Estou lendo o best-seller "Por que as nações fracassam" de Daron Acemoglu e James Robinson, um professor de Economia no MIT, o outro, professor de Administração de Pública de Harvard (ambos nos EUA).
Bem, estou na página 50 ainda, mas já tive grandes surpresas e degustações, ao mesmo tempo, grandes decepções sobre esse livro.
É muito interessante que ele trás muitos dados e informações, além de histórias muito interessantes, especialmente sobre a colonização das Américas, em detalhes que nunca me foram contados. Todavia, a partir do capítulo 2, fica mais evidente suas fraquezas. Neste capítulo, os autores tentam destruir outros grandes modelos que explicam algumas coisas. Tentando, apenas levar a concluir de que o único modelo realmente verdadeiro e que explica as coisas de forma para tudo é de que o progresso das nações dependem apenas de um sistema político que produzem instituições financeiras capazes de dar os incentivos corretos para as pessoas. Dado esta fórmula do sucesso, os autores se prendem em refutar qualquer outra fórmula e a favorecer esta.
Além dessa simplificação, os autores também definem que o sucesso de uma nação é uma nação ser como os Estados Unidos, enquanto que, o oposto, seria um país ser como o Congo, Serra Leoa, Bolívia, Guatemala, Síria. [Bem, são professores de universidades nos EUA. Esperar o quê?] Eles colocam, como uma das principais medidas de sucesso e fracasso de uma nação o PIB per capita, a produção industrial, dentre tantos outros. Sendo que estas definições de sucesso e fracasso são coisas de que os autores não demoram nem um único parágrafo para explicar o que levou tais a adotarem tais medidas, como o indicador de sucesso e fracasso? No decorrer do livro, deparamos com muitas classificações arbitrárias, históricas, de países/povos que foram melhores ou piores do que outros; sem, nenhuma boa justificativa.
Quando, no capítulo 2, tenta destruir a ideia do argumento cultural (o que ele simplifica em chamar tudo o que é filosófico, religioso, moral, dentre outros, como sendo "moral"), é onde mais os autores são levianos, fracos, e, às vezes, contraditórios em sua argumentação. Veja este trecho absurdo sobre o Congo:
"Graças aos portugueses, os congolenses aprenderam sobre a roda e o arado, cuja adoção foi mesmo incentivada por missões agrícolas lusitanas em 1491 e 1512. Contudo, todas essas iniciativas fracassaram. Não obstante, os congolenses estavam longe de ser avessos às modernas tecnologias em geral; foram muito rápidos, por exemplo, em adotar outra venerável inovação ocidental: a pólvora. Usaram essa nova e poderosa ferramenta para responder a incentivos de mercado: a captura e exportação de escravos. Não há nenhum indício de que a cultura ou os valores africanos de alguma maneira concorressem para impedir a adoção de novas tecnologias e práticas." (p. 46)
Como eles conseguem tirar uma conclusão como esta? Aliás, repare no arranjo de palavras, jogo de palavras que os autores precisam fazer para dizer, o que poderia ser escrito como apenas:
"Os portugueses levaram a tecnologia da roda para a agricultura para os congolenses, porém estes não aderiram a tal. Por outro lado, aderiram a pólvora para caçar pessoas e vendê-las como escravas."
Não só evitaria uma monte de palavras arbitrárias como "adorar outra venerável invenção ocidental" [E os julgamentos arbitrários do autor. Além, de um sútil erro de, apesar de serem os Portugueses que estavam levando a tecnologia da pólvora para eles. A pólvora não é uma invenção/tecnologia do Ocidente, mas sim do Oriente, na China (afirma muitos autores)]. Mas também, em uma parte anterior, quando fala sobre argumentos do tipo geográficos, ele fala que a África Sub-Saariana não desenvolveu muito a agricultura, mas a caça era comum. Logo, o que o próprio autor disse dá margem para hipótese de que a preferência do povo de Congo pela pólvora ao invés da roda agrícola, pode ter decorrido devido a uma tendência cultural de preferirem a caça (mesmo que humana) a produção agrícola (como o próprio autor afirma anteriormente). Todavia, o autor não justifica, não dá ao trabalho de verificar tal hipótese. E não coloca que a própria adoção ou não de determinadas tecnologias tem bases culturais/morais/religiosas, dentre outros.
Em outro ponto, tais autores faz a colocação mais absurda de todas! Ele diz: "religião, ética nacional, valores africanos ou latinos – não têm importância para entendermos como chegamos até aqui e por que as desigualdades do mundo persistem." (p. 45) E não dá nenhuma explicação, nenhum dado, nem uma única palavra de como ele chegou a conclusão de que tais coisas "não têm importância para entendermos como chegamos até aqui". Ou seja, estudar a História das Religiões, Filosofia, Ética, os valores africanos e latinos (podemos adicionar Geografia e Biologia, pelo contexto), não vai ajudar em ABSOLUTAMENTE NADA para entendermos como o mundo chegou a ser como é hoje. [Me nego a comentar sobre isso.] Mas é interessante observar que na frase seguinte o livro afirma que "a confiança entre as pessoas" é algo que afeta em aparte. [E, ao mesmo tempo, os autores removem a associação das pessoas confiarem uma nas outras, com religião, moral, valores éticos. Vai entender.]
Essas atitudes dos autores tornaram frustrante este livro, apesar de ainda estar no começo, fico a imaginar que encontrarei muitas coisas desse teor, no decorrer da leitura. Mas, provavelmente, encontrarei muita informação e história interessante.
0 comentários:
Postar um comentário