Declaro aqui algumas considerações que tenho para com essa crise financeira; de modo a fazer refletir sobre várias questões.
A HISTÓRIABem, primeiro, isso de certa forma é uma loucura. Lembro-me dos tempos em que não haviam bancos, e que tais surgiram como apenas um cofre, um lugar onde as pessoas podiam guardar seu dinheiro com segurança. Depois, como esses bancos passaram a ter boas quantias de dinheiro, e boa parte sem movimentação dos verdadeiros donos; então eis que começaram a usar essas reservas – com a autorização dos verdadeiros donos da grana – para emprestar aos outros, de modo controlado, e tais aos poucos pagariam com um acréscimo daquilo que usou. Nisso surgiu o financiamento.
Com o passar do tempo, as financeiras passaram a crescer numa proporção astronômica. Surgiram os “produtos financeiros”, como o próprio investimento em si. Agora, não se colocava dinheiro no banco apenas para segurança, mas sim, como um meio de investimento, de modo que aquele dinheiro investido, com o tempo, renderia e aumentaria. E aos poucos, o numero de investidores cresceu e cresceu. De modo, que após a Globalização, alguns dizem que até vivemos hoje o “Capitalismo Financeiro”. De modo que a maior fonte geradora de recursos não era mais a indústria, mas os mecanismos financeiros. De modo, que, hoje até poderia se dizer, que um país de primeiro mundo, é aquele que possui um brutal e forte sistema financeiro.
Bem, em algum momento, esse poder das financeiras subiu a cabeça da burguesia. Luxo, elevados lucros, ostentação, golpes financeiros, manipulações dos mercados, começaram a ocorrer. Por outro lado, as pessoas passaram a ter que usar de modo obrigado os bancos, e não apenas para investir e assegurar seu dinheiro; mas para fazer qualquer transação comercial, pagar contas, ou mesmo para receber o seu salário; o dinheiro tinha que passar pelas financeiras, e ela ganhando em cima dessas bilhões de transações financeiras; de modo, que muitas vezes, até mesmo injusto, para o investidor. E os enormes lucros, não eram repassados para tais investidores; apenas uma parcela do lucro, em forma de dividendos, era repassado para os que possuíam “ações” destas. O capitalismo aumentava a proporções incríveis, do acumulo de dinheiro que se investe e aumentava, e o Patrimônio Liquido dessas empresas subiram às alturas.
A CRISE ATUAL
Então, nos EUA, essas financeiras, que deveriam assegurar o dinheiro dos investidores, e de forma controlada, usar esse dinheiro em caixa, para financiamentos; passaram a usar isso de forma irresponsável. Financiamentos de auto-risco. E de certa forma, financiou mais do que podia. Salomão diz, que quando for credor de alguém, não o faça, a menos, que faça a pessoa garantir até mesmo as roupas do corpo. Bem, não foi isso o que aconteceu. Houve uma grande quantidade de inadimplência no crédito “subprime” (empréstimos imobiliários de segunda linha), o qual cresceu muito nos EUA na última década.
Ao mesmo tempo em que as financeiras cresceram, tomaram tal proporção de monopólio, que a Economia mundial, ficou fortemente enraizada nessas instituições e na economia norte-americana. Um vício, um ópio! Passou a surgir uma forte dependência global dessas instituições, do mercado financeiro. Ou seja, não é mais a história do homem que escolheu deixar de guardar o dinheiro no colchão e passou a colocá-lo no banco, e tal cobraria uma taxa e também retornaria um pequeno rendimento. Agora, inverteu as coisas, são as pessoas, a economia, todos os setores, que passaram a ficar dependentes dos bancos, das instituições financeiras. Uma troca de valores!
Então, aconteceu que essa crise no ‘subprime’ começou a infectar a economia mundial (pois aliás, Wall Street é o coração financeiro do mundo). Passou a infectar essas instituições, onde a economia mundial está enraizada. Isso começou a infectar os mercados financeiros. O risco aumentou. E os investidores que possuem “quantias significantes” (os tubarões), com aversão ao risco, passaram a retirar seus investimentos (“colocar o dinheiro no colchão”), com o receio de perdas. Conseqüentemente, as ações, em geral, começaram a cair e ficar instáveis. Ao mesmo tempo, as instituições financeiras, foram perdendo o dinheiro em caixa. Isso passou a tornar-se uma derivada negativa, ou seja, o limite da coisa passou a ser algo incerto quanto a essência do principio de um investimento: “segurança num retorno maior ou igual”. E assim, começou a inundar os mercados com o pessimismo. E como, o que controla o mercado são pessoas ambiciosas, e de certa forma, mimadas e egoístas. Foram contagiadas pelo medo.
O medo apenas trás desgraças, loucuras. E aí está uma loucura. Se, num consenso maior, os tubarões, meramente, ignorassem a tendência e rumores de pessimismo. Vão continuar a aplicar, e o mercado prosseguirá. Ou simplesmente, tomando a responsabilidade que possuem pelo volume e patrimônio que possuem, e quem tem o dever de cuidar da economia mundial, além do seus meros milhões ou bilhões. Pois aliás, se a economia mundial se deterioriza, do que valerá seus milhões? São ingredientes fundamentais para a própria boa saúde, e se retiram tais, então, de certa forma, numa visão um pouco menos temporal, o ser se auto-enfraquecendo.
O PACOTE
O governo americano, FMI, FED, ONU, todos, o mundo, se atentou para essa crise, e buscam e exigem uma solução. Propostas foram feitas e executadas em 1 ano, mas, não conseguirão reverter o problema. Em conseqüência disso, o banco de investimentos Lehman Brothers pediu concordata. Não podia cumprir os seus compromissos, ou seja, emprestou mais dinheiro do que tinha, do que podia realmente conceder. O banco quebrou. E outras instituições financeiras americanas também estão em risco de quebrar. As mesmas instituições que outrora passaram a conter lucros astronômicos, esbanjar luxo e não compartilhar tais de forma justa para com seus investidores, talvez, apenas um pouco, para com os acionistas.
Então, a nova proposta do governo americano para enfrentar essa crise é um pacote de U$ 700 bilhões de dinheiro público para recomprar os ativos podres acumulados pelos bancos com a crise de créditos “subprime”. Esse é o plano. Contudo, isso tudo ocorre ao mesmo tempo em que o FBI investiga algumas instituições financeiras por golpes, e com investidores num grande ceticismo quanto a tal proposta. Pois, o que tal garante que irá realmente resolver o problema? Será apenas um anti-gripal? Terá apenas efeito temporário?
QUESTIONAMENTO QUANTO A JUSTIÇA DA PROPOSTA
Outro grande ponto intrigante da questão é que se trata de um dinheiro público, ou seja, pago pelos impostos dos contribuintes (algumas vezes chamados de “cidadãos”). Ou seja, o cidadão coloca seu dinheiro no banco e paga imposto ao governo para administrar o país para que seja próspero. Então, tanto o governo como o banco são irresponsáveis com o seu dinheiro. O banco, simplesmente, some com seu dinheiro, dando-o a outro; e aí o governo, quer usar o seu dinheiro para salvar o banco (e quem sabe, o seu dinheiro colocado no banco). - É só eu que percebo que é maluca a lógica desse processo? - Ou seja, no fim, é o cidadão que tem que aplicar o dinheiro, cuidar do banco (ou seja, do seu dinheiro. Então, para quê o banco?), e ainda, fazer a ação prática para esse processo, porque o governo não sabe resolver. Então, no fim, a responsabilidade e o trabalho é todo do cidadão! Mas e a burguesia? Por que pegar o dinheiro daquele que tem pouco, ao invés de pegar muito do burguês que tem muito, do qual, alguns milhões não vai faria falta. Ou pegar alguns bilhões de alguns seres. Apesar que é triste pensar, se o governo empobrecer alguns ricos de modo a ficarem apenas com U$ 10 milhões - coitados, 'pobrezinhos'.
E um grande dilema corre por aí: “Privatizam-se os lucros e socializam-se os prejuízos!”
Que capitalismo é esse que usa de medidas (aparentemente) socialistas, quando convém aos burgueses? Ao mesmo tempo, que de fato, hoje a economia, o mundo, criou uma dependência dessas instituições, que se não ajudá-las todos irão sair no prejuízo, principalmente o “contribuinte”, no curto e médio prazo. Contudo, não é essa uma oportunidade também, para arrancar a erva ruim desde a raiz, e plantar uma nova semente boa, e cuidá-la bem, para que não se corrompa?
ANALISANDO A CRISE
Ainda não tem a proporção da Quebra da Bolsa de Nova Iorque de 1929; e os mecanismos de tal quebra, são bem diferentes. Para começar, ainda era uma era de predominante capitalismo industrial, e não financeiro. Hoje existem mais mecanismo, pessoas especializadas, conhecimento, recursos, tecnologias, para buscar lidar com isso. Contudo, está é uma grande doença, e sim, será incomoda ao organismo, e talvez demore para o corpo se curar. Mas algo que seria bom, é se essa crise causasse uma revolução, de modo a isso implicar em mudanças; de modo ao organismo adquirir um estilo de vida mais saudável e, conseqüentemente, contrair menos doenças e ter o imunológico mais forte para se curar.
É difícil dizer o que irá acontecer e o que deve o investidor fazer, pois aliás, é tudo especulação, para tudo é preciso um mínimo de fé para agir. Aplicar em commodities? Renda fixa? Poupança? Não sei. Se a coisa ficar pior, de nada adiantará. Mesmo na poupança, o que impede, de, de repente, o governo trancar as contas, ou mesmo usar a reserva das poupanças? Aliás, o alarmismo em alguns países está fazendo multidões de pessoas resgatar tudo da poupança. O mais prudente a se fazer, e sempre, é agir sem alarmismo. Deixe seu dinheiro lá, se puder, coloque um pouco mais. Pois, isso dará mais recursos; e é uma atitude anti-pessimista; e se cada um fazer isso, irá conter o pânico. Colocar o dinheiro em casa? Mas e se a moeda se desvalorizar? O mais prudente, no fim, a se fazer, é, evitar de “brincar de investidor” e ser cauteoloso, agir sem pânico e sem medo, sempre; e orar.
ESPECULAÇÕES
Alguns estão fazendo algumas especulações incabíveis para essa crise. Só por que não para de repercutir na mídia (aliás, não tem outra coisa a falar. O pessoal já está enjoado de eleição. E guerra no Iraque não dá mais IBOPE), o pessoal fica maluco. As pessoas comuns tendem a reagir conforme o impacto e ênfase dado na mídia para algo. Há poucos meses atrás haviam milhares de potenciais assassinos, devido ao tamanho do ódio que adquiriram para os pais que mataram sua filha, jogando-a da janela do prédio.
Até mesmo profecias quanto a grande crise dos Estados Unidos descrito no "Grande Conflito" e no "Eventos Finais" que faria com que o tal pais se unisse com o poder papal de modo a conter a crise. Contudo, veja bem:
- Já houveram MUITAS crises piores na História. Alguns exemplos: “A crise na França que conduziu o povo a Revolução Francesa” e a “Crise na Europa no pós I GM.” (por exemplo, Alemanha).
- Essa crise, tem um caráter muito mais financeiro. Aparentemente, na pior das hipóteses, levará a economia a recessão. Os produtos ficaram mais caros, haverá menos consumo. E mesmo medidas para reverter isso. Talvez, injetando mais dinheiro, como o próprio EUA já fizera no período da Guerra Fria, e aí talvez, as coisas fiquem mais baratas até, para incentivar o consumo.
- Outro grande problema conseqüente, seja uma grande estagnação do crescimento econômico, industrial e tecnológico; devido a falta de recursos para financiamentos. Visto, que uma das principais formas que as empresas adquiriram para adquirir financiamento, foi através da abertura de capital. Infelizmente, numa época de grande necessidade de tecnologias para aumentar a produção da industria de base, abastecimento de água e energia.
- Uma ótima oportunidade (difícil de acreditar que farão) para fazer uma boa faxina nos gastos públicos, instituições importantes, e o assim chamado “desperdício de dinheiro”. E medidas mais fortes para controlar o mercado financeiro – talvez a criação de uma entidade mundial vinculada a ONU, apenas para administrar os Mercados no mundo; e impedir que os tubarões façam o que bem entender.
O que não podemos esquecer é das outras crises paralelas que estão ocorrendo no mundo:
- Aumento da população
- Crise Energética
- Produção de Alimentos
- Abastecimento de água
- Lixo
- Aquecimento Global
- Pragas
- Mudanças Climáticas
- Crise Social**
Talvez, até que tenho boas expectativas quanto a isso, a tecnologia consiga resolver a questão da crise energética, produção de alimentos, abastecimento de água, lixo e até mesmo do aquecimento global. Muitas tecnologias e protótipos foram e estão sendo desenvolvidos. Certamente, os maiores e agravantes problemas serão o Aumento da População, Mudanças Climáticas e Crise Social. Principalmente, se a tecnologia não conseguir suprir, os demais itens.
Crise financeira? O capitalismo é uma crise em si. É autodestrutivo. Karl Marx entre outros já haviam percebido isso, ao analisar sua ideologia, isso há séculos. Hoje isso está claro. A primeira grande crise do capitalismo foi 1929. Já essa agora, 2007-2008, diria que nem é tanto ao capitalismo em si, mas devido à irresponsabilidade administrativa. Contudo, claro, “o amor ao dinheiro é a origem de todos os males.”
CRISE SOCIAL
Contudo, até onde sei, e está mais claro, essas crises proféticas, são mais de caráter social e político. E isso já está muito claro nos EUA. A crise social nos EUA está se agravando. A sua própria política que tem abandonado cada vez mais os valores bíblicos da Primeira Constituição (teoricamente única), também. Crise de identidade; especialmente, um decaimento religioso protestante; o que já está muito agravado. Aliás, pode-se dizer que as denominações protestantes nos EUA hoje, são, de fato, protestantes, e que estão em crescimento quanto ao conhecimento e caminhar na Luz da Palavra de Deus, ou em degradação?
É essa crise social que, certamente, de modo paralelo desenvolverá uma crise financeira; com o seu forte agravamento. Talvez, levando a muitos protestos, guerras civis; uma brutal crise de identidade, de modo, que as pessoas nem mesmo identifiquem suas responsabilidades para com o mundo e a nação. Será esse o agravante, de modo que o governo ficará de mãos atadas, sem saber o que fazer; é, então, que o governo Americano verá no movimento do Ecomenismo (que já deverá estar mais forte) como uma medida desesperada de solução; e então haverá uma união do Estado norte-americano com a Igreja Romana.
A crise social nos EUA já é forte, há poucas décadas tivemos o Movimento Hippie, discussões - tentando implementar o paradigma (ou religião) ateu, e, ou cético, nas escolas quanto a versão anti-cristã da origem da vida - a religião que se tornou sem vínculo com a fé pura das Escrituras; Mas sim, uma religião cheia de vaidade, ostentação, entreterimento, show, apego material, cobiça, entre outros 'valores' que vemos fortemente na cultura norte-americana.
Mas se for comparar com muitas outras crises sociais na História, ainda há um longo caminho a ser percorrido para se chegar à um ápice tão caótico. Contudo, o que não dá para saber é a velocidade que se percorrerá esse caminho. Pois certamente, não só a velocidade, mas a aceleração, são variáveis. E certamente, as demais crises mundiais podem afetar tal aceleração, assim, a velocidade. Ou seja, o tempo, é uma função variável. E seu valor exato: “Quem sabe?”
CONCLUSÃO
Portanto, quanto a essa crise, o pacote econômico. Não sei. É tudo especulação. Pode solucionar, como não pode, ou apenas amenizar; ou apenas ter efeito, para moderar a coisa por um tempo. Se, deve ocorrer? Não sei. Se, é injustiça com os contribuintes? Também não sei; pois, até onde cada individuou teve parcela de culpa: na sociedade, cultura e governo que construiu? Contudo, não vejo um cenário para tanto alarmismo quanto a essa crise. Creio que, atualmente, é possível se combatê-la. E estou otimista que será passageira; apenas mais um registro na história das crises financeiras das últimas décadas (que não foram poucas). E certamente, outras virão. Mas algo é certo: as pessoas querem investir, e os papéis estão com preços de fazer os olhos brilharem; apenas estão empacadas pelo medo, esperando a mídia começar a divulgar de forma triunfal: “Agora dá para investir tranquilamente.”
Por outro lado, é bom, para os investidores que aproveitam essas volatilidades. Muita gente deve ter lucrado bastante nesse período. Enquanto, alguns afobados devem ter perdido uma grana, ou deixado de ganhar mais. Mas, certamente, se a proposta for aceita. Um grupo de pessoas e instituições, certamente terá aplicado um dos maiores (senão o maior) golpe da História: “Roubar U$ 700 bilhões de dólares do povo norte-americano.” Fora o que já foi roubado para conter a crise. “Sumo com U$ 700 bi seu (e olha lá), e faço você ainda me dar U$ 700 bi.” Parece piada, mas é assim, que funcionam os ‘negócios’.
E mais piada ainda, curiosa e pensanete, foi uma frase que ouvi no noticiário: "Chegou o momento de salvar o capitalismo dos capitalistas."