30 dezembro 2011

Um Livro Único

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Este ano fui marcado por muitas leituras, especialmente de grandes 'relíquias' da literatura mundial, destacando:

- Cronicas de Nárnia, C. S. Lewis
- O Senhor dos Anéis, J. R. R. Tolkien
- A República, Platão
- A Abolição do Homem, C. S. Lewis
- Cartas de Um Diabo para Um Aprendi, C. S. Lewis
- O Menestrel de Deus - Vida e Obra de Anton Bruckner
- Admirável Mundo Novo, Aldous Huxley

Além de vários outras leituras na facul, e durante a vida.

Bem, há poucas semanas eu comecei a reparar em algo, que acho que até então não tive muita consciência. Se você reparar bem, a maioria das literaturas usa de 'expressões' e alguns 'clichês' de versos da Biblia, na maioria das vezes, ironizando ou fazendo um paralelo. Esses momentos na literatura são únicos, e únicos durante a obra, é como se fossem palavras, por pior que sejam, que de algum modo nos chamam a atenção. Sabe, é como beber. Você pode experimentar os mais diversos tipos de refrigerantes, sucos de caixinha, de polpa, alcoolicos, ou mesmo sucos naturais mas com gelo e açucar. Mas quando você toma uma limonada natural, de verdade, ou um copo da água direto do manancial; você sente, você percebe que 'isso é diferente', realmente te 'toca' de algum modo 'genuíno'.

Bem, ai eu fiquei pensando: "O que há na Bíblia de tão especial que tão difere das demais literaturas?"

Pensei no Crônicas de Nárnia, uma tentativa do Lewis de fazer um paralelo com lições biblicas, e de uma cosmovisão geral cristã, porém com uma estória num sentido mais cativante para um público infantil. A história, o enredo pode ser cativante, a forma como é escrito também. Mas ainda assim, é diferente, não é a mesma coisa.

Então pensei um pouco mais e tentei reparar em algo em que todas as literaturas tinham e que a Bíblia não tinha. Foi quando por um momento eu pensei em outra coisa:

A Natureza

Dá veio uma luz. Bem, conseguimos ter uma clara percepção de uma paisagem natural e de uma não-natural. Olhamos para as cidades e fica evidente que aquilo foi obra humana, ou mesmo uma praça, um parque. Mas quando entramos numa genuina floresta como a mata-atlantica, lidamos com aquele ambiente, e logo percebemos algo: "Isso não foi feito por uma mente humana." Bem, não estou dizendo que foi feito por outra mente não-humana, o objeto em questão não vem ao caso. Mas a questão é que quando olhamos na Natureza em si, vemos não o que poderia chamar de uma 'casualidade' em si, pois encontramos muitos padrões nela, mas sim, que parece que não foi feito, a principio com nenhuma 'intenção humana'. Não foi uma pessoa que colocou aquela planta ali, que delimitou seu território, o formato, entre outras coisas. A forma como tal está organizada não é para convencer o homem de nada, ou dar conforto a este (se acontecer, é mais um ato de adaptação do homem); em outras palavras, é uma estrutura organizada meio que 'nem ai para o homem'.

Quando olhamos para um parque, uma cidade, ou qualquer coisa, vemos em tal algum tipo de 'intenção humana' ali. Seja em convencer, seja em dar algum tipo de conforto ou logistica para vivencia humana; mas de um modo claramente que só uma mente humana faria isso, com propósitos humanos. Podemos dizer que a Natureza em si não tem propósitos, enquanto que as obras humanas têm.


Bíblia ≠ Demais Literaturas

Se leio um texto mais estilo artigo cientifico, a priore, temos ali a defesa de uma tese. No qual se busca refutar ou afirmar, ou chegar em alguma conclusão, e nisto há analises e argumentações, sobre o que é observado, feito; de modo, a tentar ser 'convincente, claro' para o leitor ou ouvinte. Se ouvimos uma obra mais do tipo filosófica, antropológica, vemos muito uma argumentação, como se o texto fosse um 'processo educativo' (como um tipo de máquina em movimento) tentando fazer o leitor entender o que o autor tenta dizer e convencê-lo de estar certo. Numa obra mais do tipo ficção, vemos muita a tentativa de uma descrição de uma realidade convincente, ou a tentativa de nos chamar a atenção para alguns temas, sobretudo atuais, e ironizá-los, ou aumentá-los, ou questioná-los, e por ai vai, pondo questionamentos e idéias que o autor teve de onde isso pode chegar. Sempre vemos essa perspectiva humana, de dar uma credibilidade, confiança, um resultado efetivo em sua palavra, seja na retórica, na argumentação, na linguagem. Ou seja, é AMBICIOSA. Sempre vemos algum tipo de ambição nas palavras, sejam elas boas ou más.

E é ai que reside a diferença. Não encontramos isso na Bíblia. Não é escrito como um livro de hoje. Nem como era escrito uma obra de Platão da época (a grosso modo). O caráter da Bíblia é diferente. Você lê e não encontra essas ambições no autor. É como o retrato da paisagem da Natureza qual descrevi anteriormente. Você olha para a Natureza, e de certo modo, é como se ela não está nem aí. Isto é o que mais me impressiona a Bíblia, ela não tem a ambição de nos convencer. Não em sua linguagem, não em sua argumentação, não em sua retórica. Olhe para o livro de Números. Parece que apenas estamos olhando uma "Base de Dados". Olhe para provérbios, parece um monte de frases jogadas ao vento. Algo do tipo, "bem, se não acreditar, por mim tanto faz, depois você que arque com as consequencias."


Provérbios 1
Escutem! A Sabedoria está gritando nas ruas e nas praças. Nos portões das cidades e em todos os lugares onde o povo se reúne, ela está gritando alto, assim:

"– Gente louca! Até quando vocês continuarão nesta loucura? Até quando terão prazer em zombar da sabedoria? Será que nunca aprenderão? Escutem quando eu os corrijo. Eu darei bons conselhos e repartirei a minha sabedoria com vocês. Eu chamei e convidei, mas vocês não me ouviram e não me deram atenção. Vocês rejeitaram todos os meus conselhos e não quiseram que eu os corrigisse. Assim, quando estiverem em dificuldades, eu rirei; e, quando o terror chegar, eu caçoarei de vocês. Zombarei de vocês quando o terror vier como uma tempestade, trazendo fortes ventos de dificuldades. Eu rirei quando estiverem passando por sofrimentos e aflições. Então vocês me chamarão, mas eu, a Sabedoria, não responderei. Vão procurar por toda parte, porém não me encontrarão. Vocês não quiseram a sabedoria e sempre se recusaram a temer a Deus, o Senhor. Não aceitaram os meus conselhos, nem prestaram atenção quando os corrigi. Portanto, receberão o que merecem e ficarão aborrecidos com as coisas que fizeram. Os tolos morrem porque rejeitam a sabedoria; os que não têm juízo são destruídos por estarem satisfeitos consigo mesmos. Mas quem me ouvir terá segurança, viverá tranqüilo e não terá motivo para ter medo de nada."

[ME DIGA ONDE VOCÊ JÁ LEU ALGO COM ESTA IDÉIA, DE MODO QUE CONSEGUIU TE INTIMIDAR MAIS DO QUE ESTA.]

Está lá, apenas fala. O autor demonstra algum tipo de paz ao escrever as palavras. A Bíblia sempre tem um tom REDENTOR, RECONCILIADOR - o que já difere de 99% dos demais livros. Algo do tipo, tanto faz. Não estou preocupado o que vão achar das minhas palavras, da minha literatura; mas gostaria que prestasse atenção e desse valor ao que digo, para o seu bem. Quem tem ouvido ouça, que não tiver, que siga o seu caminho.

Ao mesmo tempo, a Bíblia é um livro 'desconexo'. Biblia por definição significa um conjunto de livros. E esses livros são desconexos. O Simarilion, O Hobbit, a triologia dos Senhor dos Anéis, por exemplo, todos escrito por Tolkien, acho que contém mais palavras do que a Bíblia, estes sim são bem conexos; propositalmente conexos. Vemos essa mentalidade do autor. Mas na Bilblia, não tem como! Por definição, pois ela foi escrita num periodo, que acreditasse de mais de 2.000 anos. Muitos dos autores nem se conheceram. De modo, que vemos autenticidades literais. O exemplo mais claro disso fica nos Evangelhos, 4 autores diferentes, 4 linguagens, estilos, abordagens, pontos de vistas diferentes, não há uma busca de coerência para com a outra parte. Toda esse conjunto de coisas descasadas. É único!

O Alcorão dos Islâmicos por exemplo, não tem isso. Fora escrito por Maomé. A Bíblia, são 39 autores, dezenas de livros !! Será que alguem faz realmente noção do que isso significa? É um ato único na História! Acho que a coisa "mais próxima" (apesar que apenas na variavel tempo) que podemos comparar seria o desenvolvimento dos postulados de Euclides sobre Geometria, em "Os Elementos", qual dura até hoje.

Além disso, vemos na Bíblia as caracteristicas da linaguagem e dos pensamentos da Época. Compare Jó com João por exemplo, os dois extremos. A simplicidade de um provavel nomade dos desertos e montanhas, que apenas pastoreava gado, na mais simples das vidas, numa época com poucas palavras, de pouca cultura. Mas foi um exemplo de homem de fé, é descrito com a linguagem de Moisés. Vemos as caracteristicas da pena de Moisés, mas não a descrição do homem Moisés, uma vida muito simples, um tipo de jornada qual ele não vivenciou nem contemplou, pois a dele, desde o seu nascimento foi muito diferente. Já João, esbanja um cara que passou por muita coisa mais atual, viajens, conhecendo os romanos, a prisão, e tantos outros, teve que se voltar para a arte para DESENHAR o que foi descrito posteriormente como as palavras do que conhecemos hoje como o livro de Apocalipse (que significa: revelação; a revelação das figuras, imagens, de João; ou o que alguns atribuem, como a revelação que aconteceria no fum dos tempos).

Esta coerencia que vemos no todo da Biblia, em sua cosmovisão. Nos convence de que toda ela é especial. De modo que ao ler a Bíblia, consideremos-a, e comos convencidos por isso, que tal foi ARQUITETADA, CONFIGURADA, ESCRITA por uma única pessoa. Nos parece uma incrivel obra de arte.

Além disso, podemos ver coisas absurdas na Bíblia. Uma especie de 'anti-sofismo'. O oposto de um discurso politico, ou palestra, ou mesmo dos 'sermões' como estamos acostumados a ver hoje nas igrejas. A pessoa confeça todos os seus erros, alias, péssimos, horríveis, jus de morte (para a época), alias, Estevão foi morto. E por fim, temos algo do tipo, "dane-se o que vai acontecer comigo, se vou morrer ou viver. O que importa é que Jesus Cristo foi pregado." Até mesmo a busca da felicidade, essa palavra "felicidade" é deixado em segundo plano. É como a Natureza "e daí". E daí que nascemos. E daí que morremos. Vaidade de vaidade tudo é vaidade. A única verdade é Cristo. É um tipo de assassinato do Ego, qual praticamente não vemos em nenhum livro. Eu particularmente, nunca pude encontrar isso num livro que já li, ou qualquer texto que já li. Até mesmo os da Ellen G. White, vemos um grande teor argumentativo, por isso considero-os diferentes.

Tentando finalizar

Infelizmente, não costumamos parar para pensar sobre isso. Mas quando começamos a enumerar item por item do que faz da Bíblia tão única; e genuinamente diferente de qualquer outra coisa que já tenha lido, até mesmo de Confúcio, Sêneca (quais se aproximam no ambito da moral, da idéia), bem, é uma lista enorme. Me surgem um monte de coisas na cabeça agora. Poderia falar sobre as profecias "internas" vamos assim dizer, e que historicamente, se concretizaram. Como as mais de 70 profecias messianicas do Antigo Testamento, que se concluiram perfeitamente com Jesus. Além daquelas sobre o mundo nos últimos dias. De como causou polemica em toda história, de como foi odiada, de como foi tentado várias vezes, ser TOTALMENTE destruida, abolida da humanidade, impedida que fosse lida, etc.

Nada se compara a ela. E acho que talvez o fator mais especial. É porque ela é tão SEM AMBIÇÃO, GANANCIA, na sua produção, de modo que a torna muito pura. Quando saímos da cidade e vamos para o simples campo, percebemos como somos 'presos a tantas coisas', 'objetos', 'vaidades', 'trabalho', vemos melhor quem somos. Porque chegamos na Natureza, neste lugar sem intenção, não feito pelo homem, não  produzido por uma mentalidade humana. Nós serve como um espelho para alma. Porém, infelizmente, há uma grande limitação, que é a própria linguagem da Natureza. Precisamos de palavras, diga-se de passagem, de muitas, muitas palavras, e assim muitas idéias. Aliás, considero que temos que ir além das palavras e nos encher de muitas 'idéias musicais', que é ainda mais pleno do que as palavras do dicionário. Agora quando se trata da Biblia, vemos este espelho extremamente claro, porém, CHEIO DE PALAVRAS, mas como a Natureza, sem intenção, não feito pelo homem. E assim, ao lermos, estudarmos a Bíblia, nossos olhos abrem de modo que conseguimos nos ver absurdamente tão claro, mas tão claro, que normalmente desejamos fechá-la, ficamos com medo deste livro, de lê-lo, e de assim, encarmos nós mesmos, quem realmente somos. Além disso, quando mais compreendemos a Bíblia, parece que mais claro e fácil fica de se compreender e ver as pessoas, suas intenções, e tudo mais.

Outra comparação. No filme Matrix, ler a Bíblia, é como a oportunidade de sair da Matrix, e como Neo, poder finalmente enxergar a realidade. A questão é, queremos vê-la? Queremos sair do nosso mundinho, idéias, sonhos, perspectivas, e desejos virtuais?

Aí está, ao meu ver, a prova máxima, de que a Bíblia é um livro único. Incomparavel com qualquer outro livro ou obra escrita por um humano. Não disse em nenhum momento até aqui a parte 'religiosa', de que isso quer dizer que então foi inspirada realmente por Deus. Não disse isso, se você quer acreditar nisso ou não, fique a vontade. Mas o grande fato é que a Bíblia é a única coisa na Terra que tem o seguinte poder, e que você e eu podemos averiguar a qualquer momento:



"Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até a divisão de alma e espírito, e de juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração."

Hebreus 4:12 



É simplesmente isto, o que a Bíblia tem de especial. É este poder vivo e eficaz, de penetrar em nossos corações e fazer uma autópsia extremamente lucida discernindo nosso pensamento e nossas intenções. (inclusive as dos outros).

Que tal em 2012, participar de uma grande aventura que vai demandar MUITA MUITA coragem. Algo que nem mesmo a maioria dos cristãos tem. Que é a de ler e estudar este conjunto de livros, chamado de Bíblia.

23 dezembro 2011

Mensagem de Natal - 2011

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"Os filósofos são inúteis porque a humanidade não quer servir-se deles."
Platão, em A República

Modo estranho de começar uma mensagem de Natal. Mas é algo que acontece e que precisamos reconhecer. Sim, reconhecer, caso um dia quisermos realmente obter algum tipo de crescimento genuíno. Sócrates estava sendo questionado, quando começava a defender a virtude e o papel do sábio, do filósofo, quando foi questionado: "Mas ninguém quer saber de vocês. São vistos como estranhos, além de muitos serem acusados de caluniadores."

E então Sócrates, mostra na verdade que o que acontece, é uma insubordinação. As pessoas na verdade não querem servir-se dos sábios, dos filósofos, querem governar, ao invés de ser governadas, mesmo quando elas não têm razão, nem capacidade. É como se você ganhasse uma grande fortuna mas não soubesse como administrá-la de forma que fosse bom para você, para a comunidade, para a família, para a economia, e para a prosperidade no futuro, mas há quem sabe; e você poderia deixar todo o dinheiro com tal para fazê-lo então o que fosse mas justo; mas não, prefere cuidar você mesmo do seu dinheiro e gastá-lo como achar melhor.

Bem, de certo modo, é exatamente o que acontece nos dias de hoje com o cristianismo, se formos assim pensar. A questão em geral não é se a religião é boa ou má, ou quanto as boas verdades das Escrituras Sagradas, ou os ensinamentos de Jesus, e tudo mais. O problema está em as pessoas – inclusive eu, muitas vezes – não quererem servi-los. Pensamos: esta vida é minha, este corpo é meu, esta mente é minha, estes olhos são meus, este tempo é meu; logo, faço com eles o que quiser.

Convenhamos, isto funciona razoavelmente em tempos de paz e prosperidade. Como um rico país, em que o Governo faz verdadeiros desperdícios de recursos públicos,  e muitos erros, mas com a nação em plena prosperidade, por mais que cometa erros, no fim, tudo dá certo, tudo vai bem, a dinheiro de sobra para queimar. Ou mesmo uma pessoa jovem, que em sua juventude, na plenitude do vigor físico, encara diversas coisas destrutivas para a saúde, e mesmo assim, o vigor continua. Como repreendeu Jesus:

“Mas ai de vós, ricos! porque já tendes a vossa consolação.”
Mateus 6:24

O problema, como já advertia o filósofo é quando a casa cai. Quando a cidade entra em caos pelos erros e negligencias do governante tolo, quando a pobreza começa a assolar a população, quando faltam recursos básicos, quando ocorrem ameaças de guerra e seu exército está despreparado, quando todos os seus súditos (que não querem servi-lo, mas são obrigados) começam a ver uma oportunidade de destroná-lo, ou mesmo acabar com sua vida. Quando realmente a ilusão se desfaz, e nos vemos na real, olhamos para as nossas mãos e nada temos, e então, podemos ver um ao outro como semelhantes filhos de Deus. E é quando costumamos então a recorrer a tais, inclusive a Deus, a religião.

A vida incerta é, não sabemos o futuro, e o nosso passado já é o suficiente para nos mostrar quantas surpresas de mudanças repentinas e inesperadas ocorrem sem que sejamos consultados, tampouco preparados. Isso nos ensina que não devemos ter orgulho e nos vangloriar de nossa fortuna, de nosso emprego, diploma, nossa casa, e tudo mais; tudo pode se desfazer da noite pro dia, ou do dia para noite; Nem tampouco olhar com arrogância para os menos afortunados. Os quais, de certa forma, são melhores do que ‘os que têm’, pois são menos desapegados e mais independentes das muitas coisas que temos.

O que você sentiria, pensaria, faria, se um dia, ao andar pelas ruas da cidade, ao se deparar com um morador de rua, fédido, esfarrapado, faminto, numa noite muito fria, e este ao observar que você está com frio, lhe oferece o único manto que tem para você? Não esqueço das palavras de meu querido professor e amigo Paulo Paccheco, que certa vez na aula de psicologia, falou da amiga italiana [vou chamá-la de ‘Ana’] dele que trabalhava de voluntária num campo de refugiados (se não me engano) na África, num lugar totalmente miserável, a a mais miserável da miséria da miséria máster que se possa imaginar; pessoas sem nada, sem comida, sem água; dependia totalmente da ajuda dos grupos humanitários e missões evangelísticas, para sobreviver mais alguns anos sofridos. Bem, contou que certa vez, um grupo dessas mulheres que caminhavam dezenas de quilômetros todos os dias para uma pedreira onde quebravam na força bruta (marretada) toneladas de pedras (tipo, produziam essas pedrinhas que usamos na construção civil – agora você sabe porque compramos tão barato), e ganhavam praticamente nada, algo equivalente a 1 centavo por tonelada de pedra quebrada, vamos assim dizer. E aí, naquele ano em que houve um terremoto na Itália e tals, elas ficaram sabendo do ocorrido, foram até a Ana, pois gostavam muito dela, e pegaram todas suas economias de 1 mês inteiro, o cofrinho delas, o que deu um total, vamos supor de 30 centavos (ou seja, absolutamente nada para nós, mas para elas tudo, o trabalho de 30t de pedras quebradas) e insistiu para que a Ana enviasse este dinheiro para ajudar ‘sua tribo’ (os italianos).

Quando observei as imagens da catástrofe, o que via eram belas ruas, belas calçadas, belas casas, belos carros de luxo destruídos, casas muito bem mobiliadas, com laptops, fogões, até iPhone, guarda-roupa com roupas suficiente para cada dia do mês. Pessoas com recursos, cidades bem equipadas e preparadas. Muitos ali, tudo segurado, pessoas que tinham serviços médicos de primeira a disposição, comida do bom e do melhor, tanto, que até desperdiçavam, além de água em abundância com qual podiam se refrescar com sua piscina no quintal. E ali na África, aquelas mulheres, que mal tinham apenas uns remendos de roupas sujas (que provavelmente foram doadas), rasgadas, descalças, desnutridas, desidratadas, sem nada! E elas, ofereceram tudo o que tinham, 30 centavos, não dava para comprar nem 4 bananas!

Ana recusou. Não podia aceitar. Seu coração não permitiu. Pensou ela: “A Itália não precisava do dinheiro dela. Elas lutaram com tanto suor por aquilo, e já não tinham nada, tinham que usar algo para si, para uma fruta para comer talvez.” Mas elas insistiram para Ana. E disse, que “se o povo da Ana está passando necessidade, então nosso povo ajuda”, “Seu povo, meu povo.” Quando Ana ouviu isso, não se conteve, e desabou num longo e profundo choro. Ana viu o quão miserável ela realmente era, e o tão afortunado aquelas pobres mulheres eram. E não adiantou insistir. Ela teve que aceitar. Mas ao invés de enviar o dinheiro para a Itália, comprou coisas para elas. E isto gerou um documentários francês.

- Que lição!

A grande lição que Jesus nos deixou é o motivo, a razão de se viver, o que realmente vale, o que dá valor e sentido a vida; e é a forma que mais nos rende bem-estar, realização e gratidão que é SERVIR ao próximo. Sabemos que nossa mãe e nosso pai nos amam, porque vemos o tanto que eles vivem em função de nos servir, se sacrificam por nós. Amamos nosso parceiro(a) pois também vemos o quanto tal se sacrifica por nós; e cada vez, que servimos ele(a), estamos alimentando o amor, em cada pequeno ato, dos mais simples gestos ao maior sacrifício. A humildade é tão grande, que muitas vezes, a benevolência do próximo nos faz até chorar. Como disse uma pastor uma vez:

“Por que a humildade é tão grande?”

Por favor, não confunda o Natal como o dia do papai Noel, o dia dos presentes, ou de andar no shopping, o dia de consumir, o dia de grandes banquetes, o dia de acabar com seu fígado e saúde, o dia de festas, e da família reunido. Tudo isso é possível fazer sem amor, sem carinho, sem humildade, sem um ímpeto de servir o próximo. E assim, toda a magia se perde. Além disso, há muitas pessoas sem família, há muitas pessoas que não ganharão nenhum presente, pessoas, que passarão fome e sede, que ao invés de festa, apenas uma peregrinação pelas ruas e sarjetas da vida, ou num barraco numa área de risco, ansiosos e atentos ao tempo para que não caia um típico temporal de verão.

Noel foi um monge cristão que ficou conhecido por distribuir simples presentes (maioria brinquedos) para crianças órfãs e carentes. Não façamos dessa homenagem a este ato de benevolência, caridade, como um ato de luxo e coração da vaidade, como em geral as pessoas nos dias de hoje normalmente fazem neste dia.

Sei que nessas horas, principalmente quando não temos muita folga na conta bancária, é difícil, às vezes duro, querer servir ao próximo, ser um servo de pessoas que nem mesmo temos algum afeto, não conhecemos. Mas quando damos o primeiro passo, quando agimos, quando a ação ocorre, uma magia transforma nosso coração, e este é humanizado, de modo que o amor brota espontaneamente. Pois demos algo de si, mesmo um sacrifício forçado, para o próximo; isso faz com que o valorizemos. O amor surge e vai crescendo na medida em que nos desfazemos de nosso egoísmo.

Hoje as pessoas estão cada vez mais desafetuadas. Culpa da Internet talvez. É tudo tão fácil. Fácil ligar, fácil conectar, fácil enviar mensagens, do mesmo modo, fácil sair, sair sem mesmo despedir. Não há olho no olho. Não há sacrifício da sua parte. São tantos os contatos, 100, 300, 500, 1000, no face, no msn, no Orkut, email... que as pessoas quase se tornam descartáveis, se sai um há mais 10 para conversar. Se perde uma pessoa, bem, “o mar está cheio de peixe” – frases desse tipo, já são até ensinadas como um provérbio da virtude. A que ponto chegamos!?

Por isso apelo a cada alma que até aqui leu estas palavras, que encare como meta para este dia, e para o próximo ano, servir. Sirva o próximo. Sirva seus pais. Sirva sua família. Sirva seus amigos. Sua namorada, seu noivo, marido. Sirva ao seu vizinho, mesmo ao desconhecido. Agradeça ao motorista do ônibus por seu trabalho, ao gari por manter suas ruas limpas (sim a cidade é sua). Agradeça ao fazendeiro que produziu seu alimento. Sirva como se fosse a única e última coisa que lhe restasse a fazer na vida, a cada dia, e será a mais livre e realizada das pessoas.

Há um provérbio chinês que diz: “Cave um profundo poço de generosidade, e ele se encherá de amigos, retribuições, agradecimentos, reconhecimento, realizações, ajuda e solidariedade quando os dias ruins vierem, e nunca lhe faltará alimento.”


E por fim, esta era a grande lição que Jesus quis nos deixar:


“Ame teu próximo como a si mesmo.”


Ou seja, “faça pelo teu próximo, como faria para si.”

Esta é a única frase com que o Natal e a vida tenham algum sentido.



Um feliz natal para você e sua família.
E que a paz de Deus que excede todo entendimento possa ser derramado em abundância na seu dia-dia.

Ter ou não ter namorado, eis a questão

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Quem não tem namorado é alguém que tirou férias remuneradas de si mesmo. Namorado é a mais difícil das conquistas. Difícil porque namorado de verdade é muito raro. Necessita de adivinhação, de pele, saliva, lágrima, nuvem, quindim, brisa ou filosofia. Paquera, gabira, flerte, caso, transa, envolvimento, até paixão é fácil. Mas namorado mesmo é muito difícil.


Namorado não precisa ser o mais bonito, mas ser aquele a quem se quer proteger e quando se chega ao lado dele a gente treme, sua frio, e quase desmaia pedindo proteção. A proteção dele não precisa ser parruda ou bandoleira: basta um olhar de compreensão ou mesmo de aflição.


Quem não tem namorado não é quem não tem amor: é quem não sabe o gosto de namorar. Se você tem três pretendentes, dois paqueras, um envolvimento, dois amantes e um esposo; mesmo assim pode não ter nenhum namorado. Não tem namorado quem não sabe o gosto da chuva, cinema, sessão das duas, medo do pai, sanduíche da padaria ou drible no trabalho.


Não tem namorado quem transa sem carinho, quem se acaricia sem vontade de virar lagartixa e quem ama sem alegria.


Não tem namorado quem faz pactos de amor apenas com a infelicidade. Namorar é fazer pactos com a felicidade, ainda que rápida, escondida, fugidia ou impossível de curar.


Não tem namorado quem não sabe dar o valor de mãos dadas, de carinho escondido na hora que passa o filme, da flor catada no muro e entregue de repente, de poesia de Fernando Pessoa, Vinícius de Moraes ou Chico Buarque, lida bem devagar, de gargalhada quando fala junto ou descobre a meia rasgada, de ânsia enorme de viajar junto para a Escócia, ou mesmo de metrô, bonde, nuvem, cavalo, tapete mágico ou foguete interplanetário.


Não tem namorado quem não gosta de dormir, fazer sesta abraçado, fazer compra junto. Não tem namorado quem não gosta de falar do próprio amor nem de ficar horas e horas olhando o mistério do outro dentro dos olhos dele; abobalhados de alegria pela lucidez do amor.


Não tem namorado quem não redescobre a criança e a do amado e vai com ela a parques, fliperamas, beira d'água, show do Milton Nascimento, bosques enluarados, ruas de sonhos ou musical da Metro.


Não tem namorado quem não tem música secreta com ele, quem não dedica livros, quem não recorta artigos, quem não se chateia com o fato de seu bem ser paquerado. Não tem namorado quem ama sem gostar; quem gosta sem curtir quem curte sem aprofundar. Não tem namorado quem nunca sentiu o gosto de ser lembrado de repente no fim de semana, na madrugada ou meio-dia do dia de sol em plena praia cheia de rivais.


Não tem namorado quem ama sem se dedicar, quem namora sem brincar, quem vive cheio de obrigações; quem faz sexo sem esperar o outro ir junto com ele.


Não tem namorado que confunde solidão com ficar sozinho e em paz. Não tem namorado quem não fala sozinho, não ri de si mesmo e quem tem medo de ser afetivo.


Se você não tem namorado porque não descobriu que o amor é alegre e você vive pesando 200Kg de grilos e de medos. Ponha a saia mais leve, aquela de chita, e passeie de mãos dadas com o ar. Enfeite-se com margaridas e ternuras e escove a alma com leves fricções de esperança. De alma escovada e coração estouvado, saia do quintal de si mesma e descubra o próprio jardim.


Acorde com gosto de caqui e sorria lírios para quem passe debaixo de sua janela. Ponha intenção de quermesse em seus olhos e beba licor de contos de fada. Ande como se o chão estivesse repleto de sons de flauta e do céu descesse uma névoa de borboletas, cada qual trazendo uma pérola falante a dizer frases sutis e palavras de galanteio.


Se você não tem namorado é porque não enlouqueceu aquele pouquinho necessário para fazer a vida parar e, de repente, parecer que faz sentido.


Artur de Távala



Dedico este texto para minha linda, Aline.

18 dezembro 2011

Etmologia de 'Evandro'

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Uma contribuição, de um amigo da internet, Prof. Mapelli Siqueira, sobre a etmologia do meu nome. Gostei.

Do grego Euandrós (homem bom) – eu (bem; benévolo, bom; felizmente; justamente, regular); andrós (do homem; viril), que veio de anēr (esposo; guerreiro; homem; indivíduo; varão).

O termo eu veio da raiz *proto-indo-europeia *su, que teve esta evolução: Su > hu > ēu > grego eu. E anērveio de *ane-er (que vive e se movimenta; etc.), que originou andrós, de *ane-de-er-o-s (daquele que comunica, respira, vive; etc.).

A raiz *ane entrou na formação do latino anima (alma, princípio vital, vida; ar, odor, sopro; habitante, indivíduo, pessoa), de *ane-mā (origem da vida; etc.).



Voltando a anēr (esposo; guerreiro; homem; indivíduo; varão), encontramos a sua aproximação com o hebraico ANWŠ Enōš (humano, mortal), nome de um neto de Adão, que poderia ser “Enōr” ou, ainda, “Anōr”, porque “š” tem permuta com “r” (ex.: grego ekklēsía e klēros: igreja e clero; querer e quis).

Enōš originou-se da raiz ANŠ Anaš (incurável, mortal) no idioma original da Terra, que chamo de Adam, que existiu do Éden até Babel. Observamos que esta raiz originou ainda o hebraico AYŠ īš (=anēr), que perdeu “-n-”; assim como o latino vir (homem), que poderia ser “wir” ou “yir” (īr = īš), perdeu “-n-”.



Voltando a andrós (do homem; viril), que tem “-n-”, vemos a sua relação com o latino mundus (limpo, puro; mundo; etc.), de *man-de-o-s ou *mon-de-o-s (da humanidade; etc.). E *man, que veio de *mā-ane (origem da vida; etc.), é o mesmo que *ane-mā, que originou o latino anima (alma, princípio vital, vida; ar, odor, sopro; habitante, indivíduo, pessoa). É bom lembrar que *man, ou *mon, se relaciona ainda com *men (mencionar, pensar, permanecer, projetar, remanescer; pequeno, isolado).

O russo mir (mundo; paz) originou-se de *mā-er (origem do movimento; etc.), que formou também *mer(cintilar, tremeluzir; flutuar; purificar; fazer mal, prejudicar, danificar, ofender, ferir, magoar, matar, perturbar, afligir, mortificar, atormentar). Tanto o russo mir quanto o latino vir (homem) perderam o “-n-” do original adâmico ANŠ Anaš(incurável, mortal).



A estranheza de acharmos que o nome de Enos, filho de Sete, significa “humano, mortal” e que *mer traz juntos “purificar” e “matar”, explica-se pela entrada do pecado (morte) no mundo.

Raízes e radicais *proto-indo-europeus: *ane (comunicar; respirar; viver); *de (advérbio; demonstrativo; preposição); *er (ir; movimentar-se, que faz movimento); *mā (bom; dia, manhã; mãe; que ocorre em bom momento); *man ou *mon (alma; homem; mão); *o (desinência do masculino); *s (desinência do nominativo); *su (bem; bom).

Vendo Notebook Dell

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Breve fotos

Vendo Notebook Dell Inspirion 1525

Valor: R$ 600 (a vista) ou 2x350 ou 3x250
(se for usar financeiras para honrar compromisso, adicional da taxa que elas cobram, normalmente entre 5 e 10% do valor)

2 anos de uso
MUITO BEM CUIDADO E CONSERVADO
Tela é nova (trocada este ano)

Configuração:
Processador Intel Core 2 Duo T5800 2Ghz 64 bits
Memória: 3 Gb DDR2
HD SATA 80 GB
2 saidas de para fone de ouvido, 1 para som digital SPDIF
Tela 15" Widescreen, tela 100% inclinável
Wi-fi, Bluetooth, HDMI, Firewire, 4 USB 2.0, S-Video, 13Q4, Rede 100/1000, fax-modem, DVD-RW, leitor de SD/MMC, MS/Pro.
Botões de atalho para Midia no teclado.
Bateria 6 células:
- Win 7, uso leve, dura ~50min.
- Win Vista, uso leve, dura ~ 1h40
- Win XP, uso leve, dura ~3h
Cor: prata interno e preto externo.

+ caixa original, certificados Dell, manual, CDs original Dell, Drivers, softwares...

Acessórios:
Originais Dell:
- Conector para saída de video RGB (verde, vermelho, azul + audio digital)
- Controle remoto para player

Analise
Hardware
Em perfeito estado. Todas as teclas estão em perfeito estado, e mouse pad também.
HD não travando, e 90% da capacidade real. Sendo que é parcionado, sendo 10Gb dedicados a Backup e restauração do sistema (padrão da Dell). Sistema de refrigeração um pouco a desejar, é preciso, como a maioria dos laptops, deixar um bom espaço inferior entre a superficie para ter uma boa ventilação. E o Windows vista, ou aplicações e execuções mais pesadas, como audio e vidoe, tendem a fazê-lo esquentar muio. Mas nunca chegou a dar pane de temperatura, ou o processador desligar.

Quanto a desempenho.
Usei o principalmente para trabalhos pesados de programação e não deixou NADA a desejar. Também usei para trabalhar arquivos pesados no AutoCad 2006 (não tive nenhum problema de velocidade no processo), no Flash CS (ótimo desempenho, porém, projetos muito grandes, chegavam a dar um pouco de lag).
Também trabalhei muito com edição de som e o video e música, como Sibelius 6 e 7 (o sibelius 7 deixava a exigir um pouco mais de desempenho, mas o 6 funcionava perfeitamente, contanto que não fosse um projeto sinfonico muuiiito pesado); com edição de ´video não tive problemas para edição abaixo de 700p. E para rodar vídeos, ele é muito bom, mesmo no HDMI a 1920x1080, processamento perfeito. A placa de video é da Intel, deixa um pouco a desejar para jogos de muita exigencia 3D. Meu uso foi mais voltado para trabalhos voltados para som, a qualidade da placa de som é muito boa, as caias de sons internas deixam um pouco a desejar, nada que uma boa externa não resolva, capacidade de 24bits em 48mhz (ajustável), e com possibilidade algumas melhorias, como suplemento nos gráficos (isso direto na placa).

Para jogos, pouco usei. Mas tive algumas experiências com Call of Duty 2, Battlefield 2, Age of Empires 3, FarCry.. bem, é só não deixar os recursos gráficos no máximo que dá para jogar de boas.

É um computador bem silencioso também, teclado, mouse, disco rigido, processador, cooler.

É praticamente um computador que vai rodar bem tudo o que você precisa, mesmo que para trabalhos. Contanto que não seja edição exorbitantes de vídeos em altissíma resolução, ou para ficar jogando de ultima geração com os gráficos no máximo. E que nunca trava. É um bom Dell, que honra o nome da marca, que certamente ainda vai durar muitos anos de boas.

Motivo de venda: Apenas para obter um produto com uma configuração mais moderna, e mais compacto. de 11 ou 12 polegadas.

27 novembro 2011

Gráfico no Excel

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As vezes é possível fazer umas brincadeiras interessantes com o Excel, até mesmo com a ferramente gráfica dele que é extremamente limitada. Mas olha o que consegui fazer:



Bem, como fiz isso:

- Criei uma função polinomial, que seria a curva em azul. Com aproximadamente 100 pontos;
- Para cada um ponto criei um ponto aleatório minimo entre 0,75 e 1 do ponto;
- Criei também um máximo, entre 1 e 1,25;
- Acrescentei duas linhas ao gráfico, um para o máximo e outra para o minimo;
- Apaguei retirei a linha e deixei apenas o marcador de ponto nestas.

Bem, como a formula do numero aletório é realculada (e retorna um número diferente, teoricamente) cada vez que é recaulculado. Se você ficar apertando ou segurando o F9, ele vai gerando pontos sempre diferentes. E ai se ficar segunrando o F9, acontece essa brincadeira.

20 novembro 2011

Empolgação

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Poucas vezes na vida senti tanta adrenalina e empolgação quanto ontem tocando no Teatro Municipal de Santo André, com o Innovare. Bem, apesar dos vários ensaios. Bem, nada como o pro valer ao vivo, num Teatro cheio cheio lotadérrimo de pessoas, com muitas em pé e sentadas nas laterais, quase q não dava para respirar! Uma situação estranha para mim, pois eu não conseguia ter um retorno do meu som se projetando, era uma sensação quase inédita para mim, ai eu tinha sempre a impressão que estava muito pp meu som, e ai mandava muito ar, acho q toquei entre f - fff o tempo todo (tenho q ouvir alguma gravação para ver como ficou). Ao mesmo tempo, não dava para sentir muito o som da massa orquestral, só o que estava mais próximo de mim.

Mas aí, teve uma música, a do "Pai Nosso", com solo de uma garota + orquestra, arranjado pelo Fernando Mathias. Bem, a música toda é muito muito serena, com uma textura muito apropriada para meditar seriamente, e bem tranquila, traz uma paz. mas para o final dela então, numa repetição do coro, os timpanos começam tomeçam a atacar num trinado crescente, culminando com uma forte entrada dos metais; nossa, aquele ponto foi um máximo! Tipo, os timpanos estavam literamente atrás de mim, eles começaram a bater e minha cadeira e meu corpo começou a vibrar. Aquilo despertou uma coisa que não sei explicar, foi uma comoção, na hora que os 4 trompetes entraram unissono, com aquele som cheio, um arpejo... eu até tremi, o q fez o bocal deslocar um tiquinho, q me fez errar o ataque da nota seguinte rs.

Bem, vamos deixar os detalhes para lá. Mas muita gente muita, gostou disso. Ora, até os funcionários do Teatro, que ouviram de tocaia as músicas, que estão acostumados a ouvir grandes apresentações, como a Orquestra Sinfonica de Santo André, quando passava por eles, me cumprimentavam, parabenizando, que ficou muito bom; se percebia, que até esses, que teoricamente são os mais calejados, foram comovidos, pelo poder da música, aquilo que aconteceu aquela noite. Acho que agora veremos os resultados, os seus efeitos, espero que sejam tão bons quanto foram ontem.



Para mim, foi algo muito parecido com o que o grande regente Bernard Haitink descreveu de uma experiência que teve:


"Sentado no café de um hotel no centro de Salzburg, com vista para o Rio Salzach, Bernard Haitink sorri com a lembrança. "Estive aqui pela primeira vez em 1947, tinha acabado de completar 18 anos. Estava animado para ver de perto um maestro de quem se falava muito, Wilhelm Furtwängler. Eu o vi regendo Fidelio, outras óperas, e... nada. Não provocou impressão nenhuma em mim. Até que durante um concerto, a 8.ª Sinfonia de Bruckner,algo aconteceu e uma eletricidade tomou conta do teatro de maneira muito forte. A apresentação era de manhã e lembro que passei toda a tarde caminhando na margem desse rio, tentando entender o que eu acabara de testemunhar. É algo de que não me esqueço até hoje."

12 novembro 2011

Música, por Platão

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Lendo "A República" de Platão, estou. Livro simplesmente incrivel, extraordináio! Que mente tinha Platão. Alguns, preconceituosos, que normalmente não leram, não conhecem a obra desse filósofo grego, logo tendem a criticar. Mas é incrivel. Tanto a arte do método platônico, de como construir e desconstruir os argumentos, como, sobretudo, suas idéias de como formar uma "Cidade" ideal, vamos assim dizer.

Bem, para desenvolver essa ideia, tudo surgiu da questão "O que é a justiça?" Sim, assim inicia o dialogo socrático. E questionando sobre o que é a Justiça, veio então a idéia que a justiça é a vontade, desejo, intenção do mais forte. Mas logo, Sócrates destruiu esse argumento, pois chegava em contradições. Até que então, no Livro II, Gláucon, lança um desafio ainda maior. Que a injustiça é mais justa por suas vantagens, para a pessoa. E o que o temor do injusto, é na verdade, ser capturado pela justiça, qual o impede de ser injusto, e assim alcançar todos os proveitos que se imaginar. É um argumento incrível, na verdade, são muitas páginas de argumento, que parece deixar Sócrates sem saída alguma. Nos lembra muito aquele salmo em que Davi lamenta, no 73, ao ver que os ímpios eram os que mais prosperavam. Mas é bem mais sólido, profundo, confesso que o argumento dele até mesmo me fez arregalar os olhos e baforar: "Nossa!".

Bem, mas ai Sócrates não busca desconstruir o argumento, mas construir o dele, de que o melhor modo é construir uma sociedade, uma cidade justa, que pense no melhor do conjunto, de todos. E assim não do individuo, não para um se dar bem e ser feliz, mas para todos fazerem uma cidade tão boa, tão ideal, tão justo, que por fim, todos, em sua medida vão compartilhar da felicidade desta. Não é uma construção pensando no individuo, mas na comunidade.

E aí, para isso, vai construindo desde o inicio, do inicio mesmo. Chegando até mesmo a ter a idéia de uma pequena comunidade, onde apenas vivem para a autosobrevivencia, semelhante a uma tribo. E além disso, então temos a ideia de uma Cidade Luxo, segundo Platão, e ai começa a desenvolver as idéias dos oficios desta cidade, e por ai vai, e o número minimo de cidadãos. Até que então chega na questão dos Guardiões (praticamente, os soldados), que é onde desenvolve seu grande foco. Bem, não vou aqui tentar fazer um resumo sobre isso. Mas nisto, Sócrates passa por diversas questões, desde a medicina, até a arte, literatura, alimentação, governo, educação. E por aí vai.

No inicio do Livro IV, Adimanto interpôs o discurso de Sócrates, dizendo que este tipo de guardião, qual Sócrates fala, é o mais infeliz dos homens, pois não pode ter nem conseguir vantagem nem prazer algum na vida, mas apenas vive com as condições minimas necessárias, apenas o que é indispensável, para viver para servir a cidade, protegê-la.

Bem, então Sócrates/Platão, solta esta pérola:

"- Na verdade, meu bom Adimanto, pode parecer que prescrições são muitas bastante pesadas; mas todas são realmente de pouca importância contanto que se observe, de acordo com o ditado, aquela única grande coisa que eu, de minha parte, não chamaria grande, mas suficiente para os nossos fins.
- E qual é ela? - perguntou.
- A educação e a criação. (...)
(...)
- Resumindo, então: este é o ponto em que deve concentrar-se acima de tudo a atenção de nossos governantes - que a música e a ginástica sejam preservadas em sua forma original, sem que haja inovações. Devem fazer o possível para mantê-las intatas e sentir medo quando alguém diz:

A todos os cantos preferem os homens
O que brota mais novo dos lábios dos cantores;

não vos perguntara acreditar os cidadãos que o poeta fale, não já de cantos novos, mas de um estilo novo de canto, e o celebrem por isso; pois não se deve celebrar tal coisa nem fazer semelhante suposição. Toda inovação musical é prenhe de perigos para a cidade inteira e faz-se mister proibi-la. Assim o assevera Damon, e eu o creio: diz ele, com efeito, que não se pode alterar os modos musicais sem alterar ao mesmo tempo as leis fundamentais do Estado.

- Inclui-me a mim também entre os convencidos - disse Adimanto.
- Portanto - continuei -, é no campo da música que nossos guardiães devem assentar os alicerces de sua fortaleza.
- Sim, pois é aí que a ilegalidade se insinua mais facilmente, sem ser percebida.
- Isso mesmo - respondi -, sob a forma de recreação, à primeira vista inofensiva.
- Nem a princípio causa dano algum - disse ele. - Mas esse espírito de licença, depois de encontrar um abrigo, vai-se introduzindo imperceptivelmente nos usos e costumes; e dali passa, já fortalecido, para os contratos entre os cidadãos, e após os contratos invade as leis e constituições, com a maior impudência, até que por fim, ó Sócrates, transforma toda a vida privada e pública.
-Será mesmo assim? - perguntei.
- É o que me parece - retrucou ele.
- De modo que, como dizíamos, nossos meninos devem ser educados desde o começo dentro de um sistema mais rigoroso, já que, se nem eles nem os seus jogos se atêm a certas normas, é impossível que, ao crescerem, se façam varões justos e operosos."

Platão, A República, Livro IV

Bem, durante o pouvo que li do livro, 1/3 aproximadamente, Platão já transcorreu muito sobre a música. É incrivel a observação dele. Isto mesmo, para uma época em que consideramos ainda como a música estando no berço. A escala pitagórica, mal tinha saído do forno e já temos isto. Algumas considerações são claramente bem questionáveis. Mas Platão liga música com a Educação. É como se A MÚSICA É O PRINCIPAL MEIO pelo qual ocorre um processo educativo. E de modo que tem um impacto incrível sobre as crianças, de modo a influenciá-las pelo resto de suas vidas. É também o principal meio, para ensiná-las sobre a religião, sobre o senso de justiça, sobre a comunidade, a cultura. E nisto, Platão critica muito Homero, pois em suas obras artísticas (poesias que eram cantadas, e assim gravadas), que falavam erroneamente sobre a divindade (em sua mitologia grega). Platão questiona o modo como os deuses eram tratados, e então Platão fala que essas alegações teologicas deles eram as MAIORES MENTIRAS EXISTENTES, a que pode CAUSAR OS MAIORES MALES a sociedade e a pessoa, em sua formação, sobretudo quando em idade mais tenra, que é a de mentir sobre a divindade; atribuir a eles idéias, estórias, fantasias, coisas ruins entre tantos outros. E que isto deveria ser totalmente combatido, eliminado da Educação.

....

Bem, o texto do Platão é bem claro, de como, a música, sutilmente vai transformando, corrompendo as pessoas, nos seus hábitos, pensamentos, costumes, e assim, também, no médio e longo prazo, tambem trazendo estes processos para a sociedade, o Estado, até mesmo as Leis e a Constituição.

E isso me fez pensar. Vamos retomar um pouco a História da Música. E podemos lembrar, como um grande marco, ao  meu ver, as valsas, a Familia Strauss, Johann Strauss (o pai da valsa). Bem, ela entrou sutilmente, e em pouco tempo, tinhamos bailes e festas a noite toda, e a burguesia dançando a madrugada inteira, nessas festas; de modo que chegou, num ponto, em que a a cidade decretou uma Lei proibindo-a (não lembro se totalmente, ou apenas a noite), pois dizendo que era um perigo, um male para a saúde das pessoas; pois as encava a ficar dançando a noite inteira. Ai depois, de destaque temos ao mesmo tempo a decadencia da música sacra, temos os sucessos das óperas de Richard Wagner; que introduziu, de certo modo, que ficou extremamente, claro no desenvolver do Romanticos, e fincou cravado no modernismo, um forte apelo a música que excita. Sim, em Malher pelo menos, temos que sentir cada vértebra e costelas do nosso corpo vibrar, a música tem quase que nos deixar em transe, incrivelmente impressionados. Ai no Modernismo, temos fortemente, a entrada do Blus, Jazz, tudo, foi indo sutilmente, e de repente, tinhamos Rock Roll, e por ai vai. O qual ninguem nega, que foi uma das maiores transformações e influencias pelo qual o mundo, sobretudo o Ocidente passou, que coincidiu com a Revolução Cultural, uma tentativa anarquista de por um cheque-mate na religião cristã, sobretudo a protestante, que fortemente predominava nesses países cristãos.

Bem, outro exemplo, podemos pensar aqui no Brasil. Sobretudo na década de 90, qual vivi. Eu pude contemplar claramente a música mudando tudo. Desde o inicio do Mamonas Assassinas que foi uma forte influencia, junto ao Axé, lembro até hoje da música, que mais marcou o inicio de uma grande mudança: "Vai descendo na boquinha da garrafa", e umas mulheres ultra-gostosas semi-nuas 'dançando'. No inicio um enorme vexame. Mas aos poucos isso foi penetrando, junto com outras coisas; sempre com a forte carga e apoio das músicas. Agora vendo melhor, NÃO EXISTIA MÚSICA, ESTILO MUSICAL para fazer oposição. Praticamente, tudo que era antigo, foi deixado para trás, censurado. Foi praticamente o que Platão queria fazer com o Homero, só que agora, no caso oposto, Homero censurou Platão. Bem, e ai hoje temos o que temos. Uma sociedade cada vez mais voltada em função das baladas, do sexualismo, da pornografia, do erotismo, da sensualidade, do dançar agarradinho, do mostrar 'o corpo'. E por ai vai, além da curtição da bebida e tals. Bem, conheço muitos, talvez a maioria dos jovens, hoje, vivem em função de beber, paquerar, balada, sexo, nos fins de semana e feriados. E a nova geração então, bem, vai ver como é a turminha hoje dos 10 - 16 anos, exatamente a mesma coisa. Bem, imagine a próxima geração. Além disso, temos visto junto a isso, a essas transformações musicais, a midia, entre tudo mais, trazendo uma idéia cada vez menos séria sobre a vida e a moral, é tudo questão de curtição. E os programas de humor negro e baixaria prosperaram na TV como mofo em um quarto umido fechado. E junto a isso, começamos a ter um forte movimento Homossexual, de modo, a que chegamos ter o absurdo de um "casamento" gay. (ou seja, a palavra casamento perdeu totalmente sua conotação original), e agora, estamos tentando até mesmo um movimento pro uso da Maconha (fortemente defendido pelos Fefeletianos da USP). E as Leis do pais vão indo nesse sentido. Vão se modificando, em primeira instancia, a permitir todas estas e coisas. E em segunda, a educar as novas gerações a 'aceitar', 'conviver', e 'viver' com isso.

Ironicamente. POuco antes, no final do livro III, Sócrates, diz que é preciso testar os guardiões, para ver se são realmente justos e tudo mais, se vivem de acordo, se não se caem em suas ambições, tentações, desejos carnais, entre tantos outros. Pois estes, os guardiões, tinham que ser plenamente infalíveis, sem uma mancha de erro, o culpa. Nós diríamos, isto é um absurdo. Mas segundo Platão, é porque a Educação feita a eles foi falha, e não como a da cidade que ele está desenvolvendo, imaginando (e para isso, esses guardiões, nunca poderiam ter tido o contato com este tipo de música). Bem. Mas ai, Platão, diz que também seria preciso testá-los num grande tipo de mentira, num grande tipo de engano. Uma mentira extremamente absurda. Mas que ninguem acreditaria. O próprio Glaucon disse isso. "Como seria possível alguem acreditar numa mentira dessas?" E no caso, era algo sobre a origem deles, que as pessoas viveram aprisionadas a juventude inteira na terra (solo, chão)... E aí, desenvolvendo a idéia, Sócrates diz que ninguem acreditaria. Mas bastava jogar a idéia, falar dela, e as vozes do povo se encarregaria de começar a espalhar ela essa mentira. Talvez ninguem acreditaria. Mas seria possível, de que a proxima geração fosse educada ouvindo essa mentira, e assim, sucessivamente, chegaria uma geração, que para elas essa mentira seria verdade, alias, teriam a plena confiança de que tal era o verdadeiro fato. E bem, segundo Platão, esta seria uma prova máxima aos guardiões, mas que não teria como fazê-lo. A menos que tais pudessem viver por várias gerações, sei lá.

E ai temos a grande ironia, de que este mesmo processo, veio ocorrendo no mundo. Através da música. Veja as transformações que a música fez na cultura e tudo mais nos últimos anos e décadas. Se há não muitas décadas atrás, tinhamos uma grande predominancia de forte poder e convicção cristã no Ocidente, e muitas leis morais, comportamentais, tradições. Bem, e ai temos, uma grande mudança, que não preciso relatar. A grande mentira, segundo Platão, que apenas sutilmente, de geração em geração, poderia ocorrer, de fato, ocorreu. Fomos pegos! Mesmo Platão nos avisando, há milênios!

Agora, mais incrivel ainda é quando pensamos na introdução do Senhor dos Anéis de Tolkien, que seria o Simarilion. A batalha música, vamos assim dizer, dos valar, com Eru. Bem, e ai temos a consideração, cristã, biblica, sobretudo de Ellen G. White, sobre como Satanás, através da música, sutilmente conseguiu se instalar nas igrejas, e causar grandes dominios e males, com sutis enganos; transformou a cultura, os modos, as tradições e tudo mais.

Bem mais irônico ainda. É que Platão, milênios atrás. Nos primódios da música, já conseguia refletir e pensar sobre a música em aspectos, que hoje, pessoas que se dizem instruidas, e de alta capacidade mental, intelectuais, e musicistas, não conseguem perceber. E acham que é tudo "bobeira". Bem, só me dizem uma coisa, "como hoje chegamos a ter esses funks, que classico como 'música pornográfica'"? E por aí vai.

É só para constatar que Platão, já havia predito, algo que mudou nosso mundo, e de certo modo, 99% das pessoas não se deram conta, e não dão a minima: "A música.": "Toda inovação musical preenche de perigos a cidade inteira."

12 outubro 2011

A Glória da Angústia e da Humilhação

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"Os ímpios zombarão de sua tristeza e ridicularizarão seus solenes apelos. Mas a angústia e a humilhação do povo de Deus é uma segura evidência de que estão reconquistando a força e a nobreza de caráter perdidos em conseqüência do pecado. É porque se estão achegando mais a Cristo, porque seus olhos estão fixos em Sua perfeita pureza, que discernem assim claramente a excessiva malignidade do pecado. Mansidão e humildade são condições de sucesso e vitória. Uma coroa de glória espera os que se dobram aos pés da cruz."

Ellen G. White, Profetas e Reis, p. 590


"A magnificência do primeiro templo, e os impressionantes ritos de seus serviços religiosos, haviam sido uma fonte de orgulho para Israel antes do seu cativeiro; mas a seu culto haviam não raro faltado aquelas qualidades que Deus considera como as essenciais. A glória do primeiro templo, e o esplendor de seus serviços, não poderiam recomendá-los a Deus; pois unicamente aquilo que é de valor a Sua vista eles não ofereciam. Eles não Lhe levavam o sacrifício de um espírito contrito e humilde.

É quando os princípios vitais do reino de Deus são perdidos de vista, que as cerimônias se tornam numerosas e extravagantes. É quando a edificação do caráter é negligenciada, quando falta o adorno da alma, quando é desprezada a simplicidade da piedade, que o orgulho e o amor da ostentação reclamam magnificentes igrejas, esplêndidos adornos e imponentes cerimônias. Mas em nada disto Deus é honrado. Ele avalia a Sua igreja, não pelas vantagens externas. mas pela sincera piedade que a distingue do mundo. Ele a estima de acordo com o crescimento dos seus membros no conhecimento de Cristo, segundo o seu progresso na experiência espiritual. Ele olha para os princípios de amor e bondade. Nem toda a beleza da arte pode ser comparada a beleza da têmpera e do caráter que devem ser revelados naqueles que são representantes de Cristo.

Uma congregação pode ser a mais pobre da Terra. Pode não ter as atrações de exibição exterior; mas se os seus membros possuem os princípios do caráter de Cristo, os anjos se unirão com eles em seu culto. O louvor e ações de graças do coração agradecido ascenderão a Deus como suave oferenda.

"Louvai ao Senhor, porque Ele é bom;
Porque a Sua benegnidade dura para sempre.
Digam-no os remidos do Senhor,
Os que remiu da mão do inimigo."

"Cantai-Lhe, cantai-Lhe salmos;
Falai de todas as Suas maravilhas.
Gloriai-vos no Seu santo nome;
Alegre-se o coração daqueles que buscam ao Senhor."

"Pois fartou a alma sedenta,
E encheu de bens a alma faminta."

Salmos 107.1 e 2; 105:2 e 3; 107:9


Ellen G. White, Profetas e Reis, "A Volta ao Exílio", p. 565 - 566

11 outubro 2011

A Didática do Simon

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A didática do Simon, não é algo que acredito estar em alguma tese ou livro, é algo que nomeio para um dos melhores professores que tive no IME-USP, o José Carlos Simon. Recentemente, há poucos meses que fui refletir um pouco sobre isso, algo que antes não havia pensando (pois já faz uns anos que tive aula com ele).

Bem, o Simon em si, não sei se ele pensou ou tem um método, uma didática, aparentemente ele improvisa tudo. Era extremamente comum, ele ir totalmente desarmado de livros, folhas para a sala de aula, apenas com a sua cabeça; perguntava para os alunos o que tinham visto na última aula, para lembrar de algo. Não seguia um livro em si, não copiava teoremas, não copiava discursos de livros didáticos. A primeira vista podia parecer a coisa mais totalmente despreparada e perdida possível. E é aí que está a questão que me intrigou: "o professor estava na mesma condição dos alunos, totalmente despreparado para a aula".

Normalmente, um professor entra já preparado para a sala de aula, ele já sabe os conteúdos, já sabe o que vai dizer, o que vai explicar, os exercícios, como resolvê-los e tudo mais. Para o professor normalmente, a aula não é muito uma investigação, um desenvolvimento, um processo de conquista; mas apenas a exposição de um troféu já conquistado, no qual, no máximo, apenas se dá um 'replay'; logo para o professor, cada passagem do processo, lhe torna, de certo modo, óbvio e 'rápido'. Mas e para o aluno? Para o aluno é tudo novidade, e as vezes para uma passagem das mais óbvias, na mente do aluno, é preciso fazer diversas associações, pensar e eliminar 100 outras possibilidades falsas.

Já o Simon, lembro da disciplina de "Laboratório de Matemática" no IME-USP. Aula antes da prova, um aluno pede para o professor passar alguns exercícios, para treinar para a prova. O professor, inventa na hora, alguns, de cabeça. No dia da prova, ninguém conseguiu resolver nenhum dos exercícios, e antes da prova, pedem para o professor resolver um dos exercícios da prova. Ele de boa vontade, foi fazer, imaginando que levariam poucos minutos. Ele pediu para alguem falar o enunciado, e ai ele começou a pensar, fazer uns rabiscos na lousa. Nesse momento, tivemos uma aula, aprendemos, vimos um conceituado matemático, como que ele 'começava a resolver, rabiscar, rascunhar' um problema, ele ia pensando, escrevia algumas letras, uns xzes e numeros, e apagava em seguida, falava coisas do tipo "haaammm", "se for ver isso..", "olha isso"... ele foi compartilhando conosco cada 'luz' que lhe vinha em mente em como resolver o problema. E a coisa foi indo, acabou a aula, e nada de prova. Na aula seguinte, a mesma coisa. Todavia, o problema envolveu muito ele e os alunos. Ele perguntava se alunos tinha alguma ideia, sugestão, pedia para algum aluno aletorialmente o que achava... a sala ocorreu como um laboratório, no qual nem os alunos, nem os professores sabiam resolver o problema, mas se uniram para desvendar o mistério.

Mais uma aula terminou, e na aula seguinte então, o professor trouxe finalmente uma solução, pois ficou pensando no fim de semana até resolver a questão. E aí, ele não 'expos' a solução para nós, não apenas escreveu as passagens e explicou. Ele não levou um papel anotado, e era uma solução que rendera umas 5 páginas no caderno. Ele partiu novamente do principio, olhando para a figura, foi novamente, mas agora investigando os problemas, tendo as idéias (como se fosse tudo novidade), mas então, um detalhe aqui ou ali, e lembrava do rumo da solução que teve, e então compartilhava conosco "como ele teve aquela 'luz', 'idéia mágica', de como sair daquele labirinto". De certo modo, o problema, o conteúdo matemático ali foi o de menos, o que mais pudemos aprender com o professor, foi como botar o cérebro para pensar; o conteúdo em si se tornou totalmente secundário. E depois desse exercício, ele já passou para algumas outras questões um tanto dificeis, como sobre Raizes de Números Complexos (a demonstração), Indução, e sempre do mesmo modo.

O ritmo ira inevitavelmente muito devagar, comparado ao que normalmente ocorre em qualquer aula. Mas o professor, sempre parava, perguntava se estávamos entendendo, e se alguém demonstrasse algum sinal de 'não', ele repetia, tentava explicar de outros modos, pensava em como tentar fazer de outro modo; mas ia indo até que todos 'capitassem'. E no fim, uma prova muito difícil, porém, todos com a cabeça 'sabendo trabalhar'. E conseguiu se resolver, de modo, que o maior problema, desafio da prova, foi o 'tempo', pois eram muitos exercícios, logo não deu para fazer todos. Pois tinha que se pensar muito em cada um.

Foi umas das melhores experiências que tive na USP, que desenvolveu uma sólida base de como 'brincar de investigar', 'como usar o pensamento matemático', 'de como tentar triturar um problema, revirá-lo de ponta cabeça, e tentar encaixar as peças de diversos modos para chegar em alguma conclusão ou resultado". Os conteúdos não se tornarão 'o fim', mas 'ferramentas', ou 'peças' a se manipular, brincar; a matemática não era mais teoremas, regras e álgebra, mas uma forma de pensar, de criar e encontrar lógicas, de ser um artista do abstrato em sua própria mente.

Claro, nos moldes da Educação de hoje, no qual há um CURTO PERÍODO de tempo, em geral, os professores, querem mostrar logo o 'carro construído', e passar rapidamente, como se fosse apenas uma leitura, de todos os livros técnicos, de como foi feito cada parte e peça do carro, e suas especificações; e assim, tudo pensando na otimização do tempo, ainda mais quando se pensa no Vestibular, 3 5 minutos para resolver uma questão; ou seja, é preciso não fazer o aluno pensar em si, mas o exercitar tanto com 'especificas ferramentas', a tornar seu uso quase que involuntário, como um extinto, pois só assim, para conseguir resolver tão rápido. Coisas do tipo, ver num exercício um circulo, e intuitivamente, já ir escrevendo na folha, a formula da area, antes mesmo de terminar de ler e enunciado.

Como seria um possível um ensino ao molde Simon? Pois tal exigiria muito tempo - muito. Todavia, por outro lado, talvez exigisse menos 'treino' (tornar instintivo) da parte dos alunos. Aliás, será que os professores estão 'capacitados' e 'preparados' para entrar numa sala de aula e ensinar um conteúdo, ou resolver um problema, sem ter se preparado/ensaiado antes? Ou seja, será que os professores estão capacitados para fazer da aula, uma sessão de compartilhação de processos criativos? Os professores estão capacitados para resolver os 'problemas pedagógicos' em sala de aula, para os quais 'não tem como ensaiar' e será preciso recorrer a criatividade? Bem, talvez seja aí que resida a diferença do professor comum para com aquele que é um artista em lecionar.