31 março 2011

Blog a Todo Vapor

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Estou muito surpreso, pela crescente quantidade de acessos que está ocorrendo no meu blog. Muito mesmo! É um crescimento surpreende. Comparando Jan-Mar/11 com o mesmo periodo em 2010, houve um crescimento de mais de 300%. Aí vão alguns números:

Jan-Mar / 2011
Visitas: 15.170
Páginas visitas: 23.667
Tempo (horas): 555,87

Notavelmente, o maior crescimento ocorreu na sessão de música, e nas criticas e analises quanto a música e ao livro Cronicas de Nárnia, além dos post sobre "aprendendo a tocar trompete". Além disso, boa parte dos acessos estão vindo através de internautas procurando sobre a Orquestra Sinfonica de Santo André. Na sessão de Conhecimento, também há grande destaque para o post sobre "Levedo de Cerveja", "O Vinho na Biblia" e "Estudo Sobre a Doutrina da Trindade".

Agradeço o reconhecimento e apreciação dos leitores. Infelizmente disponibilizo de pouco tempo para a manutenção do blog como gostaria, pois coisas na minha cabeça não faltam para compartilhar - sobram. Mas  do pouco que faço, tento fazer o melhor. Também agradeço aos emails e comentários que recebo, e sempre tento responder a todos, mesmo que leve um tempinho para isto. E, se possível, se gostarem, peço que compartilhem com outros os posts, pois, não busco fazer conteudos de "news perecíveis" como são principalmente os sites de noticias, mas coisas mais sólidas, profundas e duradouras. E quanto, aos que gostam da parte da música, gostaria também de ouvir mais as propostas dos internautas. Estou para começar, uma nova sessão ou idéia, de publicar a idéia de outras pessoas sobre temas aqui; talvez, através de entrevistas. Mas a maioria tem preguiça de digitar o que pensam. Logo, pretendo começar a colocar resultados sobre minhas experiencias didáticas como professor de música, entre outros, e colocar, em breve, a interpretação de meus alunos (de 11-14 anos) de determinadas obras musicais; um senso critico que estou tentando desenvolver neles.

25 março 2011

Isso sim é importante... mas ninguém fala

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Na disciplina de Didática da Faculdade de Educação da USP, começamos a estudar Jan Amos Komenský – conhecido, no Brasil, por Comênio. Um tcheco dos meados do século XVI, considerado o pai da didática. Confesso que fui profundamente enfeitiçado – pelo menos no interesse – por muitas de suas ideias, que buscavam uma visão mais simples, natural, religiosa e bíblica; aliás, tal que, o processo de ensinar deve ser semelhante, ou como, ao que vemos ocorrer na Natureza.

Entre elas, 3 ideias em especial:
- Ensinar tudo a todos;
- O fim é: sabedoria, moral e perfeição;
- Educar é disciplinar o homem; lapidar um diamante, para uma vida futura.

Eu particularmente sou defensor desses ideais, como a base de uma educação. Apenas quanto ao “ensinar tudo a todos” considero muito questionável e ainda não cheguei numa conclusão, mesmo após anos meditar sobre isto. Alias, tais são colocados por Ellen G. White em seus livros “Educação” e “Mente, Caráter e Personalidade” (editora Casa Publicadora Brasileira). Porem ela não fala desse “ensinar tudo a todos”, mas diz para dar foco principalmente na teologia, na formação do caráter. Mas diz que o ideal é que os homens serem equilibrados, isso quer dizer – segundo ela – desenvolver “todas as faculdades mentais” ao máximo possível, buscar sempre a mais elevada norma; e então, uma entre elas, irá se destacar e então iremos reconhecer tal como o talento, o dom especial que Deus dá ao individuo. E ao mesmo tempo temos sempre a forte ideia de que o coração da Educação é a educação do coração. Mas particularmente, eu não me é inequívoco que “faculdades mentais” significa “areas do saber”, visto ainda, que a sociedade tende a ramificar e dividir e classificar cada vez mais os saberes. Por enquanto, meu argumento é a ideia de “capacidades universais a todos os saberes”. Capacidades tais como “transmitir, ensinar, interpretar, criticar, discernir, ...” algo que ocorre semelhante a uma intuição e instinto porém muito claros para a pessoa, confiáveis, e, praticamente, infalíveis.

Mas a coisa importante que quero falar é...
Poderia falar muitas coisas aqui sobre tudo isso, é outono e poderia ficar até o inverno falando, mas vou me deter a algo. Sim, há algo que é essencial: DISCIPLINA. Não tenho sombras de dúvida que este é o poder que mais está ausente na sociedade e nas escolas. O grande problema dos professores é a falta de disciplina dos alunos. O grande problemas dos pais... lideres religiosos... Mas a disciplina alcança um grau maior, que é o que age sobre o individuo, o que chamo de AUTOCONTROLE.

Uma das coisas que mais obtive dos tempos de karate foi “disciplina” (pelo menos um pouco, em certos aspectos). E algo do qual mais admiro das escolas sérias de Artes Marciais (como vemos nos shaollins chineses, ou os japoneses sobre karate e Samurais, como no filme O Ultimo Samurai) é o autocontrole. Este parece ser a essência que deve mover e ressoar em cada pensamento e movimento de olhos ou músculo. O que seria de uma orquestra sem disciplina? Mas nos dias de hoje, no mundo ocidental, no Brasil, no país de Macunaíma, da emoção do futebol e do Carnaval, o discurso é outro, ‘o descontrole’ e o 'friozinho na barriga' da adrenalina. É difícil achar brasileiros disciplinados. No trabalho e faculdade vemos alguns, porém, é apenas uma sombra, pois na verdade estão enjaulados pelas normas formais do espaço, não são disciplinados; basta ver quando estão fora, as soltas suas línguas e olhares se revelam, a selvageria que eles honrosamente chamam de liberdade; pois não adestram nem mesmo os próprios desejos sexuais, ou alimentares, tampouco, emocionais; e logo partem para um barzinho ou baladinha.

Gandalf disse para o pequeno Frodo: “São tempos difíceis, ninguém gostaria de viver neles; mas não nos cabe essa escolha, somente o que iremos fazer com o tempo.” Satanás decidiu o que fazer com “seu tempo”, seu Único, e foi o de destruir e arrazoar o AUTOCONTROLE dos homens, mulheres, velhos, e crianças, meu, seu, dos nossos pais e filhos. Pois, selvagens, a natureza carnal nos dominaria. Assim ele governaria e controlaria os homens pela emoção, pelas sensações, pelas dúvidas, fantasias, imaginações, ansiedades, prazeres, glutonaria, bebidas, drogas e etc. – Ellen White coloca o apetite como a maior arma do Inimigo. Quem se controla da fome, dos desejos de comer, beber e dos vícios alimentares? Quem consegue manter uma alimentação modesta em meio ao banquete? – Assim, como com o Anel de Sauron, “Os portadores eram possuídos.” Felizmente, os hobbits eram duro na queda, se tratando de autrocontrole, se fosse outro, talvez o final fosse outro.

Em contrapartida, temos a Religião, o religar-se o homem com Deus. Acho alarmante o modo como a maioria olha, vive e conceitua religião, como se fosse um tipo de distração, circulo social, emprenhada pragmática, shows, a busca de uma sensação ou experiência mística, ou ficar lendo e recitando versos, ou simplesmente ter joelhos calejados de orar, ou apenas ter uma aparência modesta (como com roupas, joias etc.), ou simplesmente uma busca por relacionar-se com novas pessoas. Mas se formos reparar bem, a essência da religião de Cristo, do cristianismo e de toda a Bíblia, é produzir no homem o AUTOCONTROLE submetido ao governo de Deus, considerado um do fruto do Espírito Santo – chamada em outros tempos por TEMPERANÇA. É a disciplina de controlar – sim, domar – sua língua, de permanecer-se reto e agarrado em Deus em meio a espinhos, fogo e coco de passarinhos; o de cuidar da saúde devidamente, abandonar os prazeres carnais, uma vida casta, humilde, devota, singela, simples, tranquila, em paz, confiante em Deus, não amando e acumulando as coisas do mundo mas as eternas, amar o próximo com ações, atos, princípios, virtudes etc. etc. “O temor do Senhor é o principio da sabedoria.” “A prudência é a ciência do sábio.” Tudo isso, no seu âmago, o combustível pelo qual só podem ocorrer é a disciplina, o autocontrole, a temperança. A luta contra o pecado não é pedir perdão, mas sim, abandoná-lo (disciplinar-se). Guardar a Lei de Deus é pura disciplina. Amar a Deus é disciplina. E quanto ao próximo? E um namoro, uma casamento, uma família? [Não é por menos que famílias estão cada vez mais destruídas. Da disciplina do coração, o que os casais buscam, é apenas um coração batendo mais forte, até que vem um infarto, e mais um casal divorciado para a estatística.]

Hoje, com meus 24 anos, posso dizer que alcancei isso. Foi duro, envolveu muito tempo, e todo o processo pós-cirúrgico colaborou muito. Hoje olho para o passado, e vejo que a vida que tive, as muitas dificuldades pelo qual Deus me permitiu passar; todas foram essenciais para desenvolver o domínio próprio. "Pois todas as coisas contribuem para o bem daqueles que amam a Deus."  Contudo, esta joia não é algo que se conquista, coloca no armário e o usa sempre que precisar; mas é algo continuamente que deve ser nutrido, vivenciado, desenvolvido e trabalhado. Ou você cresce, ou encolhe. Ontem no ônibus tive uma provação, venci. Hoje no trem, venci. Mas terça-feira, a noite, eu a perdi, após há muitos anos sem soltar um palavrão, xinguei minha escola (IME-USP); e mesmo hoje, soltei uma brincadeira infeliz que acho que foi a coisa mais sábia a se fazer. Isso tudo mostra que a qualquer instante podemos ser tentados. Acho que a verdadeira maturidade é um individuo que realmente sabe se controlar e não a idade, no sentido que está é a sua tendencia, o predominio nas estatisticas. Contudo, quantos não são que conheço, e que não conheço, que não conseguem ficar 1 mês sem um cafezinho, ou chocolate, ou novela, ou futebol, ou sexo, ou vaidade? Internet? Até que ponto conhecem a si, seus vicios, prazeres e fraquezas? E, talvez mais importante ainda, até onde conhecem suas virtudes?

Estamos num mundo indisciplinado. Mas o que as escolas têm ensinado? Ah sim, é mais importante Binomio de Newton pois tem vestibular. E as igrejas? Também andam por aí.

24 março 2011

O Hobbit - Tolkien

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O livro é mais infantil que o Simarilion, num linguajar e estrutura muito mais semelhante do Cronicas de Nárnia. Porém, não há nada de muito especial, filosoficamente falando. O enredo é praticamente todo voltado e focado na aventura. É aventura atrás de aventura. Aventura sem parar. Talvez, a unica boa coisa que realmente conseguimos extrair dali é o destino que foi reservado ao pequeno Hobbit. Quem diria, que o pequeno, já nos cinquentão, fosse fazer tanta coisa, e salvar os anões de tantos apuros?! Mas é isso, o livro é muita aventura e aventura, para prender a atenção e adrenalina do inicio ao fim. Espero que o filme - estão filmando - seja tão bom quanto o livro neste aspecto. Contudo, o que mais aprendi no livro, acho que foram "truques" narrativos; alguns bem legais. Em certo momento, Gandalf, praticamente ensina como contar uma história sem muito sal, mas de modo a deixar o ouvinte cheio de desejo, curiosiodade, e preso na história, querendo saber o fim.

11 março 2011

04 março 2011

O Silmarillion - Tolkien

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Eu diria que da essência de tudo que se diz respeito ao homem podemos resumir nessas poucas palavras:

Confiança, humildade, esperança e conhecimento.

O livro, que naturalmente é uma ficção, com demonios, dragões, elfos, anões, baurogues, demônios, é muito mais sutil do que Cronicas de Nárnia do Lewis em se tratar de uma claro propósito de tratar do grande drama da religião cristã que podemos encontrar na Bíblia. Tolkien se apega menos a questões tradicionais, cerimoniais, rituais e doutrinários cristãos; como a oração, como conversar com Deus, como o sacrificio de Jesus (que Aslam faz no conto da Feiticeira), entre tantos outros. Mas se apega mais ao Grande Conflito, a grande tensão, a essência, que é a vontade de Deus (Eru Iluvatar) e a ajuda e conselhos dos poderosos anjos (os Valar), a conrrupção e a maldade de um dos mais poderosos anjos (Melkor, posterior Morgoth). E o mundo então criado pela vontade, pela composição, pela obra de Deus (Iluvatar), porém que no livro, Tolkien dá uma outra perspectiva sobre uma outra possível criança uma paródia a um outro mundo, para ilustrar o nosso, e nesse, Deus compõe a canção da criação, mas são os anjos que a executam. E em meio a essa tensão, surgem então os filhos de Iluvatar (os homens e elfos) e o caso especifico dos anões (fruto da IMPACIÊNCIA e ANSIEDADE de um dos anjos). Melkor busca por todos os meios, e por meio de suas criaturas, suditos e escravos (entre eles, o mais formidavel e poderoso, Sauron) destruir e/ou corromper/deformar tudo aquilo que é bom, que é fruto da canção de Iluvatar, das obras dos Valar, dos Elfos entre outros.

O Silmarillion chega a ser uma novela em que elfos e homens devido a COBIÇA, a ambição por poder, riqueza, beleza, ou por questão de medo, desconfiança, e ORGULHO, (sempre plantados por Melkor, mesmo que a semente venha de gerações passadas muito distante), deixavam de dar ouvidos aos conselhos dos Valar (pense como os anjos), se fascinavam pelo ambicioso juramento de recuperar as Silmarilies tomados por Morgoth. E nisso, passou a ter ódio, guerra, sofrimento, dor, e tudo o de ruim que se pode imaginar. E mesmo entre elfos, pois muitas vezes esses se trairem e mataram cruelmente um ao outro. O que dizer então dos humanos?

Contudo, por mais sombrios que pareciam os dias, sempre havia um pequeno raios de esperança que vinha do Oeste. De Valinour, a cidade dos Valar, que nos traz a idéia de um paraíso edenico. E sempre, os dignos, muito honrados, que mostravam bravura e virtude mesmo nos momentos mais terríveis, de algum modo eram ajudados pelos senhores do bem. Como o Thorondor, o Senhor das Águias, como o Cão de Valinour, e os próprios Valar.

E essa história de conflitos, tensão e guerra. Nunca acabava, mesmo podendo ter grandes periodos de séculos e séculos de paz, felicidade e prosperidade. Mas as sementes do Orgulho, da Inveja, da Cobiça, sempre uma hora ou outra aparecia. Mas o que dizer da cobiça, quando um homem se apaixona por uma elfa que é a mais bela de toda a História da Terra, que sua beleza era de estremecer, que até mesmo a Natureza se submetia, contemplava-a, e sua luz não passava despercebida por ninguém, e ela se apaixona por esse homem. E ai, o que acontece, um elfo a cobiça, a passsar a ter receio pelo homem, e passa a germinar a semente do ódio, do rancor, e, futuramente, os frutos se tornam muito amargos e cheios de tristeza e maldade.

.....

De todos os livros (pois O Silmarillion é tipo que uma Biblia (vários livros)), o mais profundamente explicito que aborda questões claramente referentes a grandes questões cristãs, é, praticamente o último, Akallabêth.

O qual mostra da revolta dos dúnedain (homens bem especiais) para com os Valar:

"- Por que não deveríamos invejar os Valar, ou mesmo o mais insignificante dos imortais? - replicaram então os númenorianos - Pois de nós são exigidos uma confiança cega e uma esperança sem garantia, já que não sabemos o que nos espera em breve. E, mesmo assim, amamos a Terra e não desejaríamos perdê-la."

Acontece que houve um grande periodo de paz após Melkor ser aprisionado e expulso da Terra. Os númenorianos foram muito abençoados pelos Valar. Tanto é que passaram a viver muito mais do que os homens comum, alguns chegando a viver 500 anos. De modo, que tinham grande conhecimento, força, habilidades, e cada vez adquiriam e se aperfeiçoavam. Mas, em tempos anteriores, os homens, certos de sua breve morte, eram por muitas vezes ou grandes covardes para não perder logo sua vida que já é curta, ou então se lançar a coragem e grandes feitos, sem ficar esperando séculos e milênios por uma atitude (como faziam os elfos), e assim fizeram grandes feitos. Lutavam pela liberdade, se sacrificavam, sonhando pela paz, e a esperança que a sua morte (martirio) poderia conceder aos que ficassem vivos e as gerações futuras. Mas agora, sem guerras, na paz. O livro mostra outra coisa:

AMBICIOSO E COBIÇOSO É O CORAÇÃO DO HOMEM
Percebem que dificilmente achará uma pessoa satisfeita, que não põe seu coração em seus desejos? Ora, na minha jornada, conheci pessoas que desejavam ganhar 500 reais. Quando o tinham, descontentes, queriam 1000 reais. Quando tinham mil, outros desejos vieram, novas coisas a consumir, um novo padrão a se viver, e de repente, imaginavam que ganhando 5mil teria tudo e a vida que sempre queria, e que "nada mais além desejaria". E de repente, lá está uma pessoa ganhando 10, 15mil reais, e ainda insatisfeitos, pois novos desejos, padrões, e coisas querem, e agora, querem é 30mil. Isso tem um fim? Antes, não se preocupavam em viver 60, 80 anos, mas sim de conseguir cumprir sua missão e viver com honra antes de morrer. Agora, não, não se contenham em viver 500 anos, mas querem a imortalidade. E nós, o que queremos? Não estamos nós "chorando de barriga cheia"?

Gostamos de nos dar a desculpa de que são necessidades básicas, ou coisas "democráticas" que todos gostariam de ter. Mas ninguem nunca pede um coração mais humilde, satisfeito e menos propenso a desejar. Quem é que pede para ser livrado desses desejos e ambições? Como Jesus disse, "contanto que tenhais o que comer e vestir estejais satisfeito".Mas Tolkien fulmina esta questão. Abre a ferida, e toca bem lá no fundo  de todo o leitor, de todo o homem, que lá no fundo do nosso coração há uma semente de cobiça e orgulha que facilmente germina, cresce e dá frutos. E que poucos, pouquissimos, coisas do tipo 1 em 1 milhão, são aqueles que seguem os conselhos dos anjos e de Eru, para não permitir que a semente brote, e se, brotar, dominá-la e arrancar-lhe com a raíz e tudo do solo.

O livro é um prato cheio de vários modos como essa "cobiça" cresce no coração do homem. Muitas vezes confundidas, com o desejo de se aperfeiçoar, de crescer fisicamente, mentalmente, de obter novos conhecimentos, a busca pelo belo, por construir e fazer grandes feitos. Tolkien deixa claro essa distinção. E agora, os homens tinham medo da morte, os homens não mais queriam morrer, não aceitavam esse destino a que estavam fardados; passando a questionar os Valar, e os propósitos de Iluvatar. E buscaram por todos os meios satisfazer esse desejo, buscando vencer ou adiar a morte o máximo possível. E quantos não foram os males que disso procederam?

" A maioria... Tornaram-se arrogantes e se distanciaram dos eldar e dos Valar. E do outro lado, havia a minoria e esses eram chamados de elendili, os amigos-dos-elfos. ... Não obstante, nem mesmo eles, que se intitulavam os Fiéis, escapavam totalmente da aflição de seu povo; e eram atormentados pela idéia da morte.

... Contudo, o medo da morte cada vez mais se adensava sobre eles/ e eles procuravam adiá-la por todos os meios a seu alcance. Começaram então a construir casas imensas para os mortos, enquanto seus sábios trabalhavam sem cessar para descobrir, se possível, o segredo de fazer voltar a vida ou, no mínimo, prolongar os dias dos homens. Conseguiram apenas aprender a arte de preservar inalterada a carne morta dos homens; e encheram toda a terra com túmulos silenciosos, nos quais a idéia da morte ficava encerrada na escuridão. Já os que estavam vivos se voltavam ainda com maior avidez para o prazer e a folia, desejando cada vez mais bens e riquezas. E, a partir do tempo de Tar-Ancalimon, a oferenda dos primeiros frutos a Eru passou a ser negligenciada, e os homens raramente iam ao Local Sagrado..."

Olha aqui que declaração mais incrivel de Tolkien, de como, a semente de Melkor vai crescendo dentro do coração dos homens. E todo essa cobiça por medo da morte, de querer a imortalidade, se torna numa insatisfação pela vida. E aí, passam a valorizar a todo o custo a curta vida que têm, buscando prazeres, riquezas, folia (podiamos pensar, em sexo, drogas, bebidas, shows, baladas, diversões fúteis e não saudáveis). E aí, quando se percebe, não mais da atenção e valor para a religião, para os anjos, e para Deus. Deixa de dar ofertas para Deus, de dar gratidão ao sustento que Ele nos dá, e quando se percebe, se abandona a Igreja, o Templo, o Local Sagrado reservado especialmente para cultuar o Criador.

O livro, se for parar para pensar bem, podemos extrair muita coisa. Contudo, não é um livro com um final feliz. Mas sim um grande puxão de orelha quanto a esta questão "a corrupção do coração do homem". Do paraiso que poderia ser o mundo, as maravilhas, alegria e paz que poderia ser a vida, mas tudo isso, jogado de lá, por causa da corrupção, da insubordinação, do orgulho, da cobiça, do desejo corrupto do homem. Aliás, esta é a assência do que mais para frente será tratado no Senhor dos Anéis, na Saga do Anel, o Anel do Poder, o Único. O simbolo do desejo, da corrupção, de todo orgulho, cobiça e vaidade. É neste jóia que toda é voltado todo o foco do Tolkien. Na luta do homem em vencer e abandonar "este coração impuro e imoral" e voltar-se para os propósitos e a harmonia com o mundo, com os anjos e com o próprio Deus. Mas, acima de tudo, o livro é uma profunda investigação, no nosso coração. Por isso, que chega até ser meio sombrio e desgostoso lê-lo, e, por muitas vezes, somos tentados a ler meramente por cima, apenas a narrativa da história, sem refletir sobre o que ele realmente nos propõe.

Agora, que venha "O Hobbit".