11 março 2016

Livro: Por que as nações fracassam (Análise)

O livro Por que as nações fracassam (Why Nations Fail) é uma obra fantástica que elucida muito bem um olhar sobre o que leva uma nação a ser bem sucedida ou fracassada, olhando para a História das nações atuais, assim como de civilizações perdidas, como os Incas, diversas tribos da África e até mesmo Roma em seus tempos de glória e decadência.

O livro não é exatamente um livro de Economia nem de Política. Seus autores (Daron Acemoglu & James Robinson) buscaram estudar 'as Nações'. De modo que, resumidamente, tenta responder a questão: O que faz ser tão diferente a vida de um jovem americano que vive em Houston, de um jovem mexicano que vive querendo atravessar as fronteiras para os EUA? Ou seja, por que em algumas nações a economia é mais forte, a produtividade é maior, existem tecnologias entre outros que conseguem driblar os problemas Geográficos (por exemplo), com mais segurança, baixa miséria, e onde as pessoas conseguem sonhar em melhorar a qualidade de vida, e em outros países não há nada disso, ou, se tem, é bem limitado?

Para isso os autores desenvolvem o conceito de que o que ‘promove’ (num bom sentido) uma nação é um conjunto de Instituições Políticas e Econômicas que instaurem/cultivem/protejam/desenvolvam um Ciclo Virtuoso Inclusivo; e, do outro lado, o que destrói ou impede um crescimento contínuo de uma nação é um conjunto de Instituições Políticas e Econômicas que promovem um Ciclo Vicioso Extrativista.

No plano de fundo, a obra trata das origens/causas da riqueza e da desigualdade social. Porém, é por um ângulo muito diferente de Karl Marx e das escolas francesas (como Thomas Piketty, por exemplo). Nesta obra, o lado financeiro, a desigualdade social, dentre outros, são consequências e não causas a priori (porém, retroalimentam um ciclo vicioso). Esta obra tem um enfoque muito mais voltado para o papel das instituições políticas e econômicas de modo que:

  1. Se tais instituições buscam proteger e promover um sistema mais inclusivo, distributivo de poderes, de garantir e proteger a propriedade privada e a liberdade das pessoas de investirem, crescerem; e, assim, fragmentar a participação e poder dessas pessoas, sem enrijecê-los. (com um grande teor de ideais liberais). Então, a desigualdade social tende a diminuir e o crescimento econômico e de politicas inclusivas tendem a crescer a longo prazo.
  2. Se tais instituições buscarem concentrar mais poder no Estado, ou nas mãos de poucas pessoas e empresas (monopólios); remover o direito sobre propriedade privada e privar a liberdade das pessoas de buscarem crescer com as próprias pernas, e sim, antes, explorando a mão-de-obra dessas pessoas para atender os interesses dessa minoria. Bem, então o pais tende a ter a desigualdade social a aumentar e o crescimento econômico a ser insustentável a longo prazo e tender a miséria.
O livro é muito rico, pois envolve uma pesquisa histórica muito longa, e trata de inúmeros contextos. Desde a Inglaterra quanto a URSS, China, Austrália, Argentina, dentre diversos outros. A pesquisa dos autores é muito rica! Além disso, mexe em pontos polêmicos como que a “Ajuda Externa” é incapaz e pouco efetiva em ajudar uma nação a se tornar mais inclusiva, muitas vezes, favorecendo a continuar se tornar extrativista.

O segundo captítulo dele é muito controverso, uma vez que ele tenta destruir por completo outras grandes propostas e linhas de pesquisas, como se simplesmente elas não são suficientemente tão boas quanto as ideias dele. Há um pouco de arrogância e passar por alto em alguma dessas ideias levantadas. Pois os autores, por exemplo, deixam de abordar o comportamento e a natureza humana, como a moral (o seu impacto, inclusive, da filosofia, dentre outros, como essenciais 'causas' de comportamentos que se resultam nessas instituições e intuitos que ele tanto decorre no livro). Além disso, falha ao deixar de falar da promissora Economia Compartilhada, Internet das coisas, e algumas grandes mudanças e novidades atuais. Porém, isto o faz de propósito, pois segundo a ideia do livro, tais estão incorporadas, em última instancia a ideia da prosperidade ou do fracasso de uma nação.

Durante todo o livro os autores buscam enfatizar, resumir e deixar claro suas ideias defendidas e onde querem chegar. Também é um livro bem escrito no sentido de escrever o essencial quase resumido. Não é um livro que você pensa que aquele parágrafo, página ou capítulo foram desnecessários. Os ultimos capítulos são uma conclusão, onde os autores eludem e se abrem mais. Também colocando alguns questionamentos. E alguns grandes pontos que abrangem mais a complexidade do que estão falando. E é onde se redimem, em dizer, que sua obra, por fim, não diz o 'como fazer' para romper um ciclo vicioso e promover um virtuoso no lugar. Até mesmo coloca que é necessário sorte para isso. (Como um aspecto que transcende ao controle do homem.)


Dica: O livro 'A Revolta dos Injustiçados - Eustáquio & Tratado Sobre Envolvimento Cristão na Política' é uma obra complementar muito boa por abordar um outro aspecto totalmente desprezado pelos autores, que é a questão da luta que ocorre na mente do homem em seguir x desprezar um Ideal Máximo (o que envolve claramente um embate filosófico e religioso) .

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