Por toda a História, podemos facilmente ver os Modos de Trabalhos no decorrer dos povos e da História. De certo modo, é dificil dizer que houve tempos em que trabalhar significou 'vida fácil', ou 'moleza', ou 'pouco esforço'; no máximo podemos apontar casos em que isso ocorreu. Mas claramente podemos ver as mudanças que ocorreram de tempos em tempos.
No inicio, o trabalho era principalmente da forma braçal, familiar. Pequenas agriculturas familiares ou tribais. Os trabalhos em geral, se davam durante a luz do dia. As pessoas trabalhavam durante o dia e a noite tinham o momento de convivencia com a familia/tribo, comiam melhor e etc.
É bom colocar que em tais tempos não havia a invenção humana das 'horas' e do 'relógio'. As pessoas não cronometravam seu tempo de trabalho. A duração do 'trabalho' ou melhor, das 'atividades', eram variáveis. Associavam a duração do dia. E ao verem que o sol iria se por, arrumavam as coisas, guardavam os animais, iam para casa. As vezes vinha chuva. E etc. O trabalho não era visto como uma trabalho, mas como atividades a desempenhar pela familia, pela sociedade, pelo próprio sustento etc.
O stress não existia. As relações afetivas eram muito mais fortes e profundas. As pessoas tomavam muito tempo uma com as outras. O próprio trabalho em si, geralmente era na companhia de outras pessoas, de modo que por muitas vezes, eram como momentos que temos com nossos amigos apenas nos feriados e fins de semana quando fazemos atividades juntas. Imagine amigos arando a terra, esperando a chuva passar, semeando sementes, cavando poços, demarcando território, preparando armadilhas, caças etc. Logo, no dia-dia, as atividades não só exercitavam o intelecto naturalmente e sem pressa, como também o corpo. E a noite era dedicada ao descanso.
Os trabalhos forçados ocorriam normalmente apenas quando pessoas eram obrigadas devido a escravidão, tiranos, guerras, ou tempos muito drásticos. E mesmo em tais, em geral, se obedecia como uma regra universal o trabalho diurno. Ainda mais, que a iluminação a noite era em geral precária.
Com os tempos, tecnologias foram sendo desenvolvidas. De inicio, a promessa do Ciência e da Revolução Industrial, seria que o homem conseguiria produzir tecnologias que o fizesse trabalhar menos, ter mais tempo para o lazer e a família, exercitar o intelecto, viver mais despreocupado. Porém, o tiro saiu pela culatra. Computadores foram inventados, e agora as pessoas precisam trabalhar na velocidade de um computador, como um computador. Sobre uma mesa, 100% focado, e só parar, quando o chip queimar. Milhões estão agora a trabalhar e trabalhar parados, de forma sedentária, de modo a se simularem como sendo uma máquina ao invés de homem, humano, amigos, família, tribo. Inventamos a tecnologia para termos noites bem iluminadas, com serviços, transporte, entre outros, e isto fez com que a noite, ao invés de 'pararmos', de termos o momento de união com amigos, familia, descanso; aproveitamos este 'tempo vago', para estudar, acrescentar novos acessórios e versões ao nosso robo (nosso corpo e mente) para assim, dar um upgrade na 'nossa máquina' e poder trabalhar mais, mais rápido, por mais tempo e mais concentrado. As noites se tornaram cada vez mais curtas. E inumeráveis problemas de saude criamos e passaram a existir, por causa de um modo doentio de se viver como um cancer.
A Bíblia é um livro que trata sobre o trabalho praticamente de capa a capa. Após a Criação, Deus dá ao homem o trabalho de administrar, ser a cabeça, o mantenedor, o organizador, o protetor do mundo. O homem responsável por cultivar a vida e as obras da criação. Já após o pecado, diz que "pelo suor do teu rosto comerás teu pão". O mundo que até então de forma harmoniosa, provinha os alimentos necessários ao homem. Agora ele teria que labutar, e desprender grande esforço, tempo e trabalho em prol de conseguir o seu alimento.
Salomão tem muitos provérbios a respeito do trabalho. Talvez seja a pessoa que mais é duro quanto a pessoas preguiçosas, vagabundas, que querem tudo na mão, que ficam só dormindo. Há vários duros provérbios sobre isso. Porém, há 2 pensamentos no livro de Eclesiastes que no meu ver são magnificos. Antes, é bom ressaltar que Salomão exalta o trabalhador diligente, o próprio Jesus faz uma parabola sobre o servo bom, aquele que com 1 moeda, conseguiu mais moedas. Mas veja com atenção:
"Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças, porque na sepultura, para onde tu vais, não há obra nem projeto, nem conhecimento, nem sabedoria alguma.
Eclesiastes 9:10"
Devemos fazer o melhor possível o trabalho que vier para fazermos. Darmos o melhor de si. Porém, novamente, os homens de antigamente eram muito mais sábios. Eles sabiam, assim como eu e você sabemos, que trabalhar demais é penoso, é um male, nos esgotam. A história de Jacó e Labão mostra claramente um caso em o patrão tornou o trabalho de Jacó um puro sacrifício. Salomão, diz uma pérola, uma frase super clara para todas as gerações pensarem e meditarem:
"Somente um homem muito tolo, tão tolo, que nem consegue encontrar o caminho de casa, se esgota de tanto trabalhar." Ecl. 10:15
É tolisse se esgotar de tanto trabalhar. O relógio da vida não para. Há tempo para todas as coisas, e destruirmos o tempo das coisas para inflar o tempo do trabalho é uma loucura! Mas isso o fazemos. Porém não o fazemos - geralmente - porque queremos. Mas porque a sociedade muitas vezes nos impõe condições que precisamos nos esgotar para sobreviver, como escravos. Já outras simplesmente porque o trabalho se tornou um cancer em nossa vida que não para de crescer e vai roubando a vida vital dos outros órgãos, inflando e inflando, até nos levar a tal ponto de loucura que só conseguimos pensar e viver em função do trabalho.E muitas vezes isso simplesmente ocorre pela ambição, pelo desejo de mais poder, dinheiro e a 'fantasiosa segurança'. Para quais Salomão alerta:
"Quem ama o dinheiro não se fartará de dinheiro; nem o que ama a riqueza se fartará do ganho; também isso é vaidade." Ecl. 5:10
Vale a pena lembrar que o homem que disse tais palavras, era aquele que se tornou um dos mais ricos reis de seus tempos, talvez o mais rico da Antiguidade.
O mundo, as empresas hoje estão nessa louca e insasiavel corrida por dinheiro e mais dinheiro. Nunca se farta. E está a provocar culturas e males na sociedade e em seus trabalhadores. Algumas alternativas estão surgindo mas ainda timidas. Temos que tomar cuidado, encarar o espelho e ter um encontro com nossos olhos inchados, dores de tantos movimentos repetidos, articulações atrofiadas, postura destruída, mente vazia para a vida, relacionamentos, amigos, parentes que se tornaram distantes, filhos que se tornaram desconhecidos, e percebermos que sempre haverá trabalho e mais trabalho, não importe o quão trabalhemos hoje.
Na idade mais sóbria de seus pensamentos, concluiu salomão o ideal a respeito disso:
"Duas coisas te peço; não mas negues, antes que morra: Alonga de mim a falsidade e a mentira; não me dês nem a pobreza nem a riqueza: dá-me só o pão que me é necessário;" Prov. 30:7-8
Eis o ideal. O homem não viver, não trabalhar em função do dinheiro e do poder, mas do seu sustento, fazendo tudo o que vier em suas mãos da melhor forma possível. Dando também a devida atenção para todas as partes, todos os órgãos, de forma harmoniosa entre todas as partes da vida. Seja a familia, os amigos, a saúde, a arte, o desenvolvimento intelectual, crescer em todos os saberes, crescer na visão de mundo, a sociedade; ao invés de meros robôs programadas e otimizados para desempenhar um determinado conjunto de operações sentado numa cadeira, numa mesa.
"Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos.
Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela."
2 Timóteo 3:1-5
0 comentários:
Postar um comentário