25 setembro 2013

Dale Carnegie - Como Fazer Amigos & Influenciar Pessoas (Critica)

Após ler uma estupenda indicação de um empreendedor sobre esta obra, segundo tal, mudou a sua vida. Não pude deixar de ler este Best Seller que está entre os mais vendidos de todos os tempos.

O livro se trata de um tipo diferente de auto-ajuda, diferente do comum. Como ele se auto-classifica, como o de desenvolvimento pessoal. Que ao invés de dizer aqueles blablablas de de autoajuda, ele é mais focado em formas de atitudes para com as pessoas, para com os próximos, para que eles criem uma simpatia positiva com você e dessa forma, não só desejem sua presença, como ficam mais suscetíveis as suas sugestões.

Resumindo o livro ele diz que o grande segredo do negócio é "seja uma pessoa agradável".
Essa é chave: "Aprenda os princípios básicos para se tornar agradável as pessoas, pratique-os e as pessoas automaticamente irão gostar de você e aceitarão suas sugestões."

É assim que o autor com todo sofismo do mundo, sem questionar, sem analisar, sem ir a fundo, sem mencionar sequer um contra-exemplo, tenta convencer, vender o peixe da sua ideia. Em alguns momentos, no capitulo que fala para "elogiarmos", para "agradar o ego" das pessoas, diz que a grande maioria, como que 99% das pessoas, não são lógicas, não querem ouvir ou saber de argumentos e pensamentos lógicos, apenas estão pensando no orgulho delas. E claro, isso carece muito de dados.

O método de "convencimento" do autor se baseia em ajuntar a sua argumentação, vários pequenos fragmentos de supostos testemunhos autênticos de pessoas que descrevem um 'sucesso' em sua tentativa de sugerir usando um desses princípios. Que é o mesmo método de argumento da propaganda como no regime Nazista, na qual o Governo buscava convencer as pessoas, com 'curtas' colocações, dados, sempre otimistas, com sucesso; sendo a maioria, sem que o receptor tivesse condições ou insumo para averiguar sua veracidade. E assim, através desses 'fragmentos', convencer do 'todo'.

O Livro, apesar desses sofismos, trás algumas idéias muito interessantes, sobretudo sobre conduta, boas maneiras, modos. Além de muitos ensinamentos, serem apenas a aplicação de alguns principios biblicos (o próprio livro o diz que é). Todavia, o livro sempre traz estas coisas como se fossem ferramentas para alcançarmos interesses pessoais. O Livro não está falando sobre serviço e amor abnegado, desinteressado, está falando de uma transação, de um negócio, para pessoas que usam uma carência afetiva como moeda de troca.

Venho alertar alguns leitores, que sei que existem. Que são muito influenciados por este tipo de leitura. Precisam tomar cuidado com estes autores que dizem ter a ultima palavra ou 'a formula do sucesso'. Todos sabemos, pela nossa própria experiencia de vida, que os 'bonzinhos', 'os agradáveis', são os que mais tomam na cabeça, mais são vitimas. A História mostra isso. O próprio Jesus (que o autor menciona) também é um exemplo, ele foi o exemplo máximo de alguém que realmente seguia os princípios de se importar com os outros, fazer avivar uma chama no fundo do coração deles, mas o que aconteceu com Ele? Ele foi rejeitado, parecia que tudo foi por água abaixo, o mataram.

As empresas e as pessoas hoje estão mais experientes, ficando mais espertas, estão se baseando mais em 'lógica' do que em 'relação'. Estou disposto a arriscar que 90% das transações comerciais, financeiras, dos valores, são geridos e negociados por meios lógicos. As super especulações financeiras do passado, estão sendo substituídas por 'robos' pré-programados logicamente. Hoje se usa Teorias de Decisão, modelos matemáticos, estatísticos entre outros. No campo das empresas e contratações, temos os serviços de RH, as dinâmicas de grupo, entrevistas. Há uma selva lá fora. A vida não é um mar de rosas tão facilmente solucionável como o livro quer nos convencer.

Salomão mesmo disse, tem um provérbio que não é prudente ser "muito bonzinho". E assim é a vida. Há situações que precisamos ser energéticos. Há muitos situações, que sim, temos que apelar para a lógica das pessoas, para a razão. Bons modos, boas atitudes, ser agradável, isso deveria ser básico em nossas relações. Mas é bom lembrar, que suas atitudes, ações, vão falar muito mais alto do que todas as palavras e 'atitudes agradáveis'. Não adianta muito querer mostrar simpatia e afeto pela pessoa, se na hora H, quando ela estiver no Hospital você nem se der ao trabalho de ir visitá-lo. Do mesmo modo, se depois a pessoa descobrir que você o enrolou a fazer um negócio no qual você teve 500% de lucro sobre ele.

É certo, e todos sabemos disso, as vezes, nos surpreendemos quando bons modos, a força da amizade, laços, simpatia entre outros se resultam nessas nessas coisas. Ficamos surpreendidos justamente porque sabemos ser raros isso acontecer - não esperávamos. Conflitos de interesses são tão difíceis hoje quanto no passado. Muitas vezes a diplomacia não é possível. O livro apenas fala positivamente, dos casos que funcionaram, mas não fala dos que não deram certos (provavelmente a maioria).

Aprendi e estou aprendendo muito nessa leitura. Mas tenho claro em minha mente, que esses 'métodos' que o livro diz ser infalível para fazer amigos e influenciar as pessoas, vão funcionar um caso ou outro. Há sempre muitas situações e variáveis em jogo, que não vai ser um livro de poucas palavras como este que vai resolver todos. E que, além disso, algumas sugestões do livro também fere com alguns dos meus princípios. Entre o mais sutil de todos, está a implícita sugestão do livro de que o homem é um animal, um objeto a ser conquistado; qual podemos por a colheiras neles, apenas nos comportando como cachorros abanando o rabo. Que devemos colocar os nossos interesses. Não tenho dúvidas, que há muitas pessoas de índole mais carismáticas e extrovertidas que possuem muitos contatos, 'amigos', e conseguem muitos favores por isso; mas quão é comum ver essas pessoas carentes de verdadeiros amigos, que os suportam mesmo em suas chatices. Um mundo de bonecos bobos, sorridentes, que se abraçam a todos, sorrindo, um bajulando o orgulho e interesse dos outros, é um mundo bobo e sem peito e que, na hora H, do cada um por si, está sujeito ao caos.

Por fim, diz a Biblia que pela falta de piedade o amor de muitos esfriaria. E estou certo de que as pessoas estão cada vez mais carentes de amor e piedade. Devemos nos achegar a elas, com toda a simpatia. Mas, diferente do que o livro tenta nos convencer, fazer isso por genuinidade, sem interesse, egoismo; e de que isso não é fórmula mágica, não vai funcionar sempre, e provavelmente, na maioria das vezes irá sofrer por isso. Diz um sábio texto antigo que:

"Uma pessoa se mede pela forma como ela trata aquele que não pode/tem nada a lhe oferecer."

2 comentários:

Anônimo disse...

achei esse livro sacal demais, tentei ler várias vezes e abandonei, poderia ser resumido pela metade....

Anônimo disse...

O que pouca gente sabe sobre esse livro é que ele foi lançado em 1936 e reúne histórias dos participantes do treinamento chamado Dale Carnegie Course, criado em 1912 e que hoje está presente no mundo todo.

Eu tive a oportunidade de fazer esse treinamento e ele é transformador. #fica a dica