24 junho 2017

Perfeição de Caráter, Perfeccionismo: caso encerrado

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Devido a falta de tempo e outros assuntos que reclamaram mais urgência nos últimos meses, não pude aprofundar tanto quanto gostaria neste tema. Todavia, pude observar que este assunto tem tomado ênfase no adventismo no Brasil no último ano, seja nos sermões, em livros, ou até mesmo no conteúdo da Lição da Escola Sabatina. Creio que o leitor pode encontrar uma grande gama de fontes para aprofundar sua própria pesquisa, inclusive a própria origem da problemática (a Bíblia).

Para por um ponto final, como uma conclusão mais ampla, que envolve o MACRO sobre o perfeccionismo e a natureza de Jesus. Faço meus pareceres. Creio que questões que envolvem o MICRO podem vir (deve) a passar por atualizações ainda.


10 Conclusões
  1. Ellen G. White é contraditória neste assunto. Há textos que apontam uma coisa e, outros, outras. (um bom mapeamento disto você pode ver neste breve e sucinto post do Michelson Borges https://michelsonborges.wordpress.com/2017/06/22/quase-tudo-o-que-ellen-white-disse-sobre-a-natureza-humana-de-cristo/ ) ;
  2. As contradições de EGW não necessariamente implicam que 'ela é uma impostora'.
  3. A própria Bíblia apresenta estas 'contradições'. Com textos e autores que ora apontam para um lado, ora mais para o outro. Nas últimas cartas do Novo Testamento, encontramos versos que implicam de que na Igreja Primitiva havia desentendimentos sobre a teologia perfeccionista de sua época (ex. legalismo), a graça, liberdade em Cristo, novidade de vida. Pedro enfatiza que muitas considerações de Paulo são 'difíceis de entender'. Porém ressalta para o cuidado para os falsos mestres que buscam distorcer tais, ou interpretar e apresentá-las de maneira extremista olhando 'só para um lado'. E que o pior resultado era levantar a divisão, discórdia, desunião e falta de amor verdadeiro um pelo outro;
  4. Podemos fazer a suposição de que EGW possuía uma visão 'complexa' do assunto. E quando digo 'complexa', isto me faz pensar que o homem é limitado para compreender e entender isso. Assim sendo, é um erro querer interpretar seus textos desconsiderando esta complexidade. Ou seja, simplificando em "ela disse isso" ou "ela disse aquilo". O correto é "ela disse isso e aquilo";
  5. Vimos nos estudos anteriores que a base do Perfeccionismo é a natureza de Cristo e o conceito de pecado. Visto que estas bases são 'abaladas' pela complexidade. Não se deve entender também que o TODO desta teologia desmorona e cai por terra. Antes é um prédio em pé, mas cheio de rachaduras, infiltrações, trincas, tortura. Fica em pé. Balança, mas não cai. [Pelo menos, não por enquanto.] Mas é uma construção perigosa e inapropriada para, com segurança, ali habitar e sustentar seus princípios com implicações tão fortes;
  6. Visto que o Perfeccionismo é inapropriado e perigoso. O mais prudente é abandonar essa 'teologia' e partir para uma Nova Construção com uma base COMPLEXA que sustente o prédio, sem que traga um monte de rachaduras;
  7. A complexidade apresentada pode ser resumida em: "Jesus é uma singularidade. Um Unigênito. Um único." Isto é, em termos matemáticos: Não existe uma função BIJETORA entre Jesus Cristo e a Humanidade. Ao mesmo tempo, a humanidade caída é subconjunto de Jesus, assim como a  de Adão também o é;
  8. Esta complexidade não acaba por aí. Há um tremendo erro em pensar que esta aparente contradição e complexidade é a única. Talvez seja a que mais implica na nossa "vida prática", por isso tantos cristãos se importam tanto com ela [Ou mais, com os resultados práticos. E, tal teologia, é apenas um 'amuleto' para sustentar tais.] Por exemplo, a questão da Trindade e, especialmente, a divindade de Jesus com o paradoxo "Se Jesus é Deus. E Jesus morreu. Então Deus morreu. Mas Deus é Criador da vida e tudo é sustentado por Ele. E o que morre deixa de existir, Deus teria deixado de existir por um momento?" é extremamente mais complexa ao meu ver. Questão debatida por grandes filósofos da humanidade. Uns que usaram isto como motivo para pender para o ateísmo, outros para o espiritismo e teorias de imortalidade da alma, outros para panteísmo, outros para o politeísmo, outros para a ideia de categorizar Jesus como um 'sub Deus' ou 'auxiliar'. Outros usaram isto para destacar que a morte de Jesus é ÚNICA e que transcende ao entendimento e imaginação humana. Outra complexidade muito mais misteriosa, para qual eu não vejo nem 'um ponto' para especular é a encarnação e nascimento de Jesus´, porém como ela não tem muitas implicações práticas na nossa vida, não vemos quase ninguém brigar por causa disso;
  9. Se você não conhece/entende a complexidade da ideia que é a existência de números irracionais (como o pi), a ideia do conjunto dos Números Complexos, dentre outras coisas de Física Quântica... e mesmo assim continua a vida em paz. Então quanto mais esses conteúdos transcendentes sobre Deus (Jesus) também não deveria remover a sua paz. Ainda mais quando Ele coloca que o Seu propósito, com a Sua mensagem, é promover em você a paz que excede todo o entendimento humano. Como cristãos, temos pecado - coletivamente - se somos representantes de um cristianismo 'preocupado';
  10. Infelizmente, há mais uma guerra de ego entre sub grupos e dissidentes do adventismo para com a Instituição Adventista do que, de fato, um saudável debate e dúvidas teológicas. Fico triste ao ver que se prevalece a desunião quando a união é mais necessária. E, mais triste ainda, ao ver que prevalece um espírito de obstinação que me parece irremediável para muitas pessoas que entraram neste terremoto.

Este vídeo também é muito bom sobre o assunto:


Bem. É isto.
Espero ter ajudado.
Evandro Schulz

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