O Senhor dos Anéis é um livro de tirar o folego de tão denso, de tão detalhado; há tanta coisa incrível que não vou ficar falando um por um. Talvez não impressiona tanto da linguagem e descrição um tanto realista e minuciosa de Tolkien, porém, se formos pensar bem tudo aquilo é pura ficção, para muitas quais Tolkien foi quem inventou. Haja imaginação! Haja cultura! Fora os poemas e canções élficas por exemplo, há rima! Em élfico, um idioma inventado por Tolkien! E pouco se usa de rimas pobres. E personalidade que cria em cima de alguns personagens é simplesmente incrível, como de Gandalf, Elrond e Galadriel, pois vamos assim dizer “são pessoas que não pensam como humanos, porque não são homens”. Fora a idéia de tais viverem num segundo mundo, um paralelo, ao mesmo tempo, em que vivem nesse, e de modo até que independente deste. É uma obra fantástica para abrir os horizontes e a imaginação.
Bem, o filme é um super resumo do resumo do livro (mesmo a versão estendida de 3h30), quase que rascunhos; e com muitas cenas modificadas, a coisas totalmente contraditórias com o livro; e até mesmo algumas características dos personagens são diferentes. Não é uma cópia fiel. E é muito menos bobo que no filme (isso que não acho o filme bobo). E há muito mas muito mesmo mais diálogos e acontecimentos. Frodo não é uma criança boba, mas um homem de 50 anos mais ou menos, bem conservado do tempo pelo efeito do Anel. Merrin e Pippen nem são tão afetuosamente engraçados assim. Legolas é menos frio, e chegou ter um momento de desespero e medo contra o Balrog. E Awrven (a bonita do filme) é poucas vezes menciona, e não foi ela que resgatou Frodo dos Expectros do Anel, atravessando o rio, e lançando um feitiço sobre o rio para atacar os cavalheiros negros. Mas um outro cara que o filme não menciona, e o rio, foi Elrond. Aragorn não é um cara que fica com todo aquele drama e cheio de duvidas quanto ao que fazer da vida, se irá lutar por Gondor, se tornar rei; pelo contrário, é muito decidido. E a famosa espada de Isuldor, foi reforjado em Valfenda, no Conselho do Anel, e ele já partiram para a aventura com a espada forjada. E Ginli, apesar de teimoso, é até que bastante gentil e agradável com as palavras (diferente do filme, que é um tipo mais estupido viking) e Gandalf, é muito mais do que se pode esperar, ele não é apenas sábio, mas se reconhece e sempre se lança a desafios como um grande poderoso. Como quando recorda da queda de Moria sobre os inimigos, poderosos inimigos, e que agora se vê na mesma situação, e disse: “Mas daquela vez eu não estava aqui. Vamos ver agora que estou.”
Bem, todavia, o que temos que reparar muito quando lemos um livro como esse, acho que são as entrelinhas. O que o autor quis dizer, nos transmitir, mas que não está dizendo (por palavras). O que se esconde atrás dessas aventuras?
Em primeiro lugar, temos a figura de Frodo. Teoricamente num momento que seria um sonho para ele, pois ele recebeu de herança TODA A FORTUNA de Bilbo. Suponha, que você, de repente, ganhasse 100 bilhões de dólares. Sim é isso. Mas ao mesmo tempo, recebeu o Anel. Um grande fardo, para o qual teria que abandonar toda a vida acomodada de um Hobbit. Pois um hobbit é uma pessoa simples, algum do campo, super acomodado, que ama e gosta do conforto de não se cansar para nada, de ficar deitado numa rede o dia todo, conversando com os amigos, bebendo no bar, dançar em longas festas noturnas, fumar os melhores charutos e ficar fazendo anéis de fumaças, tendo 5 banquetes diários, que não se preocupam em estudar, desenvolver tecnologias, milênios de anos passariam, e a vida do povo hobbit continuaria a mesma. E então, para este tipo de pessoa vem o fardo, e a missão de ABANDONAR ESSA VIDA, ABANDONAR O LUXO, A RIQUEZA, AS COMODIDADES, e partir para total oposto, indo para terras desconhecidas, distantes, com longas caminhadas, noites mal dormidas ao relento, passar frio, caçar para comer, sofrer perigos de morrer, aliás, provavelmente uma missão suicida.
O que você faria? Há uma tremenda reflexão e introspecção nisso. O personagem de Frodo, vai sendo desenvolvido de tal modo que é ele quem realmente representa a humanidade, o homem moderno, por isso nos cativa tanto tal personagem. É alguém cheio de duvidas, de fardo, que as coisas nunca andam como realmente queremos. Que sempre tem no coração o desejo de voltar para aquela vida de comodidade no Condado, desfrutar de uma vida tranquila, com a fortuna herdada, mas que o golpe da Fortuna nos leva a outro caminho, o caminho de Mordor, da Montanha da Perdição, no território inimigo. Sempre somos tentados pelo nosso Anel, temos que nos cuidar e ficar de olhos bem abertos para ver aqueles que nos olham com cobiça, e mal podemos confiar em ninguém, mas que mesmo assim, ainda temos um amigo inseparável como Sam, e alguém em quem confiar como Aragorn, e alguém muito sábio como Gandalf. Porém, ainda assim, passamos por duras provações, quando por exemplo, Gandalf vai para as profundezas, levado pelo Balrog. E temos que seguir o caminho a seguir, sem mais ter um grande conselheiro, ou saber que direção tomar no nosso rumo.
Há sem duvidas também ai toda uma critica de Tolkien para as pessoas acomodadas do Condado, ou de Bri que só ficam a fofocar, e não tomam atitude heroica. Ou os mimados e filhos de ricos, que não encaram as provações e fardos da vida. Ou aqueles que não suportam serem provados pelo crisol. Ainda mais num período de Guerras, como pelo qual passava a Europa na época. Aliás, Tolkien qual lutou na Primeira Guerra Mundial.
Além disso temos também um grande tratado sobre a fraternidade. E como relações de amigos surgem repentinamente, basta juntar 9 pessoas e fazê-las conviver dia-dia, marchando escondidos para uma perigosa missão. Quem diria um elfo se tornar o melhor amigo de um anão? E mesmo em meio a isso, temos discussões e até mesmo brigas. Há amigos, ou pessoas no grupo que podem ser tão sabias, habilidosas e fortes como Arargorn, fortes como Baromir, hábil como Legolas, resistente como Gimli. Mas e Sam? O quem a oferecer além de sua companhia e amizade por onde quer que fosse? E os dois pequenos Merrin e Pippen, que muitas vezes parecem ser apenas um fardo para o grupo carregar? Mas numa fraternidade, ninguém é desprezado, todos fazem parte de uma família. Mesmo que todos sejam muito diferentes um dos outros, tirando os 4 hobbits.
Temos também o aspecto do tratado dos lideres, dos sábios, dos grande conselheiros, das pessoas que os comuns hobbits chamam de “místicos” e que fazem “magias”. Mas que para quem as praticam, não entendem o que querem dizer com “magia”, é apenas uma habilidade deles. Pois aí está uma figura muito importante, que provavelmente Tolkien se refugiu a Bíblia, aliás, a linguagem de Elrond e Galadriel nos lembra muito a linguagem de Salomão. Temos aqui a questão dos sábios conselhos, os grande conselheiros. Aqueles que realmente tem habilidade para isso. Mas que são, antes de tudo, pessoas irrepreensíveis, pessoas que pelo exemplo, pelo caráter, pela experiência, são dignos daquilo. E para os quais devemos nos atentar e dar ouvidos ao que dizem. Bem, isso é uma tremenda dicotomia com a sociedade e o mundo moderno. Tais conselheiros e pessoas, sumiram. Há raros, que talvez tenham um pouco de “conhecimento”. Mas e a habilidade? E mesmo assim, onde está o exemplo delas? O caráter e palavras irrepreensíveis, cheias de profundeza e sabedoria? Talvez seja até mesmo uma critica aos grandes lideres do mundo de hoje, seja os “políticos” (que certamente, se opõe a figura de Elrond e Gandalf)
Também temos a figura de poucas mulheres no livro, e praticamente todas são elfas. E o aspecto mais interessante, é que Tolkien destaca a grade beleza dela, mas ao mesmo tempo, pessoas de muito caráter, de simplicidade, uma beleza clara, roupas leves, pessoas com quais nos destacamos com uma idéia ‘artistica de belo’, como se fossem uma jóia da natureza, que nos envergonha só de olhar para elas; ao invés de mulheres ‘peruéticas’ (como diz uma amiga do trabalho), que ficam tentando evidenciar e apelar para o corpo sexual e coisas do tipo. E por cima, não são apenas mulheres dóceis, de belas palavras que soam como música, mas são sábias, muito inteligentes, hospitaleiras, e ao mesmo tempo de personalidade forte, que sabem ser duras com palavras de forma espantosa. E olhar no fundo do coração das pessoas como se lessem os pensamentos de tais.
O MAIS IMPORTANTE
O Anel. O anel simboliza muita coisa. Em primeiro lugar o PODER do inimigo, o PODER das trevas, o Lado Negra da Força (como George Lucas usurpou em Star Wars). Podemos ter acesso a este poder e é um grande e terrível poder, que pode inclusive dominar outros poderosos. Mas, NINGUEM pode controla-lo. Na verdade, é ele, o Anel, o inimigo, Sauron, que controla aquele que usar.
O Anel do Poder é uma incrível reflexão sobre o Grande Conflito. A luta entre as forças da trevas e nossa alma. Se trata da cobiça, da tentação. Além disso, há os demônios (expectros do anel) que ficam vagando por aí, são poderosos, apenas tentando encontrar o anel, e destruir seu portador. E quanto mais próximo estão do portador do anel, mais forte fica a tentação de usá-lo. Porém, o livro deixa claro que a tentação de usar o anel, na maioria das vezes, ocorre contra a vontade do portador, é quase como um instinto, de repente, sem Frodo perceber sua mão era atraída até o anel. E assim é com a tentação real, não? O inimigo nos atrai, e quando nos coloca em meios rodeados de más influencias inimigas, de repente, vemos nossas paixões, desejos, vícios, mesmo contra a nossa vontade, ou sem perceber, despertado, e as vezes, quando nos damos conta, já estamos com a mão no anel.
Além disso, o anel realmente dá poderes, a capacidade de fazer coisas incríveis. Assim é a oferta do pecado. Satanás realmente nos oferece coisas capazes de fazer grandes coisas. Pois é com o poder, com a ambição, com o desejo que ele nos tenta a nos escravizar a ser seu súdito, pois ele é o dono do pecado. Assim como Jesus diz que Satanás é o pai do pecado, ele é o pai da mentira, e quem mente é dele.
Contudo, outra questão muito importante e incrível colocada, é que é por causa do anel, do poder de Sauron, da cobiça do coração do homem, mesmo, como o de Gandalf em dizer que o seu desejo seria o de usar o poder do anel para fazer o bem, mas isso em si já é uma cobiça que o rompe; e que o anel faria ainda maior mal por meio dele. E por causa desse anel está o mundo em risco. Mas então, quem iria se esperar. Que os MENORES, OS MAIS SIMPLES, OS MAIS HUMILDES E SEM AMBIÇÃO, os pequenos Hobbits, menores que um anão; nas mãos deles é que o destino ficou de destruir o anel. Mas por que não um sábio Elfo, um forte homem, ou um determinado anão? Bem, havia algo de especial, os Hobbits eram incrivelmente fortes, não em músculos, nem em sabedoria. Mas fortes em resistir a tentação e ao poder do anel de envená-los com o veneno. São duros não queda! São os que tem maior afeto e fraternidade entre os companheiros, podem até parecer bobos e ingênuos. Mas não será que com isso Tolkien não quer nos transmitir algo?
Talvez, o segredo para vencer o inimigo, é ter um coração tão simples e forte quanto o de um hobbit. Pois quando fraco sois forte. Ter a fé de um tamanho de grão de mostarda. E ter tido a coragem de largar toda os seus bens, riquezas, comodidades, para tomar esse caminho incerto e tenebroso. Quantos entre nós estamos dispostos a tal atitude?
Por fim, da Sociedade do Anel, a sociedade é desfeita. O fim? Frodo perde a proteção dos amigos, os conselhos de Gandalf. Mas ao invés de recuar, de abandonar a causa. Com exatamente o MESMO MEDO que eu e você temos de tomar essas decisões. Ele dicidiu ir as sombrias terras rochosas e negras de Mordor sozinho, sem nem mesmo conhecer o caminho. Para alguém, que em toda a sua vida, mal tinha saído do Condado, até então.
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