24 abril 2011

Refrigério

Sexta-feira fui ter um contato com a natureza, numa trilha em Rio Grande da Serra. Ali em meio a natureza, longe da cidade, no meio do mato, num lugar de aspecto natural e em plena atividade. E uma pergunta me veio a mente: "POR QUE?" Por que vale a pena vir aqui? Que proveito tiro disso? O que esse lugar, essa experiencia tem a me oferecer? E refleti. Tentei observar e refletir isso em toda a jornada, e mesmo depois. E cheguei a algumas conclusões.

1. O Confronto
De certo modo, isso sempre acontece comigo. Normalmente no dia antes, ou poucas horas antes de ir acampar ou fazer uma trilha. Como normalmente fico grandes períodos, alguns meses entre essas atividades, apenas na cidade, na correria a cidade, no comodismo da cidade. Que comodismos seriam esses? Ora, bancos. Comida. Conforto. Ruas e calçadas. Onibus, carros. Casas confortáveis, sofas, cadeiras. Entretenimentos. Entre tantos outros. Bem, de algum modo eu me acomodo a essas coisas, 'a vida urbana'. E ai quando penso em "mato", isso  reage como um certo confronto a minha vida, ao meu estilo de vida, ao modo como meu estilo de vida, pensamentos, vida social, hábitos, rotina diária e perspectivas, inclusive gostos e habitadas, estão enraizados. Pois ora, estou acostumado a andar por ruas e calçadas, chão reto, estável e sólido. E não por pedras, terra, e cascalho. E nesses momentos há sempre uma tentação a desistir do confronto, em nome do conforto de se acomodar com a situação. Mas acredito que acomodar-se ao conforto é sempre uma tentação ruim, que visa a nos enfraquecer. Ou como diz o professor Willian de abdominal "Tem que queimar." Então, mesmo que meio a contradição, eu escolho por ir, nem que seja apenas para evitar essa comodidade. Como na Festa dos Tarbernaculos dado ao povo de Israel, para relembrar-se, sentir na pele, um pouco da proteção que tiveram durante a peregrinação no deserto do Sinai.

2. O Frescor da Natureza
Há algo que apenas estando lá, no meio da natureza é que ocorre. É sentir o seu frescor. A temperatura ambiente praticamente estavel, o ar que vai muito mais além do que umidade. De algum modo aquele ar penetra em nossa pele, nos fortalece, nos desperta, nos dá um vigor, energia, nos empolga. Dá algum tipo de tranquilidade, limpeza, energia para pensar e agir. É uma sensação que logo de inicio te faz se sentir bem, de um modo unico, te faz se sentir realmente vivo; é como se a todo o tempo, era este o lugar que realmente você gostaria de estar; sentir esse 'frescor'.

3. O Visual
Ao nos depararmos com as matas, aqueles tons verdes e extremamente densos de quantidade de galhos, folhas, flores, formas nossa mente, já é de algum modo muito despertada. Algo que não ocorre na cidade, talvez, raramente, quando vemos um construção, um prédio magnifico, ou um monumento, ou grande tela de arte; mas ali na mata, essa provocação a não ver o comum, ocorre a todo instante para onde quer que olhe, em todas as direções. Na cidade, estamos acomodados a formas geométricas regulares, com muitas retas, planos, angulos retos, prédios, casas, ruas, avenidas, postes, carros. Basicamente é isto o que sempre vemos. Mas na mata é diferente. É impressionante. Há uma variedade infinita de formas, e coisas diferentes. Não é monótono! Não é como olhar para a TV, ou para a tela do computador, ou para a parede ou teto de nosso quarto. Para onde você olha é uma imagem totalmente diferente, mesmo formado pelas mesmas espécies de plantas. Além disso, há o rio, que nunca se parece ao córrego, mas sempre formas diversificadas, variadas, impressionantes, é sempre diferente, é tudo diferente, as pedras, várias diferentes, e sempre as formas, o posicionamento, são diferentes, as formas variadas como o rio corre, é tudo diferente. Ao mesmo tempo que se vê a vida. É muita planta e árvore, de algum modo, parece que estamos vendo a vida, eles se movem. Não é um ambiente mórbido como nas cidades, onde praticamente só se tem humanos de vivos, e algumas (raras) arvores, passaros, cachorros e gatos. E sempre estamos vendo tudo isso. Que de algum modo nos impressiona e nos estimula a interagir de algum modo com esse ambiente, e nos faz sentir vivos.

4. O som da natureza
O que ouvimos na cidade? Uma certa mistura de eletronicos, com TV, músicas, carros, businas, caminhões, freios, pessoas fazendo barulho. As vezes nem nos damos conta desse barulho. Mas basta comparar como o ambiente naturalmente fica muito mais silencio a noite. Fora quando não estamos dentro de um onibus, locais publicos, entre tantos outros. Já na mata isso tudo é muito diferente. Não é um silencio, mas algum tipo de música. É uma especie de sinfonia da natureza. O som das folhas balançar de forma sutil a cada rajada de vento, mais outros insetos com seus sons peculiares que parecem vir de todos os lugares mas nunca próximo, o som das águas correndo e se chococando com as pedras. Tudo isso é como uma música. Mas não uma música tocada com o intuito de nos seduzir, tomar o nosso tempo e atenção; mas pelo contrário, parece que essa canção não está nem aí se estamos ouvindo ou não, mas ao mesmo nos satisfaz, nos dá alguma percepção de tranquilidade e esperança; e nos estimula a pensar, mas pensar sem ansiedade, sem temor ou preocupação, como se tudo estivesse resolvido, o todos os nossos problemas fosse insignificante, pois pode acontecer o que for, a música continuaria.

5. Simplicidade
É incrivel. Mas tudo ao redor é complexadamente simples. De certo modo não há ornamentos. A natureza não tenta aparentar uma coisa que não é. Não há ambições. Não vemos algum tipo de violencia entre uma arvore maior e mais robusta para com uma pequena moita. Já na cidade este tipo de situação está sempre presente nas pessoas. Nos carros, BMW e um fusca antigo. Vemos mulheres modelos e barangas. [como é imposto socialmente] Vemos ricos e pobres. E sempre há algum tipo de violencia entre tais, nesse sentido de imposição de status, querendo se destacar, o homem querendo se dizer ser algo especial além do comum. Na natureza não vemos isso. Mas a simplicidade. A mais grossa da simplicidade. Aquela com a qual Salomão comparou ser a veste da flor. E de algum modo essa simplicidade nos contagia ali na natureza de um modo unico, que nos faz, sem nem mesmo querermos, a nos conhecer melhor, e aos nossos próximos. Nos faz ver, que não somos mais altos, mais bonitos, mais ricos, mais inteligentes, mais algo do que os outros, ou menos; mas somos todos apenas humanos. "Filhos de Adão", como diria Aslam.

6. Habilidade
A comodidade da cidade, de algum modo frustra o nosso fisico. Nos fazendo tender ao sedentarismo, ao cumulo de pança, entre outros. Que utilidade tem nossos braços? Se for pensar no dia-dia, a maioria são movimentos simples, basicamente para pegar coisas um copo, sabonete, lapis, celular, ou então teclar, e cumprimentar. As pernas? Pisar no pedal do carro e andar, andar sobre linhas plantas e retas e escadas bem definidas. Tudo isso levando a um certo tédio desses movimentos. Quais só sentimos um pouco de prazer, quando forçamos em atividades fisicas - normalmente esportes - a usá-los de modo mais desafiador. Numa trilha, há sempre um desafio aos nossos movimentos. Um desafio ao nosso equilibrio, a nossas pisadas, caminhar, há semrpe obstaculos que na maioria das vezes temos que fazer muitos movimentos com braços entre outros que nunca fariamos numa cidade. Nisso ocorre toda uma descoberta, uma sensação de prazer, e uma atividade fisica de modo único, que deixa no chinelo qualquer academia. Você se vê de algum modo incrivel, percebe que pode fazer coisas que nunca pensou que não conseguiria, percebe o quanto de coisas incriveis seu corpo é capaz, e como seus braços são úteis, e quantos movimentos você pode fazer para se locomover, ao invés de sempre andar do mesmo modo.

7. Necessidade
Sentimos na pele, e aprendemos a valorizar o alimento e a água. Percebemos na pele é quão é necessário. E sentimos gratos por tê-lo. Ao invés de na cidade, onde podemos ter acesso a qualquer esquina. Ali no meio da selva, percebemos que isso realmente é luxo. E o alimento tem um sentido real de necessidade de sustento, ao invés de se comer meramente por ansiedade e prazer, como é comum na cidade. Pois de certo modo, a atividade fisica te sacia a fome, mas a desperta pela necessidade de energia.

8. Conhecer Pessoas
Ali, todos estão sobre as mesmas condições, de certo modo. E quanto um mais colaborar com o outro melhor. De algum modo as pessoas tendem a ajudar os outros, a segurar a mão para subir uma pedra, ou passar por um lugar mais escorregadio. Além disso, há um bom tempo, para conversarem enquanto se distraem com o lugar, o percurso. E muitas vezes se vê como as pessoas tendem a reagir na necessidade, ou situações incomodas da vida, ou então de perigo. Pois é dificil conhecer as pessoas na cidade, na comoda vida quando 'tudo vai bem', as pessoas tendem a ser muito parecidas. Mas quando são realmente provocadas, passam por tais provas, conseguimos descobri-las melhor.

9. Nos faz pensar
Na vida. Na familia. Nos amigos. No trabalho. Em quem somos. O que fazemos. Propósito de vida.

10. Nos convence
De algum modo surpreende, a Natureza nos convence de algum modo, como se emanasse para nós. De que que... Bem. Preciso dizer?

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