Dando continuidade a análise bem franca que faço sem me levar por ninguém (na verdade, até agora, apenas conversei este assunto com minha noiva), por pesquisas, estudos e reflexões pessoais. Conversaremos sobre a questão da Natureza Pecaminosa Humana.
Vou-me basear nas ideias do Dennis E. Priebe (do Pacific Union Conferecen, Amazing Facts com mestrado em teologia na Andrews University) expressas no seu livro Face to Face With The Real Gospel ("Face a Face Com o Verdadeiro Evangelho") que ganhei do meu simpático amigo Mauro Carnassale - quando pude conhecer sua casa que é um verdadeiro refugio de muita paz e reflexão. Por que este livro? Bem, creio que ele resume bem o ponto de vista e as bases teológicas desta questão mais 'perfeccionista' sobre o caráter, digamos assim.
Antes deixo por expresso que não estou apresentando "o que eu acredito", ou "como eu explico isto", apenas estou avaliando e questionando esta ideia apresentada pelo Perfeccionismo e pelo Priebe. Ao mesmo tempo, não estou acusando-o de mentiroso, tampouco querendo inferiorizar de algum modo ele com relação a mim. Apenas estou raciocinando o que ele falou e sua ideia. Para mim, seria um momento muito gostoso e amistoso poder sentar com ele um dia para conversar sobre isso; quem dera, pudesse eu contribuir para seu entendimento.
Antes deixo por expresso que não estou apresentando "o que eu acredito", ou "como eu explico isto", apenas estou avaliando e questionando esta ideia apresentada pelo Perfeccionismo e pelo Priebe. Ao mesmo tempo, não estou acusando-o de mentiroso, tampouco querendo inferiorizar de algum modo ele com relação a mim. Apenas estou raciocinando o que ele falou e sua ideia. Para mim, seria um momento muito gostoso e amistoso poder sentar com ele um dia para conversar sobre isso; quem dera, pudesse eu contribuir para seu entendimento.
Pontos Centrais
Existem alguns pontos centrais neste livro, alguns irei tratar posteriormente em outros post. Um dos pontos centrais e principais. (Digo que é muito mais do que 'apenas importante', é essencial.) Esta linha de raciocínio tem por fundamento a ideia de fazer uma distinção entre três coisas:
- Natureza pecaminosa
- Caráter pecaminoso
- Perfeição absoluta
Na página 86 há um diagrama que diz basicamente que:
- todo ser humano nasce com uma natureza pecaminosa e esta é imutável, não está no nosso controle, não há decisões humanas nesta área e que ela só vai ser mudada na Segunda Vinda de Jesus, quando, num abrir e piscar de olhos [Uma referência, não escrita no livro, à 1 Coríntios 15:51-53] será removido esta natureza pecaminosa e passaremos a ter uma natureza perfeita, isto é, uma natureza impecável;
- separadamente, existe as nossas "escolhas". Toda vez que escolhemos pelo pecado, somos culpados, e nosso caráter não é perfeito. Nas entrelinhas, diz que o verbo 'escolher' e seus primos são o nosso caráter. E que na primeira vinda de Jesus, em sua morte na Cruz, Jesus venceu esta condição [a do caráter/escolha]. Ou seja, como isto lida diretamente com o nosso 'poder de escolha/decisão', então simplesmente podemos não escolher pecar. Mais do que isso. Um verdadeiro cristão, que submeteu a sua vontade a Jesus, vai submeter sua vontade/escolha à Jesus. Logo, passa a ter um caráter perfeito, isto é, impecável. Jamais pecará.
- Deus possui um outro tipo de perfeição. O que, no livro, Priebe chama de Perfeição Absoluta. A ideia é dizer que os anjos (por exemplo) não possuem esta perfeição absoluta, pois, Lúcifer pecou. Ou seja, seria como dizer que Deus é o único que em hipótese alguma é puramente impecável.
Esta é uma síntese. Todo o restante praticamente decorre destes 'axiomas' ou 'premissas' (como preferir).
Se o Priebe está fazendo grandes definições e especulações nestas afirmações e definições explícitas e nas entrelinhas, com certeza. Mas, por sua vez, ele aplica vários recortes dos textos de Ellen G. White e alguns textos da Bíblia que parecem se encaixar com estas ideias. Não será meu objetivo 'rebater' estes textos, mas sim, propor outras perguntas, análises, implicações, consequências para com estas afirmações que talvez, Priebe entre outros não consideraram ou desconheciam. O leitor, com isso, poderá ter um contra-ponto para fazer seus próprios questionamentos e chegar nas próprias conclusões.
1. A Natureza Humana e 1 Coríntios 15:51-53
Paulo, na carta aos Coríntios, é explicito em dizer que no evento final da Volta de Jesus e pouco antes da transladação dos santos teremos nossos corpos transformados. Todavia, chamo a atenção do leitor para que leia com pura atenção, 'sem vícios' este trecho da Bíblia e responda: Onde que diz que a 'natureza pecaminosa' é quem será transformada, removida? Por uma natureza perfeita? O leitor irá reparar que a única coisa que o texto deixa explicito é que o nosso corpo passará por uma transformação no sentido de se vestir de saúde plena, sem mais uma trajetória de morte, passará a ser um corpo "revestido de imortalidade". Nada diz sobre a natureza pecaminosa.
O que seria a natureza pecaminosa que Priebe diz que perderemos na Segunda Volta de Jesus?
"A segunda definição de perfeição é a perfeição de natureza. Nossa natureza pecaminosa será removida apenas na segunda vinda de Cristo, pois após esse grande evento não haverá mais incitamentos pecaminosos provindos do íntimo. Dessa maneira, a perfeição de natureza, que envolve a remoção da tentação interior, somente terá lugar no momento da volta de Jesus. Não podemos desfrutar da perfeição de natureza antes disso." (livro citado, p.84)
Aqui tem um dos primeiros pontos polêmicos. O autor, Dennis E. Priebe, em nenhum momento diz 'de onde vem esta ideia', 'baseada no que', quais são os textos da Bíblia ou quais os textos do Espírito de Profecia (como Ellen G. White) dizem/afirmam isto. Esta ideia central do autor salta das páginas do livro sem dar um único texto da Bíblia. É uma definição puramente arbitrária (pelo que me parece), ou que talvez esteja em algum outro texto/livro/artigo do autor que não tive conhecimento. O mais próximo de uma 'argumentação' ou 'tentativa de embasamento' está no começo do livro, no capítulo "O que é pecado?". Porém, neste capítulo, é nebuluso, tão quão; não deixa nada claro, tampouco demonstrado por A+B. O máximo que há são alguns recortes (2-4 linhas) de citações de um tal de Emil Brunner, de João Calvino, Geoffrey Paxton e Desmond Ford. [nada de Bíblia]
Na melhor das hipóteses, a única coisa que consegue afirmar melhor é que existe uma maldição do pecado que resulta na morte física. Ou seja, o autor, ao fazer uma relação de "natureza pecaminosa" (na definição dele) com esta maldição física da morte, conclui que , como em 1 Corintios diz que o corpo será revestido de imortalidade, logo, TODO EXTRA que ele definiu/atribuiu também será 'solucionado' [digamos assim] nesta mesma transformação do corpo.
Evidentemente, o grande problema aqui do autor é o seu abuso de linguagem e de definições arbitrárias sem embasamento. Assim como, não havendo bases bem definidas para tais definições, faz relações extrapoladas sem critérios (quase que vale tudo - note, que o autor poderia fazer diversas outras extrapolações do mesmo modo). Aparentemente, uma especulação que pode ser verdadeira como falsa. E depois decorre toda uma teologia fundamentando-se nisto. Mas vejamos outros pontos que colocam um pouco em xeque esta ideia - ou que, pelo menos, "Veja, não é bem assim.".
2) Um fato que contradiz a definição e 'profecia' do autor
Como destacado acima, ao definir esta Natureza Pecaminosa, o autor disse explicitamente:
"pois após esse grande evento não haverá mais incitamentos pecaminosos provindos do íntimo. ... a remoção da tentação interior, somente terá lugar no momento da volta de Jesus. Não podemos desfrutar da perfeição de natureza antes disso."
Isto é uma falácia. Digo isto por experiência própria e pela experiência de outras pessoas. Há os mais diversos 'incitamentos pecaminosos provindos do íntimo' e 'tentações do interior' que eu e outras pessoas - provavelmente o leitor - deixara de ter ao longo do tempo. Particularmente posso destacar o desejo mais íntimo que eu já tive por sorvetes, doces, refrigerantes, criar rancor e raiva das pessoas, querer brigar etc. Inclusive, recordo-me exatamente do primeiro dia em que, após uma pessoa na escola (Ensino Médio) ter me provocado muito eu fiquei extremamente surpreso comigo mesmo de não ter tido a menor incitação, tentação, vontade, desejo de querer revidar e socar a cara da pessoa [o que seria o natural anteriormente]. Eu fiquei tão surpreso neste dia que exclamei um "Ual!" comigo mesmo e fiquei pensando nisto e agradeci a Deus.
O autor definiu explicitamente "Não podemos desfrutar" desta condição antes da volta de Jesus. Então eu pergunto: "Como foi que então eu desfrutei?" E, certamente, se você fizer uma retrospectiva perceberá que também ocorreu com você.
Talvez ele queira dizer: Mais nenhum tipo de tentação ao mesmo tempo. O autor não trata da questão que, suponha que hoje você tenha 100 tentações internas de intensidade forte; com o tempo, pode ser que até a sua morte, você esteja com 20 ou 30, de intensidade média-baixa. Isto não seria um desfruto desta bênção (em modo parcial)? Além disso, como mensurar, distinguir o que é "interno" ou não? Segundo o autor, estas tentações internas não seria perceptíveis, racionáveis, em que a pessoa pode decidir sobre tal. Note, que, desta maneira, pode ser qualquer coisa, assim como a Energia Escura da Física. Mas, se não é perceptível, raciocinável, então não notamos. Não consideramos/atribuímos nenhum valor. Dizer que o único impacto disso seria a morte é questionável.
O ponto é: Há coisas demais aqui. O fato de ter perdido muitas destas 'tentações internas' contradiz o autor? Ou não são 'internas'? Porém, se não são perceptíveis/raciocináveis/discernidas, são tentações?
Talvez ele queira dizer: Mais nenhum tipo de tentação ao mesmo tempo. O autor não trata da questão que, suponha que hoje você tenha 100 tentações internas de intensidade forte; com o tempo, pode ser que até a sua morte, você esteja com 20 ou 30, de intensidade média-baixa. Isto não seria um desfruto desta bênção (em modo parcial)? Além disso, como mensurar, distinguir o que é "interno" ou não? Segundo o autor, estas tentações internas não seria perceptíveis, racionáveis, em que a pessoa pode decidir sobre tal. Note, que, desta maneira, pode ser qualquer coisa, assim como a Energia Escura da Física. Mas, se não é perceptível, raciocinável, então não notamos. Não consideramos/atribuímos nenhum valor. Dizer que o único impacto disso seria a morte é questionável.
O ponto é: Há coisas demais aqui. O fato de ter perdido muitas destas 'tentações internas' contradiz o autor? Ou não são 'internas'? Porém, se não são perceptíveis/raciocináveis/discernidas, são tentações?
3) O Problema da Tentação Humana
Evidentemente o autor tentou encontrar algum tipo de explicação, definição. Algo que pudesse ser escrito no papel que descrevesse o que é esta condição da natureza humana. Que é intrigante.
Note que Gálatas 5:17-21 é dito que a 'carne' não apenas promove uma incitação ou tentação. Na verdade, diz que promove ações, como a "cobiça" e, mais explicitamente, "as obras da carne". Ou seja, usando a própria definição do autor e relacionamento esta Natureza Pecaminosa com a Maldição do Pecado e o Corpo Pecaminoso, teríamos que tais coisas (pecados) são, na verdade, ações/práticas. E que, segundo os versos 22-25 podemos vencer todas estas ações, praticando outras no lugar. Ou seja, no lugar de prevalecer a Natureza Pecaminosa, prevalece o Espírito Santo. É uma declaração de vitória agora mesmo, antes da Volta de Jesus; o que contraria a ideia de 'apenas' na Volta de Jesus.
4) Sem Luz
Por certo, este assunto da Natureza Pecaminosa do homem é um dos assuntos mais obscuros para Priebe, pois ele foge do assunto por diversas vezes em seu livro. Nem 10% do seu livro busca tratar ou pensar sobre isto, mas se foca mais no ponto 2: o caráter perfeito.
O grande problema é que há pouquíssima informação (luz) na Bíblia e no Espírito de Profecia sobre a Natureza Pecaminosa do homem. E o autor tenta encaixar e definir coisas que são grandes mistérios não revelados e acaba entrando em terreno desconhecido e criando estas conclusões e definições equivocadas.
Por exemplo. Segundo a Bíblia, vemos uma aparente contradição. Em Tiago 1:14 diz explicitamente que somos tentados por nós mesmos ("pelo próprio mau desejo"). Mas, ao mesmo tempo, em Tiago 4:7 diz para resistirmos ao Diabo, ao invés de nós mesmos. Já Provérbios 1:10 diz que os outros podem nos tentar. E Mateus 4:1 e 1 Tessalon. 3:5 dizem que o diabo é o tentador. Ou seja, de onde procede a tentação? De nós mesmos, dos outros, ou diabo? No pecado do Éden, vemos explicitamente que Satanás foi quem tentou. Mas, primeiramente, o que tentou Eva a se afastar do marido e aproximar da árvore proibida? E Satanás, de onde veio a tentação primária?
Veja que não há uma resposta e definição simples para o que é e de onde vem esta tentação. Tentar explicar isso é erro certo (há coisas do lado de fora de onde apontamos). Repare na implicação contraditória que há quando o autor diz que no Céu, devido a passarmos a ter uma natureza impecável, será 'impossível' haver 'tentação'. Porém, por uma ideia maior que não irei desenvolver, no Céu teríamos uma condição semelhante de Adão e Eva antes do pecado, assim como dos anjos. Mas isto não resolve o mistério da 'tentação primária' qual ocorreu a Lúcifer e Eva. E é mistério dizer se esta 'nova natureza' que teremos estará impossibilitada de tal. [Se sim, nos levaria a uma contradição de que Deus ofereceu uma condição mais desprivilegiada a Lúcifer e Eva; ou que o "livre-arbítrio" foi 'modificado/mudado', que passou a ter um upgrade pois o de antes 'apresentou problema'... o que implicaria na falha do Programador.] Há um mistério envolvido no livre-arbitrio (sabemos dizer esta palavra, temos uma 'noção' desta ideia, mas não sabemos exatamente o que ela é, qual a % que conhecemos desta ideia?)
A tentação, assim como o pecado, é um mistério enorme para qual não há uma explicação. Tal não nos foi revelado. Muita coisa não foi revelada. E inferir sobre o que a Bíblia não diz, pode nos conduzir em especulações perigosas. Por vezes sutis, que até podem fazer sentido se anularmos ou eliminarmos um monte de variáveis. Mas que nos levam a construir um prédio de ideias errôneas ou misturas entre verdade e mentira.
5) O que o autor diz contradiz com Ellen G. White
Veja:
"Cristo veio ao nosso mundo porque viu que os homens haviam perdido a imagem e a natureza de Deus. Ele viu que eles tinham vagueado longe do caminho da paz e pureza, e que, se ficassem entregues a si mesmos, jamais encontrariam o caminho de volta. Ele veio com uma salvação plena e completa, para transformar nosso coração de pedra em coração de carne, para transformar nossa natureza pecaminosa na Sua semelhança, de modo que, sendo participantes da natureza divina, sejamos habilitados para as cortes celestiais." Youth´s Instructor, 9 de setembro de 1897. Pag. 26
O texto acima deixa explicito que quando Jesus veio, na Sua primeira vinda (no sentido da encarnação, morte e ressurreição), deixa claro que veio para uma "salvação plena e completa", ou seja, não era apenas sobre o caráter, ou sobre as nossas escolhas, como afirma categoricamente Priebe em seu livro. Mais do que isso, deixa, por explicito, que esta obra que Jesus fez também implica "para transformar a natureza pecaminosa na Sua semelhança". Ou seja, o que Priebe disse que só ocorreria na Segunda Volta de Jesus, White diz que Jesus já "veio com uma salvação plena e completa", tanto sobre "nosso coração de pedra" quanto para "transformar nossa natureza pecaminosa" (o que o autor disse que só ocorreria na APENAS Segunda Vinda, não na primeira).
Ellen White também coloca, por diversas vezes, que há uma união íntima, como que inseparável, entre corpo, mente e espírito. De forma geral, uma tremenda ligação entre a carne e o caráter do cristão. Logo, se a carne é fraca, isto é, com natureza pecaminosa, como o caráter poderia ser perfeito e impecável se, segundo o autor, a vitória final sobre a natureza pecaminosa só ocorreria na Volta de Jesus? Há uma antítese aqui. A única solução plausível para se afirmar o perfeccionismo de caráter antes da volta de Jesus seria o de fazer uma separação por completo entre Caráter/Mente/Espírito de um lado e 'o corpo' com sua natureza pecaminosa do outro. Todavia, esta separação causaria muitos atritos com outros textos e posições de Ellen White, inclusive como faria a Mensagem de Saúde entrar em xeque em vários pontos e razões. Talvez o leitor não tenha pensado nisso. Sugiro que faça um longo exercício mental sobre isto. E observará que algumas coisas deixam de fazer sentido se assumir esta premissa. Uma cocha de retalhos seria necessário.
Veja essa relação íntima:
"É a fragrância do mérito de Cristo que torna nossas boas obras aceitáveis a Deus, e é a graça que nos habilita a praticar as obras pelas quais Ele nos retribui. Nossas obras, em si e por si mesmas, não têm mérito algum. Quando fizemos tudo que nos era possível fazer, devemos considerar-nos servos inúteis. Não merecemos agradecimentos de Deus. Só fizemos o que era nosso dever, e nossas obras não podiam ter sido realizadas na força de nossa própria natureza pecaminosa." ME3, 200
O texto acima deixa explícito uma relação inseparável entre as nossas obras (o que incluí nossas escolhas, decisões, discernimento, feitos, ações) 100% conscientes e a nossa natureza pecaminosa. E tal é a força desta relação que a 'natureza pecaminosa' (ou algum outro tipo de imperfeição/pecaminosidade do homem) anula qualquer coisa favorável (leia-se, perfeita) de nossas obras/ações/escolhas/decisões - isto é, caráter, segundo Priebe.
Outro ponto enfatizado é que o que torna nossa obra/caráter aceitável/perfeito não é são nossas escolhas em si, mas a graça de Cristo, Seu mérito. Sendo que, em outras páginas, o autor não coloca assim a ação de Jesus, mas como que Ele concede-nos o poder para fazermos uma obra que seja, por si, aceitável, meritocrática.
Outro ponto enfatizado é que o que torna nossa obra/caráter aceitável/perfeito não é são nossas escolhas em si, mas a graça de Cristo, Seu mérito. Sendo que, em outras páginas, o autor não coloca assim a ação de Jesus, mas como que Ele concede-nos o poder para fazermos uma obra que seja, por si, aceitável, meritocrática.
Em outras palavras. O texto de Ellen G. White acima seria como uma escola em que a média para aprovação é nota 10. E o professor é Jesus que dá uma aula perfeita e todas as condições para o aluno ir bem na prova. O aluno faz a prova e tira uma nota 0 (incapaz de tirar uma outra nota - como alguns professores de Matemática que tive na Universidade); mas, o Professor considera este aluno como um aluno nota 10, e o aprova.
Do outro lado, a definição dada por Priebe é mais no sentido de que o professor Jesus, deu uma aula espetacular, forças e todas as condições para o aluno, agora, conscientemente tirar a nota 10 - mais do que isso, como se Jesus estivesse fazendo a prova por ele, ou ao seu lado passando cola. Se, o aluno tirar 10, então Jesus o aprova. Se, após toda esta intervenção de Jesus, o aluno continuar a tirar nota 0, então Jesus o reprova. [Repare como estas duas formas de pensar impactam muito a vida emocional, teológica e prática de um cristão.]
Particularmente, acredito que o verdadeiro ponto que Jesus avalia não é o previsível zero tirado na prova. Mas em como o aluno se portou com Seu professor nas aulas, nos estudos, como tentou resolver os exercícios da prova etc. Na verdade, mais intrigante do que isto. É muito misterioso o que é a Graça.
Do outro lado, a definição dada por Priebe é mais no sentido de que o professor Jesus, deu uma aula espetacular, forças e todas as condições para o aluno, agora, conscientemente tirar a nota 10 - mais do que isso, como se Jesus estivesse fazendo a prova por ele, ou ao seu lado passando cola. Se, o aluno tirar 10, então Jesus o aprova. Se, após toda esta intervenção de Jesus, o aluno continuar a tirar nota 0, então Jesus o reprova. [Repare como estas duas formas de pensar impactam muito a vida emocional, teológica e prática de um cristão.]
Particularmente, acredito que o verdadeiro ponto que Jesus avalia não é o previsível zero tirado na prova. Mas em como o aluno se portou com Seu professor nas aulas, nos estudos, como tentou resolver os exercícios da prova etc. Na verdade, mais intrigante do que isto. É muito misterioso o que é a Graça.
6) Como explicar a natureza de Jesus?
Não falei sobre isto aqui, pois será um dos temas a ser futuramente abordado. Mas a Natureza de Jesus Cristo é um dos principais motivos que incita estas "definições" e "conclusões" do autor deste livro, assim como grande parte da Teologia da Perfeição de Caráter Perfeccionista. Com qual tipo de natureza pecaminosa Jesus veio a este mundo? Como assim Ele foi tentado em todas as coisas e não pecou? Como assim como Ele venceu podemos, nós, vencer também? Dentre outros.
Antes, já dou uma prévia do que penso quanto a isto: É um mistério. Não tentemos pois 'definir' com palavras, ideias, lógica e linguagem humana o nascimento, o corpo, a mente, as tentações, tampouco a natureza de Jesus. Entraremos num campo misterioso, não revelado. E, se especularmos, podemos cair em conclusões equivocadas que implicaram, por efeito dominó, numa série de outras conclusões e ideias. [Veja se nos links abaixo já está disponível o estudo sobre esta questão.]
7) E as 'contradições' de Ellen G. White?
Também trataremos de um outro estudo apenas para falar sobre os preciosos textos deixados por Ellen G. White. Mas repare que, num dos textos acima que coloquei, deixa evidentemente claro que ela diz que Jesus, ao vir como Salvador neste mundo, Ele também concedeu a vitória e transformação sobre a natureza pecaminosa. Porém, EGW diz, em outros textos, por vezes, que ainda convivemos com esta tal de natureza pecaminosa. E agora?
Gosto (amo) de colocar sempre os dois lados da moeda sempre que possível. Os prós e contras. Os textos que a principio dizem A, e os textos que a principio dizem um B diferente de A. E acredito que isto deveria nos despertar a sermos mais cautelosos ainda mais para quem escreveu mais de 5.000 artigos e 49 livros. Não podemos nos resumir, 'fechar', 'concluir', 'solidificar' apenas com uma porção de 2 frases, ou 10 parágrafos, ou uns 3 ou 5 capítulos, ou 1 ou 2 livros que lemos. Ela era humana, tinha limitações de linguagem, de pensamento, comunicação e palavras, qual todos temos, que vemos evoluir/desenvolver tal habilidade ao longo de sua vida. Cuidado quando você lê um texto fabricado por alguém que tem apenas textos dizendo A, sem jamais nem sequer dizer que existe um texto dizendo B. [Pense nisso.]
8) Paradoxo do Corpo x Templo
"Ou não sabeis que vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós." (1 Coríntios 6:19). Se buscarmos uma definição tão engessada e simplória sobre a relação do nosso corpo com a natureza pecaminosa. Chegaríamos num paradoxo, uma aparente contradição: Como pode haver uma Natureza Pecaminosa, e uma propensão, ou incitação, ou tentação a pecar, onde o Espírito Santo (o próprio Deus, o próprio Jesus) habita? Segundo a Bíblia, não é apenas na definição 2 do autor (no nosso caráter, mente que decide). Vemos claramente uma relação íntima entre nosso caráter e nosso corpo, com Deus agindo e ambos - agora, no presente.
Faço uma analogia das palavras do Priebe na página 85: "Cristo dentro - pecado fora. Pecado dentro - Cristo fora." Então não poderíamos dizer "Espírito Santo habitando em vosso corpo - natureza pecaminosa fora. Natureza pecaminosa dentro - Espírito Santo fora"? Se não, por que não poderíamos afirmar isto segundo as próprias razões usadas pelo autor para fazer a afirmação primeira?
Para encerrar
Em todos os estudos sobre este tema, buscarei deixar algo para o leitor pensar. Hoje, um texto de Ellen G. White que contesta algumas implicações ao perfeccionismo, o caráter perfeito, especialmente, ao deixar claro no texto a ideia que no decorrer da vida, a gente acaba caindo (pecando) - sim, Ellen White também se incluiu.
"A negação de Cristo por parte de Pedro, a viva contenda entre Paulo e Barnabé, as falhas e fraquezas dos profetas e dos apóstolos, todas são expostas pelo Espírito Santo, que descerra o véu do coração humano. Ali se acha diante de nós a vida dos crentes, com todas as suas faltas e loucuras, o que visa uma lição a todas as gerações que os seguissem. Houvessem eles sido isentos de fraquezas, teriam sido mais que humanos, e nossa natureza pecaminosa desesperaria de atingir nunca a tal grau de excelência. Vendo, porém, onde eles lutaram e caíram, onde se animaram outra vez e venceram mediante a graça de Deus, somos animados e induzidos a avançar e passar por cima dos obstáculos que a natureza degenerada nos coloca no caminho." TS1, 438
Este texto não transmite um ideia do tipo: "pode perder algumas batalhas, mas a guerra está ganha pela graça de Deus. E isto é o que encoraja a prosseguir mesmo após as derrotas."? Não é diferente da ideia perfeccionista de que "só se vence a guerra quando não mais perder nenhuma batalha."? Há textos que colaboram com qual ideia ou ambas?
"Homens a quem Deus favoreceu, e a quem confiou grandes responsabilidades, foram algumas vezes vencidos pela tentação, e cometeram pecado, mesmo como nós [+Ellen White], presentemente, esforçamo-nos, vacilamos, e freqüentemente caímos em erro. Sua vida, com todas as suas faltas e loucuras, estão patentes diante de nós, tanto para a nossa animação como advertência. Se eles fossem representados como estando sem faltas, nós, com a nossa natureza pecaminosa, poderíamos desesperar-nos pelos nossos erros e fracassos. Mas, vendo onde outros lutaram através de desânimos semelhantes aos nossos, onde caíram sob a tentação como o temos feito, e como todavia se reanimaram e venceram pela graça de Deus, animemo-nos em nosso esforço para alcançar a justiça. Como eles, embora algumas vezes repelidos, recuperaram o terreno, e foram abençoados por Deus, assim nós também podemos ser vencedores na força de Jesus." PP, 238
Próximos estudos:
- Introdução: Uma História; [Ver]
- caráter perfeito;
- impecabilidade do homem;
- perfeição plena antes do fechamento da Porta da Graça;
- definições de palavras/ideias (pecado, dentre outros);
- Ellen G. White e os 'outros textos esquecidos' sobre isso;
- natureza e vida de Jesus;
- >> Caso Encerrado [Ver].