28 maio 2011

Salomão - A Educação e a Busca de Todo Homem

0 comentários

Esses dias estive muito a pensar em Salomão por conta da leitura de Eclesiastes [para quem não conhece, uma síntese da vida de Salomão, de um homem que buscou por TUDO, e apenas encontrou ilusão e um caminho] que estou fazendo (de novo) e em pedagogia (facul). E três pensamentos, três versos não me saíram da cabeça:

"Na verdade, quem sabe o que é bom para o homem, nos poucos dias de sua vida vazia, em que ele passa como uma sombra?"
Cap. 6, verso 12

"E quando Deus concede riquezas e bens a alguém e o capacita a desfrutá-los, a aceitar a sua sorte e ser feliz em seu trabalho, isso é um presente de Deus. Raramente essa pessoa fica pensando na brevidade de sua vida, porque Deus o mantém ocupado com a alegria do coração."
Cap. 5, verso 19 e 20

"Também pôs no coração do homem o anseio pela eternidade; mesmo assim ele não consegue compreender inteiramente o que Deus fez."
Cap. 3, verso 11


Na Faculdade de Educação da USP algo que sempre escuto, praticamente em todas as aulas que tive lá, sobretudo nas últimas que estive tendo de Didática e de Politicas Públicas da Educação Brasileira (POEB): "O que é educação para você?", "Por que educar?", "Qual é objetivo?", "Qual é o projeto de homem?", "Qual é o projeto de sociedade?"

Sempre! Sempre está pergunta. Por fim uma procura: O que é bom para o homem? O que é bom para a sociedade? É uma procura por um ideal, pelo um certo, por um razão. Alguns pedagogos falam como se tivessem as respostas, ou seja, sempre possuindo uma posição filosófica, raramente, uma cristã. E a coisa vaga continua. Mas como já disse Salomão: "quem sabe o que é bom para homem?" Quem pode responder essa pergunta? Um presidente? Um secretario da Educação? Um filósofo com PhD? Um super empresário? Uma estrela da música? Uma estrela de Hollywood? Um professor? Um pastor? A mãe, o pai? Quem? - Quem?

Rapidamente, nós cristãos tendemos apressadamente a dizer: "A Bíblia". Mas por que? Quem pode dizer que é melhor crer do que não crer? Tenho amigos que a vida se resume em trabalhar para conseguir dinheiro para conseguir ter status, e conseguir pegar o maior número de mulheres possível nos momentos de lazer. E essa é a vida dele. Agora, quem pode dizer que isso não é o melhor? Por que usar de toda a nossa moral cristã? Quem somos nós para dizer o que é melhor ou não? Pensando bem, quão loucura é pedirmos conselho. Porém, estamos no meio de um Jogo, como diria  Wittgeinstein, e temos que seguir algumas regras se queremos participar dele ao invés de sermos chutados para fora na primeira jogada.

Mas então, Salomão ainda diz outra coisa. Diz que Deus colocou no homem "o anseio pela eternidade". É dificil imaginar outra espécie de animal ter esse desejo. Já que homem pode dizer com plena sinceridade que não o possui? Aliás, de certo modo, este anseio é o 'queijo' (pensando num rato correndo numa esteira tentando morder um pedaço de queijo suspenso) que faz o homem se mover, a sociedade e o mundo se mover: A busca pela eternidade! A busca por afastar a morte! A busca por enfrentar e vencer a morte! A busca para sempre viver! E poder cada vez mais aproveitar e desfrutar a vida!

Aqui talvez esteja o calcanhar de Aquiles de qualquer anti-religioso: o seu anseio pela eternidade. "E que os cientistas consigam achar um meio, logo, antes que eu morra, de perpetuar a vida!", no fundo, é um pouco do pensamento destes e de nós. Mesmo pouco se importando por questões demográficas e recursos naturais, fora mobilidade e urbanismo. O que nos faz pensar um pouco do pensamento darwnista da "sobrevivência do mais forte", quando lemos o verso abaixo:


"Descobri que todo trabalho e toda realização surgem da competição que existe entre as pessoas. Mas isso também é absurdo, é correr atrás do vento." Cap. 4, verso 4

Ou seja, se formos pensar numa pedagogia. Logicamente estamos pensando em 2 coias. (1) Na busca pela eternidade, por adiar a morte. Isto quer dizer, promover meios que sustentem ao máximo a vida. Ou seja, investir para que haja uma sociedade cada vez mais autosuficiente, com grandes avanços na medicina; em prender e exterminar aqueles que colocam a nossa vida em perigo; em cultivar alimentos para comer; controlar os reservatórios de água para bebermos; isto basicamente. O resto ou é um egoismo extra (se isso pode ser dito), pois não basta de buscar com mais vantagem a eternidade (poder). Aliás, porque temos caminhar jutnos de mãos-dadas como pensaria um Marxista comunista, nesta busca? Ainda mais num mundo, que daqui uns anos, não dará conta de manter tanta gente, não seria melhor exterminar alguns? Ops! Mas não eu, por isso, preciso de poder para poder obrigar que outro morra, enquanto eu ainda consiga prolongar e possibilitar viver ainda mais. Ao mesmo tempo, temos que pensar numa PEDAGOGIA, não das DIFERENÇAS como propôs uma filosofa, mas a pedagogia da competição. Ensinar a competir. Aliás, pensando mais a frente, caso eu tenha poder. Por que querer educar todo mundo? Fazer deles poderosos e poderem competir comigo, tirar minha vantagem nesta busca? 

E assim se vai add infinitun toda essa busca pela eternidade, e discussões pedagógicas. Há várias discussões e propostas, mas sempre girando em torno do mesmo eixo e as perguntas finais são sempre as mesmas.

Mas Salomão ainda diz que um homem que é abençoado muito por Deus, em riquezas, um trabalho prazeroso entre outras coisas; tal NÃO LIGA. Não se importa. Pois estão curtindo. Como Jesus disse: "Os ricos já tem seu consolo." E assim, tais não ficam pensando nessa questão que realmente importa: "Ansiamos pela eternidade, mas não a temos, e a morte se aproxima." Mas os 'poderosos' estão desfrutando do presente, iludidos com o que seus hormonios podem propocionar, nessa vida sem sentido e vazia, até que a morte chegue. E aí está: mais um que desfrutou de prazer enquanto viveu por alguns anos e que agora jaz no pó da terra.

Salomão chegou até mesmo a pensar como Nietzsche pensou: "Por isso desprezei a vida, pois o trabalho que se faz debaixo do sol pareceu-me muito pesado. TUdo era inútil, era correr atrás do vendo. Desprezei todas as coisas pelas quais eu tanto me esforçara debaixo do sol." (Cap. 2, verso 17 e 18)

E aí fica ainda a questão: Qual é o objetivo? Que projeto de homem? E a eternidade? E a educação? Para que educar? Para apenas formar servidores para os poderes? Para formar apenas pessoas que podem prolongar um pouco mais a vida na Terra, uma vida vazia e sem sentido? Ou educar em prol da Eternidade?

Todavia, ETERNIDADE. Esta palavra só existir numa perspectiva metafisica, religiosa! Como assim! Pois segundo a física, o tempo pode deixar de existir. Claro! Podemos negar a metafisica (será?) e a religião! Como podemos! E qual é a eternitiva senão dar o mesmo loop atrás e repetir toda a história de novo com milhões de perspectivas, teorias e projetos pedagógicos, e politicas e etc. E aí estudar e ler mais livros e livros. E mais informação, e mais coisas produzida pelo homem. E como Salomão disse "Não há limite para a produção livros." (cap. 12, verso 11) Ou seja, de certo modo, podemos nos enrolar indefinidamente, até chegarmos ao nosso túmulo. E a demanda continuará. Aliás, como disse a apóstolo "Estão sempre aprendendo, e jamais conseguem chegar ao conhecimento da verdade." (2Tim.3:7)

Mas então vêm o cristianismo, a Bíblia, e propõe um caminho, uma rota para a salvação. Porém, é uma rota dura em muitos aspectos. Pois de certo modo, ela é uma abnegação 'desta vida' como assim podemos dizer. Ou seja, pelo menos pelo periodo de tempo que estamos acostumados a chamar de vida e achar que é a 'única possível de obtermos'. Então, abrir mão dessa vida, dos tesouros e prazeres terrestres, por causa de uma ÚNICA remota possibilidade, de qual não temos como ter 100% de garantia (como para tudo nessa vida, além de que a morte se aproxima). Podemos recusar. Mas é isso que o cristianismo oferece, uma vida eterna. Aquilo que é o grande anseio de todo homem. É pegar ou largar, e se largar, não há outra coisa para pegar. Pois todos estamos debaixo da mesma condenação, crente ou não, bonzinho ou maldoso, um pervertido sexual, ou monge de 90 anos virgem, ou vilão ou um assistente social, não importa. Como Salomão disse: "O que acontece ao tolo também me acontecerá. ... Como pode um sábio morrer como um tolo?" (cap. 2, verso 15 e 16)

Por fim a única coisa que nos resta, nem que seja como uma esperança, é a proposta de Deus. E por fim, é esta a conclusão que Salomão teve, pois nada faz sentido, tudo é ilusão, é correr atrás do vento, e mesmo assim, ansiamos pela eternidade, mas estamos condenados a morte, e somos literalmente burros, não sabemos o que é melhor ou não; e podemos ler e escrever incontáveis livros, e ao virar a última página, a Interrogação sempre continuará em pé, em fonte Ariel Black tamanho 56 e negrito; a menos que estejamos iludidos. Iludidos como alguns gostam de fazer com discursos sofistas, com drogas e bebidas.

E assim Salomão termina:
"Agora que já se ouviu tudo, aqui está a conclusão:

Tema a Deus e obedeça aos seus mandamentos, porque isso é o essencial para o homem. Pois Deus tratá a julgamento tudo o que foi feito, inclusive tudo o que está escondido, seja bom, seja mau."
(últimas palavras de Eclesiastes)

Por fim, justiça, platonicamente falando, será feita. E ou seremos punidos com a morte (como de certo modo já estamos convencidos e acostumados a ver), ou então recompensados com a vida eterna se tivermos ido pelo caminho que Ele propôs.

E agora pedagogos, que caminho tomar? Ainda continuar com o mesmo? E com as mesmas dicussões? Até quando? Pode ser intrigante, mas nosso anseio pela eternidade, por desfrutar e prolongar ao máximo nossa vida, pode muito bem fazer com que deixemos nosso passaporte para aquilo que mais ansiamos, a eternidade. Pois diga-se de passagem: Se hoje lhe fosse permitido escolher a eternidade ou qualquer outra coisa, o que escolheria? Bem, mas intrigantemente, o cristianismo disse que Deus, que Jesus, optou pela morte, para poder nos oferecer a eternidade. Como disse Salomão: Quem pode compreender totalmente os feitos de Deus? Inclusive o homem.

Procuramos a eterna paz. Onde a encontraremos?

22 maio 2011

O Senhor dos Anéis - As Duas Torres

0 comentários
O livro basicamente é uma contradição ao filme. Em quase tudo, já faz quase 1 mês que o li, e só de relance algumas contradições que lembro:
- Não houve aquela batalha com os Wargs, no qual Aragorn caiu num penhasco e depois perambulou até chegar ao forte;
- Eomer não abandonou o rei Theoden de Rohan, ou foi expulso de modo que Gandalf foi atrás dele e só chegou naquela manhã do ultimo dia de batalha;
- Não foi Ginli quem tocou a trombeta, ele se separou dos demais junto a Eomer no meio da batalha, sendo encurralado para as cavernas; Mas no final ganhou na contagem de Legolas por um;
- Os Elfos não ajudaram Rohan na batalha;
- Saruman não morreu, não caiu da torre, como mostra na versão extendida;
- Faromir era muito honrado, ele não forçou Frodo, Sam e Gollun para as batalhas em Gondor, nem quis usar o anel, mas antes ajudaram-lhes;
- logo no inicio, os Orcs carregando Pippin e Merry não brigaram porque queriam comê-lo; na verdade foi um confronto entre 3 raças de Orcs, uns do Norte, outros de Mordor e outros de Orthanc, qual um queria ir para cada lado;

Bem havia vários outros.

Mas quanto ao livro em si, a vista grossa é difícil ver algo além de um livro épico, de uma grande história de aventura. Contudo, vemos algumas coisas interessantes, especialmente a questão da "companhia". O circulo de amizade e fraternidade sempre está muito presente. O que seria de Frodo sem Sam? Ao ler o livro eu fiquei extremamente impressionado com Frodo e Sam, especialmente Sam. Pois Sam é basicamente aquele simples hobbit (pequeno, nem 1metro e 20 de altura, simples, que por ele passava o resto da vida como um simples jardineiro), mas que fez feitos e de uma bravura extraordinária. E vamos assim dizer "POR AMOR A FRODO", mas Tolkien não fala de um amor corruptivel, de um amor erótico, vamos assim dizer, aquilo que levianamente, na mentalidade de hoje pensaríamos: Frodo e Sam formariam um belo casal. Não! Longe disso. Um mais genuino amor de amizade e companheirismo. E além disso, do outro lado da História, feitos semelhantes ocorrem entre Merrin e Pippin; e também com Aragorn, Legolas, Gimli e Eomer, entre outros Dedenadains que aparecem vindo do norte para seguir Aragorn.

Também outra questão tratada é quanto a cobiça do Poder (representado pelo anel). Pois muitos pensam, como Boromir, simplesmente: "Por que não pegar tanto poder e usar para o bem? Para lutar e acabar com a vontade maligna de Sauron?" Pois algo que até Frodo já notara é que, este poder o controlaria, a pessoa o usaria sim, para tais feitos, mas ao mesmo tempo, se tornaria um autoritário. E algo que eu pensei quanto a isso foi: Por que simplesmente Deus não pega um cristão bem fiel e consagrada e lhe dê muitos poderes, coisas absurdas, como um tipo de Superman, e ao mesmo tempo extraordinário intelecto que ninguem conseguiria debater contra ele? Por que não dá riquezas para aqueles cristãos super humildes, simples, que trabalham e se dedicam muito para suas coisas, para a obra, para a igreja, mas que ao mesmo tempo, possuem uma vida de miséria, ou que precisam se matar de trabalhar; pois ai poderiam dedicar ainda mais tempo e recursos para tais frentes? E o Frodo então até mesmo chega a concluir que o próprio desejar estas coisas já é uma corrupção.

Mas talvez o que mais me surpreendeu no livro foi quanto aos Ents, as pastores de arvores. Tais que eram mais antigos que os Elfos, criados pelos Valar. Eles possuiam um idioma muito especial. Veja:

[Disse Barbárvore:] "Não se arrisquem a se embrenhar na floresta de Laurelindóreman! É assim que os elfos costumavam chamá-la, mas agora eles encurtaram o nome: Lothlórien, é como a chamam. Talvez estejam certos: talvez ela esteja sumindo e não crescendo."

Em outro momento Bárbavore explica mais sobre o seu idioma, extremamente único, comprido, longo. A pronúncia de seu próprio nome levariam séculos para ser dito. Porque para ele, os nomes, as palavras, deveriam carregar a História daquilo que se refere. É uma idéia incrível, eu achei extraordinário. Pois ultimamente tenho pensado muito sobre idiomas, linguas, a pronuncia, significado das palavras, principalmente a música me incubiu tal pensamento, ao pensar na relação da palavra, do seu som, pronúncia e a idéia, a ligação de tudo isso, acho que é mais facil de se desenvolver ao pensar numa música meramente instrumental. Aliás, Beethoven não chegou certa vez a dizer que achava 'a fala' algo inútil, pois a máxima expressão se conseguia obter pela música, sendo que a fala (palavras) são extremamente limitadas.

Aliás, o livro é uma grande lição de Tolkien sobre linguagem e idioma.

- Essa, eu acho, é a língua dos rohirrim - disse Legolas -; pois é parecida com a própria terra; em parte rica e suave, mas ao mesmo tempo dura e austera como as montanhas. Mas não consigo adivinhar o significado das palavras, embora perceba que estão carregadas com a tristeza dos Homens Mortais.

Outra questão muito ótima, que eu realmente gostei. É uma contradição a Karl Marx, um protesto de Tolkien para muitos pensadores pró-revolucionários socialistas, com a sua idéia fixa na cabeça de "luta de classes", e de acabar com a idéia "daqueles que tem autoridade sobre outros e dominam". Pois no Senhor dos Anéis, especialmente em Rohan, vemos um caso em que as coisas podem funcionar, com um Rei, um bravo rei que ama seu povo, e dá do seu sangue, e de sua familia para lutar e salvar a vida dos seu povo, e ser justo, e manter a paz. O que nos faz lembrar de Salomão, em seus provérbios que diz que quando um rei ruim morre, o povo se alegra, e quando uma boa pessoa é coroada como rei, o povo se alegra. Aliás, idéia qual vemos no livro A Arte da Guerra, quando diz que um homem capaz de amar milhões de pessoas e a morrer por eles, esta pessoa está então capacidade para se tornar o governante deste povo.

Também há a questão da traição, do amor pelos nossos inimigos. Gollum era na cara uma criatura má, traiçoeira, que estava só esperando o momento certo para agarrar seu pescoço e esmagá-lo. Mas ainda assim, precisavam de certo modo dele. E num desses momentos de fúria contra Gollun, Frodo lembra das palavras de Gandalf:

- É uma pena que Bilbo não tenha apunhalado aquela criatura vil, quando teve a chance! - disse Frodo.
- Pena? Foi justamente Pena que ele teve. E misericórdia. Não atacar sem necessidade. - disse Gandalf.
- Não sinto nenhuma pena de Gollum. Ele merece morrer.
- Merece! Suponho que sim. Muitos que vivem merecem morrer. E alguns que merecem viver morrem. Você pode dar-lhes vida? Então não seja tão ávido para condenar à morte em nome da justiça, temendo por sua própria segurança. Nem mesmo os sábios conseguem ver os dois lados.

Tais palavras é um verdadeiro balde de água vida no ridiculo sendo de justiça dos homens. Aliás, qual já admito que sou contra a pena de morte, e até mesmo prisões, nos moldes como é. Pois, apenas Deus tem a verdadeira capacidade de poder julgar. Aliás, o que costumamos usar de desculpa? Lógico, "Segurança". Mas que ridiculo. Falamos de segurança como se fosse algo bom, nesse sentido. Quando na verdade queremos falar sobre o nosso medo, e o desejo de não sofrermos ou morrer. Quando a verdadeira segurança é aquela que nos impele a morte, e a sacrificar a própria vida independente de nosso medo. É quando superamos todos os nossos temores, simplesmente ao confiar que Deus é justo Juiz e fará perfeita justiça a todos.

Faramir também tem um discurso, em poucas palavras, sobre como olha para a Guerra, a Paz e a Tradição:

"A guerra deve acontecer, enquanto estivermos defendendo nossas vidas contra um destruidor que poderia devorar tudo; mas não amo a espada brilhante por sua agudeza, nem a flecha por sua rapidez, nem o guerreiro por sua glória. Só amo aquilo que eles defendem: a cidade dos homens de Númenor, e gostaria que ela fosse amada por seu passado, sua tradição, sua beleza e sua sabedoria presente. Não que ela fosse temida, a não ser da maneira que os homens temem a dignidade de um homem velho e sábio."

O temor dos sábios. Salomão fala muito sobre isso, sobre o temor a Deus, e que tal é o princípio da sabedoria. Bem, Faramir diz bem aqui, "da maneira de um homem velho e sábio". Não é aquele simples 'medo' que alguns falam. Não é uma atitude e/ou emoção ruim, perjorativa de algum modo amarga e destruidora para o que teme. Mas totalmente pelo contrário, é algo ótimo, edificante, e até mesmo doce, que nos enche de gosto, esperanças, energia, como o respeito que temos por alguem que admiramos muito; mas é num nivel muito acima do significado destas palavras. Aliás, acho que é bem a idéia do que trata o finalzinho da 4ª sinfonia de Bruckner.

Há alguns outros aspectos e detalhes. Mas prefiro deixar para a conclusão final, em O Retorno do Rei.

Novamente, afirmo: O livro é 1000x melhor que o filme. Acho que verei com desgosto o filme da próxima vez.

16 maio 2011

O que querem ensinar em nossas escolas?

2 comentários
Hoje li mais um texto amargo de se ler, do livro “Uma Vida de Professora” de Sandra Mara Corazza. Por que amargo? Ora, leia com seus próprios olhos:

“Os diferentes puros não existem, não lutaram tanto para existir, não foram dados a existir, para que a Pedagogia e o currículo apenas partissem de seus interesses e necessidades, para depois, então, eliminarem todas as diferenças, em nome dos interesses e necessidades dos mesmos, dos sujeitos-padrão, dos sujeitos-referência, dos sujeitos-verdadeiros.”

“Em educação, é tempo dos estudos culturais, feministas, gays e lésbicas, Pedagogia Queer, pensamento pós-estruturalista, pós-colonialista, pós-modernista, filosofia das diferenças, pedagogias da diversidade.”

“Hoje, somos educadores que educam em tempos pós-modernos. Se os tempos da Neutralidade Iluminada (Religiosidade e Cientificismo positivista) e da Suspeita Absoluta são filhos naturais da Modernidade e da educação moderna, este de agora, o do Desafio, é cria legítima da pós-Modernidade e da educação que lhe corresponde.”

“Esse é o tempo das pedagogias e dos currículos críticos, radicais, emancipatórios, progressistas, cidadãos. É tempo... De retirar o papel ingênuo, universalista e eterno da Pedagogia, dando-lhe o que ela sempre mereceu: ... muitíssimo forte para construir uma outra realidade, uma ou outra sociedade, um ou outro valor, um ou outro tipo de sujeito. É o tempo da revolução em educação.”

Não conheço a Sandra Mara Corazza, mas o discurso dela me lembra muito dos típicos ‘revolucionários esquerdistas marxistas’ que adoram uma greve da FFLHC-USP. (sem querer ofender, claro). Claro, tudo o que ela disse é muito questionável, fora as muitas generalições e colocações simplistas com algumas frases conclusivas e clichês. Mas isso mostra um pouco das atuais tendências e molde com uma parte considerável dos acadêmicos e dos formadores da Educação do Brasil, pensam, qual a ‘filosofia de vida deles’ ou seja, que ‘modelo de sociedade eles propõe’.

Não é só isso. Mas há muitas diversas concorrentes filosóficas sobre ensino no Brasil, apesar da visão protestante e mesmo cristã (católica) ainda ser muito forte, praticamente dominadora. Há, claramente, uma busca cada vez mais acentuada de buscar afastar o Teo da escola; para alguma perspectiva mais Rousseau, de desenvolver uma espécie de ‘individualismo naturalista extremo’, do qual não se pode, como se fosse uma ‘heresia’, ‘uma violação’, ‘um pecado’, doutrinar uma criança, ou lhe dar uma educação que o faça pensar em Deus, pois a ideia é que ele tem que ‘viver e crescer livre’ (como se não fosse isso o que o cristianismo propõe) sabendo aceitar (no sentido de achar ‘normal’) qualquer manifestação social e cultura (sem sendo critico), ou fazer oposição; e depois, quando já tiver na maioridade, então poder fazer a sua escolha livremente (sem que tenha sido ‘condicionado’ anteriormente). Sem contar a linha filosófica pragmática, na busca apenas de bem, direito e virtude máxima, buscar fazer com que tenha uma longa vida aqui na Terra, e fazer para que se prolongue o máximo a sociedade e mundo, nessas atuais condições de vida. Como se a máxima, a religião verdadeiro do homem fosse a “sobrevivência da espécie” e o resto é o de menos, contanto que colabore para isto.

Olhos atentos. Pois dias piores ainda virão, na escola, e consequentemente na sociedade formada por esta.

02 maio 2011

Assassinato do Osama Bin Laden

0 comentários
Hoje não se ouve falar de outra coisa. Eu fico até com certa raiva, de toda essa manipulação da mídia norte-americana, do triunfo norte-americano, do triunfo do bem sobre o mal, da justiça feita. Quando foi feito sim um assassinato. Por que não o prenderam? Por que não o deram um julgamento? Não tiveram condições para isso? Gastaram bilhões, buscaram por 10 anos, meses de planejamento para esta invasão; para no fim dizer que no fim ele usou a mulher de escudo, e levou um tiro na cabeça? Não são os militares capazes de dar um tiro não letal. Mas o que mais me enraivesse é esse senso de 'autojustiça' do homem se achar Deus e dizer quem é justo morrer ou viver.

Em reflexão a isso. Exponho um pensamento de J. R. R. Tolkien, no livro "O Senhor dos Anéis":

Frodo: - É uma pena que Bilbo não tenha apunhalado aquela criatura vil [Gollun = Smeagoll], quando teve a chance!
Gandalf: - Pena? Foi justamente Pena que ele teve. E misericórdia. Não atacar sem necessidade.
Frodo: - Não sinto nenhuma pena de Gollun. Ele merece morrer.
Gandalf: - Merece! Suponho que sim. Muitos que vivem merecem morrer. E alguns que merecem viver morrem. Você pode dar-lhes vida? Então não seja tão ávido para condenar à morte em nome da justiça, temendo por sua própria segurança. Nem mesmo os sábios conseguem ver os dois lados.