Li em torno de 1/2 da clássica obra ‘1984’ de George Orwell. A grosso modo o livro é uma obra que abrange principalmente a politica, filosofia e socialismo, de forma densamente critico; qual envolve um romance também muito provocante. O livro escrito em torno de 1930, acho que antes da II Guerra Mundial, é uma critica ao Nazismo, U.R.S.S., ao Comunismo, ao Fascismo, ao Estadismo; faz uma ficção de como seria o mundo em 1984 (50 anos depois), em que o mundo era divido em apenas 3 países totalitários, estadistas ao extremo. Um controle que resulta na abolição do individuo.. E então, temos novamente a mesma ideia abordada pelo livro “Admirável Mundo Novo”: Controle. Uma sociedade totalmente manipulada em função dos interesses do Estado (o topo da hierarquia). A diferença, que no ‘Mundo Novo’, o Estado de certa forma, é mais um tipo de Máquina Economica, ou a Industria, um super interesse do Capitalismo vamos assim dizer, na forma mais selvagem possível, no qual se livrou a concorrência, e as pessoas são meras consumidoras, mas que ganham em troca, uma ‘vida feliz’ (graças ao Soma e a quase ausência do tempo de espera entre seus desejos e realização), e neste, o controle é por outro meio, por meio de uma vida 'miserável' vamos assim dizer.
O Grande Irmão (The Big Brother)
Big Brother Brasil, esta ‘coisa’ [que elogio ao invés de m*], de certo modo veio (pelo menos o nome) deste livro. Da obra genial deste autor, que numa época em que não existiam filmadoras e televisores (até onde sei), disse que em 1984 existiram “teletelas”, uma espécie de televisor que haveria praticamente em todos os lugares, nas casas das pessoas, cômodos das casas, ruas, e etc, tal ficaria sempre ligada, e na maioria das vezes traria informações do Estado, pura lavagem cerebral, para elevar as virtudes do Partido, ou informações totalmente duvidosas, que eram repetidas até as pessoas acreditarem que era verdade e não mais ter noção do que significa uma “informação original, puramente verdadeira, factual”. Todavia, esta Teletela também era um tipo de câmera, que estava em constante observação das pessoas, dos cidadãos (os camaradas), todos eram observados minuciosamente, e viviam como se fosse um conceito ou lei natural sentir-se sempre sob vigilância. E todas essas informações, monitoramento era feito pela Policia do Pensamento, qual se suspeitasse que alguém estava andando fora da linha, fazendo algo anormal, incomum, ‘pensando demais’, com alguma idéia revolucionária, ou ‘anti-social’, ou qualquer coisa perturbe a paz e a ordem, ou como as coisas são, um mero olhar de insatisfação, de desesperança, qualquer coisa que pudesse gerar um sentimento de revolta, motim, guerra civil, ou de apego demais para alguma coisa, ao invés de servir aa servir o Estado e aos seus camaradas... bem, então tal pessoa, certamente, em alguma noite seria pega a noite pela Policia do Pensamento, interrogadas, brutalmente torturadas e assassinadas. Mas enquanto isso, tudo isto, era a maquina por detrás. Pois o conceito, era que o Grande Irmão sempre estava vigilando a todas, vigilando a sociedade, monitorando, e acertando as coisas para deixa-la sempre em ordem, e fazer as pessoas ‘mais felizes’.
A Precariedade
Uma das questões mais abordadas e deixadas claras, é sobre como seria a Produção conduzida pelo Partido, pelo Serviço Publico, concentrado nesta Máquina (qual podemos fazer uma comparação para o modelo capitalista, em que são muitas empresas, e que há a concorrência, e se preocupam com a questão da oferta/demanda e qualidade). Tudo era precário, e tudo sempre estava em falta, e era racionado. As pessoas tinham sempre roupas velhas, remendadas, rasgadas, as cidades era sempre meio que destruídas, vidros trincados, estilhaçados, com papelão, tudo mal rebocado, pintado, as pessoas não encontravam nem gilete para barbear (era um item de constante procura), tinha o Gim, uma espécie de Bebida que era puro Alcool e horrível de se tomar, mas era tudo o que tomava como um tipo de adornos (como era o soma no Admirável Mundo Novo), porém, que era nauseante, horrível de se tomar, fedia etc. Tudo era muito precário tanto para quem pertenciam as funções inferiores do Partido, quanto, mais ainda, para quem era da Prole. Os cigarros eram tão ruins, que sempre esfarelavam ou caia o fumo no chão se não fosse pego com cuidado. Ninguem andava com um sapato novo ou em boas condições. Tudo estava sempre em falta.
A Mídia – A Moldadora de Opinião (melhor dizendo: de cidadão)
No “Admirável” as pessoas eram condicionadas desde o nascimento, em sua educação pelas “Repetições” e os processos de condicionamento, e as frases que sempre ouviam mesmo em quando dormiam. No 1984, é o total CONTROLE da mídia pelo Estado, em função a servir aos propósitos do Estado. Anunciavam só aquilo que era de satisfação do estado, entre eles, tornar as pessoas sujeitas aos seus interesses, e fazê-las acreditar que o Estado, o Partido, o Grande Irmão está lutando por eles, para o bem, e sua felicidade. É sempre, essas informações, esse tipo de programação, de músicas.
Guerra, Caramadagem - A Ilusão da União e Dever
Além disso havia o condicionamento dos interesses do Estado, em fazer as pessoas amarem, se confraternizarem como uma Nação, contra as demais Nações, e contra os OPOSITORES desta ordem. Como no Cinema, e o Dia do Ódio, onde eram apresentados coisas, de modo que estes INIMIGOS, sempre possuem idéias tão absurdas que até uma criança de 7 anos percebe quão ridículas são e se revoltam. E elas ficam lá, falando e fazendo, por muito tempo, de modo que deixam as pessoas totalmente irritadas até ficarem fora de si, e começam então a manifestar todo o seu ódio para com tais Inimigos, xingando, mostrando agressividade, pulando como loucos, uivando como animais, e naquele MOTIM, em que todos os camaradas se unem como uma fraternidade em função desse Inimigo em comum. E ai então surge a imagem do Grande Irmão, a pessoa diferente com as ideias amistosas, de bem-estar comum, que luta contra este Inimigo, e aí todos começam a admirá-lo, aplaudi-lo, parabenizá-lo, exaltá-lo, amá-lo. E assim o Partido, através da mídia vai promovendo um CONTROLE na população, um senso de união nacional, a caramadagem.
A Alteração do Passado e a Extinção da História
Outra função do Partido era alterar o passado. Sempre alteravam o passado. Tudo era alterado. Toda a História foi alterada. Todas as informações dados foram alteradas de modo a servir aos interesses do Partido, do Estado. E isso constantemente era feito. Revistas, jornais, livros, eram eliminados, ou reeditados, e reimpressos. Se uma pessoa era era eliminada, vaporizada, logo todos os registros de sua existência sumiam. E logo, dentro de pouco tempo, ninguém mais sabia que tal pessoa um dia tinha existido, ou duvidariam da própria memória. A memória da pessoa era constantemente atacada. A História era constantemente mudada, alterada. De modo, que as alterações de forma geral, acabavam sempre sendo alterações de outra alteração. Mesmo os mais pensadores, filosóficos, praticamente dificilmente poderiam ter certeza sobre algo, de algum dado informação, não sabia o que era mais verdade e o que era original. Aliás, não conheciam como era o Mundo fora da sua nação, e não conheciam como era o passado antes do Partido. Os poucos sobreviventes daquelas épocas antigas, eram muito velhos, e tinham péssimas memórias, na verdade, totalmente inúteis.
As pessoas tinham um senso de que a vida era sempre aquela miséria, infelicidade, o mundo sempre em guerra, as longas jornadas de 12 horas de trabalho diários, e olha lá, as teletelas, o Dia do Ódio, as mudança dos registros, os noticiários, o Gim, a precariedade das coisas. No fundo sentiam um certo descontentamento com a vida, como se as coisas pudessem ser diferentes. Mas será que podia ser? Como era antes do Partido? E se não houvesse o Partido? E se as coisas não fossem tão controladas pelo Estado? E se as pessoas pudessem manifestas e lutar mais pelo seu individualismo e liberdade de expressão? Liberdade de possuir suas próprias coisas, liberdade de ter uma família de verdade? Liberdade de poder se apegar a uma mulher? Mas a vida foi sempre assim.
A REDUÇÃO DAS PALAVRAS
Historicamente, foi um processo de grandes, incríveis conquistas inventar novas palavras. Foram criadas para simbolizar uma nova ideia, um pensamento em especial. E assim de certo modo, a grosso modo, quanto mais palavras, mais rico o vocabulário, e mais rico é a liberdade da mente em pensar, sentir e expressar. Bem, um dos propósitos do Partido, é sempre estar reduzindo o Vocabulário da sociedade, vai reeditando o idioma, o Novalingua, sempre buscando diminuir um monte de palavras, "inúteis". Mas sempre este trabalho - feito pelos profissionais em Letras e Filosofia - é visto como um dos mais incríveis empenhos e avanços da Sociedade. E assim iriam limitando palavras, reduzindo as expressões, por exemplo, se você quer dizer que algo é ‘bom’, não precisa das palavras ‘magnifico’, ‘extraordinário’, apenas ‘bom’, agora, se precisa classificar algo como muito mais do que bom, apenas poderia usar a palavra ‘plusbom’. E assim, se buscava economizar as palavras, reduzindo-as silabicamente, e ao mesmo tempo reduzindo as expressões, adjetivos e um monte de excessos desnecessários. E ainda também eliminando palavras ‘ruins’, palavras indesejáveis, palavras que não convém a Nação, a Ordem, ao Partido. Um dos argumentos, é que as pessoas conhecendo palavras ruins, violentas por exemplo, ou de indignação, iriam ficar pensando nessas coisas, nessas palavras, iriam tentar expressá-las, e isso produziria infelicidade e descontentamento nelas; então, se removesse tais, por mais que em algum momento elas ‘sentissem algo’, não saberia o dizer o que é, não saberiam que nome, que associação usar, nem como expressar... e assim, não expressariam, não extravasariam, e então ou logo aquilo iria sumir sem afetar a sociedade, ou então, morreria com ela mesmo. Ou então, se a Policia do Pensamento percebesse algo estranho (como sempre acontecia), logo, vaporizavam tal pessoa.
Os Dias de Hoje
É impressionante, quando pensamos na sociedade hoje. Eu particularmente vejo claramente este fenômeno acontecendo. Não sei dizer se há uma pessoa por detrás disso. Talvez, algo sem pensar. Mas está acontecendo um processo de emburrecimento nítido das pessoas. Podería falar da ‘linguagem lógica’ (daqui a pouco estaremos falando como linguagem de programação), algo que por exemplo, vem ocorrendo com o “Internetes” e os “Populismos exagerados da periferia”, por exemplo, usam palavras (desculpe o termo) como “foda” para exprimir mais de 50 significados, tanto ruins, quanto bons, ou interjeições, ou para xingar, ou elogiar, ou como final de frase, ou como um ‘tick lingistico’, como adjetivo, adverbio, substantivo, até como verbo como ‘fuder’ (o que também pode-se referir a diversas conotações, desde atos de violência, até eróticos, ou como mera ameaça). Mas além disso, também tenho percebido um empobrecimento linguístico nas pessoas, é comum encontrar pessoas que não entendem metade das palavras que eu digo. Talvez por uma cultura de lerem pouco. Mas por outro lado, há quem costuma ler. Mas que em maioria, o que procuram ler são romances adaptados para um linguajar mais ‘popular’, mais reduzido.
Onde vejo um exemplo claro disso, é em questão as versões da Bíblia. Bem, eu tinha uma Bíblia de 1994, Almeida Revisada e Corrigida, eu gostava muito do linguajar dela, era muito poético, e de inicio eu não entendia metade das palavras, usavam muitas palavras muito exóticas, mas ‘A DENSIDADE SIGNIFICANTE’ [inventei essa agora, gostei – percebem? Cade uma palavra para expressar melhor isto?] era muito intenso, era um linguajar muito mais poético, com o tempo, dava muito gosto de lê-la, as palavras eram muito bem temperadas, os versos eram, muito expressivos e profundos - era quase impossível uma leitura superficial. Mas depois disso, foram ‘popularizando o linguajar’ (e há quem faz um monte de comentário de que isto é bom), foram diminuindo a quantidade de palavras, verbos, adjetivos, e adaptando para apenas aquilo que era mais conhecido no popular de hoje, inclusive expressões. Com isso, as notas de rodapé foram diminuindo, pois antes, por exemplo, esta de 94 que eu tinha, sempre tinha muitas referências, pois você lia o verso e não entendia, ai lia várias outros versos tratando da mesma questão, e ai com a razão, você conseguia então vislumbrar uma ideia do significado. Mas hoje não, está tudo mais ‘explicito’, ‘seco’, ‘frio’, vamos assim dizer, é uma linguagem mais ‘direta’(robótica, quase que binária)) e menos poética (como a NVI, e até as Almeidas de hoje). Consequencia disso - eu particularmente - é uma linguagem, uma leitura mais ‘sem sal’, ‘pobre’, não tão significativo, as vezes tenho a impressão de estar lendo um texto para crianças, pensamentos infantis; ou como comer um arroz refinado, depois de estar acostumado com o integral. É pobre o linguajar, você não se sente muito nutrido. E talvez o maior perigo esteja nesta colocação que agora faço: “VOCÊ NÃO PRECISA MUITO, AS VEZES NEM PRECISA, PENSAR PARA COMPREENDER, ENTENDER.” Ou seja, ‘você não pensa’, é uma leitura que tende a ser como a leitura de um Romance, ou assistir uma Novela, ou pior ainda, como “MANTRAS”, como apenas ‘frases, ideias’ para serem lidas, entendidas, engolidas, como que axiomáticas.
Informação ao Invés de Transformação
Hoje parece que nos contentamos em ter uma informação, ao invés de sentir uma transformação dos nossos pensamentos, por capturar a ideia. É como se estivessemso perdendo a individualidade, o lado humano de lidar, ser impactado e afetado por tais. Parece que apenas se trata de ter 'uma informação', um conhecimento, um diploma. É aquela coisa. "Há, eu sei que há x bilhões de pessoas no mundo." E simples assim, mas essa informação, é tão desconexada da pessoa, que não envolve a pessoa, seus pensamentos, o que esse número quer dizer? Qual as implicações para o mundo, a Economia, a Sociedade, as Culturas, a Sobrevivência, Sustentabilidade e para o Individou? Há uma enormidade de questões importantíssimas que isso afeta. Além disso, por exemplo, o atual cenário Economico-Politico-Social do mundo, é uma explosão tentando ser contida, sabe-se lá até quando, que irá impactar a vida de cada indivudo. As pessoas, tem a 'informação' de que isto está acontecendo, mas e daí. É apenas uma informação, ou seja, apenas tem essa informação armazenada numa linha de registro no banco de dados da cabeça, ou no Wikipedia, mas é só isso; as pessoas parecem estar pensando como um banco de dados. A informação não envolve a pessoa, seus pensamentos, a informação não é trabalhada. Caso contrário, provavelmente a postura da maioria mudaria, ao invés de viver como se simplesmente nada estivesse acontecendo, como se sempre fosse ser assim. Como se estivesse garantido que no dia de amanhã, fará as mesmas coisas, terá as mesmas coisas, terá comida, água, transporte, civilização ( no sentido de pessoas vivendo em comunidade, seguindo regras). Ou seja, as pessoas não estão mais sendo afetadas pelas informações.
E ai quando pensamos em questão a Teologia, a Religião, a Bíblia por exemplo. O mesmo acontece, você vê apenas 'informação'. Mas não processos, mudanças, transformações, algo que move e mexe as pessoas. Que diferença fazem as doutrinas, as informações? A maioria, nos dias de hoje, leem, as informações, e PRONTO, "Agora eu sei." (tenho a informação). Todavia, tudo isto é incoerente com o que realmente é o cristianismo. Pois as suas informações contidas, não são como um bloco de informações que se guarda numa estante. Mas como 'carpinteiros, faxineiros, arquitetos, decoradores, carpinteiros', que te convidam a permiti-los fazer uma mudança, transformação na sua casa.
O FILME
Bem, melhor parar por aqui. Quando concluir o livro, creio que terei idéias melhores trabalhadas, e mais coisas para compartilhar. Alias, pesquisando sobre o livro, descobri que fizeram o filme sobre o livro. E que é possível encontrá-lo no Youtube. Achei este em Espanhol, é a primeira parte, acesse-o no Youtube, e terá o link para as demais partes. (ainda não vi o filme para ter uma opinião sobre tal).