09 junho 2012

Um Deus Malvado que manda matar? - O que a Bíblia diz?

No último post que eu fiz a respeito de como era a Lei em Israel a respeito das relações de senhor com servos [veja aqui], logo em seguida veio um comentário esperado: "Por que Deus condena à morte?" Os planos iniciais era de fazer um estudo a respeito do que difere mais no 'amago da coisa' o Cristianismo, o Deus da Bíblia, para com os Pagões (ou seja, os demais); aliás, diferenças quais, foram diminuídas, pois a Igreja Católica, na união com Roma, aderiu idéias pagãs centrais, misturando a filosofia cristã, qual, o resultado dessa mistura passou-se para a maioria das denominações cristãs, e crenças de muitos cristãos. Mas me senti fortemente motivado a falar sobre essa questão inicial antes. Então, vamos ao estudo.


1. Concepção de Certo ou Errado
Quando questionamos o ato de se condenar à morte. Em primeiro lugar, tomamos uma base de crença do que é certo e errado. Uma virtude primária, e aquelas velhas questões que podemos encontrar desde Platão passando por todos os pensadores. Ou seja, comparamos a algo que acreditamos ser o certo. Todavia, o que é este algo?

a) Não religioso: O homem, assim como os demais animais, são animais, perecíveis, que nascem e morrem. Não há uma Lei que, alguma regra, sólida em si mesma, que serve de base para condenar algo "como matar". Diga-se de passagem, as Leis Naturalistas, estão mais próximos da concepção de 'Sobrevivência do Mais Forte", "Seleção Natural" e algo do tipo "Controle Populacional", para os quais, 'matar' é o principal instrumento. Ou seja, nesta visão, "matar" está muito mais para VIRTUDE do que para algo errado. Ou seja, esta base não serve de base.

b) Religiões Pagãs em geral: Grande parte das religiões pagãs que existiram e existem - das que conheço, óbvio, não conheço todas, muito menos conheço-as profundamente para dizer também se são consistentes no todo - são a favor de matar, não é algo ruim em si. Ao mesmo tempo, que muitas, possuem o ritual do sacrifício humano (um dos tópicos do outro post que farei). Algumas religiões, veneravam a morte, como a dos Faraós do Egito. Para os Espartanos era o grande sonho, morrerem dignamente em combate. E por aí vai. Para o Taoísmo, que foi forte na China, também não condena a morte em si, na verdade, em muitos aspectos, considera a morte, uma punição extremamente justa, e uma honra. Ou seja, também não serve de base.

c) Budismo: A máxima do budismo é chegar ao Nirvana, um estado no qual você 'não mais deseja coisa alguma'. Isto inclusive, o desejo de viver. Além de dizer que com isso não se deve temer a nada, e importar com as coisas, com o mundo, num sentindo profundo, qual, temer pela morte de alguém. Além disso, o budismo crê que as pessoas não devem e não tem o direito de interferir no "curso natural da vida", interferir nas causas externas; lutar por justiça, ou qualquer coisa; inclusive não interferir na vida dos outros, como dos outros seres vivos, por isso são vegetarianos, não matam os animais. Mas, em suma, não são nem contra, nem a favor da morte. Consideração curso natural da vida.A idéia é não se importar com isso, mas voltar para dentro de si mesmo, sempre a procura do Nirvana, o não desejo absoluto. Ou seja, também não serve.

d) Hinduismo: É uma crença essencialmente espiritista, ou seja, não há nenhum mal na morte em si; alguns segmentos comemoram a morte. A morte é um processo natural. E para algumas coisas, a punição também a morte. Inclusive, alguns grupos hindos, consideram justo fazer uma perseguição religiosa, punido com a morte, como tem feito muito com missionários cristãos (inclusive na atualidade). Ou seja, também não serve.

e) Grandes Filósofos: Dos pensadores gregos, não conheço nenhum que o era contra a punição de morte, e para muitas coisas achavam justas. Sêneca por exemplo, diz que o homem sábio não deve ter medo da morte, nem ser abalado mentalmente, emocionalmente (inabalável), e ao mesmo tempo, não se prender a vida; a máxima deste exemplo, está em sua morte; seus seguidores duvidavam dos seus ensinos, então o próprio imperador Nero  lhe pediu que morresse, e Sêneca aceitou tal condenação, e se entregou a um tipo de 'suicidio estóico', que ficou famoso em toda a História. E assim se prossegue. Pensadores ateus também. Por fim, também não serve.

f) Pensadores Cristãos: Os reformadores principalmente, como Lutero, foram um dos que mais lutaram contra a ideia da condenação a morte, que era uma prática muito comum pela Igreja Católica Apostólica Romana (o Vaticano). Como foi um dos questionamentos de Lutero para com as Indulgências. Pois se alguém seria condenado eternamente, passaria por uma lamentosa morte, mas que tudo isso poderia ser evitado se a pessoa comprasse o perdão com indulgência; então, por que, não sendo Deus, um Deus de amor, não perdoasse e livrasse os de tal morte, e também desse um perdão mais barato para os pobres ou quem não tinha dinheiro para comprar o seu perdão? Além disso, a ideia de "O Inferno", um suposto lugar onde as almas pecadoras mortas iriam ficar sofrendo indefinidamente, pela eternidade, ou até pagarem seus pecados com "a dor e sofrimento". E então, Reformadores, passaram a questionar muito a ideia do Inferno (um dos dogmas católicos); sobretudo quanto a ideia, que é "pecado se paga com dor e sofrimento"; era muito contraditório a ideia de que coisas ruins, quais Deus se expressava serem más, fossem os meios de quitar a dividas com Ele. Ou seja, talvez, esses podem servir de algum modo de base (a filosofia cristã bíblica é uma base, para se questionar a condenação à morte).

g) A Lei de Deus: A Lei de Deus, os 10 Mandamentos, encontrados em Exôdo 20, o 6º mandamento diz: "Não matarás". Ou seja, uma Lei Bíblica, qual, se coloca de autoria divina, do próprio Deus; proibi que o ser humano mate um ao outro. Ou seja, esta também, talvez, sirva de algum modo para questionar.

h) Mentalidade Contemporânea pós IIGM: Não sei ao certo como foi que isso aconteceu, mas nas últimas décadas, criou-se uma certa mentalidade no ocidente, muito pregada pela mídia, que é o direito a vida como o bem maior. Claro, um dogma da atualidade sem uma BASE; mas apenas um contrato social. E em consequencia disso, a humanidade está sofrendo um dos maiores dilemas e problemas, que é o do super-povoamento; muita gente para um planeta só. Certa vez ouvi um discurso na USP, de uma bióloga ateia, dizendo que na concepção dela, a medicina, o sistema de saúde apenas deveria ser usado para 'acidentes' e pessoas que são mais resistentes, fortes; pois além de dar muitos gastos absurdos, lotar os hospitais, isto está interrompendo a seleção natural, os seres humanos estão deixando de se desenvolver, se tornarem mais resistentes, e de contrapartida, as doenças estão se tornando mais resistentes, o mundo e cidades ficando hyper-povoadas, esgotando recursos naturais...; e que na visão dela, é uma total bobeira dizer que se deve lutar pelo direito a vida de todos, mas que deveria ser como sempre foi, a sobrevivência do mais fortes. O que ela me disse me fez pensar, e considero que dentro da crença dela, atéia, é uma posição que faz TODO o sentindo, pelo menos não é uma ateia hipócrita que gosta de beliscar valores cristãos. [essa colocação dela, foi numa aula de psicologia sobre educação]. Eu particularmente acredito, que no pós guerra, devido a um certo curto período de conforto para o ocidente, conforto no sentindo materialista, recursos naturais e econômicos, colaborou para evitar conflitos para quais o confronto e a morte fossem inevitáveis; e 1 ou 2 gerações inteiras, tem nascido e crescido nesta 'suposta paz'; de modo que ainda não tiveram que encarar grandes dilemas e situações que precisam lidar com a questão da morte. E ao mesmo tempo, um certo tipo de máxima egoísta que a coisa mais importante da vida é 'sobreviver'. Pensamento CONTEMPORANEO, que foi muito bem manifesto na série Game of Thrones, quando o professor de espada da menina diz que apenas temos 1 deus: "A Morte", e para ela, nós apenas dizemos: "Hoje não." Todavia, qual é a base desta idéia? E como ela fica quando entra em conflito com outras virtudes, como, por exemplo, 'o sacrificio próprio', pular na frente de um carro para salvar que alguem que seja atropelado? É uma postura filosófica naturalmente também contraditória com outras. Isto na verdade nem é uma base, pois tem carência de uma, e é contraditória em si. Pois ao mesmo tempo, ela em si, justifica matar para sobreviver. Ou seja, se estiver num prédio em chamas, no telhado, e você mais 10 pessoas, e um helicóptero vai resgatar, mas só dá para levar mais 1, essa Virtude Máxima da Sobrevivência, diria que você teria que buscar salvar a si, o que significaria ao mesmo tempo, matar os outros; por outro lado, você não tentar ser o 1 resgatado, seria um ato de bravura tolisse, pois você se sacrificaria para outro sobreviver. E ao tempo, sacrificar-se pelos outros, abnegar a própria vida é uma VIRTUDE CRISTÃ, que está na Bíblia, a qual revela que Deus se entregou a morte, através de Jesus, para salvação da humanidade; o que não poderia ser usado como base, pois aqui estamos argumentando contra Deus, contra a Bíblia, que ela é falsa e não válida hoje. Logo, o Sacrificio próprio não é válido, assim portanto, temos que pregar uma total oposição a morte; mesmo isto, sendo contraditório. Por exemplo, numa comunidade, 5 pessoas se contaminam com uma doença contagiosa, mortífera e sem cura, se tais não forem mortas e queimadas, todos os outros irão morrer também; ou seja, a própria sobrevivência, sujeita o matar outros; todavia, o valor desses outros é sobreviver, ou seja, é continuarem vivos, até a morte chegar, isso incluiria até contaminar os outros também; ou seja, o valor de sobreviver próprio faz oposição ao valor de sobreviver do próximo, e usa a morte como o meio de justiça. [todavia, este meio de justiça é o que queremos destruir: "A morte não pode ser um meio de justiça!"]. Por fim, está mais do que óbvio de que este pensamento, talvez de todos, é o que menos serve de base, por ser autocontraditório, é o valor que se aponta uma arma para sobreviver.

Conclusão: As concepções para julgar que 'condenar à morte' é algo errado, só tem algum sentido, quando se usa de fonte a Bíblia. Como o apóstolo Paulo, descreve em Romanos: "Eu não conheceria o pecado se não fosse mediante a Lei." Não sendo está fonte, não há uma outra fonte, alguma outra base de cunho filosófico, com qual possamos usar de 'contra-peso' na balança da justiça, para avaliar se 'condenar a morte' é algo justo ou não, ruim ou não. Ou seja, partindo da premissa que queremos acusar da Bíblia ser falsa, de Deus ser falso, mediante a acusação de que Ele é injusto por condenar à morte, só é feita, e só tem sentindo fazê-lo, quando nos baseamos nela própria, ou seja, naquilo que queremos refutar. É uma contradição argumentativa.

Todavia podemos pensar, e se Deus está sendo contraditório e volátil consigo mesmo? E cade aquele Deus de Amor que Ele mesmo se diz ser na Bíblia? Ou seja, vamos compará-Lo, com aquilo que Ele mesmo diz nas Escrituras. - Não vejo nenhum problema nesta postura.

2. A Suposta Contradição
Se Deus é um Deus de Amor, como diz em João 3:16: "Que Deus amou o mundo de tal maneira...", e que inclusive dá o mandamento "Não matarás". Ou que diz coisas do tipo "Ame ao próximo como a ti mesmo.", "Ame, ore pelos seus inimigos."; enfim, como é que Ele pode ordenar explicitamente, na Bíblia, para matar mulheres e crianças, as vezes, aniquilar toda uma cidade ou nação? Isto não seria uma auto-contradição?

3. A Quem É Destinada a Lei
É um erro banal de lógica quando esquecemos que a Lei foi feito por Deus "PARA" os homens, e não "para Si". Ou seja, se formos olhar, os 10 Mandamentos, não faz muito sentindo, no meu ver nenhum, se os atribuirmos para Deus guardar.

1. Não terás outros deuses. Ou seja, Deus não pode ser idólatra, para com outros deuses falsos que não ele mesmo.
2. Não farás para ti imagem de esculturas... Não faz o menor sentindo Deus adorar a uma imagem, se curvar a tal... sendo Ele o Deus. Não faz sentindo o Criador adorar a criatura.
3. Não tomar o nome de Deus em vão (blasfemar). Ele vai falar mal, faltar com respeito a Si?
4. Lembra-te do dia de sábado... porque em 6 dias criou os céus e a terra... e no 7º descansou.... Um Deus que é atemporal, não está preso a dimensão tempo; também não faz sentindo; sendo o dia, um marco da criatura para com o Criador (como disse Jesus "o dia de sábado foi feito para o homem"), e não o Criador para consigo; não faz sentindo.
5. Honre teu pai e tua mãe. Deus tem pai e mãe? (sim, quando Jesus veio a 'condição humana' honrou seus pais terrestres)
6. Não matarás. Eis a questão.
7. Não adulterarás. Deus irá trair a sua mulher? Ter relações com outra? Deus tem uma mulher?
8. Não roubar. O que Deus roubaria? Se tudo é Seu? Se tudo Lhe pertence? Se tudo foi obra da Sua criação? A quem pertence todas as coisas.
9. Não mentir. Se Deus mentir, então simplesmente nada faz sentido.
10. Não cobiçar as coisas dos outros. O que Deus cobiçaria, a quem é onipresente, onipotente, onisciente?

Bem, sem entrar numa discussão mais longa sobre o Decálogo, fica explicito que nenhum - pelo menos dos 9 mandamentos - fazem sentindo se atribuirmos como regras para Ele seguir. Ao mesmo tempo, porque iremos privá-lo então do mandamento 6? Ou seja, se Ele é o criador dos mandamentos, porque Ele não tem direito sobre tais?

Ele é o Legislador, e o Juíz; da Lei que fora destinada aos homens, AOS HOMENS, a criatura, como deixa claro Salomão:
"De tudo o que se tem ouvido, o fim é: Teme a Deus, e guarda os seus mandamentos; porque isto é o dever de todo o homem. Porque Deus há de trazer a juízo toda a obra, e até tudo o que está encoberto, quer seja bom, quer seja mau." Eclesiastes 12:13-15

Ou seja, homens podemos comparar a homens e a Lei, para fazermos medida, julgar - aliás, segundo qual, a Bíblia diz, que apenas Deus está capacitado para julgar. Criatura compara-se a criatura. Todavia, Deus é Deus, Deus é objeto único de categoria única. Para começar, criaturas podem morrer, o homem pode morrer, logo um mandamento quanto a morte faz sentindo. Deus não pode morrer, Deus é vida, Deus é o gerador da vida, quem pode matar a Deus, uma Lei quanto a matar a Si mesmo, não faz o menor sentindo. E além disso, não há como comparar Deus a nada por definição. Criador x Criatura? Ou o comparamos a Si mesmo, ou não o comparamos a nada. Não há nada 'do tamanho de Deus', com qual possamos usar de contra-peso na balança da justiça. Ninguem, nenhum de nós, elementarmente jamais estivemos 'no lugar de Deus', já mais tivemos entendimento, conhecimento pleno sobre Ele, sobre os Seus pensamentos. Não sabemos, o que Ele pensa, não sabemos o que Ele conhece, não sabemos, o que Ele faz, não sabemos o que ele passa, os dilemas que passa... não O conhecemos perfeitamente. Logo, querer julgá-Lo é um erro de lógica. Ele tem por contado cade fio de cabelo nosso, sabe quantas caíram e cairão em cada dia da nossa vida, conhece nossos pensamentos, sentimentos, dúvidas, capacidades, conhecimento, entendimento, cada coisa pela qual passamos na vida, nossa familia, cada dor, cada alegria, cada detalhes; nos conhece melhor do que a nós mesmos. E nós, o que sabemos dEle que nos capacita a julgá-lo como pecador ao mandar matar suas criaturas?

4. O Direito de Deus
Segudo a própria Bíblia, Deus nos concede o folego de vida (espirito), qual junto ao nosso corpo nos torna uma alma vivente, um ser vivo.

"E formou o SENHOR Deus o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente." Gênesis 2:7


Além disso, 'a vida' apenas está com Ele. Ele é o dono, a fonte da vida. Nós não somos vivos por 'poder próprio', nós não fizemos nada para termos a nossa vida, nós não escolhemos nascer, e somos incapacitados de dar a vida. A nós, simplesmente não nos pertence isso que chamamos de vida, pois não temos poder sobre ela. Quem nos deu, quem nos concede a vida, como um dom, é o próprio Deus. NEle está a vida.


  • "Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá; E todo aquele que vive, e crê em mim, nunca morrerá. Crês tu isto?" João 11:25-26
  • "Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim." João 14:6
  • "Eu sou o pão da vida." João 6:48
  • "Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens." João 1:4
  • "E o testemunho é este: que Deus nos deu a vida eterna; e esta vida está em seu Filho. Quem tem o Filho tem a vida; quem não tem o Filho de Deus não tem a vida." 1 João 5:11-12

Ou seja, a Deus pertence a nossa vida, é dEle por direito.

"E disse: Nu saí do ventre de minha mãe e nu tornarei para lá; o SENHOR o deu, e o SENHOR o tomou: bendito seja o nome do SENHOR." Jó 1:21


Jó deixa explicito que não temos nada por direito, mas que tudo, Deus nos deu. Todas as coisas pertencem a Deus. Se Deus dá a vida, Deus tem o direito de tomá-la. E como Jó disse, tanto num quanto noutro 'bendito seja o nome de Deus'. Jó não foi egoísta, arrogante... ele reconheceu humildemente seu lugar como criatura, e ao mesmo tempo, confiando na justiça de Deus.

Além disso, segundo J. R. Tolkien, na sua famosa obra "O Senhor dos Anéis" faz uma colocação extraordinária através do personagem Gandalf.


- "[morrer] Merece! Suponho que sim. Muitos que vivem merecem morrer. E alguns que merecem viver morrem. Você pode dar-lhes vida? Então não seja tão ávido para condenar à morte em nome da justiça, temendo por sua própria segurança. Nem mesmo os sábios conseguem ver os dois lados."

Ou seja, se não temos o poder de dar a vida a quem merece viver, como podemos condenar a morte quem merece morrer? Apenas Deus o pode, Deus dá a vida. Deus ressuscitou os mortos, assim como deu a vida a sua nova criatura no Éden. Deus tem esse direito, este poder, essa sabedoria e justiça para ver perfeitamente os dois lados. E nenhum outro. Além disso, se existe a morte. Então existe a necessidade de uma morte justa. Assim existe a necessidade a necessidade de um ser justo doador da vida, para dela poder privá-la, ao mesmo tempo, que pode restitui-la. Ou seja, o senso em si de uma morte justa impõe a necessidade de um ser como Deus, que pode dar a vida e tirá-la com justiça. E logicamente, nenhuma criatura tem o direito sobre outra criatura, mas só seu Criador. Do mesmo modo, apenas alguém com os atributos de Deus pode ser este Juiz, pois a Ele pertence a vida.

5. Homens Merecem a Morte
Segundo a Bíblia, o homem foi criado puro, perfeito, sem pecado; e Deus colocou uma provação no Éden, 1 única árvore proibida, qual, se fosse desobedecido a vontade de Deus, o homem morreria. Como vimos acima, Deus é o doador da vida. E quando transgredimos a Sua vontade, estamos nos afastando dEle (Pecado = separação; separação de Deus).

"Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus nosso Senhor." Romanos 6:23

O salário do pecado é a morte. Todo aquele que escolhe se separar da Vida, por definição, abraça a morte. Há alguem que jamais pecou que não mereça a morte?

"Que é o homem, para que seja puro? E o que nasce da mulher, para ser justo? Quanto mais abominável e corrupto é o homem que bebe a iniqüidade como a água?" Jó 15:14-16

6. Um Deus Paciente e Piedoso

"Não matarás o inocente" Êxodo 23:7

Como vimos, nenhum de nós merecia estar vivo. Deus poderia ter fulminado, tirado a vida de Adão e de Eva assim que pecaram (que se separaram dEle, da vida), ou mesmo de Satanás. Mas o não fez.

"O SENHOR é tardio em irar-se, mas grande em poder, e ao culpado não tem por inocente;" Naum 1:3

Deus não é impaciente, ou apressado em dar a merecida condenação ao homem. Mas antes dá tempo, da oportunidade para as pessoas verem os seus erros, se conscientizar do erro, se arrepender, seguir o seu caminho, mesmo que oposto a vida; e tudo isso por piedade, por amor, porque quer que antes o homem se arrependa, volte-se para Ele, e então Ele o perdoará e o salvará da condenação merecida (a morte).

A condenação da morte veio naturalmente. Segundo a Bíblia houve mudança até mesmo na Natureza após o pecado. A mulher passou a sentir dores de parto, as serpentes passaram a rastejar (provavelmente eram aladas), as plantas passaram a ter espinhos, entre tantos outros, o mundo começara a se tornar hostil. Pois como um efeito dominó, o vírus do pecado, passaria de pouco a pouco afetando e levando naturalmente as pessoas a se afastarem de Deus. Aos poucos vemos na Bíblia a longevidade das pessoas diminuindo, sobretudo após o dilúvio, antes que eram centenas de anos, até mesmo quase 1 milênio de vida, passara a se tornar, em torno de 60 - 80 anos.

E quanto a isso, vemos em toda Bíblia, infinitos casos em que Deus adiava a sua "Ira" (a condenação, a consequencia dos amargos frutos dos erros que plantavam). Inúmeros. Egito, dera 9 pragas, 9 chances, algo que durou semanas, meses, para o faraó, 'por bem' libertar os hebreus, e ele recusou, por MAIS PRODIGIOSAS que fossem essas petições. Até que por fim, Deus deu mais uma ordem, que iria fazer juízo sobre aquela nação, e que quem não fizesse a marca de sangue de novilho na porta de sua casa, o primogenito morreria. Ou seja, Deus não pegou ninguem de surpresa, e nem deu um prazo curto, mas tempo suficiente para todos fazerem algo razoavel, aqueles que não o fizeram, foi por puro senso de rebelião contra a vontade de Deus, e assim, o filho do faraó morrera. E só então, desta maneira, ele se humilhou e permitiu que o povo fosse. Para o homem, após o pecado, Deus deu uma promessa de um plano para salvá-los. Um plano não só qual teria por finalidade retirar deles a condenação, a morte adquirida pelo pecado, mas a levarem-se a se arrepender de seus males, voltarem atrás de seus caminhos ruins, etc. Para o próprio Israel, na travessia do Deserto, no êxodo, o povo se rebelou tão ferozmente contra Deus que provavelmente seria mortos naquele momento, todavia Moisés intercedeu por eles, rogou por eles, e assim, Deus adiou sua ira, dando-os mais 40 anos de vida, peregrinando pelo deserto, dando-lhes oportunidade para arrepender-se dos seus erros. O mesmo povo, que certa vez pecaram, e então, serpentes picaram eles, eles estavam quase morrendo, e então, rogou Moisés a Deus, e então Deus pediu um que fizessem uma estatua de madeira de uma serpente e ao olhar seriam curados; ali estava simbolizando Jesus como quem livra o pecador da morte e restaura a vida, e ao mesmo tempo, ao verem o formato da serpente, lembrariam claramente da causa de sua moléstia, o pecado que transgrediram. Há infinitos outros exemplos... que não conseguiria descrever nem 1/1000 deles se passasse o resto dos meus dias relatando.

7. Os Casos Em Que Deus Aplicou A Pena
Para ser sincero, acho que podemos contabilizar todos os casos em que Deus dera ordem de matar alguém, ou outros povos, nações. E são poucos os relatados na Bíblia. Não fora com todos os povos. Dos que eu lembro de cabeça, Sodoma, Gomorra, Amorreus, Ninive. E mesmo para os demais, sempre é possível que Deus os tolerou por um longo tempo, deu-lhes chance de arrependimento, conversão, Deus mostrou sua piedade, sua longaminidade. No caso de Nínive, enviou Jonas, e eles, se arrependeram, e então Deus os perdoou, logo não foram destruídos. No caso de Sodoma e Gomorra, não há muitos detalhes, mas os mensageiros celestes de Deus que foram anunciar da destruição, foram recebidos com o desejo de serem estuprados pelo povo. E depois de um longo dialógo, Deus mostrou a Ló que apenas havia ele e sua familia no meio daquele povo que não estavam extremamente corrompidos que não merecessem a execução da sentença do salário do pecado. O caso dos amorreus nos deixa ainda mais claro.

"E a quarta geração tornará para cá; porque a medida da injustiça dos amorreus não está ainda cheia." Gênesis 15:16

Como pode ver, Deus tolera até um nível de injustiça, de pratica, não no sentindo de achar 'que não é condenavel', mas no sentindo de ter paciência. Há uma medida para cada um. E quando está se enche (o que diante da paciencia e longaminidade de Deus é algo muito dificil; literalmente, a pessoa precisa se esforçar muito para que Deus execute-na a sua morte merecida). Ainda mais os amorreus, um povo pagão que faziam diversas atrocidades e maldades, para os quais, Adolf Hitler iria parecer um ursinho de pelúcia.

"Pois consumirás a todos os povos que te der o SENHOR teu Deus; os teus olhos não os poupará; e não servirás a seus deuses, pois isto te seria por laço." Deuteronômio 7:16

Aqui Deus mostra claramente que iria consumir tais povos, por proteção a Israel. Pois se tais não fossem consumidos, Israel seria contaminado por tais, como por uma infecção, e Israel passaria a servir aos mesmos deuses que eles, passariam a praticar os mesmos males.

"Quando, pois, o SENHOR teu Deus os lançar fora de diante de ti, não fales no teu coração, dizendo: Por causa da minha justiça é que o SENHOR me trouxe a esta terra para a possuir; porque pela impiedade destas nações é que o SENHOR as lança fora de diante de ti." Deuteronômio 9:4

Ou seja, Israel não era melhor do que eles, mais merecedores que nada. E Deus não destruiu aquelas nações em favor de Israel. Mas por causa da IMPIEDADE deles, porque eles eram extremamente maus, precisavam ser eliminados.


"Assim não farás ao SENHOR teu Deus; porque tudo o que é abominável ao SENHOR, e que ele odeia, fizeram eles a seus deuses; pois até seus filhos e suas filhas queimaram no fogo aos seus deuses."  Deuteronômio 12:31

Os amorreus eram povos tão impios que o pai e a mãe matavam seus próprios filhos, os queimando vivos no fogo, para os seus deuses. Além disso, faziam relações sexuais sem distinção, com crueldade, estupravam, mantinham relações até mesmo com animais. Era um povo com uma 'gangrena moral' (como diria o Pr. Rodrigo Lemos), e era preciso ser amputado para não contaminar o resto do corpo e matá-lo. Era um povo moralmente já morto, que rejeitaram toda possibilidade de arrependimento; um povo irreconciliavel; não havia mais solução para eles, mais possibilidade de arrependimento, eles rejeitaram totalmente tal. E mesmo assim, Deus os tolerou, Deus foi paciente com eles, enviou mensageiros a eles, deu-lhes oportunidades... Aguentou-os por gerações, por 400 anos!!! Por 400 anos!!! Deus os tolerou a crueldade que deixaria Hitler e a SS com inveja, por 400 anos! Por 400 anos Deus foi longanimo e paciente com Eles. Mesmo após cada vez que Deus contemplava uma mãe colocando seu filho bebe ou criança pequena nos idolo de metal em brasas para ser sacrificado, e ali contemplava a criança gritando, se contorcendo, chorando e gemendo de dor, ainda assim, Deus os chamava ao arrependimento, implorava para eles "não faça isso", "o que estão fazendo é errado", "arrependem-se", "larguem esses deuses", "voltem para mim"...por 400 anos tolerou isso. Até que então os destruiu.

Como que pode ser Deus acusado de injusto, de sanguinário, de um ser com sede sangue e matança? Foram justamente estas coisas terem chegado a tal proporção naqueles povos, que encheu Deus a um ponto que não podia mais ficar sem agir e permitir que eles derramassem tanto sangue inocente, que fizessem tanta barbaridade. E agiu para por um fim nisso.

Que pessoa em sã consciência, chamaria isto de injustiça, de crueldade da parte de Deus? Tais pessoas, no minimo teriam que abraçar a causa de seres cruéis como Nero, a Inquisição Católica, Hitler, Stalin... E achar que Deus teria que ficar de braços cruzados vendo-os fazer suas atrocidades sem fazer nada.






8. O Oferecimento do Perdão de Deus
Quando Deus por meio de Moisés deu Leis quais a punição seria com a morte para o próprio povo de Israel. Em nenhum momento diz que tais pessoas, ao cometerem tal pecado deveriam ser imperativamente executados com a morte logo em seguida. Mas pelo contrário, como visto no estudo sobre as Leis, o perdão e a piedade era sempre a ideia central das Leis. Haviam ordenanças inclusive para com respeito ao Perdão. Como ofertas feitas em prol de um arrependimento; havia a cerimonial anual do perdão no Templo.

De acordo com as Leis de Israel, em primeiro lugar, as pessoas antes de serem condenadas, tinham que ser tratadas com amor, longaminidade, piedade e paciência, tinham que ser chamadas ao arrependimento. E em grande parte dos casos, provavelmente a maioria (alias, na Bíblia, há pouquíssimas vezes que vemos alguém sendo sentenciado à morte). Mas se a pessoa não se arrepender, insistir no erro, insistir em fazer o mal; então os juízes deveriam julgar o caso e com extrema reflexão, dar uma sentença. E na própria Bíblia há vários casos, de que muitas pessoas que foram perdoadas, que se arrependeram. Inclusive o próprio rei Davi, que certa vez cometeu um pecado cruel de matar o marido de uma mulher para ficar com a sua mulher.

Na época de Jesus, vemos que até mesmo com Jesus, por mais 'errados' que estivessem os mestres da Lei. Eles ainda foram pacientes com Jesus, pois não acreditavam que Jesus era o Filho de Deus. Todavia, Jesus se proclamava como Deus, como quem podia perdoar pecados, e estas coisas eram blasfêmia, para qual, a condenação era a morte. E mesmo assim, por mais que quisessem matá-Lo, não o fizeram de imediato, mas levou um bom tempo até que realmente tramassem um modo de matá-lo (mesmo que não fosse por causa da Lei que o mataram, mas pelo ódio). Por exemplo, mulheres adulteras, que a condenação era a morte, Jesus ao ver o arrependimento no coração delas, a perdoou. E as pessoas que estavam com o coração obstinado, impiedoso, sem compreender o significado da Lei que era o Perdão, já queriam apedrejá-la; foi quando Jesus impediu aquela matança, escrevendo na areia com o dedo, pecados quais cada um deles souberam que cometeram e que também mereciam a morte, ou punição ruim tão quão, e viram que Jesus estava agindo com piedade com eles, e com paciência, ao invés de julgando-os e os condenando a morte, os dando oportunidade de arrependimento, de voltarem para Deus e abandonar seus pecados.

9. A Execução da Morte
Deus deixou bem explicito na Bíblia como era para Ele a execução de uma morte, de uma sentença de morte; e qual deveria ser o sentimento de todo aquele que o fizesse. Ou seja, se Deus ordenasse alguem que matasse outro, ou outro povo, isto não deveria ser como uma festa, alegria, como um louco sanguinário, que tem prazer no sofrimento e na morte dos outros. Mas o exemplo é o de Abraão, o pai da fé, quando Deus pediu que sacrificasse o seu próprio filho. Foi a única vez que houve um pedido assim em toda a História Biblica. E Abraão, com lágrimas nos olhos, o foi fazer. E de último hora um anjo enviado por Deus, o impediu. Pois Deus apenas quis dar uma grande lição para Abraão e toda a humanidade. Que o sentimento de Deus ao executar a pena capital para uma criatura sua, um homem, é como matar o próprio filho a qual muito amasse. E além disso, que em prol de toda humanidade, de todas as pessoas, Deus enviou Seu Único Filho, Jesus, para o matadouro e assistiu a sua tortura e morte; em prol da humanidade.

A execução da morte era uma triste cena, para o qual um coração puro e sincero choraria de executá-la, não só por ter que matar alguem a quem (deveriam amar e orar), mas por quem tentou de todas as maneiras levá-la ao arrependimento, e recusou. Era o triste silêncio por quem rejeitou até o último suplico de arrependimento se obstinando na própria maldade. Alguem por quem não tinha mais o que fazer. Senão silencia-la na morte.

Com lágrimas se lança à morte.

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