28 outubro 2012

A Intragável Graça

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Um dos conceitos mais intragáveis pela sociedade é a do perdão, a da Graça. Em suma, é você dar algo a alguém o que ela não merece, ou não faz por merecer, ou quando merecia algo muito pior, ou quando ela não possuí mérito algum para receber a sua atitude 'desinteressada e altruísta' - será que essas palavras ainda vão existir nos dicionários daqui alguns anos?

Jesus deu o exemplo de um servo que devia uma fortuna para o seu senhor, suponha, hoje você dever 5 bilhões. Então o senhor o perdoou dessa dívida. Bem, isso é intrigante, na mentalidade de hoje, onde somos acostumados a lidar com 'proporções', 'juros', 'risco'.

A partir disso, compartilho a colocação de um amigo, Marco Aurelio Brasil, que fez sobre a obra de Os Miseráveis, de Victor Hugo.

"A graça soa violenta a milhões de pessoas. Veja o exemplo de Javert, o policial obcecado por capturar o fugitivo Jean Valjean no clássico “Os miseráveis”, de Victor Hugo. Jean Valjean é um homem de força descomunal que foge da prisão antes de ser degredado. Na rota de fuga ele rouba um menino e se asila em uma igreja. O velho padre o acolhe, lhe dá comida e uma cama quente e Valjean responde roubando a prataria da igreja. Ele é capturado e levado de volta ao padre que o repreende por não ter levado também alguns castiçais. Ele afirma aos policiais que aquela prataria era um presente a Valjean que, dessa forma, é liberto. A graça contida naquele ato transforma Valjean radicalmente e dali por diante ele se torna um anjo para muitas pessoas. Em resumo, o favor imerecido e injusto mesmo obtido daquele padre fez Valjean ser confrontado abruptamente com sua condição de miserável moral e esse foi o estopim que determinou sua nova devoção a minorar o sofrimento de outros tantos miseráveis.

Durante anos Javert o persegue, porque tem um apego doentio ao império da lei. Não importa as evidências de redenção moral dadas por Valjean, ele continua sendo um foragido e seu lugar é nas colônias penais francesas espalhadas pelos infernos tropicais. A hipótese de seus crimes passados ficarem sem a punição prescrita na lei lhe parece hedionda. Mas estoura a Revolução e numa grande reviravolta Javert se vê preso pelo tribunal do povo, acusado de ser um espião a serviço da monarquia. Valjean se apresenta então para ser o carrasco executor da pena de morte sobre Javert, mas em lugar de o fazer, quando está longe das vistas dos outros simplesmente liberta Javert e se entrega para ser preso. Javert então sente que é impossível prender Valjean e o deixa ir, mas essa hipótese também lhe parece inaceitável. Incapaz de lidar com o binômio lei x graça, Javert se suicida.


E, no entanto, é exatamente este o procedimento da graça: ela encolhe a mão da justa punição e deixa ir livre o infrator, apontando para a punição injusta que Jesus sofreu em seu lugar. Ela age como se o mensalão fosse julgado por ex-detentos políticos, aprisionados injustamente na ditadura militar, que considerassem os réus culpados de corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, mas comutassem a pena afirmando que a pena injusta que eles, os magistrados, cumpriram, é considerada em favor dos réus, deixando-os, portanto, livres. Ficaríamos indignados com um desfecho assim, não é? É difícil entender a graça.

E muitas vezes é ainda mais difícil aceitar a graça e permitir que ela nos transforme. Isso implicaria em reconhecer que somos nós os miseráveis... Se você aceitar a ilógica da graça, amigo, ela o tornará um multiplicador da graça por onde você passar, não há outro caminho. Só que antes você precisa confessar: “eu sou um miserável”!"


21 outubro 2012

Ansiedade - Não nos devemos atormentar com o futuro

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Hoje ao abrir o olho, me deparei com alguns livros que ficam ao lado da cabeceira da cama; dei uma olhada em alguns títulos, e logo me deparei com dois títulos de Sêneca, que já li há uns aninhos: "Da Felicidade da Alma" e "Das Relações Humanas". Por um momento tive um momento de relembrança das impressões e provocações que tais formidáveis obras deste filosofo estóico romano me causaram e me senti motivado a abrir o livro onde estava o Marca Página, e já me surpreendi com as palavras que havia grifado em tais:

"Somos, no mais das vezes, mais vítimas do nosso terror do que dos perigos reais, e sofremos mais com a idéia que fazemos das coisas do que com as próprias coisas."
Sêneca

Mais uma das máximas senecarianas, e logo me senti motivado a ler este capítulo, ou seja uma carta, pois este livro é nada mais do que uma reunião de cartas que Sêneca enviava para o seu discípulo Lucílio. E assim, compartilho convosco meus grifos deste capítulo:

Carta XIII

"Na verdade, antes mesmo de te teres fortalecido com a ajuda dos nossos salutares princípios que permitem vencer as dificuldades, tu bastavas a ti mesmo para enfrentar os golpes da sorte. [...] Nunca podemos ter confiança absoluta em nós mesmo antes que muitas dificuldades nos tenham sido apresentadas aqui e ali e mesmo que às vezes que não tenham tocado de perto: é quando se manifesta a verdadeira coragem, a que não depende de modo algum da vontade de outrem. É essa a prova de fogo!

[...]

Um atleta [...] depois de cada queda sempre se levantou mais decidido, só aquele vai para o combate cheio de esperança. Direi, para continuar com a comparação, que a sorte várias vezes já te abateu e que entretanto tu não te entregaste: retornaste o impulso e te reergueste, mais intrépido ainda. ...

Somos, no mais das vezes, mais vítimas do nosso terror do que dos perigos reais, e sofremos mais com a idéia que fazemos das coisas do que com as próprias coisas. [...] Na verdade, nós dizemos que tudo o que arranca gritos e gemidos não tem importância e é desprezível. Deixemos de lado essas grandes palavras, aliás muito justas, grandes deuses! Eis o meu conselho: não fiques infeliz antes da hora; os perigos cuja chegada iminente tu temes, talvez não cheguem nunca (de qualquer forma, nem sempre chegaram!). Alguns deles nos torturam excessivamente, outros cedo demais, outros ainda sem razão alguma. Aumentamos o nosso mal, nós o criamos inteiramente ou o antecipamos. [...] Veremos mais à frente se tais males nos atingem por sua própria força ou pela nossa fraqueza.

[...] Interroga-te mais: "Não é sem motivo que me atormento e me aflijo? Não estou criando um mal que não existe?"

"Mas como, tu me dirás, saberei que as minhas angústias são vãs ou fundamentadas?" [...] somos atormentados pela presente ou pelo futuro, ou por amos ao mesmo tempo. Pelo presente, é fácil resolver: se és livre, gozas de boa saúde e não sofres nenhum mal trato, a preocupação tem que vir só mais tarde; hoje, vai tudo bem. "Mas amanhã está chegando!" [...] Sim, meu caro Lucílio, rendemo-nos de imediato à opinião. Não refutamos o que nos leva a ter medo, não nos procuramos livrar dele: ao contrário, começamos a tremer e fugimos [...]. Não sei por quê, o falso perturba mais do que o verdadeiro: este tem sua própria medida; mas tudo o que é incerto está sujeito às conjecturas e aos caprichos de uma imaginação movida pelo temor. Não há medo mais funesto, nem mais difícil de se acalmar do que um medo pânico. Os outros tomam conta de uma alma que perdeu a razão, este, de uma alma que perdeu a própria inteligência.

[...] A vida não seria suportável, a infelicidade não teria limites, se temêssemos tudo o que de aborrecido pode acontecer [...] Se tens mais motivos para temer, tende para o lado da esperança, e pára de te atormentares [...], se tortura e queima de inquietude. [...] trememos por causa de rumores duvidosos que tomamos por certezas. Não sabemos manter a menor medida: a menor dúvida vira medo.

[...] Tu dizes isto: "Que venha, e depois? Veremos qual dos dois vai vencer. Talvez venha para o meu bem: A minha morte honrará a minha vida." [...] Mais uma razão para aumentares e embelezares o que é bom em ti.

[...] "Os tolos, entre outros males, são afligidos por este: estão sempre começando a viver." [...] O que há de mais feio do que um velhinho que começa a viver?

Sêneca, Carta XIII


Acredito que esta colocação de Sêneca pode ser considerado uma paráfrase de quando Jesus disse: "Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal." Mateus 6:34

12 outubro 2012

Tabela Comparativa HB20 x Etios

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Uma das mais didáticas e ilustrativas tabelas comparativas que construi, nos ambitos que considerei mais importantes comparar e destacar entre os dois novos modelos da Hyundai e da Toyota, para ajudar na sua decisão de compra. Por serem modelos novos, ainda não temos como avaliar a depreciação do veículo e qual será mais visado.

Download da Tabela Comparativa (PDF)


Etios Hatch 1.3 XS
Ontem eu fui na concessionária verificar o carro e fazer um test-drive. Ao olhar por fora, a primeira impressão que vi foi um carro robusto, é elegante, de aparência mais clássica, forte e espaçoso. Percebi que o acabamento para fechar as portas não era dos melhores, foi necessário dar uma batidinha mais forte. Já no banco de trás, os passageiros podem realmente ficar tranquilos pois é bastante espaçoso e confortável, mesmo para alguem alto como eu de 1,80m, me senti com uma boa ergonomia, os bancos são confortáveis, mas o material parecia ser muito mole para um zero, o que me levantou a dúvida: "Será que não vai amolecer muito?"

O Painel
Já no banco do motorista a impressão é outra. A posição para direção é excelente. E mesmo a visualização do painel central é muito boa, de certo modo é mais confortável no sentido de não tirar muito o foco da pista, mas por outro lado é "estranho", e até mesmo "feio", o painel não é muito didático quanto aos demais instrumentos de medição. Para ser sicnero, o painel claramente é um grande desgosto. Não só isso, mas o porta-luvas, ao se abrir tal, apesar de ter um grande espaço, a abertura dele é mais feia ainda; é um item que não foi pensado no designe e comodidade; pois é uma tampa enorme. Outro grande desconforto é a abundancia enorme em plástico de baixíssima qualidade nítida. Aquele plástico fino, duro que parece que vai quebrar, ou começar a se soltar e fazer muito ruído em pouco tempo e de uma cor também desagradável, um tanto 'cinza-desbotado'. O freio de mão, também é um item que lembra um 'made in china', a impressão que dá é que o cabo de aço vai estourar na sua mão de tão barulhento e mecânico. Outra coisa que incomodou muito é ao mexer nas peças que direciona a saída do ar, fazia um barulho como se tampas de plástico batessem forte, é um pequeno detalhe que mostra como economizaram em qualidade na parte interna. É tão fraco o painel, que nos lembra a versão antiga do Uno ainda mais simplificada, há um espaço inútil entre o freio de mão e o cambio, de modo a ficar um cambio com o seu corpo bem grande, como de um trator..

Banco do Passageiro
Por outro lado, a postura para se dirigir é muito confortável com o banco, faltou um ajuste de altura para o banco do motorista, mas ele vai uma boa distância para trás, sem que perca a ampla visão que o vidro da frente permite; e o banco tem uma excelente ergonomia, e algo raro de se ver, inclusive para o apoio de cabeça.. Porém, o volante é naturalmente baixo, ele vem com um ajuste de altura, mas mesmo no mais alto não chegou a ser algo muito ideal para a minha estatura, mas nada reclamável.Já o conjunto de embreagem, freio e acelerador são excelentes para se pisar, a embreagem não é fundo e é macia, porém, todos estão relativamente mais próximos ao banco do motorista, ideal talvez para alguem de uma estatura abaixo de 1,75m, porém, com as minhas pernas, já tive um pouco de desconforto com relação a isso, apenas uma postura fixa me permitia andar sem que o volante batesse em minhas coxas.

Dirigibilidade
Fiz um test-drive no modelo 1.3 XS, com ar-condicionado, vidros e travas-elétricas e rádio, tudo sai por R$ 38.800. E a primeira impressão foi excelente. Andei muito num Polo 1.6 8V do meu irmão e o etios não deixou nada a desejar para o Polo (alias, menos barulhento até), talvez por ser mais leve, o carro tinha um excelente arranque, retomada e potência. Infelizmente o local não tinha subida, mas era muito bom em questão a desempenho do motor, além disso, o barulho não era tão silencioso quanto do Corola, mas era um barulho confortável. Além disso, a direção é extremamente macia, podia girar, com o carro parado, com 1 dedo tranquilamente, e ela se estabilizava bem, não ficando mole conforme pisava mais; do mesmo modo era a troca de marchas, não cheguei a por a 5ª; mas era um carro que parecia que sua zona de conforto para a 5ª estaria entre uns 110 - 130 km/h, acima disso, parecia que o motor iria chiar, mas faltou testar. Passei propositalmente em alguns buracos e joguei o carro de um lado para o outro e a suspensão se manteve muito boa, praticamente nem senti os buracos ou a jogada de um lado para o outro, era super silencioso passar pelos buracos e não se perdia o controle nas curvas mesmo fortes. Também testei o ABS, era dia de garoa, a pista estava toda molhada, acelerei até 80 km/h e pisei com tudo, e para a minha surpresa, acredito que nem em 10 metros, o carro parou totalmente, SEM DAR TRANCO ALGUM, foi uma freada super gostosa, meu corpo não foi para frente, o carro não derrapou, nem senti qualquer pressão no volante e o carro nem foi para nenhum dos lados. Me fez sentir uma tremenda segurança e conforto para freadas bruscas.

Avaliação Final
Para dirigir, parece ser um carro impecável, que correspondeu muito as minhas exigentes expectativas; diria até que foi um enorme prazer dirigi-lo. Porém, por outro lado, a parte interna do carro dá um tremendo desgosto, que te faz lembrar que você está num super popular de baixíssimo custo e qualidade, de que logo, com o tempo, todas aquelas peças de plástico te traria outro grande incomodo: peças moles e barulho. É um carro em que a Toyota investiu no motor, direção, freios e suspensão mas por outro lado, eu diria que "RETIROU" da parte interna. E além disso, outra coisa negativa ao meu ver, é um ar-condicionado caro - R$ 2.700,00 - para incluir como opcional na versão X, e o carro só possuir vidros e travas elétricas na versão XS de 38.800,00. O rádio também é dos mais simples, não tem um painel para vídeo, tem apenas um USB, antena rádio e o cd-player. E apenas na versão XLS se possuí revestimento nas portas com tecido ao invés de plástico, versão que custa 42.800. Ou seja, para se ter um carro mais confortável e agradável na parte interna, é preciso pagar um preço alto; preço tal que talvez vale mais a pena gastar em outros carros mais robustos. Enquanto pudemos ver as demais marcas investirem mais no designe do painel, e conforto interno, o Etinos deixou isso por último por um preço mais caro, mas por outro lado, sem dúvida, deixou uma maquinaria forte e segura.

Ponto forte
Conjunto motor, direção, suspensão e freios.

Porto fraco
Acabamento interno, painel, portas, maçanetas de baixíssima qualidade. A Toyota pecou nisso e será o o item que irá esbarrar muito com o consumidor brasileiro.

Financeiro: No geral me pareceu um carro caro. Acredito que por esse preço deveria ter investido mais na parte interna também. Te faz ficar muito atrás se pelo mesmo preço não compensa pegar um usado de melhor qualidade interna. Além disso, o carro é um lançamento, não sabemos como será sua aceitação e assim o valor de sua depreciação, o que nos deixa sem referência para avaliar seu preço se não está muito acima do que realmente vale. Acredito, que a um preço mais justo para cada versão estaria pelo menos entre 2 e 3 mil a menos.


HB20 ( Em Breve )

Tirotei no Metro Luz em São Paulo - Caos!!

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Hoje mais um episódio da vida conturbada na grande conurbação que é nossa capital. Sai do trabalho por volta das 18h30 e me dirigi a estação do metro São Bento, linha azul por volta das 18h40. Meu propósito era ir até a estação Luz para pegar a linha amarela para ir até o Butantã e assim para a faculdade. Mas bem, todos os meus planos foram alterados.



18h40 - São Bento
Chego ao metro, o qual continha aquele clássico aviso nos auto-falantes: "Devido a remoção de usuário na via na estação Luz, os trens estão andando com velocidade reduzida e maior tempo de parada nas estações." Porém, sem mais noticias, eu vi que não era normal, pensei que alguem se suicidou e estava dificil remover o corpo. Tudo parado, o trem não saia, e nenhum passava no outro sentido e uma multidão de pessoas esperando, ao mesmo tempo que a força da linha foi desligada. Passaram 20min. e eu percebi que tinha dado algum merda e que não teria prazo para retornar, além que no minimo levaria uns 5 trens para eu conseguir entrar com a multidão que se formara de pessoas que siaram do trabalho.

19h15 - Luz
Policia, helicóptero, catracas ravadas, uma multidão de pessoas sentadas e esperando, esta era a cena. E como sempre, o Metro é um supremo mestre em esconder informações, pois ninguem fica sabendo de nada. A linha azul plenamente parada ainda. Já a linha amarela estava com grande movimento sentido Butantã.

19h30 - Paulista
Super cheio como se fosse o pico do horário de Rush, super lotado desde a saída da linha amarela, até as escadarias, e grande multidão para embarcar na linha verde. Quais estava com velocidade super reduzida.

20h00 - Tamanduateí
Estação estava super lotado. Trem demora uns 20 min. para aparecer. O qual prossegue super lotado tambem.

20h35 - Estação Santo André
Simplesmente parecia que era 18h30 da tarde, filas e mais filas nos pontos. Mas ao mesmo tempo, pouquíssimos onibus. E para ajudar, um caos de transito na Av. Perimetral, a principal que corta Santo André, no sentindo Mauá, provavelmente devido a chuva e há muitas pessoas indo para Rodoanel para viajar.

Um dia simplesmente tenso. Mostrando-nos cada vez mais o que seria de São Paulo em situações de emergencia, se o principal sistema de transporte travar, como o metro, CPTM... e para onde estamos nos dirigindo, para uma Conurbação parada qual no horário de pico não só a bicicleta ganha, mas até mesmo uma caminhada está compensando. E para onde iremos caminhar assim? Ou os Administradores de nossas cidades pensem um pouco para mudar as coisas, ou eles mesmo teram, daqui a pouco, de trocar seus luxuosos carros por bicicletas.

07 outubro 2012

Eleições 2012

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Decepcionante. Está é minha definição para as eleições ocorridas este ano para vereadores e prefeitos. Não só pelo período de 'propaganda', qual apenas foi midiática no modo mais esdruxulo possível, apenas musiquinhas toscas incomodando nossa vida, um monte de folhetos e papéis com frases de efeito, ou propostas ridículas que eram muito mais 'idéias' do que propostas; um monte de panfletos apenas contendo uma foto 'photoshopada' e um número. E por fim, para encerrar com chave de ouro, um total desrespeito a Lei que proíbe fazer propaganda no dia da eleição, sobretudo boca de urna, e aí, cada político procurou distribuir milhares de 'lixo', e tivemos um resultado nojento, degradante, de puro lixo espalhado pelas ruas da cidade.

Todavia, isto não passou despercebido. Olhando as eleições daqui de Santo André - SP, pelo site UOL, e percebe-se cada vez um número maior de votos nulos e brancos. Por exemplo, Santo André:

Prefeito
Nulos: 12,79%
Brancos: 7,28%
Total: 20,07%

Vereador

Nulos: 10,91%
Brancos: 7,48%
Total: 18,39%

Isso demonstra que 1/5 da população de Santo André está descrente dos candidatos, do Sistema. É bom lembrar que qualquer sistema, seja, politico, apenas se mantém quando se tem a confiança das pessoas, de certo modo, da maioria; caso contrário, apenas através da força militar é que tal poder irá conseguir se manter. Caso contrário haverá uma força contrária. Não sei se esse dia irá chegar. Mas não tenho fé/esperança no sistema e atuais candidatos, pois mesmo supostamente alguém honesto, justo, chegando lá, dicará de mãos atadas, ou com uma pistola apontada para a cabeça. Além disso, basta observar a declaração de bens dos candidatos para perceber o quão honestos são, com imóveis super deflacionados, ou com o valor de compra há x anos atrás; ou que não possuem automóveis... entre tantos outros bens que estão declarados com um valor super abaixo do declarado, ou em nome de terceiros.

Mas pensando no dia de hoje, e na indignação que vi pelas ruas da cidade, acho que a charge abaixo manifesta com precisão meu pensamento.


02 outubro 2012

O Estilo é Um Reflexo da Vida - Seneca

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Qual a causa que provoca, em certas épocas, a decadência geral do estilo ? De que modo sucede que uma certa tendência se forma nos espíritos e os leva à prática de determinados defeitos, umas vezes uma verborreia desmesurada, outras uma linguagem sincopada quase à maneira de canção? Porque é que umas vezes está na moda uma literatura altamente fantasiosa para lá de toda a verosimilhança, e outras a escrita em frases abruptas e com segundo sentido em que temos de subentender mais do que elas dizem? Porque é que nesta ou naquela época se abusa sem restrições do direito à metáfora? Eis o rol dos problemas que me pões. A razão de tudo isto é tão bem conhecida que os Gregos até fizeram dela um provérbio: o estilo é um reflexo da vida! De facto, assim como o modo de agir de cada pessoa se reflecte no modo como fala, também sucede que o estilo literário imita os costumes da sociedade sempre que a moral pública é contestada e a sociedade se entrega a sofisticados prazeres. A corrupção do estilo demonstra plenamente o estado de dissolução social, caso, evidentemente, tal estilo não seja apenas a prática de um ou outro autor, mas sim a moda aceite e aprovada por todos.

Não é possível o espírito ter uma tendência e a alma ter outra. Se a alma é sadia, senhora de si, severa e comedida, o espírito será igualmente grave e sóbrio; quando a alma é viciosa, o espírito também degenera. Não vês tu que, se a alma é débil, as pessoas arrastam o corpo e só a custo se movem? Que, se a alma é efeminada, até no modo de andar se nota essa moleza? Que, se ela é, pelo contrário, ardente e forte, a marcha se torna acelerada? Que ainda, no estado de loucura, ou de cólera (que, aliás, é um estado semelhante à loucura) o movimento do corpo se torna caótico, descontrolado, sem sentido definido ? Todos estes sintomas se tornarão mais evidentes ainda no que concerne ao espírito, já que este está totalmente impregnado pela alma, da qual recebe a sua forma, à qual obedece, a cuja lei se submete.