sim é fazer sexo com a música, para não dizer marturbar-se com ela; porém, longe se passa o pensamento de encarar a música como um casamento sério, de verdadeiro e puro amor que dura a eternidade. Até a música se tornou sexo!!! Como pôde?! Em que mundo vivemos?!

A música está tão profanada, tão jogada por terra e pisoteada, tão sem valor. Será que as gravações é a culpada? Pois antes, as pessoas não tinham músicas gravadas, apenas ouviam quando músicos profissionais as tocassem. Talves, você ouviria apenas umas 3 músicas na vida. Garanto que Beethoven, em toda a sua vida, ouviu menos músicas do que hoje um garoto ocidental ouviu em 10 anos; mas este, em 30 anos, não é capaz de compor uma nona sinfonia. Será que é isso? A falta de reflexão sobre a música? Ao invés de passar dias, semanas, meses, apreciando e pensando sobre a música que ouviu da últimas vez e valorizar as poucas ocasiões, músicas e momentos de música; ao terminar a música, é só ouvir a próxima faixa do iPod, o qual tem música para tocar por 2 anos interruptamente!

Essa frustração também me envolve na questão como músico. A frustração de todas as visões e idéias músicas que me vêm em mente. Porém, uma incapacidade enorme de executá-las no meu trompete, ou de compô-las; ou de não fazer parte de uma orquestra necessária para se executar tais. Ligado a isso há a questão de erguer cânticos e música a Deus. Vejo um ideal, uma música tão elevada em minha mente, porém nunca a vejo tocada, cantada, não temos esses arranjos; poucos instrumentistas, poucos músicos, sobretudo os sérios, que visam esses elevados ideais, essa música profunda. É um sonho frustrante, não só um sonho, algo que se tornou parte, essência de você, quase que como o ar, mas o qual você nunca respira. Isso está me matando. E ao mesmo tempo, nada do que escuto na igreja agrada meus ouvidos, minha critica, minha razão, meus ideais, sobretudo o intelecto que determina os mais elevados padrões para adoração a Deus. Ao invés de respirar esse ar puro, é como se estivesse fumando smoke por tabela; salvo algumas raras ocasiões, cada vez mais raras.

A Revolução Cultural foi tão forte que mesmo quando se trata de música erudita é dificil encontrar algo realmente bom de 1900 para cá. Acho que Stravinsky foi quem marcou essa mudança de período; a transição. O que ouvir de um Firebird para cá? Opções são poucas. Ainda bem que há uma obra rica até tal. E mesmo algumas obras sacras, como de Bach, Brahms, Hayden, Handel (porém, as cantadas, poucas opções traduzidas para um idioma que eu entenda). Mas olho para o futuro da música e vejo um mar de decepção. Especialmente da sociedade. Pois se a música é a mais forte expressão artística da cultura, dos sentimentos, dos pensamentos e idéias das pessoas, o que há por vir, quando as músicas mais sensuais, excitantes, violentas, paranóicas, melancólicas são as de maior destaque na mídia, e que vêm tomando conta da maior parte das pessoas!?

Essa frustração também tem decorrido em contemplar a sociedade, em cada vez ver e ouvir mais barbaridades. Quase tive um infarto intelectual ao ouvir uma garota contando sobre a despedida de solteira de uma amiga, e que ela foi, onde teve um show de strip (de homens), fetiches; e ela contando como se fosse a melhor experiência da vida dela. Ao também notar que cada vez mais as pessoas não “cuidam da saúde”, “da forma fisica”, por questão de valor, saúde, inteligência; mas pelo contrário, por depravação, por sexualidade, por atração física. A vaidade que tem tomado conta das pessoas. A frieza e indiferença cada vez maior pelos sofredores, pobres, carentes, órfãos, moradores de ruas. O consumismo e materialismo. O amor ao dinheiro. O ódio. A glutonaria, o prazer pelo apetite. Até mesmo a falta de amor por pessoas que trabalham no mesmo lugar.

Outro fator forte é o de idolatria. Especialmente ao observar a maior religião do mundo – o futebol. A adoração feita ao futebol, aos times de futebol, não tem igual. Tem local de culto, tem hora de culto, tem os “princípios”, “valores”. As pregações de cada time, de modo que é imperdoável alguém apostatar e trocar de time, ou defender o outro lado. Os jogadores ídolos. Os hinos e cânticos. As multidões que como em Meca se reúnem em estádios, praças, casas, bares, para mais um culto ao time. Só não tem "denominação", se é que não tem.

Às vezes, há quase que uma suplica pelo fugere urben, ir para a África, lugares remotos e meramente viver ajudando as pessoas, que precisam de ajuda; ao invés de perder tempo e contemplando todas essas concupiscências do mundo. Ou mesmo uma suplica por morte. A porta estreita deu para um caminho que cada vez está mais apertado. Até quando?

Contudo a maior decepção é comigo mesmo. Evandro, até quando ficará quieto, observando a sodomia, a cidade que corre para a autodestruição; triste, porém calado? Até quando serás entregues ao comodismo da morfina? Até quando não suscitará oposição? Até quando deixará de provocar o último e único sinal de esperança nas pessoas? Por que adiar para daqui 7 anos, quando o mundo necessita já? Por que rogar pela falsa e humana garantia e estabilidade? “Por que adiar para um século vindouro a felicidade coletiva?” Até quando pelejarás consigo mesmo, ao invés de tomar uma posição decidida? Até quando irá ficar olhando, e até mesmo rindo, para um mundo que, em grande humor e risos, caminha para o inferno - é o próprio?