01 novembro 2017

500 Anos da Reforma Protestante - O que você precisa saber...

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31 de Outubro de 2017, celebração dos 500 anos da Reforma Protestante. Entretanto, o que foi esta reforma? Protesto contra o quê ou quem? Algumas breves considerações para uma história longa – longa até mesmo para um livro – organizada de modo mais cronológico até os dias de hoje.

Sim. Foi no passado.

O presente é fruto do passado. Tecnologias e conhecimentos hoje disponíveis, assim como nossas crenças, o que vemos escrito nos livros, das bobagens da internet até o típico humor brasileiro. Tudo decorre de um aglomerado de heranças do ‘Passado’. Alguns eventos foram extremamente abaladores quanto ao rumo da História deste mundo (ex. os impérios da Babilônia, Medo-Persa, Grécia, Roma, a Idade Média, o Movimento Protestante, a Revolução Francesa, o Cálculo Diferencial e Integral, a Revolução Industrial, as 2 Grandes Guerras, a Guerra Fria, os Computadores,...). Conheçamos nosso passado, para saber quem hoje somos, entender um pouco melhor este mundo, e, talvez o mais importante, conseguir, assim, ter uma ‘trajetória’ que nos aponta para onde estamos indo.

Houve uma reforma

Quando reformamos uma casa, ou um carro, ambos já existiam; e, no mínimo, precisavam de uma reforma. E quando falamos reformar uma casa/carro, não é ‘dar uma lavada com água e sabão’, ou retocar a pintura ou trocar uma lâmpada. Antes é derrubar paredes, abrir ‘lá no fundo’, fazer muita bagunça e sujeira, mexer em pontos talvez estruturais que seja necessário contratar especialistas. É um trabalho árduo!
Assim foi a Reforma Protestante. Existia algo – um sistema religioso que dominava o mundo Europeu, dentre outros. As maiores potências do mundo, na época, se curvavam a este poder. Uma instituição, reconhecida como a Igreja Católica Apostólica Romana (ICAR). Você pode pesquisar muito sobre ela, o que ela fez no passado e como chegou até os dias de hoje sendo uma das principais potências. A ICAR é poderosa na política, na econômica, no social e liderança religiosa; com um poder altamente influente sobre os presidentes de praticamente todo globo terrestre. A Reforma abalou este poder! Foi um Protesto contra muitas coisas que havia neste poder/sistema.

A Origem da Igreja Católica em Poucas Linhas


Após a ascensão de Jesus ao Céu, foi deixado a missão de ‘evangelizar’ todo o mundo, cada tribo língua e nação, com a mensagem de Jesus Cristo, o que Ele fez, o que Ele fará, Seus ensinamentos, Seu exemplo etc. Você pode conferir isto nos seguintes textos: “Portanto, ide e fazei com que todos os povos da terra se tornem discípulos, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; 20ensinando-os a obedecer a tudo quanto vos tenho ordenado. E assim, Eu estarei permanentemente convosco, até o fim dos tempos.” (Mateus 28:19-20) “E lhes ordenou: “Enquanto estiverdes indo pelo mundo inteiro proclamai o Evangelho a toda criatura.” (Marcos 16:15)
E isto ocorreu. Nas primeiras décadas após a morte e ressurreição de Jesus, muitos homens (sobretudo os chamados de ‘apóstolos’) saíram pregando poderosamente esta mensagem. Esta pregação fora muito convincente, o testemunho tão verdadeiro e vivo destes homens, mesmo em meio a um ceticismo e oposição tão forte. (Muitos deles foram presos, espancados e, até mesmo, assassinados brutalmente, como serrado ao meio, crucificado de cabeça para baixo etc.) E não era possível que estes homens inventariam uma história tão fantástica, preferindo passar pela morte dolorosa e cruel, uma vida sofrida, por uma mera mentira. Entre estes homens, Paulo de Tarso é mais conhecido, devido a muitas de suas cartas comporem a maior parte do cânon do Novo Testamento da Bíblia – as quais narram muitas destas experiências, de como pregou por vários lugares e cidades no Oriente Médio, na Grécia, atual Turquia, Roma. Paulo foi um grande pregador, um dos principais motivos é que ele, inicialmente, era um dos mais zelosos em perseguir os ‘cristãos’; era um douto, um erudito no judaísmo e nas leis; não acreditava de forma alguma no testemunho daqueles homens; participou da condenação à morte por apedrejamento de Estevão, e se ofereceu para ir para Damasco, a fim de encontrar e eliminar os cristãos que ali se encontravam. Todos os cristãos tinham medo de Paulo. E, de repente... um evento inusitado, e ele muda de lado, tornando-se um dos principais defensores.
Consequência. De tanto estes homens falarem de Jesus Cristo, passaram a receber o apelido de ‘cristãos’ [era um deboche]. Daí surgiu o adjetivo. Mas, a princípio, o Cristianismo emanou do judaísmo. Com o passar dos anos, os cristãos cresceram exponencialmente em tamanho, ao ponto de incomodar os imperadores romanos. O imperador Nero fez uma verdadeira carnificina contra os cristãos e ações políticas em prol de tentar impedir que aumentassem em número, além de tentar destruir esta fé, colocar os romanos e escravos contra eles e tornar o dia-dia dos cristãos um verdadeiro terror. Nero não teve sucesso. O sangue derramado apenas contribuiu para que ainda mais pessoas tomassem o lugar daqueles que foram devorados por leões e queimados vivos.
Aumentou o número de cristãos por todo Império Romano. Muitos líderes romanos se converteram ao cristianismo. Todavia, muitos deles não de forma sincera, mas por interesses políticos. Surgiram grupos ‘autodeclarados cristãos’ com fortes interesses políticos. Com o tempo, influenciaram imperadores. O imperador Constantino (272 – 337 d.C.) praticamente uniu a religião e o Estado, dando muito poder a estes lideres (políticos) religiosos, denominados cristãos. Ao mesmo tempo, que uniu ‘muitos interesses’ de Roma, inclusive ideias e práticas oriundas de crenças pagãs – antagônicas ao cristianismo. De forma simplificada, foi que por ali que emergiu/começou esta instituição poderosa, a Igreja Católica, ou a Igreja Romana. A capital do mundo passaria de Roma para o Vaticano. E o mundo jamais seria o mesmo.

Os Dogmas e Absurdos


A Igreja Romana consolidou-se, fortalecendo tanto na Política quanto em poder econômico. Aos poucos, introduziu práticas não orientadas pelas Escrituras (Bíblia) - tanto do Antigo Testamento, quanto do Novo. Impôs muitas coisas. A Igreja Católica proibiu que as pessoas comuns tivessem bíblias em casa ou que lessem e interpretassem por conta própria. A ‘desculpa’ dada foi que apenas o clero e ‘estudiosos’ (monges) católicos podiam ler as Escrituras e interpretá-la corretamente para evitar ‘desentendimentos’. Além do que, a Bíblia ‘acessível’ era em Latim. Um cidadão alemão conseguiria ler ou entender? A ICAR sacralizou o idioma Latim, de modo que as ‘missas’ e ‘músicas’ eram sempre em latim (independentemente do idioma local e se as pessoas entendiam ou não). Criou-se o Sistema Papal. Um homem passou a ter poder soberano sobre tudo. O Papa seria considerado o embaixador de Deus na terra. E a Igreja Católica outorgou-lhe o poder de até mesmo modificar as Escrituras; de perdoar, ou condenar a morte; ou de ter a ‘interpretação última’. O que o Papa falou, está falado. Quem poderia contrariar um Papa?
O conjunto destes dogmas (isto é, doutrinas não bíblicas, inventadas pelos homens) era enorme (e ainda é). A maioria se deu pela fusão com costumes e práticas oriundas de povos pagãos, além de interesses políticos e econômicos. Destacam-se a mudança da guarda do dia de Sábado (conforme a Bíblia) para o dia de domingo [Maior detalhe sobre isto você encontra na obra de Samuel Bacchiocchi, “Do Sábado para o Domingo” https://adventismoemfoco.files.wordpress.com/2008/11/tese-do-phd-dr-bacchiocchi-do-sabado-para-o-domingo.pdf]. Outro dogma é a necessidade de um intermediador entre Cristo e o homem pecador; o clero da Igreja Católica passaram a ter ‘o poder’ de absolver/perdoar pecados. Surgiu a adoração de ídolos, mortos, imagens, esculturas, pessoas do passado (adjetivadas de ‘santas’). O surgimento de relíquias sagradas, e ideias místicas que possuíam poderes especiais aos que adquirissem tais objetos. Outro forte dogma foi a ideia de que a alma é imortal; o homem, ao morrer, sua alma vai para um lugar chamado de Purgatório; além da questão do sofrimento no inferno [já antes defendidas por algumas linhas de judeus, sobretudo influenciados pelo paganismo grego] que foi incorporado e colocado como uma verdade central para a ICAR. Todavia, o dogma que trouxe maior polêmica foi o da venda de indulgências: as pessoas podiam comprar o perdão dos seus entes queridos que morreram, para suas almas não sofressem por tanto tempo; além de ideias de penitencia, de autoflagelação, em que, através das ‘obras humanas’, este pode alcançar o favor, o perdão de Deus e a Salvação. Há outros.

Os Reformadores

Vez ou outra, sugiram algumas pessoas que percebiam alguns destes absurdos, ou a incoerência. Porém, mais raramente tinham a oportunidade de confrontar estas ideias (dogmas) com o que a Bíblia, Jesus e os ‘pais’ do cristianismo realmente diziam. A maioria deles tiveram medo de ‘abrir a boca’. Arriscar a vida, a família ou a carreira não era, como nunca foi, uma decisão fácil, em prol de ‘investigar uma verdade que vai contra os paradigmas’. Alguns poucos que falaram, mesmo que em ‘pequenos detalhes’ (por exemplo, Galileu, com observações cientificas que contrariava alguns modelos científicos canonizados pela ICAR), foram silenciados, ou coisa pior. Até que surgiram homens que fizeram um verdadeiro terremoto na Igreja Católica. Com destaque para Wycliffe – talvez, o marco inicial. Posteriormente, a ‘luz’ acesa por Wycleff, mesmo após sua morte, espalhou-se pela Europa. Outros homens também levantaram a voz. Pesquise sobre John Huss e Jeronimo, talvez os mártires mais corajosos que este mundo conheceu. E, o de nome mais badalado da História, Lutero.

Martinho Lutero


Lutero, por volta de 1500 e tantos, era um erudito. Monge e professor de teologia na Igreja Católica. Com estudos bibliográficos e observações [olha aí o ‘método cientifico’ que posteriormente eclodiu no iluminismo], constatou que a Igreja Católica estava cometendo erros gravíssimos. O que mais atormentou Lutero, de início, foi a “Venda de Indulgências” – a ideia de que a Igreja vendia perdão para as pessoas comprarem a salvação delas e dos outros. Lutero trouxe um pensamento arrebatador: a ideia do que hoje chamamos de Justificação pela Fé. Não era uma nova ideia. A ideia de que Deus é quem busca e justifica o homem, que este alcança as bênçãos de Deus através da fé, está presente em toda a Bíblia (de Genesis ao Apocalipse). A justiça de Cristo e os laços da fé (além da condição impotente do homem) foi fortemente pregada, em detalhes, por Paulo de Tarso (Leia as cartas de Romanos, Gálatas e Hebreus.). Lutero reacendeu esta ‘verdade bíblica’ que havia sido apagada pelas diversas mudanças, dogmas e ‘novidades’ e impostas pela Igreja Católica e não desmascaradas pela ignorância generalizada do que de fato está escrito na Bíblia.
Lutero enviou um artigo mais longo e detalhado para um dos líderes da Igreja Católica, na Universidade de Wittenberg. Lutero pensou que, a ICAR, ao verificar que estava errada, mudaria, adotando o que era correto. Além disso, também pregou nas portas da Igreja do Castelo de Wittenberg [que servia como um mural de anúncios] “As 95 Teses” ou “As 95 Sobre Justificação Pela Fé”. Na verdade, o título deveria ser “Disputação do Doutor Martinho Lutero sobre o Poder e Eficácia das Indulgências”. Isto ocorreu em 31 de outubro de 1517. O motivo pelo qual, agora, dia 31 de outubro de 2017, comemora-se 500 anos deste marco para a História.

O que aconteceu, a seguir

Lutero foi julgado pela Igreja Católica. As coisas chegaram a tal ponto que, basicamente, ele seria condenado a morte pela ICAR se não desaparecesse antes. Pois, quem era Lutero para opor-se ao Papa e dizer tais coisas contra a Igreja Católica? Na Dieta de Worms, quando Eck solicitou que Lutero se retratasse, dizendo que basicamente suas ideias estavam erradas, Lutero respondeu: “Que se me convençam mediante testemunho das Escrituras e claros argumentos da razão - porque não acredito nem no Papa nem nos concílios já que está provado amiúde que estão errados, contradizendo-se a si mesmos - pelos textos da Sagrada Escritura que citei, estou submetido a minha consciência e unido à palavra de Deus. Por isto, não posso nem quero retratar-me de nada, porque fazer algo contra a consciência não é seguro nem saudável.” Lutero foi declarado herege, fugitivo e, aí dos que lessem suas obras que foram rapidamente divulgadas com o início da tecnologia da imprensa.
Lutero foi ‘sequestrado’ (ou salvo), ficando refugiado no Castelo de Wartburg, escondido, longe dos olhares do Clero. Ali traduziu a Bíblia para o Alemão, para que as pessoas pudessem ler no próprio idioma. É interessante notar que a indústria da imprensa cresceu, como o principal de seus primeiros trabalhos, a produção de bíblias. Um ponto importante é que as pessoas passam a ter acesso a Bíblia e lê-la no próprio idioma. Imagine o impacto disto! Com o passar dos anos, as pessoas viram que muitas coisas que a Igreja Católica introduzira não estava de acordo com a Bíblia. E assim, conforme o tempo ia passando e as pessoas estudando, novas reformas foram surgindo.
Este movimento irrompeu por diversos países pela Europa. Trouxe grande instabilidade, até revoltas, pois alguns temeram a ameaça a Estrutura Social existente. A Igreja Católica reagiu com dureza. Houve muitas mortes. Bíblias foram queimadas. Os ‘hereges’ e, sobretudo, seus líderes, passaram a ser perseguidos. Esta reação violenta da Igreja Católica ficou conhecido como a Contrarreforma, iniciada no Concílio de Trento (1545).

A Luz Irrompe pela Europa

Lutero não tinha o objetivo de querer ‘destruir’ a Igreja Católica. Ele acreditava e queria que ela fosse ‘reformada’, compreendesse seus próprios erros e mudasse, de modo a praticar o correto. Diferente fora outros reformadores, como Calvino, quem considerava que a ICAR já estava tão corrupta e indisposta com querer realmente rever seus dogmas e mudar; para Calvino, a solução era apenas pelo lado de fora. O importante é ter a consciência que eles não tiveram TODA A LUZ, perceberam todas as contradições, erros, e quais eram as verdades. Nem tiveram tempo para isso. Mas eles deram um start. Criaram uma fogueira que aumentaria com as próximas gerações que, com o tempo, passaram a conhecer mais a Bíblia. A poder investigar a mais. A ter mais autonomia e coragem de se oporem a Reis, Papas, Principados e Potestades em prol do que acreditavam ser a verdade.
O Movimento da Reforma fez um verdadeiro terremoto na Europa e no mundo. Aliás, a colonização dos Estados Unidos, em grande parte, foi, em grande parte, de cristãos protestantes que fugiam da forte perseguição religiosa na Europa, buscando esperanças de uma nova vida, e livre, no Novo Mundo. E pense, o que seria de hoje sem os Estados Unidos? Basta pensar no computador, no Windows, na 2ª Guerra Mundial.
Poderes paralelos contra o Vaticano começam a crescer. Pensadores mais livres para pensar e propagar suas ideias. Como consequência, muitos campos da ciência passam a crescer à passos largos. Surgem novos filósofos e linhas de pensamento. Devido ao péssimo testemunho histórico da Igreja Católica, surgem muitas pessoas com um verdadeiro desdém à Igreja Católica e ao Cristianismo; o que estimulou a volta de crenças como ateísmo, deísmo e o aumento do antropocentrismo.
Eclode muitas denominações cristãs protestantes. Quais, conforme iam descobrindo os dogmas católicos e encontrando novas verdades na Bíblia, iam se unindo e pregando estas novas verdades. Assim como aparecem novas denominações com novos tradicionalismos e dogmas.
 Os efeitos mais diretos da Reforma Proteste são aqueles que se observa no mundo entre 1600 e 1800 [logo, chegando até os atuais dias]. Repare na filosofia, no conhecimento histórico, biológico, nas ciências, na tecnologia. Apesar de, na Idade Média também crescerem, a taxa de crescimento aumentou – talvez, por ter saído de um sistema monopolista que tende a aumentar a ineficiência e improdutividade, para um mais livre e com maior distribuição desses poderes. O pensamento protestante influência profundamente o método cientifico e a razão ocidental; sem contar, o impacto direto que teve na Constituição dos Estados Unidos e de nas Leis de diversos países. No mundo político e econômico, a Igreja Católico foi perdendo cada vez mais espaço e poder, até que, em 6 de julho de 1809, o Papa Pio VI foi preso por Napoleão Bonaparte. Este, por certo, foi um dos mais tremendos marcos de toda a História; a maior ferida já sofrida pela ICAR. A Igreja Católica foi profundamente ‘ferida’! Imagine um império que dominou o principal eixo do mundo, por mais de 1200 anos, com seu principal líder e símbolo ‘preso’; e pior, preso por aqueles quem antes era apenas um subordinado.

A Reforma da Música

Um ponto despercebido por muitos foi a reforma da música promovida por Lutero. A ICAR financiou grandes músicos quais desenvolveram basicamente os pilares da música que hoje conhecemos (exemplo, a escrita da partitura, a escala harmônica temperada, os corais, orquestras, a polifonia, os modos maior e menor, as principais fórmulas de compasso etc.). No campo religioso, as músicas tendiam a letras em latim, extremamente litúrgicas, criou-se algumas estruturas quase que consagradas, dentre outros quais podiam impressionar os ouvidos, mas pouco efeito se tinha sobre a razão e a consciência. Lutero também foi um grande músico, compôs a música conhecida como Castelo Forte, a música que mais marcou a Reforma Protestante. Lutero criou o que hoje alguns chamam de princípios luteranos da música, princípios usados para compor a maioria dos hinos congregacionais das religiões protestantes; letras teocêntricas, todavia mostrando um elo em que Deus ajuda o homem; letras que incorporam as doutrinas e crenças do protestantismo com o intuito de fazer o ouvinte cantar, memorizar e refletir; letras que suscitassem os deveres cristãos e dar forças para enfrentar as terríveis perseguições então sofridas.
No aspecto técnico, deveria usar-se pouco do cromatismo (isto é, músicas pouco acidentadas). Melodias bem ‘melódicas’, próximo ao jeito natural de falar, sem demasiar esforço. Altura das notas em regiões confortáveis a voz humana; poucos intervalos ou saltos entre notas que exigissem muito controle técnico do cantor, logo, a maioria dos intervalos ocorriam entre uma 2ª e uma 5ª, raramente maior do que isto. O modo polifônico de 4 vozes foi incorporado de modo a ter uma estrutura harmônica simples, todavia, bem articulada, preenchendo as regiões do baixo, tenor, contralto e soprano. Músicas pouco estridentes. Notas e letras bem pronunciadas; métricas simples e bem claras. Andamento que soasse natural ao homem. Vários pontos. O objetivo principal era que, devido ao forte analfabetismo e pouco acesso a Bíblia, a música fosse utilizada como um instrumento para as pessoas simples conhecessem os principais ensinamentos e histórias da Bíblia, decorá-las e conseguir refletir de forma consciente tais. Além disso, Lutero teve o cuidado de promover uma clara distinção destes hinos para com as frívolas músicas populares de sua época quais poderiam ter um efeito de embotar a mente e o propósito que ele queria alcançar. Algumas músicas apontam que a melodia de um dos hinos tem ‘semelhanças’ com uma popular canção das tabernas alemãs, todavia, é evidente diversos mudanças feitas por Lutero para agregar seus princípios, de modo que muitos musicólogos questionam se de fato não foi uma composição original de Lutero ao invés de um arranjo.
Se hoje existe um ‘hinário’ nas igrejas, muito se deve, a reforma musical de Lutero. Vale a pena pesquisar sobre os 37 hinos de Lutero [veja especialmente suas letras e estrutura musical].




A Reforma Protestante após 1800 e o Séc. XXI

O coração da reforma passou da Europa para os Estados Unidos. Foi no Novo Mundo (ver 9ª Sinfonia de Antonín Dvořák) que protestantes continuaram o trabalho de escavar verdades bíblicas perdidas pelas tradições e dogmas do Sistema Católico. Nos EUA, surgiram diversas denominações protestantes poderosas. A priori, os Estados Unidos da América era uma nação protestante, desenvolveu-se assim. E estes grupos cristãos-protestantes se espalharam pelas Américas e outros lugares do mundo.
Infelizmente, muitos protestantes pararam no tempo. Diversas religiões protestantes criaram ou cativaram tradições e dogmas quais se recusavam a mudar e ‘criticar’; o espírito de investigar as Escrituras se perdera terrivelmente. A fogueira do espírito protestante jaz quase que apagada. Provável que a maioria das denominações protestantes nem mais, de fato, o sejam. Muitas aderiram a práticas tão repulsivas quanto fora a “Venda de Indulgências” contestada por Lutero. A “Teologia da Prosperidade” é tão terrível quão! Sendo a principal adotada por muitos grupos evangélicos (além de sérios abusos os ‘dízimos e ofertas’) que se popularizaram nos meios midiáticos. Em muitos lugares, estes falsos cristãos são nada mais do que um bando de pessoas roubando dinheiro, abusando da ‘boa fé’, ‘boa vontade’ e ignorância bíblica das pessoas, sobretudo quando estas estão sendo ‘judiadas’ por um sistema e condições de vidas tão sofridos; assim como a Igreja Católica abusara no passado. Músicas/hinos totalmente fora dos princípios luteranos abarrotaram/tomaram a maioria das igrejas evangélicas (não só). Músicas com caráter de shows emotivos, oriundas principalmente do jazz, rock e música popular americana, inundaram a mente das pessoas com letras vazias, vagas e vãs, além de ter sido um meio de gerar novas fortunas para estes exploradores.
O Protestantismo entrou em crise. Os EUA deixaram de ser uma nação protestante assim como diversas denominações protestantes que passaram, até mesmo, a ‘reunir-se’ e dar as mãos com o Vaticano, o Papa, e a aceitar a liderança do Pontífice, solicitando conselhos e ajudas da Igreja Católica [políticas e econômicas, sobretudo]. Paralelo a isto, a Igreja Católica recuperou-se de sua ferida sistematicamente. A ICAR, pela 2ª vez, está eclodindo como uma potência mundial; apostando principalmente no apoio da ONU, dos Estados Unidos, no seu projeto Ecumênico em que pretende unir todas as religiões do mundo, com o Vaticano sendo o porta voz religioso do mundo. Ao olhar o panorama do último século, vê-se claramente a recuperação e busca da ICAR de novamente liderar (dominar) o mundo. Liderar nos aspectos Políticos, Econômicos, Sociais e Religioso. Por sua vez, hoje, a Igreja Católica declara abertamente ataques aos seus principais ‘inimigos’, os cristãos protestantes que insistem em ser ‘fundamentalistas’. Isto é, os que seguem os preceitos bíblicos, buscando fundamentar a fé e crença, não nas tradições religiosas/sociais, e sim fundamentadas nas Escrituras, na Bíblia, nos ensinos de Jesus Cristo. É bem possível que, num futuro não muito longo, àqueles que não aceitarem os princípios ditados pelo Vaticano venham a ser perseguidos. Assim como, aqueles que empunharem uma Bíblia.

500 anos se passaram. Todavia, o mundo carece de pessoas tão ousadas como Lutero. Comemorar os 500 anos de reforma protestante é um cinismo se não buscamos isto. Podemos ver claramente os apresentadores de TV ‘engolirem seco’ quando falam disto. Precisamos reacender as tochas da reforma, conhecer as Escrituras, espalhar esta semente. Abalar os poderes institucionais, os poderes musicais, os poderes de falsas teologias e tradições que escravizaram a cultura cristã do século XXI. A reforma precisa continuar.

Filme sobre Lutero