09 outubro 2016

Livro SuperCooperators - Teoria dos Jogos e Evolucionismo

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Comecei a ler "SuperCooperators - Altruism, Evolution, and Why WE Need Each Other to Succeed" dos autores (de prestigioso currículo) Martin A. Nowak (Diretor Programa para Dinâmicas Evolutivas e prof. de Biologia e Matemática na Univ. de Harvard) e Roger  Highfield (PhD, autor de dois best-sellers, dentre outros). Isso ocorreu após receber indicação de um colega de trabalho, numa conversa informal sobre Teoria dos Jogos (aliás, este merecia ser o título verdadeiro) e Torneio de Algoritmos (estratégias inclusive); em que o tema girava em torno da Cooperação. Por que as pessoas se ajudam e vivem em sociedade?


# Resumo
  • Lavagem cerebral de evolucionismo darwinista como um dogma factual e inquestionável (como de se esperar pelo título e linha de pesquisa dos autores). Tudo precisa ser visto, interpretado e assimilado dentro da T.E.;
  • Alguns ensaios de Teoria dos Jogos;
  • Comportamentos contrários ao Egoísmo e Lógicos [moralistas] observados na Natureza e no ser humano – que, a priori, contradizem a ideia da “Lei do Mais Forte” e do egoísmo puro esperado da Teoria de Darwin;
  • Os autores tentando conciliar o Egoísmo com o Altruísmo;
  • Dogma: Altruísmo, cooperação e moralidade são ‘frutos’ da Evolução. Ou melhor dizendo, estratégias que, após zilhões de interações casuais, foram ganhando e chegou até nós hoje. Essencial para a existência da vida e das relações;
  • Muita linguiça e repetição para boi dormir;
  • Infinitas declarações repetitivas que soam como autobajulação e automopromoção dos autores. (Estes destacam por mil vezes onde trabalharam, as Universidades em que fizeram pesquisas, o currículo de outras pessoas citadas.)

# The Prioner’s Dilemma (O Dilema do Prisioneiro)
# E a Transposição para T. E. de Darwin

A ideia base surge de um problema específico de lógica, em que há dois prisioneiros. A partir disto é construído uma ideia ou teoria de como interpretar a Natureza. No sentido que estratégias baseadas no altruísmo e cooperação possuem maior chance/probabilidade de sobrevivência (ou pontuação) no longo prazo. Veja os trechos abaixo, mostrando o quão os autores querem forçar esta ideia como uma essência de ver a teoria que Darwin propôs, independente dos números/lógica/modelo/matemática. [Tradução minha.]

“For the Dilemma is not itself the key to understanding life. For the Dilemma to tell us something about the biological world, we need to place it in the contexto of evolution.” (P.10)
("Para o dilema, o Egoísmo não é a chave para entender a vida. Para o dilema nos dizer algo sobre o mundo biológico, nós precisamos colocá-lo no contexto da Teoria da Evolução de Darwin.")

“Darwin and most of those who have followed in his giant footsteps have talked about mutation and selection. But we need a third ingrediente, cooperation, to create complex entities, from cells to societies. (...) Cooperation is the architect of living complexity. “To appreciate this, we first need to put evolution itself on firmer foundation.” (P. 14-15)
("Darwin e a maioria daqueles que seguiram seus gigantes passos têm falado sobre mutação e seleção. Mas precisamos de um terceiro ingrediente, a cooperação, para criar entidades complexas, a partir de células a sociedades. (...) A cooperação é o arquiteto da complexidade viva. "Para apreciar isso, precisamos primeiro colocar a própria evolução em bases/fundamentos mais sólidos/firmes.")

# Teoria dos Jogos

A ideia base do livro é baseada em cima de um modelo de jogo com poucas regras, variáveis e possibilidades de consequências. Mas a ideia básica é a Teoria dos Jogos – como a de John Nash (Nobel em Economia). Só que, desta vez, num sentido ainda mais basal que no jogo da Evolução Darwiniana das Espécies. A questão agora não é o dogma de 'ser o melhor', mas o uso de algo parecido com “Vou cooperar conquanto que isto me favoreça.” Um tipo de acordo/negócio/contrato em que um ajuda o outro (ou deixa o outro na dele), não dito com palavras, mas como que uma certa mistura de 'intuição e crença' (que os autores nem tratam este ponto que seria polêmico) como um meio/modo de aumentar suas chances de sobreviver.

Dilema do Prisioneiro (versão adaptada):
  1. Se A ajudar B e B ajudar A A ganha 200 e B ganha 200 pontos.
  2. Se A ajudar B e B não ajudar A A ganha 300 e B ganha 50 pontos.
  3. Se A não ajudar B e B ajudar A A ganha 50 e B ganha 300 pontos.
  4. Se ambos não ajudarem A ganha 100 e B ganha 100 pontos.
Fiz uma pequena simulação de 1.000 interações em meu computador. Veja os interessantes resultados de A ao variar suas estratégias.



Incrível perceber que, dependendo da estratégia a ser adotada, podemos obter (estatisticamente) maior probabilidade de ganhar ou de ter uma pontuação maior; além de um sistema mais rico (com mais pontuação na coluna Total). Porém, este é um Modelo de Jogo em que o arranjo das regras favorecem a cooperação. Além disso, apenas há 2 participantes (A e B) com recursos infinitos. Como ficaria o resultado se houvesse mais participantes, recursos limitados, quem chegar a Zero sai do jogo e com outras infinitas outras regras?
O fato que quero destacar aqui é que a vida e a sociedade humana (quanto mais os relacionamentos na Natureza) são complexos demais para confiarmos cegamente em modelos simplórios como este. Tal Simulador Ideal não existe.


# O Argumento da Moral

No grande debate entre o Teísmo x Ateísmo, o Problema da Moral foi um dos argumentos mais enfatizados pelos defensores do Teísmo. [Como C. S. Lewis defende de modo ímpar nas obras Cristianismo Puro e Simples e Abolição do Homem.] Por muito tempo, muitos defensores do Darwinismo e do Ateísmo alegaram que o altruísmo é um erro. Um absurdo ilógico, irracional, que nega as Leis Naturais, fantasiado por religiosos (sobretudo cristãos). Criticavam, inclusive, que o altruísmo, a solidariedade e outros princípios moralistas cristãos de ajudar o próximo estariam impedindo que a raça humana evoluísse. Porém, ao mesmo tempo, dentro do ateísmo e do darwinismo, não há NENHUMA LEI MORAL, isto implica em NENHUMA OBRIGAÇÃO de se fazer ‘o que é certo’ ou ‘melhor’. E que, no final das contas, a Lei do Mais Forte (da Seleção) deveria prevalecer (pela simples lógica que fundamenta a teoria) e ponto final.

Bem, com o tempo, este debate esgotou a ala darwinista e ateísta. Sobretudo porque as pesquisas científicas apontam inúmeros comportamentos de cooperação, altruísmo e até mesmo de martírio em outros seres vivos (além dos humanos). Logo, não fazia mais sentido contestar o argumento da moral dentro da Ciência, pois ele - querendo ou não - estava lá, mesmo que apenas que aparente. Então, antes de se dar por vencido, os novos grandes desafios do darwinismo e do ateísmo é o de adaptar e conseguir inserir uma explicação mais sólida para a moral, o altruísmo e a cooperação dentro da lógica do Naturalismo Filosófico. Este é o trabalho que os autores (Nowak e Highfield) se esforçam.

Porém, cooperação e altruísmo não são novidades. Deus ensinou a milênios - como se pode ver na Bíblia - que é o melhor para a humanidade e traz muitas vantagens para o homem viver em paz e prosperidade um com o outro. [Hoje, até os ateus e darwinistas reconhecem isso. É o que o livro declara. Mas sem dar o braço a torcer de que Deus e a Bíblia estão certos.] Pois, como Salomão já disse, de forma mais simples que as extensas páginas: “É melhor ter companhia do que estar sozinho, porque maior é a recompensa do trabalho de duas pessoas. Se um cair, o amigo pode ajudá-lo a levantar-se. Mas pobre do homem que cai e não tem quem o ajude a levantar-se! E se dois dormirem juntos, vão manter-se aquecidos. Como, porém, manter-se aquecido sozinho? Um homem sozinho pode ser vencido, mas dois conseguem defender-se. Um cordão de três dobras não se rompe com facilidade.” Eclesiastes 4:9-12 


# A PseudoMoral

Alguns diriam, ótimo, então teístas e ateístas entraram num acordo? Não é bem assim. Há grandes (enormes diferenças). O primeiro está na ideia considerada pelo modelo Naturalista, para qual as palavras de Sêneca na carta para Lucílio caem muito bem:
 "Qual é o meu objetivo, quando faço amizade? Ter um ser por quem dar minha vida, um ser que eu seguirei até o exílio, que defenderei com todas as minhas forças contra a morte. A relação que tu me descreves é comércio e não amizade; nela só procuramos vantagens pessoais, nela só vemos o que ganharemos."
Já a Bíblia mostra o altruísmo como um dever, um princípio moral que deve reger. Mesmo quando a situação/regras/sistema desfavorecem a nossa própria sobrevivência e interesse. É o sacrifício do 'eu'. O caso de Jesus é o mais claro de todos: “Porque eu desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou.” João 6:38

A ‘pseudomoral’ em que os evolucionistas darwinistas e ateus tentam construir é uma moral baseada no interesse mútuo, um certo tipo de Egoísmo Versão 2.0, tentando construir uma teoria que coloca a ideia de que a pessoa deve ser moralista porque isto é mais seguro, recompensador para você e a sociedade e que os dados colaboram com isso. Para driblar a inexistência da ideia de 'dever' (que, se existir, destrói toda estrutura do ateísmo e do Naturalismo), argumentam que não é seu dever, mas é mais inteligente, as chances de sucesso, ou de qualidade de vida, ou de vida mais longa, ou de sofrer menos ataques, são maiores se agir assim. O que difere totalmente da moral bíblica: “De tudo o que se tem ouvido, o fim é: Teme a Deus, e guarda os seus mandamentos; porque isto é o dever de todo o homem.” (Eclesiastes 12:13)

Além disso, a ‘pseudomoral’ de modo algum consegue explicar ou inserir a ideia do altruísmo puro, como a do sacrifício. “Não existe maior amor do que este: de alguém dar a própria vida por causa dos seus amigos.” (João 15:13) Há sacrifícios na Natureza. As nossas próprias células se sacrificam para preservar o nosso organismo saudável e jovem. Há outros animais que sacrificam a própria vida para defender seus filhos. O dogma que os Naturalistas tentam impor é a de que existe um valor intrínseco (como uma moral em que todos têm o dever de seguir), porque, a Evolução escreveu no nosso DNA, de que o objetivo principal de todos é a sobrevivência da espécie. Ou seja, é quase como quererem dar uma desculpa do tipo: “Se você soube de uma pessoa que se sacrificou por outro; isto tem um motivo. É porque o propósito da Evolução das Espécies é a preservação da espécie, é multiplicar seu DNA e passá-lo a frente. Logo, não se surpreenda se os instintos de alguém o levar a se sacrificar.” 

Não vou entrar na questão do instinto. Que, como C. S. Lewis disse, o homem usa esta palavra como argumento, explicação. Mas, quando, na verdade, o significado dela é “algo que não sabemos o que é, mas existe”. Mas o livro deixa um gostinho evangélico demais para uma obra e cunho darwinista.


# Por Fim

SuperCooperators é um livro interessante se seu objetivo é Teoria dos Jogos e conhecer diversas curiosidades que do mundo Natural e comportamento humano. Além de alguns conceitos básicos de que podemos modelar/transformar alguns conceitos da realidade em num ‘jogo/simulador’ no qual podemos testar diversas hipóteses e ver os possíveis resultados, ou, qual o melhor resultado. Também, o livro deixa bem claro o pensamento paradigmático filosófico que domina a biologia evolutiva. Os dois pontos que mais desaponta é de tentar considerar que tudo isso é Matemática (quando no máximo é Teoria dos Jogos) e fazer SUPERTRANSPOSIÇÕES e SALTOS ORNAMENTAIS INFINITOS em interpretar ou explicar como um acaso ou mero jogo de probabilidades, especulando que, estes resultados foram sendo mais favoráveis no decorrer do tempo – e, por isso, é o que é. 

Aqueles que estiverem familiarizados com o debate entre Darwinismo e Designe Inteligente perceberão que o livro é muito fraco. Sua mensagem principal é apenas tentar estimular e convencer as pessoas de que elas precisam ser mais altruístas, cooperadoras uma com as outras para obtermos uma sociedade e vida melhor. Usando muito conteúdo redundante e doutrina darwinista. Se alguém busca um livro acadêmico, com modelos matemáticos, amostras, dados, dentre outros, não é o objetivo de SuperCooperators. Mas aqui fica um convite para o leitor se aprofundar em Teoria dos Jogos, um campo fantástico de estudos que nos ajuda a formular e testar muitas hipóteses e soluções.