26 janeiro 2010

Bach - O Quinto Evangelista

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A música de Bach não é produto de um homem nem a obra de uma geração, mas o resultado de longo trabalho em comum. Alguns séculos de polifonia colocaram em suas mãos uma linguagem, um estilo e uma compreensão do mundo. Com esses elementos, já trabalhados por grandes e nobres espíritos, a sua missão ficou facilitada e não lhe foi difícil dar o melhor de si ao mundo. Fê-lo com a simplicidade e a humildade com que as árvores oferecem os seus frutos e os pássaros enriquecem a paisagem do amanhecer com os seus cantos. Teve mestres, é certo; mas entre o que os professores lhe ensinaram e o que nos ensinou a todos nós, seus alunos, há uma diferença maior que a existente entre a luz da vela e a do sol. Bach, como um demiurgo, tirou o seu mundo de si mesmo. O seu poder de criação era tal, que se diria ter nele se refugiado o “fiat” divino para poder ampliar as fronteiras do mundo.


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19 janeiro 2010

Análise do filme "Avatar"

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Encontro um torrent de uma gravação feita no cinema do filme Avatar de James Cameron. Então passo quase 3 horas assistindo-o em minha TV. E já no meio do filme, conclui que deveria comentar algumas coisas sobre o filme.

1.) Salada Mista
A estória do filme mistura de tudo e sempre deixando com a idéia de que houve uma inspiração nas histórias e profecias da Bíblia (o dragão, a idéia de fim do mundo (Terra), O Novo Lar, a batalha do Armageddon (pela conquista dessa cidade, que não dá em nada), a divindade, ‘homens’ com corpos incorruptíveis e perfeitos. Ao mesmo tempo, misturando Nova Era, a deusa Gaya, a Mãe Natureza, espiritismo, ambientalismo.

2.) A Critica Social
O ponto interessante do filme é a critica feita à sociedade humana, sua mentalidade desequilibrada sem harmonia para com a natureza. Isso ficou absurdamente claro quando o novato, no seu avatar, passa a primeira noite na “selva”. Sempre numa concepção de “um ambiente hostil” (uma mentalidade bem urbana). É quase que intuitivo, querer apontar a arma para todos os animais; bater e querer cortar e arrancar as flores; além do som dos animais que preenchem a floresta lhe soam como uma sinfonia de suspense e terror. Além de o homem que só sabe destruir a natureza, não se importa com nada, é “apenas mais uma arvore entre tantas outras”. Os relacionamentos humanos baseado no interesse financeiro, o militarismo sem discernimento apenas focado em “luta pelo domínio”.

Essa critica social no filme é deixado bem forte na vida do protagonista, que tem suas crenças culturais mudadas. No qual ele, e mais alguns poucos amigos são os únicos a converterem “a natureza humana” para “um novo nascimento”. E de modo a dar uma clara mensagem de desgosto (ódio) para com essa humanidade, uma sociedade sem esperança, que ninguém entende; uma impossibilidade de mudança na mentalidade, como que apenas na ficção é possível, pois na realidade, ao acabar o filme, você tem que lidar com o duro fato que não há ‘avatares’ (talvez só num “baseado”), que você tem que viver numa sociedade autocondenada, sem solução, numa tediosa vida, como uma pessoa aleijada sem pernas; pois não se tem a liberdade de um “azul” de quase voar, ou pilotar grandes aves, uma saúde e vigor físico impecável; nem mesmo de fazer parte de uma sociedade ‘religiosa’ em que, de fato, todos se respeitam, amam, são prudentes, sábios, cuidam um do outro, e que realmente ‘sabem viver’ e ‘curtir a vida’. Toda hora você é preciso acordar para a realidade, a que você não passa de um pobre homem fraco e aleijado.

3.) O Apelo Ambientalista
A voz da razão no filme está nos ambientalistas, especialmente, nos biólogos apaixonados pelo estudo da Natureza, quase como se fosse um com ela (e que acaba se tornando), enfatizado na mulher cientista (que não lembro o nome). A qual parece ter a solução, a mentalidade certa, mas que “ninguém dá ouvidos”, muito menos os lideres (seja aquele que representa o Governo e a burguesia, seja o militar que representa a maquina industrial e o exército). Dizendo para o expectador: E que se ninguém der ouvidos a tais (cientistas ambientalistas), então a floresta, a vida, inclusive a “arvore da vida”, a biodiversidade e tudo que se pode aprender com tais serão destruídos, porque não tem nada de “interessante” a oferecer para a ‘máquina humana’.

Além de criticar o homem como covarde que infiltra espiões, e que ataca sem dó, s/ piedade, com vantagem militar, contra aqueles que só podem se defender com “arcos e flechas”. Dizendo: “As flores e animais não têm como se proteger do homem, que os destrói e ataca de forma covarde e cega pela ambição.”

4.) Crenças Pagãs
O filme se recheia de paganismo. Tem a divindade mãe natureza que dispensa comentários. Tem a Gaya. Tem a da Nova Era (além de belíssimas musicas estilo new age) que a “energia interior da vida” é o que nos liga a todos, as plantas, arvores animais, ou seja, por fim, fazemos parte da divindade desse planeta. Além disso, a ‘imortalidade da alma’ (você não morre, mas se transforma, sua ‘energia’ passa a fazer parte da Gaya, da natureza, da vida); há toda uma questão de ficção tecnológica na conexão entre as mentes do homem e do seu avatar, porém, isso não lembra idéias espíritas de experiências transcendentes, de sair do próprio corpo, além de, encarnação? Em certo momento, há até um ritual, uma cerimônia, um culto com canções, com orações que lembram peregrinações, experiências de transe, rituais tribais, para que a ‘deusa’ faça alguns milagres. Além de, mostrar o homem como um frio incrédulo.

5.) O Messias
O personagem principal, mais uma vez, é posto como um certo tipo de Messias. Um “alienígena” que tem um conhecimento tecnológico-cientifico muito superior, que encarna num corpo (avatar), que “domina o dragão” para assim poder governar, reinar o mundo, para salvá-los, libertá-los (apesar do filme colocar a guerra como sendo o meio) e unir todos os povos (tribos), de modo a promover a paz e fim da Era Triste. E que só faltou morrer (chegou a desmaiar, mas ressurgiu), pois tomou uma atitude de sacrifício.

6.) O Edênico
O filme tenta mostrar uma concepção de uma criação edênica (o jardim do Éden). Uma natureza simplesmente fantástica, maravilhosa, que sacia o homem; de modo que nunca a vida é um fardo, mas uma constante maravilha. Sempre com algo a mais para explorar. E cada detalhe disso de forma extraordinária feita pela computação gráfica - o que deve render o titulo de filme com melhores efeitos visuais. Contudo, sempre numa perspectiva dos atuais paradigmas de “vida natural”, “ciclo da vida”, no qual é essencial o homem dominar animais, matar para se alimentar, ter raiva, ódio, entre outros, e ainda assim, ser um lugar e uma vida perfeitos.

Além disso não tem muito o que comentar do filme. Que mesmo nesse mundo diferente, enche a tela com emoção, com guerra, muitos tiros, explosões, batalhas de choque de infantarias e mesmo batalhas aéreas de tirar o fôlego, para saciar a sede por adrenalina do publico. Além de um romance (colocado apenas para poder dizer que teve) com direito a um ato sexual entre “azuis” - que não difere muito entre os humanos. Armas grandes e poderosas, inclusive robôs (que nos lembram de ‘Matrix Revolution’) e de animais estranhos e enormes, além dos azuis que nos lembram um pouco os elfos do Senhor dos Anéis. A linguagem, enredo e a história são bem simples, até mesmo para uma criança, apenas começa um pouco estranho, sem muito sentido.

Contudo, o mais interessante do filme é a provocação, a idéia e reflexões que deve promover. De modo que muitos ficaram deprimidos, após assistir. O fim de modo algum vai direcionar para a esperança bíblica, mas como seria interessante, se em meio a isso, as pessoas conhecessem a História da Redenção (narrada na Bíblia), o Éden, o perfeito, a queda, o mundo de pecado, e destruição da humanidade, “os salvos”, o verdadeiro Messias, e a promessa da vida eterna, de um novo lar, e da restauração do plano original nesse planeta.

08 janeiro 2010

Chuvas em São Paulo - 2009 e 2010

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2009 foi ano que muito choveu, até mesmo em Julho, quem diria. Ao mesmo tempo, foi marcado por inundações. Porém, antes de haver alarmismo de que isso são coisas “apocalípticas”, de fim de mundo, aquecimento global. Dêem uma olhada bem séria nesses 3 gráficos:


- Ocorrências de alagamento em São Paulo (pontos por ano)
- Total de dias com registro de alagamento em São Paulo
- Chuva em São Paulo, mês a mês desde 2004

2009 foi chuvoso tão quão em 2006 em São Paulo, e que não ficou muito longe acima da média dos demais anos.

2009: 2.019mm = 168,25 a.m.
2008: 1.660mm = 138,35 a.m.
2007: 1.624mm = 135,33 a.m.
2006: 2.010mm = 167,5 a.m.
2005: 1.730mm = 144,16 a.m.
2007: 1.645mm = 137,08 a.m.

Média: 1.781,33mm = 148,44 a.m.

Logo, isso nos faz pensar sobre o problema com enchentes que houve. E não tem como fugir das principais razões:
- impermeabilidade do solo;
- evasão irregular: nível dos reios, e reservatórios que em geral se permaneceram alto, além de, boeiros entupidos e sistema de esgoto mal planejado;
- construções e ruas irregulares, em locais irregulares, como em margem de rios em suas planícies.

Dia 21/01/2010
Quinta-feira, e hoje tivemos uma trágica manhã na Grande São Paulo, inclusive Capital. Desde as 22 horas da noite anterior, uma forte chuva que continuou de madrugada. E por fim, tudo de importante ficou alagado. O que aconteceu? São Paulo parou.

No caminho para o trabalho, pego um forte congestionamento numa avenida entre duas montanhas, pois houve um dismoronamento, inclusive com arvores, de modo que apenas uma pista ficou livre. As principais vias (melhor, as artérias de São Paulo) tiveram pontos alagados. E diante de algumas imagens que vi nessa manhã [veja o video abaixo], algo me intrigou. No morumbi, um grande contraste, a nova ponte do morumbi, aquela imensa obra faraônica, bela, cara; e a poucos metros, a Marginal Pinheiros alagada.



A grande realidade é essa. Dinheiro gasto em obras faraônicas, enquanto que a infra-estrutura (se é que ela existe) não é lidada com o devido valor. Quando a as chuvas não eram frequentes como estão, quando não se chovia tanto, logo, não alagava, não incomodava e, absolutamente, ninguém, falava de um problema claro em São Paulo. A região não tem infra-estrutura alguma! Sobretudo para lidar com desastres. Sorte que é uma chuva, a água uma hora passa. Porém, e se fosse um terremoto?

O interessante é que é comum ver sempre alagamentos "nos mesmos pontos", diga-se de passagem na "Mg. Tiete" (sempre nos mesmos lugares). E mesmo nesss locais pontais, anos passaram, e não "reformaram" o lugar devidamente. Se há pontos de alagamento, deveriam haver uma infra-estrutura de alternativas para com esses pontos. Porém, o triste é que muitas das "vias" [alagadas] elas em si já são alternativas, construidas, às pressas, como aspirina para aliviar um pouco o congestionamento.

E outro grande problema é que não há um sistema eficiêncie de escoamento. Quais são as alternativas em São Paulo? Algumas represas, galerias, e os dois principais rios: Tiete e Pinheiros. E quando tais não darem conta do volume, acontece o que aconteceu. É quase uma piada uma das mais ricas cidades do mundo, o coração economico do Brasil e que ainda sente calafrios quando vê nuvens no céu.

No Japão construiram galerias subterraneas simplesmente colossais! Aqui há várias opções, diga-se de passagem, estamos bem a cima do nivel do mar, num mar de morros, há não muitos quilometros da "Serra do Mar", e do próprio mar. Mas, infelizmente, o que observamos politicos mais interessados em obras "visualmente" faraonicas (e que não resolve nada, apenas alivia sintomas) do que obras colossais "não-visuais", mas que resolvem. Pois que politico será lembrado por ter solucionado as enchentes quando elas não mais incomodarem? Porém, bem diferente é daquele no qual os cidadãos atravessam um ponte ou via com o nome dele.