Ontem assisti no "Film&Arts" o programa "Ensaios: Valery Gergiev".
Sinopse: [Valery Gergiev] Ensaia Scythian Suite Op. 20 de Prokofiev, com a Orquestra Filarmônica de Rotterdam, para uma apresentação no Doelen Concert Hall dessa cidade. Através de ensaios com os diretores de orquestra com maior destaque no momento, esta série permite conhecer interiormente um processo de criação musical excepcional. Os diferentes métodos e estilos dos diretores, o diálogo entre uma orquestra e um intérprete inspirado, a intensidade dos preparativos para um concerto, e a busca da perfeição são retratados nestasreveladoras gravações audiovisuais. Os programas ajudam a compreender as composições escolhidas por cada artista. A maioria dos episódios inclui um repasso completo da obra ensaiada e todos, incluem uma entrevista com o diretor retratado.
Fonte: TVA
Foi a primeira vez que assisti o ensaio de uma Orquestra de verdade, com um maestro/regente/interpre de verdade. E você quase não pisca o olho, e fica impressionado com a disciplina, técnica e como os caras realmente manjão de música. Ali ninguem erra uma nota. O que eles fazem no ensaio então? Desenvolvem a "semantica", "a arte", "a poesia".
Era assim, eles tocavam um trecho da música [também muito 10, estou procurando para fazer um download], ai o maestro parava e dizia assim: "Nessa figura é isso e isso que está acontecendo, e vocês tem que criar isso." E depois então, aparecia eles tocando tal trecho no concerto de verdade para o publico etc. Há alguns momentos que realmente me impressionaram muito, que não sairam da minha cabeça, e vou destacá-los.
1 - Primeiro
Num certo momento ele intorrompe a música e com expressões e gestos com as mãos e sons. Ele diz algo assim: Nesse momento é como se você estivese olhando para o campo de batalha em que aa poucos minutos acabara; o exército mais ao horizonte está caminhando devagar, indo embora. No campo de batalha sobra um certo silencio, uma certa poeira no ar.. um "..." (ele faz um gesto e expressão que diz muito bem o quê, mas não tem palavra para descrever). Ai ele repete: "Entendeu? É esse "..." que vocês tem que fazer.
É uma coisa incrivle. Pois tráz uma idéia de semantica da musica muito dez. Você pode fazer a nota certa, com a intensidade e volume certo. Mas em suas proprias palavras: "tem que ter uma poesia, um feeling", a verdadeira música. Mas tipo, toda essa questão da batalha. Ele interpretou da partirura! Até dizia: "Era isso que o compositor, Prokofiev, estava pensando quando compos essa figura."
2 - Segundo
Após mais um trecho, num mais allegro; ele chama a atenão do pessoal da percurssão (um timpano, bumbu, e um outro que não me recordo o nome). Dizendo algo assim: "Nesse momento, não deve fazer, Tum, tum TUM tum Tum TUM tum... Pois em pouco tempo repetindo isso, eles não vão mais aguentar ouvir isso, vai começar doer a cabeça. Pense na situação.... (e descreve meio que como um filme da situação) - a pessoa tem que encarar, ENTRAR, fazer parte, do AMBIENTE, do contexto, da música; da sua semantica. Então diz: "Distribua bem para que não fique muito uniforme, nem num tom muito crescente. Pense como numa pedra forte e rigida caindo na areia. Com força, mas o som é suave. É um momento mais suave..."
Esse momento me chamou muita atenção devido a uma questão chamada BATERIA. Aposto que não só eu, mas milhares de pessoas estão simplesmente ESTRESSADAS de ficar ouvindo em tudo qualquer música BATERIA. "Sem poesia", apenas "percursão". E pior, MAL TOCADA. É um instrumento de destaque, que sobresai aos demais; é que é do tipo: Se não toca perfeitamente, então não toque; ela estraga. Mas principalmente no meio musical adventista, há muitos que amam esse instrumento, simplesmente viciados em tal instrumento e a colocam em tudo qualquer lugar. É horrível! De doer os ouvidos, de doer a poesia, de doer a poesia!
Para começar, por que esse pessoal se querem percursão, não vão atrás de um instrumento mais apropriado, como o tímpano? E que aprendam a tocar realmente direito a coisa. E como disse o maestro para a Fila Harmonica de Rotterdam; "Como uma pedra caindo na areia". tem que haver ao mesmo tempo consistencia, força mas leveza, suavidade. E em que haver uma boa distribuição. E mais! Não é toda hora que se toca... na própria música ensaiada, eram poucos os momentos em que haviam a presença da percussão.
3 - Terceiro
Após uma figura... ele para tudo. E então fala com a tuba (uma pessoa) e diz assim: "Sabe, eu gosto muito, acho impressionante quando vamos para o Egito, Jerusalem, e vemos toda aquela arquitetura grandiosa antiga. Que nos faz perguntar se a sociedade caminhou para frente ou para trás... então, você tem que ficar com essa questão em mente (é como se estivesse pensando, analisando o lugar). Então de repente você olha a Esfinge, e então tem aquele impacto, faz aquele "Ohhhh". Mas não é um "ohh" que se faz no dia-dia, em casa, na cidade... mas aquele "ohh" (com todas as suas expressões que falam por si) de quando se vê a Esfinge. Então é esse ohh, que você tem fazer nesse momento. As pessoas tem que perceber que não é apenas mais umas notas da TUba, não é a mesma coisa; mas há aquele "feeling" diferente. Ao mesmo tempo, não pode sobresair, pois é um daqueles "Ohh" que te deixa sem folego.. então é como se você estivesse sem folego dizendo "OOhhh".
Impressionante. O mais, foi que tipo, era um dos momentos mais triunfais da música. Praticamente todos os instrumentos sem tocados, aquele som bem misto. E então, ele para, e no meio de tudo, percebeu em detalhe desses da tuba (de uma tuba), em meio a uma orquestra, que na minha contagem, eram mais de 50 músicos.
4- Quarto
Num certo momento ele para e diz. Aqui é uma conversa. É como se houvesse vários amigos conversando num salão. Então vocês tem que "conversar" entre si. (os sons tem que ser tão claras quanto uma conversar). E dizendo, e fazendo expressões do tipo: "Nossa! É mesmo, havia esquecido..." e tipo, todas essas frases, teriam que sair perfeitamente. Como uma conversa de verdade, só que no idioma dos instrumentos. Tão claro, que qualquer um poderia ter idéia do que estão falando. E no final diz assim: "Então, conversem." E ai começam a tocar, e demais! Parece uma conversa mesmo.
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A cada dia estou mais envolvido com a música e mais passo a amá-la, quanto mais venho a conhecê-la e em desenvolver minhas capacidades para com o trompete. Assistindo um programa desse, até me faz sonhar em um dia tocar numa orquestra de verdade (mais um para a lista de sonhos). E isso me conduziu a algumas reflexões, algumas tristes outras triunfantes.
Bem, é triste pelo fato de for observar a realidade. Essa sociedade em geral ignorante, de baixas normas intelectuais; que buscam e se contentam com "comer, beber e se divertir". Não há aquele "refinamento" em buscar as mais elevadas, altas e nobres aptidões. E aí tem essas músicas pelo mundo ai, e tem, porque tem quem ouça; coisas do tipo, como li numa camisa hoje: "Rock Steel - Hell Bridge" (Rock Aço/Metal - Ponte do Inferno), que era o nome de alguma banda. Entre outras coisas.
Também vejo na igreja, em especial na IASD; uma enorme hipocrisia. Muitos dela dizem levar muito a sério a questão, composição etc da música. Quanto hipocrisia! Principalmente se for comparar a como Israel, no tempo de Moisés, Davi, Salomão... levavam a sério. Haviam verdadeiras orquestras; que faziam distinção para com as músicas de adoração, as músicas usadas no templo, e as usadas para outras ocasiões e lugares; principalmente nos instrumentos; como Deus ordeu a Davi quais eram os "instrumentos músicos do Senhor". (ver II Cro. 7:6; 29:25)
Os levitas - uma tribo destacada pela comunhão, fidelidade, zelo pelas coisas de Deus. Em especial por serem os únicos que não parcitiparam da idolatria no Monte Sinai. Eram os encarregados da música de Israel. Não eram qualquer um escolhido. Mas eram os de maior afinidade e zelo para as coisas de Deus, consagração, comunhão. Mas e hoje? Normalmente os músicos, principalmente os de bandinha do tipo (guitarra, bateria, violão...) - claro, numa contexto generalizado.
Além do mais, os levitas também faziam um certo rodizia, não me lembro o tempo certo agora, se meses ou semanas. Mas eles revezavam. Tipo, tocavam 15 dias, e depois se retiravam para um periodo para desenvolver "mais comunhão com Deus", para então voltar e participar da música. É impressionante como há uma deturpação na visão de uns quanto a música, de modo como se ela substituice a devoção, a consagração, o tempo que se deve passar com Deus, em preparo, estudo da Palavra, comunhão... para então estar preparado espiritualmente para louvar a Deus através da música. Mas e hoje? Como essa questão é passado por alto! Alguns até mesmo colocam como se o próprio ato de ensaiar, cantar... fosse já essa preparação, como esse "retiro dos levitas"... o que é totalmente contraditório com o modelo das Escrituras, é um absurdo! Basta a pessoa saber tocar as notas da música, e pronto, "Você pode tocar nesse sábado?".
Principios que devem e precisam ser resgatados!
E mais, veja Davi, ele enviava algumas de suas composições (letras, poesias), para os regentes dos coros, para os músicas. Então a partir daquela poesia eles desenvolveriam a melhor canção, música. A melhor repertória! É quando lembro da Orquestra e o Ensaio que assisti. Não se trata de apenas Tocar a música, fazer as notas da partitura. Mas sim, POESIA. Lembro do maestro quando em um off ele diz assim: "Você precisa interpretar a música, você tem que ir mais além do que o compositor disse em suas notas, seminimas, colcheias, pausas... Você tem que entender o que se passava na cabeça dele, e que ele estava tentando expressar isso. Você tem que entender o que a música - além do compositor - quer dizer. E, as vezes, é numa figura, ou em duas notas, que você vê a pessa chave, a poesia da coisa, o que realmente tem que se fazer."
Mas cade isso hoje? Dá para contar numa mão, as orquestras de verdade, e que tem um maestro na IASD. E mais, qual delas tem um maestro bom mesmo? E repassando isso para com os "corais" e "grupos musicais", a situação é mais lamentável ainda. Como o pessoal se contenta com algo tão baixo? Com qualidade tão pequena!! Em vista que se está fazendo aquilo como um presente de gratidão para Deus!!! Ao meu ver, o mundo todo deveria olhar para a IASD, como a maior referência na música. Não teria um que não conheceria a música adventista. As pessoas ficariam com sindrome de abstinência dela. Teriam que ouvir todos os dias, de tão boa que seria. Os corais, orquestras, regentes, maestros adventistas, seriam os GRANDES nas Orquestras, nas Filas Harmonicas pelo mundo a fora e nas faculdades de músicas. As grandes referências. Os entrevistados. Não exigiria nem mesmo "um pingo" de marketting, pois a própria música já faria tudo.
Mas é de chorar em ver como a questão tem sido tratada.
Agora pelo lado bom. Também pensei na Música no Céu. Como deve ser a música no Céu, no Universo, entre os seres criados por Deus não caidos? Como devem ser as composições, ensaios, orquestras e corais dos anjos? Eu fico tremulo, sem folego, e profundamente perplexo, intrigado, como começo a tentar imaginar, estipular, tentar observar a GRANDEZA, MAGNITUDE de tais. E fico sem palavras para descrever. Se um dia Deus me fizesse uma proposta: "Você toparia ficar o resto da vida sem audição, apenas para ouvir um único ensaio do coro celeste?" Eu sem dúvidas algumas toparia. E certamente não me arrependeria.
Lembro também do dia - já relatei isso no blog - fazem mais de 1 ano creio. Numa sexta-feira a tarde, estava escultando Arautos do Rei, e pedi para Deus apenas conseguir me transmitir um pouco da música celeste. Então, em mente - meio que estranho pois nunca pensei nisso - veio como que um filme, pude observar a seguinte cena: Era na igreja central de Santo André, onde frequento, e no local onde fica o Pedra Coral, haviam alguns poucos anjos, de 50 - 100; todos ficaram com os olhos fixos neles, sem piscar, um silencio total tomou conta do lugar, até os bebes de colos parecia apreciar a solenidade e reverência do momento. Então aqueles anjos começam a cantar. Era um som tão glorioso, maravilhoso, melodioso, poderoso, santo, puro, solene, potente... que meio que uma enorme rajada de vento, pressão viera com aquela voz; fazendo vibrar cade célula do corpo, as estruturas da igreja rugiam... mas um poder externo impedia delas abalarem e quebrarem. O som foi meio que a fora. E agora, como se eu estivesse observando por um avião parado, a uma boa atitude, tendo a igreja como foco; aquele som se propaga meio que como uma bomba atomica... conforme o raio ia aumentando... todas as estruturas criadas pelo o homem se desfaziam, eram destruidas pela santidade daquelas vozes; os anjos de Satanás, à choros, fugiam do local. Observei os prédios em ruinas, caindo a pó... a cidade, num raio de pelo menos 3 km ficou totalmente destruida. Mas interessante que nenhuma vida se perdeu. Mas meio que todas elas tomaram uma solene consciência daquela música, um forte arrependimento, noção de pecado começa a ocorrer na consciência delas. Todos ficam fortemente chocados por aquela música, atraidos, ficam mudos, estarrecidos, sem ter palavras para comentar, dizer nada; as piadinhas acabaram, não havia mais conversas, ninguem falava sobre futebol, novela... mas todos, como uma solene marcha (como naquele filme "Eu Robo", em que todos os robos, na base da ponte, se voltam e dirigem para o lider)... todos vão em direção ao epicentro daquele canto. E logo, uma multidão incontável de pessoas, tumultuam em derredor daquela igreja, na mais elevada solenidade, num silêncio que brandia reverência; e então ficavam apenas contemplando aquilo. Alguns chorando, muitos entregando suas vidas a Jesus. E outros, entravam num estado tão apavorante de temor, que desmaiavam, ou até mesmo tinham taquicardia.
Aquilo não sai da minha mente. E fico pensando então como será na volta de Jesus. Quando milhões de anos, vieram nos céus, tocando trombetas! Ual! É de arripiar pensar nisso. Intrigante. É algo que não consigo expressar; talvez, conseguiria com música, poesia. Mas é um pensamento que me faz pensar, querer, ter por grande sonho "Não perder esse acontecimento por nada". Tente imaginar a cena dos últimos instantes antes da volta de Jesus, do contexto, das pessoas; e então, de repente, surgem as "primeiras notas" daquelas trombetas nas alturas. Tocadas por anjos! Imaginem a potencia, folego, afinação, vibração que deve ter algo do tipo? Sinceramente, imagino, que um anjo, poderia com um único harmonico, potencia, sopro, destruir a Terra; mas isso não seria poesia.
O que será que o maestro da orquestra celestial, que o regente dos coros celestes, que o próprio Cristo tem preparado para nós? Para o grande encontro...