30 dezembro 2011

Um Livro Único

Este ano fui marcado por muitas leituras, especialmente de grandes 'relíquias' da literatura mundial, destacando:

- Cronicas de Nárnia, C. S. Lewis
- O Senhor dos Anéis, J. R. R. Tolkien
- A República, Platão
- A Abolição do Homem, C. S. Lewis
- Cartas de Um Diabo para Um Aprendi, C. S. Lewis
- O Menestrel de Deus - Vida e Obra de Anton Bruckner
- Admirável Mundo Novo, Aldous Huxley

Além de vários outras leituras na facul, e durante a vida.

Bem, há poucas semanas eu comecei a reparar em algo, que acho que até então não tive muita consciência. Se você reparar bem, a maioria das literaturas usa de 'expressões' e alguns 'clichês' de versos da Biblia, na maioria das vezes, ironizando ou fazendo um paralelo. Esses momentos na literatura são únicos, e únicos durante a obra, é como se fossem palavras, por pior que sejam, que de algum modo nos chamam a atenção. Sabe, é como beber. Você pode experimentar os mais diversos tipos de refrigerantes, sucos de caixinha, de polpa, alcoolicos, ou mesmo sucos naturais mas com gelo e açucar. Mas quando você toma uma limonada natural, de verdade, ou um copo da água direto do manancial; você sente, você percebe que 'isso é diferente', realmente te 'toca' de algum modo 'genuíno'.

Bem, ai eu fiquei pensando: "O que há na Bíblia de tão especial que tão difere das demais literaturas?"

Pensei no Crônicas de Nárnia, uma tentativa do Lewis de fazer um paralelo com lições biblicas, e de uma cosmovisão geral cristã, porém com uma estória num sentido mais cativante para um público infantil. A história, o enredo pode ser cativante, a forma como é escrito também. Mas ainda assim, é diferente, não é a mesma coisa.

Então pensei um pouco mais e tentei reparar em algo em que todas as literaturas tinham e que a Bíblia não tinha. Foi quando por um momento eu pensei em outra coisa:

A Natureza

Dá veio uma luz. Bem, conseguimos ter uma clara percepção de uma paisagem natural e de uma não-natural. Olhamos para as cidades e fica evidente que aquilo foi obra humana, ou mesmo uma praça, um parque. Mas quando entramos numa genuina floresta como a mata-atlantica, lidamos com aquele ambiente, e logo percebemos algo: "Isso não foi feito por uma mente humana." Bem, não estou dizendo que foi feito por outra mente não-humana, o objeto em questão não vem ao caso. Mas a questão é que quando olhamos na Natureza em si, vemos não o que poderia chamar de uma 'casualidade' em si, pois encontramos muitos padrões nela, mas sim, que parece que não foi feito, a principio com nenhuma 'intenção humana'. Não foi uma pessoa que colocou aquela planta ali, que delimitou seu território, o formato, entre outras coisas. A forma como tal está organizada não é para convencer o homem de nada, ou dar conforto a este (se acontecer, é mais um ato de adaptação do homem); em outras palavras, é uma estrutura organizada meio que 'nem ai para o homem'.

Quando olhamos para um parque, uma cidade, ou qualquer coisa, vemos em tal algum tipo de 'intenção humana' ali. Seja em convencer, seja em dar algum tipo de conforto ou logistica para vivencia humana; mas de um modo claramente que só uma mente humana faria isso, com propósitos humanos. Podemos dizer que a Natureza em si não tem propósitos, enquanto que as obras humanas têm.


Bíblia ≠ Demais Literaturas

Se leio um texto mais estilo artigo cientifico, a priore, temos ali a defesa de uma tese. No qual se busca refutar ou afirmar, ou chegar em alguma conclusão, e nisto há analises e argumentações, sobre o que é observado, feito; de modo, a tentar ser 'convincente, claro' para o leitor ou ouvinte. Se ouvimos uma obra mais do tipo filosófica, antropológica, vemos muito uma argumentação, como se o texto fosse um 'processo educativo' (como um tipo de máquina em movimento) tentando fazer o leitor entender o que o autor tenta dizer e convencê-lo de estar certo. Numa obra mais do tipo ficção, vemos muita a tentativa de uma descrição de uma realidade convincente, ou a tentativa de nos chamar a atenção para alguns temas, sobretudo atuais, e ironizá-los, ou aumentá-los, ou questioná-los, e por ai vai, pondo questionamentos e idéias que o autor teve de onde isso pode chegar. Sempre vemos essa perspectiva humana, de dar uma credibilidade, confiança, um resultado efetivo em sua palavra, seja na retórica, na argumentação, na linguagem. Ou seja, é AMBICIOSA. Sempre vemos algum tipo de ambição nas palavras, sejam elas boas ou más.

E é ai que reside a diferença. Não encontramos isso na Bíblia. Não é escrito como um livro de hoje. Nem como era escrito uma obra de Platão da época (a grosso modo). O caráter da Bíblia é diferente. Você lê e não encontra essas ambições no autor. É como o retrato da paisagem da Natureza qual descrevi anteriormente. Você olha para a Natureza, e de certo modo, é como se ela não está nem aí. Isto é o que mais me impressiona a Bíblia, ela não tem a ambição de nos convencer. Não em sua linguagem, não em sua argumentação, não em sua retórica. Olhe para o livro de Números. Parece que apenas estamos olhando uma "Base de Dados". Olhe para provérbios, parece um monte de frases jogadas ao vento. Algo do tipo, "bem, se não acreditar, por mim tanto faz, depois você que arque com as consequencias."


Provérbios 1
Escutem! A Sabedoria está gritando nas ruas e nas praças. Nos portões das cidades e em todos os lugares onde o povo se reúne, ela está gritando alto, assim:

"– Gente louca! Até quando vocês continuarão nesta loucura? Até quando terão prazer em zombar da sabedoria? Será que nunca aprenderão? Escutem quando eu os corrijo. Eu darei bons conselhos e repartirei a minha sabedoria com vocês. Eu chamei e convidei, mas vocês não me ouviram e não me deram atenção. Vocês rejeitaram todos os meus conselhos e não quiseram que eu os corrigisse. Assim, quando estiverem em dificuldades, eu rirei; e, quando o terror chegar, eu caçoarei de vocês. Zombarei de vocês quando o terror vier como uma tempestade, trazendo fortes ventos de dificuldades. Eu rirei quando estiverem passando por sofrimentos e aflições. Então vocês me chamarão, mas eu, a Sabedoria, não responderei. Vão procurar por toda parte, porém não me encontrarão. Vocês não quiseram a sabedoria e sempre se recusaram a temer a Deus, o Senhor. Não aceitaram os meus conselhos, nem prestaram atenção quando os corrigi. Portanto, receberão o que merecem e ficarão aborrecidos com as coisas que fizeram. Os tolos morrem porque rejeitam a sabedoria; os que não têm juízo são destruídos por estarem satisfeitos consigo mesmos. Mas quem me ouvir terá segurança, viverá tranqüilo e não terá motivo para ter medo de nada."

[ME DIGA ONDE VOCÊ JÁ LEU ALGO COM ESTA IDÉIA, DE MODO QUE CONSEGUIU TE INTIMIDAR MAIS DO QUE ESTA.]

Está lá, apenas fala. O autor demonstra algum tipo de paz ao escrever as palavras. A Bíblia sempre tem um tom REDENTOR, RECONCILIADOR - o que já difere de 99% dos demais livros. Algo do tipo, tanto faz. Não estou preocupado o que vão achar das minhas palavras, da minha literatura; mas gostaria que prestasse atenção e desse valor ao que digo, para o seu bem. Quem tem ouvido ouça, que não tiver, que siga o seu caminho.

Ao mesmo tempo, a Bíblia é um livro 'desconexo'. Biblia por definição significa um conjunto de livros. E esses livros são desconexos. O Simarilion, O Hobbit, a triologia dos Senhor dos Anéis, por exemplo, todos escrito por Tolkien, acho que contém mais palavras do que a Bíblia, estes sim são bem conexos; propositalmente conexos. Vemos essa mentalidade do autor. Mas na Bilblia, não tem como! Por definição, pois ela foi escrita num periodo, que acreditasse de mais de 2.000 anos. Muitos dos autores nem se conheceram. De modo, que vemos autenticidades literais. O exemplo mais claro disso fica nos Evangelhos, 4 autores diferentes, 4 linguagens, estilos, abordagens, pontos de vistas diferentes, não há uma busca de coerência para com a outra parte. Toda esse conjunto de coisas descasadas. É único!

O Alcorão dos Islâmicos por exemplo, não tem isso. Fora escrito por Maomé. A Bíblia, são 39 autores, dezenas de livros !! Será que alguem faz realmente noção do que isso significa? É um ato único na História! Acho que a coisa "mais próxima" (apesar que apenas na variavel tempo) que podemos comparar seria o desenvolvimento dos postulados de Euclides sobre Geometria, em "Os Elementos", qual dura até hoje.

Além disso, vemos na Bíblia as caracteristicas da linaguagem e dos pensamentos da Época. Compare Jó com João por exemplo, os dois extremos. A simplicidade de um provavel nomade dos desertos e montanhas, que apenas pastoreava gado, na mais simples das vidas, numa época com poucas palavras, de pouca cultura. Mas foi um exemplo de homem de fé, é descrito com a linguagem de Moisés. Vemos as caracteristicas da pena de Moisés, mas não a descrição do homem Moisés, uma vida muito simples, um tipo de jornada qual ele não vivenciou nem contemplou, pois a dele, desde o seu nascimento foi muito diferente. Já João, esbanja um cara que passou por muita coisa mais atual, viajens, conhecendo os romanos, a prisão, e tantos outros, teve que se voltar para a arte para DESENHAR o que foi descrito posteriormente como as palavras do que conhecemos hoje como o livro de Apocalipse (que significa: revelação; a revelação das figuras, imagens, de João; ou o que alguns atribuem, como a revelação que aconteceria no fum dos tempos).

Esta coerencia que vemos no todo da Biblia, em sua cosmovisão. Nos convence de que toda ela é especial. De modo que ao ler a Bíblia, consideremos-a, e comos convencidos por isso, que tal foi ARQUITETADA, CONFIGURADA, ESCRITA por uma única pessoa. Nos parece uma incrivel obra de arte.

Além disso, podemos ver coisas absurdas na Bíblia. Uma especie de 'anti-sofismo'. O oposto de um discurso politico, ou palestra, ou mesmo dos 'sermões' como estamos acostumados a ver hoje nas igrejas. A pessoa confeça todos os seus erros, alias, péssimos, horríveis, jus de morte (para a época), alias, Estevão foi morto. E por fim, temos algo do tipo, "dane-se o que vai acontecer comigo, se vou morrer ou viver. O que importa é que Jesus Cristo foi pregado." Até mesmo a busca da felicidade, essa palavra "felicidade" é deixado em segundo plano. É como a Natureza "e daí". E daí que nascemos. E daí que morremos. Vaidade de vaidade tudo é vaidade. A única verdade é Cristo. É um tipo de assassinato do Ego, qual praticamente não vemos em nenhum livro. Eu particularmente, nunca pude encontrar isso num livro que já li, ou qualquer texto que já li. Até mesmo os da Ellen G. White, vemos um grande teor argumentativo, por isso considero-os diferentes.

Tentando finalizar

Infelizmente, não costumamos parar para pensar sobre isso. Mas quando começamos a enumerar item por item do que faz da Bíblia tão única; e genuinamente diferente de qualquer outra coisa que já tenha lido, até mesmo de Confúcio, Sêneca (quais se aproximam no ambito da moral, da idéia), bem, é uma lista enorme. Me surgem um monte de coisas na cabeça agora. Poderia falar sobre as profecias "internas" vamos assim dizer, e que historicamente, se concretizaram. Como as mais de 70 profecias messianicas do Antigo Testamento, que se concluiram perfeitamente com Jesus. Além daquelas sobre o mundo nos últimos dias. De como causou polemica em toda história, de como foi odiada, de como foi tentado várias vezes, ser TOTALMENTE destruida, abolida da humanidade, impedida que fosse lida, etc.

Nada se compara a ela. E acho que talvez o fator mais especial. É porque ela é tão SEM AMBIÇÃO, GANANCIA, na sua produção, de modo que a torna muito pura. Quando saímos da cidade e vamos para o simples campo, percebemos como somos 'presos a tantas coisas', 'objetos', 'vaidades', 'trabalho', vemos melhor quem somos. Porque chegamos na Natureza, neste lugar sem intenção, não feito pelo homem, não  produzido por uma mentalidade humana. Nós serve como um espelho para alma. Porém, infelizmente, há uma grande limitação, que é a própria linguagem da Natureza. Precisamos de palavras, diga-se de passagem, de muitas, muitas palavras, e assim muitas idéias. Aliás, considero que temos que ir além das palavras e nos encher de muitas 'idéias musicais', que é ainda mais pleno do que as palavras do dicionário. Agora quando se trata da Biblia, vemos este espelho extremamente claro, porém, CHEIO DE PALAVRAS, mas como a Natureza, sem intenção, não feito pelo homem. E assim, ao lermos, estudarmos a Bíblia, nossos olhos abrem de modo que conseguimos nos ver absurdamente tão claro, mas tão claro, que normalmente desejamos fechá-la, ficamos com medo deste livro, de lê-lo, e de assim, encarmos nós mesmos, quem realmente somos. Além disso, quando mais compreendemos a Bíblia, parece que mais claro e fácil fica de se compreender e ver as pessoas, suas intenções, e tudo mais.

Outra comparação. No filme Matrix, ler a Bíblia, é como a oportunidade de sair da Matrix, e como Neo, poder finalmente enxergar a realidade. A questão é, queremos vê-la? Queremos sair do nosso mundinho, idéias, sonhos, perspectivas, e desejos virtuais?

Aí está, ao meu ver, a prova máxima, de que a Bíblia é um livro único. Incomparavel com qualquer outro livro ou obra escrita por um humano. Não disse em nenhum momento até aqui a parte 'religiosa', de que isso quer dizer que então foi inspirada realmente por Deus. Não disse isso, se você quer acreditar nisso ou não, fique a vontade. Mas o grande fato é que a Bíblia é a única coisa na Terra que tem o seguinte poder, e que você e eu podemos averiguar a qualquer momento:



"Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até a divisão de alma e espírito, e de juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração."

Hebreus 4:12 



É simplesmente isto, o que a Bíblia tem de especial. É este poder vivo e eficaz, de penetrar em nossos corações e fazer uma autópsia extremamente lucida discernindo nosso pensamento e nossas intenções. (inclusive as dos outros).

Que tal em 2012, participar de uma grande aventura que vai demandar MUITA MUITA coragem. Algo que nem mesmo a maioria dos cristãos tem. Que é a de ler e estudar este conjunto de livros, chamado de Bíblia.

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