"O paulama ia atrás, falando sempre, embora não fosse mais possível entender o que dizia. E nem queriam. Pensavam em banhos, camas e bebidas quentes. A idéia de um atraso era insuportável."
"A verdade é o seguinte - disse Eustáquio: - A gente estava tão ansioso para chegar aqui, que não demos bola para mais nada. Eu, pelo menos. Desde o momento em que encontramos aquela mulher com o cabaleiro que não dizia bulhufas, não pensamos mais em coisa nenhuma. E quase esquecemos o príncipe Rilian."
C. S. Lewis - Cronicas de Nárnia - A cadeira de prata
"A cadeira de prata", do Crônicas de Nárnia, claramente mostra seu foco religioso que Lewis quer transmitir. Fala basicamente sobre obediência em seguir os caminhos e orientações de Deus. Pelo menos é isto o que fica claro até a metade do conto. Aslam deu a missão a Jill e Eustáquio de encontrar e resgatar o filho do rei Caspian. Deu 4 sinais claros para Jill seguir. Disse para repeti-los, e na ordem, todos os dias, de manhã e antes de dormir. (o que podemos pensar muito bem na devoção que devemos ter com o Estudo da Bíblia, para ficar atento a vontade de Deus, os sinais que nos dá e tudo mais). Mas logo de cara ela falha no primeiro.
E mais tarde, quando estava indo para o norte, enfrentando o frio, a neve. Eis que aparece uma belíssima e encantadora mulher, e oferece um "conforto". Para irem para a casa de Harfang, que ali teriam muito luxo, conforto, comida quente, doces, cama quente, seriam bem tratados pelos gigantes, muito bem recebidos e etc. O que ocorreu foi uma ilustração das muitas vezes que somos sutilmente tentados com "boas coisas", que nos confortarão, trarão cômodo e alivio. Aliás, quem não iria gostar de uma lareira quentinha, quando já se está há dias congelando no gelo cortante nas montanhas geladas? E assim foi, os 2 garotos aos poucos não foram pensando cada vez mais em chegar em Harfang, e cada vez menos nos sinais de Aslam. Aliás, Jill a certa altura nem mais os repetia.
O mesmo não ocorre com nós? Por exemplo, quando somos cegados pelo dinheiro, pelo status, de modo que passamos a lutar e pensar tanto em tal, porque com tal teremos luxo, conforto, uma boa casa, um saldo tranquilo no banco, um bom carro, viagens e mais viagens, etc. E ai se foca, começa a pensar tanto nisso, e passa a trilhar tanto a isso. Mesmo em meio a muitas dificuldades, trabalhando muito, dormindo pouco, entre tantas outras dificuldades, que quanto mais sofre, mais cegamente deseja chegar em "Harfang". E acaba não pensando em mais nada, esquecendo todo resto, principalmente a religião, e deixando a meditação na Bíblia por esquecida.
Em certo ponto do caminho, eles chegam num lugar, que se parassem para pensar um pouquinho, perceberiam que estariam num lugar que era mais um sinal dado por Aslam, "as Ruinas Abandonadas". Mas quando ali estavam, e começaram a investigar, viram, ao longe as luzes de Harfang. E sem pensar duas vezes, correram para lá. Apesar do paulama estar convencido de que era ali, e que era o sinal de Aslam. Pois também, de certo modo, queria experimentar um pouco daquele conforto, mesmo sendo pessimista quanto a Harfang, e mesmo a bela mulher, sabia que cheirava armadilha. (bem, ele era um pessimista)
E assim, do mesmo modo, ficamos tão loucos para se obter essas coisas, chegar em nosso 'Harfang', nesse sonho para todo o homem. Que quando nos vemos, passamos por algo, e ignoramos até mesmo os sinais de Deus, a Sua Palavra, e aquilo que anteriormente Ele havia nos alertado; nos afastando cada vez mais, dos Seus caminhos, mesmo quando estamos indo para o norte, onde Ele havia dito para seguir.
Então, chegam a Harfang. E ali em Harfang ocorre tudo como a bela mulher disse. Foram muito mimados. Porém, mais tarde, descobriram que tinham a intenção de comê-los e então fogem dali por um fio. E é assim que Satanás trata com nós, nos enche dessas ilusões, de conforto, cobiça, de querer isso e aquilo, vai nos desviando dos caminhos de Deus, até chegarmos em Harfang. E ali, ele, nos mima, na verdade, usa a lareira, a comida, a cama macia e quentinha, os banhos quentes, par anos prender como corrente; de modo até mesmo a fazer com que esqueçamos da nossa missão, do porque estávamos indo para o norte, e, ainda mais, o motivo pelo qual fomos trazidos para "Nárnia". Mas que por fim, o seu desejo, é uma pura armadilha para nos devorar, e para acabar de vez com os planos de Aslam para conosco.
Mas esse não é o fim. Durante uma noite, Aslam aparece num sonho a Jill. E no dia seguinte, de repente, todos se dão conta, todos caem na real. E do mesmo modo, Deus nos hora ou outra sempre acaba nos "relembrando" ou dando um puxão de orelha, que faz com que reconheçamos nossos erros e falhas. E mesmo apesar de ter errado, cometido todos esses erros, que apenas atrapalharam, lhes fizeram sofrer mais, perder tempo, e colocaram ainda mais em perigo, ainda assim, Deus ainda dá esperanças de voltar para o Seu caminho e concluir a missão.
Ainda não cheguei no final da história. Mas aposto que Aslam, e sua missão para os garotos, irá ser retribuida com um grande maravilhoso presente no final. Assim como foi para Susana, Pedro, Caspiam, Lucia e Edmundo no passado. Assim será para nós.
07 fevereiro 2011
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