Posso dizer que foram aos 17 anos, em 2003, que realmente comecei a estudar a Bíblia. Na época possuía uma Almeida Revista e Corrigida – se não me engano – que ganhei no batismo, em 1996. De inicio, eu sofria muito para acostumar com a linguagem, fora que não era uma pessoa nada culta, não costumava ler nada; para ter idéia, por muito tempo eu ficava intrigado por muitas vezes estar escrito "cousas" e não "coisas". E tinha uma dificuldade extrema no Antigo Testamento quando descrevia muitas coisas: objetos, unidades de medidas entre outros da época.
Os meses passaram e eu fui cada vez acostumando mais e mais; até o ponto que praticamente me tornei 'um' com aquela Bíblia. É como se mecanismo de "Search" na minha cabeça não pensava pelo algoritmo "Livro/Capitulo/Verso"; mas é como, só de pensar, sabia em qual parte da Bíblia abrir e por lá acharia exatamente o que procurava (normalmente grifado, ou com alguma indicação) e numa velocidade fantástica; e tudo fluía, o pensamento, onde olhar, outras referências. A linguagem já compreendia perfeitamente, de modo que até me maravilhava com a entonação e a semântica especial transmitida pela poética, ordem das palavras e palavras especificas usadas; o que me fazia compreender melhor a mensagem de Deus. Fora o formato dela, o modo de pegá-la, correr as páginas; só de olhar aquela capa de coura, borda dourada e o marca página dourado com um nó na ponta; já dava uma sensação... era praticamente uma namorada.
Meu irmão ganhou depois uma NTLH – Nova Tradução na Linguagem de Hoje. A primeira vista gostei muito, pois ainda não estava plenamente acostumado com a linguagem da Almeida e a capacidade de leitura era fraca; Provérbios e Eclesiastes pareciam enigmas ao invés de conselhos. E ao ler Provérbios e Eclesiastes, na NTLH, compreendendo de forma clara as idéias ali, me apaixonei por tais. Hoje, meus livros favoritos, leio-os todo ano.
E comecei a usar tal para o Ano Bíblico devido a sua narrativa simples, que parecia uma mãe contando historinha para a criança dormir. Até que me deparava com textos muito diferentes da Almeida e que transmitiam uma poética, uma semântica, mais pobre, insuficiente, ou mesmo contraditória. Até que um dia, não lembro onde, no Antigo Testamento, havia um verso falando algo e aí chegou num verso que disse algo assim: "Então eles se despediram e foram embora."- Não é um tipo de texto usual na Bíblia. Fiquei chocado ao ver, fui comparar com a Almeida e fiquei indignado, inconformado com a diferença. A ordem da descrição dos versos havia sido trocado apenas para facilitar a narrativa de modo mais popular; e nesse ultimo verso, na Almeida, apenas lendo com atenção, se percebia nas entrelinhas que o verso deixava a entender que "eles se despediram" e "foram embora". – Depois disso, a NTLH se tornou cada vez mais insolúvel, até o ponto que não conseguia mais lê-la, cada vez que lia algo, ficava com um pé atrás com desconfiança e procurando incoerência teológico-semântica. Até, que, principalmente no Novo Testamento, fiquei abismado com a NTLH, pois aquelas passagens que traziam mensagens mais duras e fortes, sobretudo quanto às questões especificas do comportamento e estilo de vida, foram modificadas de forma a serem palavras "suaves", não se tornando tão especificas e de tal modo, a possibilitar interpretações do tipo (parafraseando): "O problema não é o carro, o problema é que não pode forçá-lo muito." (apenas como exemplo). Ou seja, várias coisas, ao invés de ter uma imagem bem distinta: "Luz e Trevas", estava sempre com cara de penumbra.
Abandonei a NTLH. Passei a recomendar para os outros apenas para Ano Bíblico, e se fossem crianças, e olha lá; apenas com fins narrativos para contar história. Para base bíblica, conhecimento, estudo, não usar de modo algum.
Em dezembro de 2006 aconteceu algo que, sinceramente, alguns podem estranhar, mas foi uma das maiores tragédias da minha vida; foi quase como se minha mãe morresse. Fui num culto na IASD Riacho Grande, pois o coral faria uma cantata de natal. Mas lá, em certo momento, deixei a Bíblia, lição e hinário próxima a lareira para ir almoçar. Mas na hora de ir embora, simplesmente sumiu, e não pude encontrá-las. Não liguei muito para o hinário (nem de partitura era) e a lição, mas a Bíblia… Fui embora convicto que depois eu encontraria, alguém perceberia que pegou a Bíblia errada, procuraria a sessão de achados e perdidos ou o dono.
Na Bíblia estava meu nome: Evandro Costa de Oliveira, igreja: Guaraciaba, batizado por Ricardo. (numa letra infantil).
No hinário: Eduardo de Oliveira, Central Santo André (my brother)
Na lição: meu nome.
É algo bem simples. - pensei eu - ele vai ver o nome, a igreja local e vai me devolver. Mas, a emergência era tamanha que no dia seguinte falei com uma amiga de lá, e também enviei um e-mail para o pastor, na época o Pr. Jorge Mário, o qual disse que encontraram. Falei até para me enviar por sedex, eu pagaria. Mas disse para ir retirar. Falei para a minha amiga pegar, mas ela não encontrou. Até que depois de um tempo bom tempo insistindo, meio que desisti. E só 8 meses depois tive a oportunidade de ir ao local, e fiz de tudo para encontrar, mas ela sumiu.
Perder aquela Bíblia foi tão duro que não sei exprimir, 4 anos de uso, na época que mais estudava Biblia na minha vida; todinha marcada e habituado com ela desde os 12 anos; com ela realizei minhas primeiras pregações. Por um bom tempo não consegui substituí-la - de certo modo, até hoje -, de inicio nem conseguia mais ler a Bíblia, pois não era aquela. Apenas tinha a NTLH, e fiquei um bom tempo sem ler, isso resultou em problemas espirituais. Até que um dia ganhei uma outra Almeida, porém uma Revista e Atualizada Segunda Edição; mas estava diferente da outra; nas palavras, um pouco da poesia perdera; e mesmo alguns versos, não transmitiam aquele impacto da outra. Mas fui usando-a.
Então no Campori da UCB, novembro de 2007, ganhe uma Biblia na versão NVI – Nova Versão Internacional. A qual havia ouvido excelentes comentários a respeito, talvez um pouco exagerados... falando que era a melhor versão da atualidade, pois corrigia vários textos que traziam ambigüidade e não muito bem explicados e era bem fiel. E com isso em mente, adotei tal como "a substituta", "o novo amor".
De fato, incomparavelmente melhor do que a NTLH e, até que dava para comparar com a atual Almeida; mas ainda assim, parecia um pouco vazio essa versão, as palavras não são tão cheias quanto à daquela Almeida fiel que eu tinha. Tinha um pouco da poesia, mas era pouco. Dá para entender até que legal a semântica dos textos e passagens, mas se precisar aprofundar mais, se fica um tanto limitado. E ela possui muitas características da NTLH; ela possui uma linguagem voltada para o leitor, de modo que esse, sem ter que estudar, aprender uma linguagem, novas palavras e esforce um pouco a capacidade de interpretação de texto, consiga entender. Ou seja, ela tem uma expressão mais voltada para o popular; contudo, com alguns traços de algo mais original. Mas fica aquela história da penumbra novamente.
Mas estava conseguindo viver até que legal com ela. Já quase terminei de ver todo o Novo Testamento com ela, e, claro, Provérbios e Eclesiastes; e vou continuar usando-a até conseguir outra. Contudo, a forma como ela muda algumas coisas é totalmente diferente da Almeida; traz a mensagem, a idéia final (a grosso modo), mas o meio é totalmente precoce. Se for ler tal, com outras pessoas usando outras versões para acompanhar, certamente, todos irão estranhar. E eu estranhei; algumas coisas ficaram tão superficial, que muitas vezes isso traz embaraços teológicos. E tipo, sabe quando você lê algo e na sua mente começa a imaginar a situação, local, "o filme", a imagem da pessoa, a forma como ela se expressa, fala, anda etc? Então, mudou.
Recentemente, lendo Romanos, fiquei fortemente intrigado com algo. Pois na sua linguagem dá a entender que a predestinação tem uma ramificação, a da destinação. Seria mais ou menos como dizer: "Todos estão predestinados a salvação. Mas uns já estão destinados, escolhidos, a serem salvos e outros não." E creio que seja problema de versão. Pois a forma expressa vem tão genérica, simples, que não tem como ver no microscópio. - E aí o que faço?
A pouco tempo estive conversando com o Elcio, e ele ganhou uma Biblia King James em inglês. Uma das mais fiéis e antigas, tanto é que muitas expressões ali, são de um inglês antigo, pouco ou nada usado hoje. Estou baixando o BibleWorks, onde praticamente terei acesso a todas as informações possíveis quanto a Bíblia, versões, inclusive os originais e muita coisa a mais.
Mas então, fui pesquisar um pouco na Internet sobre versões, traduções da Biblia, e encontrei algumas coisas quanto a Almeida, NTLH e NVI. Interessante, que há vários grupos de escatologia que simplesmente detonam e criticam muito a grande maioria das versões modernas, em especial a NVI e NTLH; alguns, até mesmo criticando os seus tradutores; como um que afirma que dois dos fomradores do Texto Critico - uma das principais fontes da NVI - no passado, eram satanistas e que não poderiam exercer tal função. Mas aí, eu também não sei se essa informação é realmente verdadeira; e também, creio ser questionável se mesmo assim, após convertido, não poderia exercer tal função. Contudo, todos recomendam a Almeida original, versão mais antiga; considerada praticamente 100% fiel ao original do hebraico, aramáico, grego antigo. Outra boa parte recomenda a King James. E há alguns que recomendam a Versão Jerusalém. Aí tem algumas discussões de um tentando vender seu peixe, uns defendendo que a de Jerusalém é a mais fiel, aí outro diz que é a King James, e outro a Almeida original... mas a absurda grande maioria opta pela a Almeida. Normalmente, são pessoas com denominações ligadas diretamente ao judaísmo que optam mais pela Jerusálem, e parece que alguns arqueólogos preferem tal, também.
Então, algumas informações quanto as traduções:
AlmeidaTanto a edição Revista e Corrigida quanto a Revista e Atualizada foram constituídas a partir dos textos originais, traduzidos por João Ferreira de Almeida no século XVII. As pequenas diferenças entre uma e outra edição devem-se ao fato de os próprios originais em hebraico, aramaico e grego trazerem algumas variantes e suportarem mais de uma tradução correta para uma palavra ou versículo.
As principais diferenças referem-se basicamente aos manuscritos originais disponíveis na época de Almeida. Descobertas arqueológicas e estudos de teólogos e historiadores em torno das Escrituras Sagradas tiveram grandes avanços desde o século XVIII até os dias de hoje. Tais documentos não existiam na época de Almeida. Dessa forma, a RC é a expressão dos textos originais com que Almeida trabalhou. Não há nesta edição indicações de textos sobre os quais os diversos manuscritos bíblicos divergem.
(SBB)
NTLH
Os princípios seguidos nesta revisão foram os mesmos que nortearam o trabalho da tradução na Linguagem de Hoje. [Populismo] A tradução de João Ferreira de Almeida e também outras boas traduções existentes em português seguiram os princípios da tradução de equivalência formal. Já a NTLH, norteou-se pelos princípios de tradução de equivalência funcional ou dinâmica.
A tradução de Almeida reproduz o sentido dos textos originais, empregando palavras e estruturas em português que não são do domínio do povo. Isso requer um domínio da Língua Portuguesa que está acima da média da população brasileira. [Mas que com humildade, zelo e estudo, através do Espirito Santo, se compreende. - Não?]
Já a NTLH, ao reproduzir o sentido dos textos originais em hebraico, aramaico e grego, o expressa em uma linguagem simples, popular, sem, utilizar gírias e regionalismos. [Ou seja, linguagem para criança que não lê] A preocupação da Comissão de Tradução foi comunicar a Palavra sem que esta perdesse o estilo bíblico. [Mas pelo visto, não conseguiu, se vê o estilo nas últimas.]
Para se ter uma idéia, a tradução de Almeida tem 8,38 mil palavras diferentes, e a NTLH tem 4,39 mil, o que a aproxima muito mais do vocabulário dominado pelo brasileiro de cultura média. [A grosso modo, seria o mesmo que dizer, que se tornou uma caricatura do original, pois se reduziu quase que pela metade os detalhes e expressividade; e tentou se valorizar alguns aspectos que deixa a idéia que se refere ao original.]
(SBB)
NVI
Uma linguagem atual, fluente, elegante e de fácil entendimento [Não para o que exige maior compreensão, detalhes e estudo] para os leitores em geral.
O texto da NVI evita aquele tipo de erudição que torna a mensagem inacessível para pessoas comuns [inacessível?]. Assim, arcaísmos, por exemplo, foram banidos. Mas não é por isso que a NVI adotaria um estilo demasiadamente informal. Regionalismos ou termos vulgares não serão encontrados no texto da NVI. E o nível de formalidade da linguagem foi definido de acordo com o contexto do episódio bíblico. [Mas não foi banido o arcaísmo?] Por essa razão, além de se preocupar ao máximo com a compreensão do leitor, a NVI é uma tradução perfeitamente adequada para a leitura pública, para o uso no púlpito e para a evangelização [E a Almeida, por exemplo, não seria?].
Por ser versão evangélica [o que isso quer dizer?], a NVI apresenta uma tradução livre de interpretações particulares e denominacionais [Isso quer dizer, que aquilo que explicitamente corrobora para uma interpretação x, também vai adquirir a cara de que pode ser y? E a compreensão fica bloqueada para se avistar além da idéia expressa em tal linguagem?]. Questões menores que marcam a diversidade do mundo evangélico não influenciaram a tradução de nenhum trecho da Bíblia para ajustá-lo à doutrina particular de qualquer denominação ou corrente teológica. [Isso quer dizer que não é uma versão ideal para se buscar estudar doutrinas, pontos específicos e a influência deste para com o todo?]
Muitos textos mostrarão mais nitidamente o significado completo de determinadas palavras. [Qual o referencial? Pois se diz completo.]
As notas de rodapé são freqüentes na NVI. Elas trazem explicações de todo tipo e em alguns casos apresentam traduções alternativas (inclusive qual seria a tradução literal). [Realmente, tem rodapé. Mas, poucas vezes é feito isso - traduções alternativas. E as referências são, no minimo, insuficientes.]
A nova versão é fruto do trabalho colegiado de especialistas evangélicos comprometidos com os fundamentos da fé bíblica. Irmãos pertencentes às mais diversas denominações evangélicas unidos com o mesmo propósito. [Diversidade é sinonimo de qualidade? Misturar as denominações é algum triunfo? - Pense no ecumenismo.]
(SBI)
Quanto a SBI, se percebe muito um ar de triunfo exagerado e falta de humildade ao falar de sua versão - NVI. Ou seja, no minimo, quer impor algo aos leitores de modo a achar que podem ler sem ter preocupação alguma. Não apresenta o outro lado da moeda, não fala dos contras. E mesmo os prós, apenas é imposto, se dizendo: "mostra o significado mais nitidamente", mas não explica, não dá a referência; não tráz informação alguma no site, além da ideologia (um pouco). Já a SBB é mais simples, humilde, se retém, e mostra até mesmo comparações entre versões; é um site muito mais rico em informações. A impressão que dá é que a SBI tenta sim, é vender seu peixe. A SBB também, mas menos.
Ah sim, no site da SBI não informa, mas por terceiros, fiquei sabendo, que a NVI se baseou muito no Texto Crítico, o qual se baseia em menos de 1% da evidência dos escritos gregos; possui 2.886 palavras gregas a menos; e mais de 300 passagens doutrinárias são afetadas. Também, dizem que se baseou nos dois piores manuscritos gregos. Também há algumas criticas de omitir muitas palavras que falam sobre a divindade de Jesus, de modo a não colaborar para uma visão da trindade; e lendo, se tem um pouco dessa impressão mesmo, contudo, apresenta bastante o Espirito Santo de forma divina. É muito comum mesmo, você ler algumas coisas e parece ser outra história da que você estava acostumado; em geral, sempre mais suave e com menos enfase nas poéticas hebraicas. Sendo que no hebraico quando se usava de poesia, era para se enfatizar algo como sendo MUITO IMPORTANTE, que exigia o máximo de atenção; tais poéticas, ficaram mais com cara de cantiga de amigo.
Por fim, irei procurar adquirir uma Biblia na Almeida, o mais original e arcáico possível. Um bom dicionário biblico. Uma King James em inglês. E bem, tenho-as no PC, inclusive em Hebraico, Aramaico e Grego antigo; mas falta algo para traduzir. E ler e estudar no PC, simplesmente é como comer de ponta cabeça.
BibleWorks
BibleWorks é um fantástico software que tem absolutamente TUDO sobre a Bíblia e a cada dia dá para incluir mais informações. Nele você tem acesso a diversas traduções - praticamente todas que j[a existiram e existem. Nele você consegue fazer as pesquisas pois profundas e recheadas que quiser fazer sobre os textos bíblicos e seus significados. Há até mesmo cursos dos idiomas originais da Bíblia inclusos no programa. Há mapas detalhados entre zilhões de outras coisas.
E você?