23 junho 2013

Woody Allen - Na Pele de Sócrates

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De todos os homens famosos deste mundo, o que eu mais gostaria de ter sido era Sócrates. Não apenas porque ele foi um grande pensador, porque afinal eu também sou capaz de observações profundas, embora as minhas invariavelmente girem em torno de uma aeromoça sueca e algumas algemas. O que me fascina no mais sábio de todos os gregos é a sua incrível coragem diante da morte. Preferia dar sua vida para mostrar que tinha razão do que abandonar seus princípios, já viram coisa igual? Devo confessar que não sou assim tão corajoso a respeito de morrer ou de manter a força de vontade, considerando-se que, quando ouço um barulho inesperado, como o escapamento de um carro, pulo direto nos braço da pessoa com quem estiver conversando. Mas reconheço que a brava morte de Sócrates deu um sentido de autenticidade à sua vida, exatamente o que anda faltando à minha vida, exceto para o Imposto de Renda. Confesso que, muitas vezes, já tentei calçar as sandálias do grande filósofo, mas não importa o que faça, acabo cochilando e tendo o seguinte sonho:

(A cena se passa em minha cela de prisão. Geralmente, fico na solitária, imerso no seguinte problema: Pode um objeto ser considerado uma obra de arte se também pode ser usado para limpar o fogão? Mas, no sonho, sou visitado por Ágaton e Símias.)

Ágaton – Ah, meu velho e sábio amigo! Como vão os seus dias de confinamento?

Woody – O que se pode dizer do confinamento, Ágaton? Meu corpo pode estar circunscrito a certos limites, mas minha mente vagueia livremente, sem ser detida pelas quatro paredes. Eu pergunto, então: o que é o confinamento?

Ágaton – Tudo bem, mas e se você quiser dar uma voltinha?

Woody – Boa pergunta. Não posso.

(Nós três nos sentamos em uma pose clássica, não muito diferente de um friso grego. Finalmente, Ágaton fala.)

Ágaton – Temo que o mundo seja mau. Você foi condenado à morte.

Woody – Tudo bem, chato foi ter provocado tanta polêmica no Senado.

Ágaton – Polêmica nenhuma, a decisão foi unânime.

Woody – Sério?

Ágaton – Primeira votação.

Woody – Hummm... Eu contava com um pouco mais de apoio…

Símias – O Senado está puto com você por causa daquelas idéias a respeito de um Estado utópico.

Woody – Talvez eu nunca devesse ter sugerido que a gente precisava de um rei-filósofo.

Símias – Principalmente apontando para você mesmo e pigarreando o tempo todo.

Woody - Engraçado, não consigo guardar ódio dos meus executores.

Ágaton – Nem eu.
Woody (Pigarro) – Bem... Ah-ham... Pensando bem, o que é o mal senão o excesso de bem?

Ágaton – Como é?

Woody – Olhe por esse ângulo. Se um homem canta uma bela música, trata-se de uma obra de arte. Mas, se continua cantando, começa a dar dor de cabeça.

Ágaton – Verdade...

Woody – E se ele definitivamente não para de cantar, você vai querer lhe arrebentar a cara.

Ágaton – Sim. Muito verdadeiro.

Woody – Quando serei executado?

Ágaton – Que horas são agora?

Woody – Hoje???

Ágaton – Parece que sim. Querem que você desocupe a cela o mais depressa possível.

Woody – Está bem! Deixem que me tirem a vida! Saibam que prefiro morrer do que abandonar meus princípios de justiça e de direito para todos. Não chore, Ágaton.

Ágaton – Não estou chorando. É uma alergia.

Woody – Para o homem de intelecto, a morte não é um fim, mas um começo.

Símias – Como disse?

Woody – Deixe-me pensar um pouco.

Símias – À vontade..

Woody – É verdade, não é, Símias, que o homem não existe antes de nascer?

Símias – Absolutamente verdadeiro.

Woody – Assim como deixa de existir depois que morre, não?

Símias – Isso mesmo.

Woody – Humm...

Símias – E daí?

Woody – Daí que estou um pouco confuso. Você sabe que só me servem carneiro nessa cadeia e muito mal cozido.

Símias – Os homens identificam a morte com o fim. Por isso, a temem.

Woody – A morte é um estado de não-ser. O que não é, não existe. Só a verdade existe. Mas, o que é a verdade senão a confirmação de si mesma? Mas, se a morte pode ser confirmada por si mesma, a morte é a verdade, logo existe! Estou frito! Ei, o que eles estão planejando fazer comigo?

Ágaton – Fazê-lo tomar cicuta. Lembra daquele líquido escuro que atravessou a sua mesa de mármore?

Woody – Aquilo?

Ágaton – Basta uma colher. Mas eles terão um frasco inteiro à mão, caso você derrame um pouco.

Woody – Será que vai doer?

Ágaton – Vão lhe pedir que não faça uma cena. Para não perturbar os outros prisioneiros.

Woody – Claro, claro.

Ágaton – Eu disse a eles que você morreria bravamente, para não renunciar aos seus princípios.

Woody – Hummm... Escute, ninguém mencionou a palavra “exílio”?

Ágaton – Desde o ano passado decidiram não exilar mais ninguém. Muita burocracia.

Woody – Certo… (perturbado e disperso, mas tentando manter o autocontrole). Humm, o que há de novo?

Ágaton – Estava até agora com Isósceles. Ele tem uma grande idéia para um novo triângulo.

Woody – Certo, certo… (Subitamente abandonando toda aparência de coragem). Olhe, vou ser franco com você: não quero ser executado! Sou muito jovem para morrer!
Ágaton – Mas essa é sua chance de morrer pela verdade!

Woody – Você não entendeu, Ágaton. Sou um apólogo da verdade. Mas é que fui convidado para um almoço em Esparta, semana que vem, e detestaria faltar. É minha vez de levar a bebida. Você sabe como são esses espartanos. Vivem a fim de brigar.

Ágaton – Será nosso mais sábio filósofo um covarde?

Woody – De jeito nenhum. Mas também não sou herói. Marquem a coluna do meio, sei lá!

Símias – Você é um verme.

Woody – Por aí.

Ágaton – Mas não foi você que provou que a morte não existe?

Woody – Olhem, andei provando muitas coisas na vida. Como acham que consigo pagar o aluguel? Umas teorias aqui, outras observações ali, uma frase brilhante de vez em quando, e, às vezes, alguns ditados e máximas. Paga melhor do que colher azeitonas. Mas não vamos exagerar!

Ágaton – Mas você provou tantas vezes que a alma é imortal!

Woody – E é! Pelo menos no papel. Esse é o problema da filosofia: já não funciona tão bem depois da aula.

Símias – E as “formas” eternas? Você disse que tudo sempre existiu e sempre existirá!

Woody – Estava me referindo a objetos pesados como estátuas ou coisas do tipo. Com gente é diferente!

Ágaton – E toda aquela conversa sobre morrer ser o mesmo que dormir?

Woody – Eu sei, mas o problema é que, se você está morto e alguém grita “Hora de acordar!”, é muito difícil encontrar os chinelos.

(Entra o carrasco com uma taça de cicuta. Seu rosto lembra um pouco o de Boris Karloff)

Carrasco – Uh-hu! Adivinhem quem chegou? Quem vai tomar a cicuta?

Ágaton (Apontando para mim) – Ele.

Woody – Puxa, é uma dose dupla! Olha, ando com o fígado meio bombardeado...

Carrasco – Beba tudo. O veneno costuma ficar no finzinho.

(Aqui dizem que meu comportamento costuma ser diferente do de Sócrates e dizem que grito durante o sonho): Não! Por favor! Não quero! Socorro! Mamãe!

(O carrasco me passa uma taça fervilhante, apesar de minhas súplicas humilhantes, e tudo parece chegar ao fim. Então, talvez devido a um inato instinto de sobrevivência, o sonho muda completamente e entra um mensageiro.)

Mensageiro – Parem! Houve uma apelação e o Senado votou de novo. As acusações foram levantadas. Você foi declarado inocente e será publicamente reabilitado!

Woody – Finalmente! Eles recuperaram o bom senso! Sou um homem livre! Livre! E ainda serei reabilitado! Rápido, Ágaton e Símias, peguem minhas malas. Preciso ir. Praxíteles deve estar ansioso para esculpir minha estátua. Mas antes, descreverei para vocês uma pequena parábola.

Símias – Pô, isso é que é um final inesperado. Será que o Senado sabe o que está fazendo?

Woody – A parábola é a seguinte. Um grupo de homens vive numa caverna escura. Nunca viram o sol. A única luz que conhecem é a das velas que usam para iluminar a caverna.

Ágaton – E onde arranjam as velas?

Woody – Bem, já estavam lá e não me amolem.

Ágaton – Vivem numa caverna e têm até velas? Muito estranho...

Woody – Quer ouvir a parábola ou não?

Ágaton – OK, OK, mas anda logo. Está demorando muito.

Woody – Então, certo dia, um dos habitantes da caverna dá um pulinho lá fora e vê o mundo.

Símias – Em toda sua clareza.

Woody – Perfeitamente. Em toda sua clareza.

Ágaton – E quando volta para contar aos outros, ninguém acredita.

Woody – Não exatamente. Ele não conta aos outros.

Ágaton – Não???

Woody – Não. Em vez disso, abre um açougue, casa-se com uma dançarina e morre de trombose aos 42 anos.

(Eles me agarram e forçam a cicuta pela minha goela abaixo. Nesse momento, costumo acordar, sobressaltado e só um copo de iogurte consegue me acalmar).


Woody Allen. Na Pele de Sócrates, in Que Loucura?. [Título original: Side Effects.] Tradução de Ruy Castro. Porto Alegre: L&PM Editores, 2011, p. 83-90. 
(Tradução adaptada)

22 junho 2013

Onda de Manifestação - À Sombra do Perigo

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Antes de mais nada, eu não vejo TV, não vejo a Globo. Assisti dois dias o Jornal da Globo só para me inteirar, apesar que só mostrou imagens. E estou acompanhando mais pela Internet. E um pouco pelas ruas. E tenho aqui, uma solene observação a fazer... não sei se alguem já o fez, mas o faço. Pois duvido a midia estar fazendo, pois só querem Ibope, então vão mostrar apenas o que o povo quer ver. "Imagens", "bonitas cenas de democracia", "cenas de guerra e conflitos", "multidões andando todos juntos e cantando"... mas a reflexão séria sobre o que acontece desde o nível micro ao macro... desde a amplitude do cidadão à da Nação... isso, certamente, pouco faz... se faz.

Infelizmente as manifestações está tomando outro caráter e está desconstruindo muitas coisas e causando implicitamente diversos males... seja um espirito apolítico (olhe na História... isso causou ditaduras quando... alias.. o Nazismo surgiu de algo parecido)...

Está causando a desordem.. o Brasil já tem uma infraestrutura não lá muito boa.. e o protesto em "Prol da Melhoria do Transporte" está causando um caos ainda maior neste.. as pessoas estão ficando a pé e paradas, os custos de transporte estão só subindo!



Quanto maior e mais complexa é uma sociedade mais ordem é necessária. Há quem até removeu a palavra "ordem" da Bandeira Nacional. Isto em outros tempos seria cadeia. E estamos removendo a ordem. Enquanto ainda reina o <> entre os manifestantes, ou seja, que a ordem ainda está sendo mantida, que os alimentos e os recursos ainda estarão nos supermercados e feiras livres... enquanto ainda tem seu emprego e salário garantido... enquanto as coisas ainda podem ser resolvidas no método da "não violência"... tudo bem... mas brinque mais um pouco... e esse <> será quebrado, rompido... E aí sabe o que acontece? É só olhar na História e encontrará milhares de exemplos... E ainda tem quem está manifestando pelo "Fim da Policia"!




Consequências disso:

Sim! A inflação vai subir (já está... este mês certamente levaremos uma 'pimba'). Ou seja, o preço das coisas vão subir, e não adianta culpar a Dilma por isso. A culpa é nossa, e temos que engolir esse peixe. É uma consequência.
Estamos perdendo <>, estão tirando dinheiro daqui... Isso significa que reservas financeiras caem... o Brasil está perdendo recursos para se proteger de crises e problemas econômicos.. a moeda desvaloriza, o dólar sobe... O custo de importação fica mais caros, os royaltys tb. O Brasil TODO, não só o Estado, mas os bancos ficam com menos recursos para financiar, ou seja, com menos crédito, as empresas deixaram de investir de crescer, inclusive os juros tende a subir e ficará mais dificil de você financiar um carro, casa ou uma divida. No longo prazo, o comercio e a industria brasileira junto com toda economia vai esfriando em direção a uma recessão, um efeito bola de neve vai se gerando, e os empregos... vai tudo indo embora.. lembra de 2008?

2 semanas de manifestos... e agora virou modismo... e um tipo de "point" para os finais de tarde e noite em todo lugar.. há muitos jovens encarando como uma esspécie de "Festa" ou "balada"... produzidos, sorridentes, vão lá se mostrar... É no minimo uma ironia, um protesto, uma verdadeira Revolta Civil ser encarada como uma festa como o Reveion (é o que dizem da Paulista)... Só no Brasil!... Já em outros lugares a coisa parece andar mais séria...



O povo se uniu, o povo está gritando, se manifestando... Oh! Parabens! Como é belo ver que as pessoas novamente descobriram as ruas, sair de casas e barzinhos... hoje, sexta a noite, vi bares badalados vazios, e muita gente nas ruas, nas calçadas andando, conversando sentados... isso é importante, é algo que havia se perdido... Andar faz bem!... Nós jovens estamos perdendo outras possibilidades de experiencias, vida, de construir valores e atividades por termos martirizado as 'noites de fim de semana' a apenas balada, barzinho, shoppings... podemos viver outras coisas! Fazer muita coisa!.. Alias, os sedentários estão nas ruas caminhando 15, 20km!!! UAL!! Certamente, já estão conseguindo fazer um grande bem para o Sistema de Saúde... mas ao mesmo tempo estamos pecando numa coisa: Estamos destruindo a Ordem Publica que foi construída (sim, isso tem uma História)... mais do que isso, estamos destruindo o patrimônio... está congelando ainda mais o nosso pais que até então estava meio que "se saindo bem" da Crise Financeira Mundial...

E agora, os 2 Grandes Trunfos para a economia e crescimento brasileiro para esta década (a Copa e as Olimpiadas) estão ameaçadas... Há manifestantes com placas dizendo "não venham para a Copa 2014"! A Rede Hoteleira já deve estar preocupada... Se a essas alturas a Copa e as Olimpiadas são canceladas... SE PREPAREM!!!

- Ah mas temos o pré-sal.

As perspectivas de termos um bom retorno do Pré-Sal vai demorar! Talvez só se concretize na próxima década. E enquanto isso, seja curioso, vai lá no site da Bolsa, e dê uma olhada como andam as ações das nossas Petrolíferas. Sim! Os estrangeiros estão com receio, duvidando, com medo, estão tirando o dinheiro deles. Deixando de investir. Alias, se deixarem de investir. Como que irão construir a infraestrutura para explorar o Pre-Sal? Ah, o Governo, o dinheiro publico... ou seja, nós iremos pagar o pato, talvez endividando nossa nação, e ficando sem recursos para outras coisas.


E isso tudo é nossa culpa... dando um tiro no pé do Governo, mas sem saber, amputando as próprias pernas.

2 semanas... tomará que isso não vire 1 mês.. ou ainda mais... quanto mais rápido essa Crise passar melhor. - E aqui: "Dilma, você está realmente sendo testada! Talvez pela primeira vez em seu governo." - Senão, no final do ano estaremos nas ruas pedindo soluções para os problemas que nós mesmos causamos... e pior, talvez desesperadamente aceitando qualquer solução.

A diferença entre o veneno e o remédio está na dosagem. Essas manifestações, mexer com a Ordem Publica, com as Engrenagens e Motor de Uma Nação é o mesmo que tomar << Tarja Preta >>... e sem pensar, o povo brasileiro, já está brincando na dosagem.


Sem líder, sem uma direção... este movimento pode tomar fins perigosos e finais drásticos, talvez sendo necessário o uso de uma forte intervenção bélica. Pois a frente destes, talvez estejam apenas nossos instintos de raiva e descontentamento para as injustiças. O que já torna perigoso por si.

Quem dera, tomará, esteja errado. Mas que passe logo. Pois diga de passagem, todo fim de uma revolta contra "a ordem" é a busca de uma "nova ordem". E aqui estamos, ateus, céticos, crentes, budistas, cristãos, muçulmanos, maconheiros, policiais, ladrões, empresários, matemáticos, economistas, professores, negros e brancos, homens e mulheres, velhos e crianças... todos se unindo, esquecendo as diferenças... Oh! Viva a Democracia!... Oh! Que Bela Visão... testificamos estarmos a Um Passo do Ecumenismo! Apenas falta um "estopim" que lhe cause... Um Viva a Ditadura que buscamos, e cedo ou tarde vamos tê-la... mas isto, é um assunto muito longo.

Não é crime reclamar e exigir. Mas... não esquecemos de não ultrapassar a linha da prudência. (O que somos péssimos em fazer)

18 junho 2013

17 de Junho de 2013 - A Revolução dos 20 Centavos

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Este é um momento histórico para o Brasil. Em meus 27 anos eu só recordo de ter visto algo parecido quando foi Impeachment de Fernando Collor, em 1992, com os meus 6 ou 7 anos de idade, não entendia o que acontecia. Desde então, nunca mais vi nada parecido. Bem, parecido até que via, eram as festas de Carnavais e Futebol, o circo, a festança brasileira que movimentava tantas pessoas. Ainda mais semelhante, foram as recentes passeatas de movimentos de grupos em prol de 'opções sexuais' diferentes de hétero (GLS). E não posso deixar de comentar este momento histórico que certamente será estudado e estará nos livros de História daqui em diante.

Deixo de expressar aqui o que eu penso sobre tudo isso, talvez, tema para um futuro livro, mas tento, como brasileiro que vivo este momento, registrar o que se passa.

De "Saco Cheio"
Talvez por ter mais consciência das coisas a partir dos meus 18 anos, mas desde então, nos últimos 10 anos foi extremamente crescente de forma exponencial a revolta de cada cidadão brasileiro para com o Governo. Mas quando digo cidadão, não digo qualquer cidadão. O Brasil é um divisor de águas, de fortes desigualdades sociais, um paraíso para os ricos, e um terror para os pobres. A Classe Baixa é a que mais sofre. Sofre pelas péssimas escolas públicas, que parecem esgotos, locais onde os filhos aprendem sobre pornografia, drogas, desrespeito e a cultuar o Circo brasileiro, isto é, o futebol, as novelas, os funks, o carnaval; sofre também pelo péssimo Sistema de Saúde Público, onde falta recursos, onde há uma má distribuição de hospitais e corpo médico, além de falta de instrumentos, onde pessoas precisam marcar consultas e exames com meses de espera; sofre pelo péssimo acesso da casa - normalmente na periferia - aos principais centros comerciais, trabalho e serviços; e juntamente com isso, o baixo salário minimo frente ao custo de ser um brasileiro, tornando difícil de ter uma ascensão social.

A classe média baixa e média é outra classe que sofre muito. São de certa forma o motor do trabalho técnico, empresarial do Brasil. Pessoas geralmente com uma formação um pouco mais sólida mas de vida sofrida. Brasileiros que trabalham muito. Perdem muito tempo encarando o percurso casa-trabalho. Estudam muito, pagando com dificuldade o ensino superior. E que, ao mesmo tempo, qualquer coisa que queiram adquirir para melhorar sua situação de vida, seja um carro, seja uma casa, seja um plano de saúde, são tudo caríssimos e de péssima qualidade. Ao mesmo tempo, são aqueles que mais pagam impostos, veem grande parte de seus salários formais sendo usados apenas para pagar serviços e impostos, mas sem ver um retorno do governo.

Ambas as classes possuem muito em comum. Talvez os dois itens mais fortemente comuns é o péssimo transporte. Se de carro, a falta de infra-estrutura e inteligencia viária e ruas esburacadas, fazendo que além dos estressantes longos transito todos os dias, tem também um alto custo com manutenção. Se de trem, metro ou onibus é preciso lidar com um super desconforto da lotação e  infra-estrutura também ruim tornando as viagens longas, cansativas, estressantes. Fazendo com que muitos desses, percam 2, 3, 4, até mesmo 5 horas do dia apenas se locomovendo. E em meio a tudo isso, apenas veem os custos aumentando, mas não a qualidade. Outro forte item, é que cresceu a total descrença nos politicos e empresários desta nação. Ambos são símbolos de tudo o que há de mais ruim neste pais. São simbolos de ladrões da pior especie, de exploradores, de pessoas que, diferente dos demais, tem todos os confortos e comodidades, e ainda por cima, sonegam impostos, praticam atos de corrupção em beneficio próprio. Ambas as classes viram o salário desses - que já eram muito elevados - mais do que duplicar. Assistiram governo pós governo a mesma situação acontecer. Mesmo quando a Esquerda (o PT)assumiu o poder por 3 mandados seguidos, os problemas continuaram, e a corrupção, impunidade apenas pareceram crescer. Eram bilhões que sumiam, e o povo não via 1 centavo, nenhum beneficio retornado, nenhuma melhoria.

Esta era a terrível situação, um povo cada vez mais desacreditado no país, e desacreditado em si mesmo. Acima de tudo, o brasileiro não acreditava no brasileiro. Nação que traumatizou o povo a não ser ouvido, a ser taxado de palhaço, a perder a auto-estima. Todos estavam de saco cheio das injustiças e dos absurdos administrativos deste país que era apenas um paraíso para os ricos, os filhinhos de papai, os familiares de políticos. O povo que perdeu as esperanças e confianças nos partidos, não havia mais quem o representasse. E ao mesmo tempo, com um nó na garganta, não sabia com qual armas lutar.

20 Centavos - O Estopim
Apesar do reajuste abaixo da inflação. O anuncio de aumento de R$ 3,00 para R$ 3,20 do prefeito Haddad levantou a indignação deste povo. Povo inconformado mas acostumado a ter que pagar a exploração. Junto com isso o Governo apostou demais na Politica do Pão e Circo investindo ou melhor dizendo, gastando, bilhões com a construção de estádios de futebol e parques olimpicos para a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016, obras quais também todos sabiam que no fundo foram obras superfaturadas, apenas uma faixada para muitos se enriquecerem pesadamente as custas do povo, e, ao mesmo tempo, oferecendo este fortemente entretenimento de forma a acalentar e anestesiar ainda mais este povo que para tudo por um Carnaval e final de campeonato de futebol.

Em São Paulo, o centro das atenções, o motor do Brasil, há poucos meses houve fortes protestos com a Educação, sobretudo com os moribundos salários do Professor, quais são considerados (unanime) figuras muito mais veneráveis do que políticos e deputados, mas que ganham nem 10% do que um ganha. A manifestação, como a maioria, aconteceu no principal ponto da cidade, a Avenida Paulista, mas que foi violentamente reprimida pela policia. E a imagem de 'um professor apanhando por pedir um salário mais digno e melhores condições de ensino' aumentou ainda mais o senso de revolta.

No começo de Junho, um pequeno grupo começou um protesto contra o aumento do preço da passagem na cidade. Porém, era, em maioria, um protesto partidário que continha a imagem de pessoas que se sentem 'os revolucionários' ou algum tipo de modernos socilistas, comunistas, marxistas, e essas coisas. Inclusive, pessoas que carregavam muito a idéia de militantes que também lutavam em prol da Legalização da Maconha. Pessoas muito identificadas por alguns partidos mais radicais e esquerdistas como o PSTU, PCO e PSOL, entre outros, por alguns vistos como "estudantes dos cursos de humanas da USP e outros" quais possuem historicamente esta característica, sempre duvidosa, e que soa perturbadora e redundante; sobretudo, por ser muito partidária. E como foi dito anteriormente, o povo estava de saco cheio de partidos, figuras e discursos políticos, sobretudo desses revolucionários, muitas vezes utópicos, com discursos e propostas que pareciam ignorar todo o contexto politico-econômico, mas que acima de tudo, colocavam seus ideais sociais inspirados em livros de pensadores revolucionários, muito parecido com outros movimentos que ocorriam no mundo.

Em junho, especialmente na terça-feira, dia 11 de Junho, o movimento foi muito caracterizado pelo vandalismo, agressão à policia e destruição, deste pequeno grupo com caráter de partidos e ideais revolucionários esquerdistas. Quais queimaram sua imagem. O governo e o prefeito se recusou a negociar com tais. A mídia lidou de forma negativa com os atos que apenas causaram transtorno.

A Violência da Policia
Todavia, alguns dias depois, um novo protesto, com inicio no Teatro Municipal de São Paulo, o grupo se conscientizou mais no sentido da pacificação. A TV fez uma grande cobertura. E desta vez ficou fortemente evidente, com terríveis imagens, que a manifestação prosseguia pacificação, em torno de 5 - 10 mil pessoas, mas a policia, sobretudo a Tropa de Choque agiu com violência contra manifestantes, contra quem não manifestava, contra jornalistas com cassetetes, balas de borracha, bombas de efeito moral, spray de pimenta. Neste momento, um sentimento de revolta tomou conta nos brasileiros (graças a Mídia que mostrou e entonou tudo isso), o sentimento de ser agredido, o sentimento de serem tratados como animais pelo Poder, o sentimento de serem proibidos de protestar, de se manifestar, de por para fora sua revolta contra tudo, contra o Governo. Além disso, houveram prisões aleatórios com abuso de poder alegando "formação de quadrilha" e "porte de vinagre", fazendo com que alguns chamasse também de Revolução do Vinagre, apreendido pela policia por diminuir os efeitos das bombas de efeito moral.


O Manifesto nas Redes Sociais
No fim de semana, nas redes sociais, Facebook e Twitter centenas de milhares de pessoas se manifestaram contra. E houve um fenômeno. Sem partidos, sem um objetivo claro. Os 20 Centavos de aumento se tornou uma representação do Saco Cheio do brasileiro. Sem ideais de esquerda, sem aliança à partidos, candidatos, idéias revolucionárias, sem nem mesmo um projeto do que se deveria fazer. Centenas de milhares de pessoas marcaram, através dessas redes sociais, de se encontrar e se manifestar e de maneira totalmente pacifica. O Saco Explodiu e eles queriam fazer suas vozes ouvidas, queriam se sentir cidadãos, queriam de algum modo dizer que estavam vivos e que tinham algum poder, algum direito, queriam se manifestar. Era o nó na garganta querendo sair.

"O Gigante Acordou"
Dia 17 de Junho, o dia que ficou marcado. Dezenas de milhares de pessoas de forma totalmente pacifica, tomaram alguns dos principais pontos de São Paulo. A Av. Faria Lima, a Rebouças, a Marginal Pinheiros entre outros, e, como sempre, a Paulista. O Manifesto que parecia resgatar os sentimentos Nacionalistas do cidadão brasileiro, trouxe à todos a esperança de que realmente podiam obrigar, de alguma forma, o Poder (o Governo) fazerem algo em prol da população. Algo que se via fazer na Europa e no Oriente Médio, mas não no Brasil. Isso não fazia parte da História desta Geração. E as vozes foram ouvidas. As redes sociais foram tomadas pelo protesto, inclusive a mídia e jornais. Os governos, inclusive o prefeito Haddad voltou atrás a negociação. Mas não apenas em São Paulo, o manifesto se espalhou por diversas capitais e cidades do Brasil, em especial Brasilia onde o Centro Politico da Nação foi tomado por manifestantes, e também em Belo Horizonte e no Rio de Janeiro onde tiveram conflitos mais violentos. E no dia seguinte, 18 de janeiro, muitas cidades do país, como Porto Alegre, Recife entre outros, tiveram o preço de suas passagens reduzidas.

No dia 18 o movimento continuou. Uma multidão de milhares de pessoas ocuparam a Praça do Patriarca onde fica a Prefeitura de São Paulo e alem da Praça da Sé, de forma pacifica. Por trabalhar ali do lado, após o expediente fui ver com meus próprios olhos o meio desta multidão. Era pacifico, muitos gritavam "Sem violência, sem vandalismo!" Percebi que a maioria ali aparentavam estudantes universitários da classe média, sem propagandas de partidos; a maioria ali encarava como algum tipo de Grande Festa; inclusive, era possível ver algumas pessoas paquerando; outras pessoas bebendo, mas os insóbrios estavam em menor número. O que mais me incomodava não era o barulho, mas o forte cheiro de vinagre, parecia que haviam quebrado garrafas de vinagre por ali e também muitos fumando e de forma proposital se via muitos fumando de maneira 'libertadora' jogando a fumaça na cara de todos, no meio da multidão, como se fosse uma manifestação também. E em número menor havia pessoas protestando contra a PEC 37 e contra a "Cura Gay". Me dirigi a Praça da Sé, e no caminho, encontrava ainda uma forte presença de estudantes, mas na Praça da Sé parecia haver um clima um pouco mais tenso, pude ver algumas pessoas com olhares mais raivosos e como se maquiavam segundas intenções. O que mais me assustava era uma participação minima da policia nesses pontos. Apenas vi 2 policiais numa base móvel na Praça do Patriarca. Diferente do efetivo da terça passada, onde haviam centenas de policiais.

O Dia 18 passou. Muito semelhante ao dia anterior, apesar de haver vandalismo e furtos, porém, uma multidão ainda maior foram as ruas de São Paulo, sobretudo a Paulista.


O Futuro
Quais serão os resultados disso? O que isso tudo vai significar? Haverá mudanças realmente efetivas na estrutura e politica do nosso país? Eu não sei e sou pouco crente nisso. Mas isto pelo menos despertou a prova social de que uma multidão pode fazer a ponta da piramide estremecer assim como na Revolução Burguesa, na Tomada da Bastilha. Além disso, outros temores suscitaram juntamente com isso: a inflação, a alta do dólar, a diminuição do investimento estrangeiro no país, dúvidas quanto se a Copa e as Olimpíadas realmente serão boas para nossa economia; os receios de um Brasil que pode entrar numa crise. O que será daqui para frente. Se manifestar tomando as ruas e cobrar do Governo se tornará um novo hábito brasileiro, ou se o Governo realmente atenderá de forma a mudar o Brasil de forma estrutural para atender esses pedidos... eu não sei. Tudo o que sei é que este dia ficará marcado na História do Brasil.

16 junho 2013

Hospital & Música - O Argumento da Bondade

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Muitas coisas nos impressionam nesta vida. Todavia, acredito eu que de certa forma, a música é hoje uma das tecnologias de expressão mais poderosas que existem. Música que é usada muitas vezes para promover protestos como muito foi algumas décadas atrás, ou música apenas para levar as pessoas a sacudir o quadril e dançar, ou música para estimular o pudor, ou música com propósitos diversos... Bem, fora de tudo isso, ainda há - SIM HÁ - uma música com um caráter arrebatador que suscita dentro de nós nossos ideias de BEM, de AMOR, de TERNURA, de CALMA, de PAZ; a música que nos arrebata das dificuldades e problemas deste mundo, mesmo que por um instantes nos dando força para superar e lidar com as dificuldades desta vida.

Já tive o prazer de visitar pessoas internadas, inclusive na UTI, poder dizer algo, orar, até mesmo cantar para eles. Não sei quão minhas palavras podem ter agitado o coração delas. Mas eu já estive internado por três vezes, uma cirurgia e uma grave infecção (nos últimos anos), e eu sei, o quão alguem que está internado, PRECISA dessas coisas. Acho que a palavra 'carente' nem é a mais apropriada. Mas de algum modo, quando estamos ali há dias, as vezes, só deitado, precisando da ajuda de outros para fazer suas necessidades, com cateter, aplicando remédios e mais remédios em você, passando por uma situação sofredora muitas vezes, naquele pequeno quarto... você de algum modo perde as vaidades, você se dá conta de como muitas coisas, talvez quase tudo não tem importância nenhuma, e as únicas coisas realmente IMPORTANTES é o que você realmente quer. Você não pensa nas suas roupas no seu guarda-roupa em casa, mas valoriza o pijama que sua mãe lhe trás, você não pensa na comida daquele caríssimo restaurante mas na comidinha da mamãe, você não pensa no seu carro mas sim em conseguir levantar do leito e poder nem que seja caminhar pelo corredor... e sobre todas as coisas, você deseja as pessoas. Tudo o que você mais anceia, pensar e quer são seus ditos amigos, seus familiares, as pessoas que fazem a vida ter importância, significado. Nessas horas difíceis, as vezes com horário curtos de visita, muitas vezes o que só passa pelo seu pensamento é que você foi abandonado e esquecido. Percebe quem são os amigos de verdade. Quem são aqueles que te visita em seu leito. E as vezes, pessoas que moram muito longe, vem te visitar, e, as vezes, pessoas que moram muito perto, dão uma desculpa para não ir.

É um momento muito duro na vida. Mas é talvez um dos momentos mais oportunos para se triunfar o bem e a bondade. Como diz o ditado, "são nas horas mais negras e sombrias que a luz mais se manifesta". Aqui está um dos maiores exemplos para qual vejo eu que a música pode e deveria ser usada. A música que deveria sair dos palcos e cobrar ingressos indo até onde há os corações humanos mais necessitados. Veja algo tão simples quanto este vídeo. Esta pequena garotinha que com simplicidade e inocência faz uma belíssima declaração de esperança e amor ressuscitando a vida, aquecendo os corações, e certamente levando muitos às lágrimas naquele momento de dor na UTI, tanto de funcionários quanto pacientes. Um argumento de bondade e ternura qual, imagino eu, até Nietzsche chorou.



Quem dera houvesse menos música em palcos e igrejas, e, mais músicas em hospitais e lares.

13 junho 2013

Cativar

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Por mais que tenha minhas ressalvas para este livro, ele traz uma definição muito simples e clara. Cativar é criar um laço especial. É definir o seu mundo. É dizer que escolheu se importar com aquela pessoa...


Que quer dizer “cativar”? 
-É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. 
Significa “criar laços…”
- Criar laços? - Exatamente, disse a raposa. 
Tu não és para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens também necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo…

O Pequeno Príncipe, Antoine Saint



Infelizmente, muitos de nós apenas estamos cativando a profissão, a formação e as próprias ambições ao invés de pessoas. Talvez estejamos deixando escorrer entre os dedos tudo o que realmente é importante nesta vida.

09 junho 2013

Como olhar as pessoas?

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Me recordo de uma das aulas sobre Freud e a sua teoria psíquica  que o homem é formado a partir de TRAUMAS. Dentre eles, um dos especiais é o da criança, quando ele se dá conta que os seus pais não são super heróis, não são perfeitos, mentem, cometem erros. E esse trauma ocorre por volta dos 10 - 12 anos, para muitos, para outros até mesmo antes. Mas até então, a criança olhava para os seus pais e eles eram deuses, super heróis, quer ser igual ao pai, olha a mãe, e de certa forma até mesmo se imagina casando com a sua mãe, ou casar com alguém que seja igual a sua mãe (no caso dos meninos). Mas a partir desse trauma, quando se dá conta, há um rompimento, e geralmente, um certo afastamento dos pais, passa a não contar tudo para eles, passa a não confiar tantas coisas, coisas quais julgam que seus pais não lidariam muito bem com tal; e dessa faze então, começam a criar mais e mais confiança, empatia, mistificar os seus amigos, a roda de amigos. Chegou a adolescência. Criam laços, criam códigos do grupo... códigos nunca escritos por ninguém, ou mesmo mencionados, mas que de um modo ou outro, todos que fazem parte daquele grupo seguem aquele código, passam a aderir características  comuns, buscam viver muito tempo juntos, querem estar mais com os amigos do que com os pais, contam segredos e pensamentos dos mais profundos com ele. Até que nessas relações também sofrem grandes traumas, percebem também como facilmente esses amigos vão embora, e depois de um tempo, ninguém liga, percebe como aquele 'código' era sem valor. E então, chega uma fase que traumatizados, começam uma busca muito mais pessoal, estão perplexas e desenganadas de certo modo da pessoa e do mundo, sabem o que esperar deles, e que, de certa forma, a vida é muito mais individual, ela precisa contar muito mais consigo mesmo; que nenhum dos amigos tem 'A resposta', e então começa a essa busca de si, no que ela é, no que acredita, em quem quer se tornar, o que vai fazer da vida. E neste inicio da vida adulta, ela tem um trauma consigo mesmo, pois já reconhece que ela mesmo comete grandes erros, que ela mesmo já fez muitos males, ela não é um super herói, ela é, de certo modo um qualquer. E então entra na vida adulta, e é nessa fase que ao olhar no espelho vê a imagem de seus pais. Há um certo reencontro e maior afinidade com seus pais, sobretudo os adultos. São experientes e sabem que provavelmente todos já passaram pelas mesmas coisas, decepções e traumas na vida. Passam a ser muito menos exigentes do que quando adolescente e são mais sensíveis um a imperfeição do outro.


Todavia, há traumas que são mais fortes. E um deles, o mais forte é o de ver ou lidar com situações tão horríveis e traumatizantes por pessoas, que ela passa a ter, como uma forma de reação, e mesmo de proteção, generalizar um pensamento de se bloquear (se defender) com a máxima: todos são assim. Ex combatentes de Guerra constantemente tiveram isso. De modo, que após a uma guerra ficarem tão traumatizados que perdem a fé em si e nos outros, e isso é terrível. A vida não só social, mas a vida consigo mesmo passa a se tornar um inferno. A pessoa tem um certo nojo da humanidade, de si, e um terrível conflito interno de sentido a vida passa a ocorrer nela.

Traumas desse tipo podem ocorrer em menor e maior escala em vários aspectos da vida. Conheço uma pessoa que conta que passou vários anos namorando uma garota, sendo 'todo romântico bonzinho', até que tomou na cabeça. Aquilo foi tão traumatizante para ele, que após os 25 anos, passou a beber, fumar, frequentar mais de uma vez por semana baladas e com um simples propósito de pegar, fazer sexo com o máximo de mulheres possível, e se possível, nunca repetir 'a mesma carta do baralho'. Agora já nos 30 anos, ainda solteirão, sem perspectivas de sair dessa vida solteira, não imagina casar, tampouco ser fiel e monógamo. E isso tudo de certa forma foi a reação a um trauma.

Eu mesmo passei por diversos traumas terríveis. São dificílimos de se superar - como são! - Traumas no qual provocam esse olhar sem esperança e sem valor para pessoas e coisas que antes muito tinham, é um desencanto, falta de esperança. E tais tentem a produzir um sentimento e finalidade muito mais egoísta ou egocentrista em si mesmo. ... Isso é terrível. Vivemos num mundo de pessoas traumatizadas. O que me faz recordar daquela terrível profecia bíblica acerca dos últimos dias:

"E por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará." (Mateus 24)


Há um pensamento de que um grande homem é aquele que mesmo depois de tantos anos continua uma criança. Uma criança que não enxerga maldade nos outros, ou como se fossem 'bárbaros'; disposta a brincar, dar tudo de si, acreditar nela, brincar com elas com toda 'inocência' do mundo.

É difícil pensar e conceber isso depois de certo ponto da vida. Mas isso me fez pensar hoje como é intrigante o amor de Deus. Ele conhece a cada um de nós, sabe todos os nossos segredos mais ocultos, contemplou, viu, sabe - muito melhor do que nós ainda - cada ato, ação, pensamento que fizemos não só ontem a noite, mas em cada instante da nossa vida. E mesmo assim, apesar desse GRANDE TRAUMA, que certamente dá-lhe razões de sobra para perder a fé na humanidade e destruí-la de tão maus que somos, contrariamente, Ele nos amou, amou a humanidade, amou essas pessoas destruídas, de corações traumatizados e destruídos, cheias de defeitos, falhas de caráter, comportamentos egoístas, maldosos e ímpios. ... Não só amou por cada um, mas lutou e tomou as atitudes mais impensadas por tais, para salvá-las desde 'homem destruído' querendo dar-lhe 'vida', querendo dar-lhes amor. O verdadeiro amor a si mesmo e um verdadeiro amor ao próximo.

Como isso é possível? Como é possível que Ele optou por morrer quem não dava a minima por Ele? Você hoje doaria seu rim por alguém que destruiu a sua vida? Pularia na frente do carro para salvar aquela pessoa promíscua, traidora? Levaria um tiro para salvar aquele marido infiel que você sabe que toda a noite trai sua mulher com prostitutas e outras que fazem sexo grátis? Entraria num prédio em chamas para tentar salvar aquele homem caloteiro que te roubou muito dinheiro e deixou no vermelho? Talvez não estamos dispostos nem a convidar para um amistoso jantar aquele cara que bateu no nosso carro, quanto mais essas coisas.

É intrigante pensar que Deus nos ama, não importa a condição que estamos. Não importa o quão ruim, sem caráter, quão mergulhados em paixões, erros, loucuras, vaidades, estejamos. Ele vem e morre por nós. Mas muito além disso, Ele nos olha com tanto amor e simpatia, que não pensa, não vê apenas quem somos; mas em quem podemos ser. Ele quer nos salvar de nós mesmos. Quer remover esse coração destruído e nos dar um novo coração. Quer nos dar verdadeira felicidade e amor para com nós mesmos e os outros. Quer nos restaurar novamente a esperança e a fé. Não em uma pequena porção apenas, mas na plenitude!

Este é o poder do Evangelho. O poder de transformar a vida de pessoas. O poder para dar um novo coração. O poder para te dar esperança, amor, felicidade e paz para com nossa relação com nós mesmos e com os outros.


Intrigante. Quem dera eu poder restaurar esses olhos. De ver as pessoas, como Deus as vê.

E você, o que vê?

08 junho 2013

07 junho 2013

Saber = Morrer

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Nós só pensamos quando temos um problema.
Só nos movimentamos quando somos incomodados.
Só construímos e crescemos quando não nos acomodamos.
Exemplo: Pensar no caminho
Se você sempre foi levada por seus pais de carro para todos os lugares, ou pegou taxi, ou motorista particular. Certamente não prestou muita atenção nos caminhos, alternativas e rotas. Nunca se preocupou com isso. E provavelmente se tiver que guiar alguém ou a você mesmo se um dia precisar, irá se perder ou não saber por onde ir.
Se você é um motorista, e sempre pega o mesmo caminho, por 10 anos indo e voltando do trabalho, passando pela mesma avenida, estrada, ruas. Em algum momento irá se tocar que você nem ‘pensa’ mais no que está fazendo, o caminho que faz. Como um instinto sabe onde está cada buraco e desvia deles de olhos fechados. Sabe o tempo de cada farol sem perceber, sabe inclusive qual estará fechado. Consegue até fazer outras coisas tranquilamente enquanto dirige, pode até dormir no volante, que opa!, quando acorda tá em casa.
Mas se um dia, naquela estrada, há uma barreira policial. Uma Blitz. Instantaneamente acende em você a chama. A curiosidade, o pensamento.
- Quando foi a última vez que bebi? – diz a si mesmo.
Começa a se preocupar, pensar, mobilizar seus neurônios buscando entender o problema, as implicações, as alternativas.
Se o guarda te para, em poucos segundos já pensou se há alguma irregularidade com o carro, as multas não pagas, os pontos na carteira. Aliás, está vencida? E se te levarem para a delegacia? Que horas vai chegar em casa...
E daí, precisa sair por uma rua diferente dali, e um fogo consome seus pensamentos racionalizando varias ideias e hipóteses tentando imaginar qual é o caminho, o melhor caminho, a direção que deve seguir e etc.
A vida é assim. As pessoas são assim.
Infelizmente empacam.
“Ah eu SEI o que quero.”
“Eu acredito nisso.”
“É assim, porque é assim e ponto final.”
Consideramos que já “sabemos” de alguma coisa, e com isso morremos.
Quando dizemos que sabemos de algo, morremos.
Saber é morrer.
Saber é parar, é estagnar, é não andar, é não questionar, é atrofiar...
Corremos o risco de nos acomodar no nosso estilo de vida, trabalho, crenças,
E com isso, morrermos.
De certo modo, este é o grande tédio da vida: morrer nossos pensamentos.
Você pode viajar por todo mundo, porém morto.
Do mesmo modo, pode passar 40 anos na prisão, porém vivo.
Salomão diria:
“Aquele que não continua a aprender, esquece o que já sabe.”
Sócrates diria:
Aquele que sabe alguma coisa, não sabe nada. Aquele que não sabe nada, sabe alguma coisa.
Não saber é viver. Pois enquanto não sabe está ali lutando, indo atrás, movendo a mente, a razão, tentando descobrir e entender.
E o mais intrigante. É que na vida muito dificilmente, talvez nunca, encontraremos respostas, algo positivo digamos, iremos saber ‘o que é’. Mas por outro lado, encontraremos muitas negações. Iremos descobrir ‘o que não é’.
Nunca descobriremos o que é a verdade, o bem, a justiça, o amor, a confiança, a amizade, a família.
Mas a cada vez que exercitamos mais o logos, mais iremos saber o que elas não são. Vamos refinando. E desta forma, por muito não saber o que é, temos alguma noção ou direção do que viria a ser.
Devemos ser a Mosca
Sócrates equipara as pessoas, a sociedade como a um cavalo. Um cavalo que poderia ser rápido, correr, se exercitar, se tornar forte, saudável, inteligente.
Mas ele é por vezes devagar, burro, empacado.
Daí vem a mosca. Ela fica zumzunando no ouvido. O perturba, o pica. E assim, o cavalo começa a andar, a se mexer, nem que seja para fugir daquela mosca.
Esse foi o papel de Sócrates.
Foi uma mosca na sociedade, por décadas.
Elas não aguentaram aquela ‘mosca infernal’ que não parava de zuzunar e o mataram. Mataram a mosca.
Interessante que se realmente temos algum real interesse por nós e pelas pessoas, pela Verdade. Seremos como moscas.
Devemos ser uma mosca com nós mesmos.
E uma mosca com os outros.
Todavia,
Estarmos preparados.
As pessoas odeiam moscas.
Elas as matam.
Um tributo a Sócrates. Que de muito zunzunar... morreu... mas direcionou e tornou o mundo como o é, inclusive como pensamos, sempre com um senso de que há e devemos seguir uma verdade. Só não sabemos muito bem o que é.

06 junho 2013

Lembranças

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Há coisas que precisamos lembrar para que não as esquecemos, no entanto, há coisas que são impossíveis de esquecer, como você.

Como?

02 junho 2013

Teste de Personalidade - Muito Bom

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Senhores,

Após uma longa bateria de perguntas, mais que 100 ao todo, acredito eu, bem detalhada, me surpreendi com um resultado muito extraordinário quanto a realmente descrever detalhadamente grande parte da minha personalidade.

Como é um texto longo, coloco-o no seguinte link:  Personalidade