09 junho 2012

Um Deus Malvado que manda matar? - O que a Bíblia diz?

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No último post que eu fiz a respeito de como era a Lei em Israel a respeito das relações de senhor com servos [veja aqui], logo em seguida veio um comentário esperado: "Por que Deus condena à morte?" Os planos iniciais era de fazer um estudo a respeito do que difere mais no 'amago da coisa' o Cristianismo, o Deus da Bíblia, para com os Pagões (ou seja, os demais); aliás, diferenças quais, foram diminuídas, pois a Igreja Católica, na união com Roma, aderiu idéias pagãs centrais, misturando a filosofia cristã, qual, o resultado dessa mistura passou-se para a maioria das denominações cristãs, e crenças de muitos cristãos. Mas me senti fortemente motivado a falar sobre essa questão inicial antes. Então, vamos ao estudo.


1. Concepção de Certo ou Errado
Quando questionamos o ato de se condenar à morte. Em primeiro lugar, tomamos uma base de crença do que é certo e errado. Uma virtude primária, e aquelas velhas questões que podemos encontrar desde Platão passando por todos os pensadores. Ou seja, comparamos a algo que acreditamos ser o certo. Todavia, o que é este algo?

a) Não religioso: O homem, assim como os demais animais, são animais, perecíveis, que nascem e morrem. Não há uma Lei que, alguma regra, sólida em si mesma, que serve de base para condenar algo "como matar". Diga-se de passagem, as Leis Naturalistas, estão mais próximos da concepção de 'Sobrevivência do Mais Forte", "Seleção Natural" e algo do tipo "Controle Populacional", para os quais, 'matar' é o principal instrumento. Ou seja, nesta visão, "matar" está muito mais para VIRTUDE do que para algo errado. Ou seja, esta base não serve de base.

b) Religiões Pagãs em geral: Grande parte das religiões pagãs que existiram e existem - das que conheço, óbvio, não conheço todas, muito menos conheço-as profundamente para dizer também se são consistentes no todo - são a favor de matar, não é algo ruim em si. Ao mesmo tempo, que muitas, possuem o ritual do sacrifício humano (um dos tópicos do outro post que farei). Algumas religiões, veneravam a morte, como a dos Faraós do Egito. Para os Espartanos era o grande sonho, morrerem dignamente em combate. E por aí vai. Para o Taoísmo, que foi forte na China, também não condena a morte em si, na verdade, em muitos aspectos, considera a morte, uma punição extremamente justa, e uma honra. Ou seja, também não serve de base.

c) Budismo: A máxima do budismo é chegar ao Nirvana, um estado no qual você 'não mais deseja coisa alguma'. Isto inclusive, o desejo de viver. Além de dizer que com isso não se deve temer a nada, e importar com as coisas, com o mundo, num sentindo profundo, qual, temer pela morte de alguém. Além disso, o budismo crê que as pessoas não devem e não tem o direito de interferir no "curso natural da vida", interferir nas causas externas; lutar por justiça, ou qualquer coisa; inclusive não interferir na vida dos outros, como dos outros seres vivos, por isso são vegetarianos, não matam os animais. Mas, em suma, não são nem contra, nem a favor da morte. Consideração curso natural da vida.A idéia é não se importar com isso, mas voltar para dentro de si mesmo, sempre a procura do Nirvana, o não desejo absoluto. Ou seja, também não serve.

d) Hinduismo: É uma crença essencialmente espiritista, ou seja, não há nenhum mal na morte em si; alguns segmentos comemoram a morte. A morte é um processo natural. E para algumas coisas, a punição também a morte. Inclusive, alguns grupos hindos, consideram justo fazer uma perseguição religiosa, punido com a morte, como tem feito muito com missionários cristãos (inclusive na atualidade). Ou seja, também não serve.

e) Grandes Filósofos: Dos pensadores gregos, não conheço nenhum que o era contra a punição de morte, e para muitas coisas achavam justas. Sêneca por exemplo, diz que o homem sábio não deve ter medo da morte, nem ser abalado mentalmente, emocionalmente (inabalável), e ao mesmo tempo, não se prender a vida; a máxima deste exemplo, está em sua morte; seus seguidores duvidavam dos seus ensinos, então o próprio imperador Nero  lhe pediu que morresse, e Sêneca aceitou tal condenação, e se entregou a um tipo de 'suicidio estóico', que ficou famoso em toda a História. E assim se prossegue. Pensadores ateus também. Por fim, também não serve.

f) Pensadores Cristãos: Os reformadores principalmente, como Lutero, foram um dos que mais lutaram contra a ideia da condenação a morte, que era uma prática muito comum pela Igreja Católica Apostólica Romana (o Vaticano). Como foi um dos questionamentos de Lutero para com as Indulgências. Pois se alguém seria condenado eternamente, passaria por uma lamentosa morte, mas que tudo isso poderia ser evitado se a pessoa comprasse o perdão com indulgência; então, por que, não sendo Deus, um Deus de amor, não perdoasse e livrasse os de tal morte, e também desse um perdão mais barato para os pobres ou quem não tinha dinheiro para comprar o seu perdão? Além disso, a ideia de "O Inferno", um suposto lugar onde as almas pecadoras mortas iriam ficar sofrendo indefinidamente, pela eternidade, ou até pagarem seus pecados com "a dor e sofrimento". E então, Reformadores, passaram a questionar muito a ideia do Inferno (um dos dogmas católicos); sobretudo quanto a ideia, que é "pecado se paga com dor e sofrimento"; era muito contraditório a ideia de que coisas ruins, quais Deus se expressava serem más, fossem os meios de quitar a dividas com Ele. Ou seja, talvez, esses podem servir de algum modo de base (a filosofia cristã bíblica é uma base, para se questionar a condenação à morte).

g) A Lei de Deus: A Lei de Deus, os 10 Mandamentos, encontrados em Exôdo 20, o 6º mandamento diz: "Não matarás". Ou seja, uma Lei Bíblica, qual, se coloca de autoria divina, do próprio Deus; proibi que o ser humano mate um ao outro. Ou seja, esta também, talvez, sirva de algum modo para questionar.

h) Mentalidade Contemporânea pós IIGM: Não sei ao certo como foi que isso aconteceu, mas nas últimas décadas, criou-se uma certa mentalidade no ocidente, muito pregada pela mídia, que é o direito a vida como o bem maior. Claro, um dogma da atualidade sem uma BASE; mas apenas um contrato social. E em consequencia disso, a humanidade está sofrendo um dos maiores dilemas e problemas, que é o do super-povoamento; muita gente para um planeta só. Certa vez ouvi um discurso na USP, de uma bióloga ateia, dizendo que na concepção dela, a medicina, o sistema de saúde apenas deveria ser usado para 'acidentes' e pessoas que são mais resistentes, fortes; pois além de dar muitos gastos absurdos, lotar os hospitais, isto está interrompendo a seleção natural, os seres humanos estão deixando de se desenvolver, se tornarem mais resistentes, e de contrapartida, as doenças estão se tornando mais resistentes, o mundo e cidades ficando hyper-povoadas, esgotando recursos naturais...; e que na visão dela, é uma total bobeira dizer que se deve lutar pelo direito a vida de todos, mas que deveria ser como sempre foi, a sobrevivência do mais fortes. O que ela me disse me fez pensar, e considero que dentro da crença dela, atéia, é uma posição que faz TODO o sentindo, pelo menos não é uma ateia hipócrita que gosta de beliscar valores cristãos. [essa colocação dela, foi numa aula de psicologia sobre educação]. Eu particularmente acredito, que no pós guerra, devido a um certo curto período de conforto para o ocidente, conforto no sentindo materialista, recursos naturais e econômicos, colaborou para evitar conflitos para quais o confronto e a morte fossem inevitáveis; e 1 ou 2 gerações inteiras, tem nascido e crescido nesta 'suposta paz'; de modo que ainda não tiveram que encarar grandes dilemas e situações que precisam lidar com a questão da morte. E ao mesmo tempo, um certo tipo de máxima egoísta que a coisa mais importante da vida é 'sobreviver'. Pensamento CONTEMPORANEO, que foi muito bem manifesto na série Game of Thrones, quando o professor de espada da menina diz que apenas temos 1 deus: "A Morte", e para ela, nós apenas dizemos: "Hoje não." Todavia, qual é a base desta idéia? E como ela fica quando entra em conflito com outras virtudes, como, por exemplo, 'o sacrificio próprio', pular na frente de um carro para salvar que alguem que seja atropelado? É uma postura filosófica naturalmente também contraditória com outras. Isto na verdade nem é uma base, pois tem carência de uma, e é contraditória em si. Pois ao mesmo tempo, ela em si, justifica matar para sobreviver. Ou seja, se estiver num prédio em chamas, no telhado, e você mais 10 pessoas, e um helicóptero vai resgatar, mas só dá para levar mais 1, essa Virtude Máxima da Sobrevivência, diria que você teria que buscar salvar a si, o que significaria ao mesmo tempo, matar os outros; por outro lado, você não tentar ser o 1 resgatado, seria um ato de bravura tolisse, pois você se sacrificaria para outro sobreviver. E ao tempo, sacrificar-se pelos outros, abnegar a própria vida é uma VIRTUDE CRISTÃ, que está na Bíblia, a qual revela que Deus se entregou a morte, através de Jesus, para salvação da humanidade; o que não poderia ser usado como base, pois aqui estamos argumentando contra Deus, contra a Bíblia, que ela é falsa e não válida hoje. Logo, o Sacrificio próprio não é válido, assim portanto, temos que pregar uma total oposição a morte; mesmo isto, sendo contraditório. Por exemplo, numa comunidade, 5 pessoas se contaminam com uma doença contagiosa, mortífera e sem cura, se tais não forem mortas e queimadas, todos os outros irão morrer também; ou seja, a própria sobrevivência, sujeita o matar outros; todavia, o valor desses outros é sobreviver, ou seja, é continuarem vivos, até a morte chegar, isso incluiria até contaminar os outros também; ou seja, o valor de sobreviver próprio faz oposição ao valor de sobreviver do próximo, e usa a morte como o meio de justiça. [todavia, este meio de justiça é o que queremos destruir: "A morte não pode ser um meio de justiça!"]. Por fim, está mais do que óbvio de que este pensamento, talvez de todos, é o que menos serve de base, por ser autocontraditório, é o valor que se aponta uma arma para sobreviver.

Conclusão: As concepções para julgar que 'condenar à morte' é algo errado, só tem algum sentido, quando se usa de fonte a Bíblia. Como o apóstolo Paulo, descreve em Romanos: "Eu não conheceria o pecado se não fosse mediante a Lei." Não sendo está fonte, não há uma outra fonte, alguma outra base de cunho filosófico, com qual possamos usar de 'contra-peso' na balança da justiça, para avaliar se 'condenar a morte' é algo justo ou não, ruim ou não. Ou seja, partindo da premissa que queremos acusar da Bíblia ser falsa, de Deus ser falso, mediante a acusação de que Ele é injusto por condenar à morte, só é feita, e só tem sentindo fazê-lo, quando nos baseamos nela própria, ou seja, naquilo que queremos refutar. É uma contradição argumentativa.

Todavia podemos pensar, e se Deus está sendo contraditório e volátil consigo mesmo? E cade aquele Deus de Amor que Ele mesmo se diz ser na Bíblia? Ou seja, vamos compará-Lo, com aquilo que Ele mesmo diz nas Escrituras. - Não vejo nenhum problema nesta postura.

2. A Suposta Contradição
Se Deus é um Deus de Amor, como diz em João 3:16: "Que Deus amou o mundo de tal maneira...", e que inclusive dá o mandamento "Não matarás". Ou que diz coisas do tipo "Ame ao próximo como a ti mesmo.", "Ame, ore pelos seus inimigos."; enfim, como é que Ele pode ordenar explicitamente, na Bíblia, para matar mulheres e crianças, as vezes, aniquilar toda uma cidade ou nação? Isto não seria uma auto-contradição?

3. A Quem É Destinada a Lei
É um erro banal de lógica quando esquecemos que a Lei foi feito por Deus "PARA" os homens, e não "para Si". Ou seja, se formos olhar, os 10 Mandamentos, não faz muito sentindo, no meu ver nenhum, se os atribuirmos para Deus guardar.

1. Não terás outros deuses. Ou seja, Deus não pode ser idólatra, para com outros deuses falsos que não ele mesmo.
2. Não farás para ti imagem de esculturas... Não faz o menor sentindo Deus adorar a uma imagem, se curvar a tal... sendo Ele o Deus. Não faz sentindo o Criador adorar a criatura.
3. Não tomar o nome de Deus em vão (blasfemar). Ele vai falar mal, faltar com respeito a Si?
4. Lembra-te do dia de sábado... porque em 6 dias criou os céus e a terra... e no 7º descansou.... Um Deus que é atemporal, não está preso a dimensão tempo; também não faz sentindo; sendo o dia, um marco da criatura para com o Criador (como disse Jesus "o dia de sábado foi feito para o homem"), e não o Criador para consigo; não faz sentindo.
5. Honre teu pai e tua mãe. Deus tem pai e mãe? (sim, quando Jesus veio a 'condição humana' honrou seus pais terrestres)
6. Não matarás. Eis a questão.
7. Não adulterarás. Deus irá trair a sua mulher? Ter relações com outra? Deus tem uma mulher?
8. Não roubar. O que Deus roubaria? Se tudo é Seu? Se tudo Lhe pertence? Se tudo foi obra da Sua criação? A quem pertence todas as coisas.
9. Não mentir. Se Deus mentir, então simplesmente nada faz sentido.
10. Não cobiçar as coisas dos outros. O que Deus cobiçaria, a quem é onipresente, onipotente, onisciente?

Bem, sem entrar numa discussão mais longa sobre o Decálogo, fica explicito que nenhum - pelo menos dos 9 mandamentos - fazem sentindo se atribuirmos como regras para Ele seguir. Ao mesmo tempo, porque iremos privá-lo então do mandamento 6? Ou seja, se Ele é o criador dos mandamentos, porque Ele não tem direito sobre tais?

Ele é o Legislador, e o Juíz; da Lei que fora destinada aos homens, AOS HOMENS, a criatura, como deixa claro Salomão:
"De tudo o que se tem ouvido, o fim é: Teme a Deus, e guarda os seus mandamentos; porque isto é o dever de todo o homem. Porque Deus há de trazer a juízo toda a obra, e até tudo o que está encoberto, quer seja bom, quer seja mau." Eclesiastes 12:13-15

Ou seja, homens podemos comparar a homens e a Lei, para fazermos medida, julgar - aliás, segundo qual, a Bíblia diz, que apenas Deus está capacitado para julgar. Criatura compara-se a criatura. Todavia, Deus é Deus, Deus é objeto único de categoria única. Para começar, criaturas podem morrer, o homem pode morrer, logo um mandamento quanto a morte faz sentindo. Deus não pode morrer, Deus é vida, Deus é o gerador da vida, quem pode matar a Deus, uma Lei quanto a matar a Si mesmo, não faz o menor sentindo. E além disso, não há como comparar Deus a nada por definição. Criador x Criatura? Ou o comparamos a Si mesmo, ou não o comparamos a nada. Não há nada 'do tamanho de Deus', com qual possamos usar de contra-peso na balança da justiça. Ninguem, nenhum de nós, elementarmente jamais estivemos 'no lugar de Deus', já mais tivemos entendimento, conhecimento pleno sobre Ele, sobre os Seus pensamentos. Não sabemos, o que Ele pensa, não sabemos o que Ele conhece, não sabemos, o que Ele faz, não sabemos o que ele passa, os dilemas que passa... não O conhecemos perfeitamente. Logo, querer julgá-Lo é um erro de lógica. Ele tem por contado cade fio de cabelo nosso, sabe quantas caíram e cairão em cada dia da nossa vida, conhece nossos pensamentos, sentimentos, dúvidas, capacidades, conhecimento, entendimento, cada coisa pela qual passamos na vida, nossa familia, cada dor, cada alegria, cada detalhes; nos conhece melhor do que a nós mesmos. E nós, o que sabemos dEle que nos capacita a julgá-lo como pecador ao mandar matar suas criaturas?

4. O Direito de Deus
Segudo a própria Bíblia, Deus nos concede o folego de vida (espirito), qual junto ao nosso corpo nos torna uma alma vivente, um ser vivo.

"E formou o SENHOR Deus o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente." Gênesis 2:7


Além disso, 'a vida' apenas está com Ele. Ele é o dono, a fonte da vida. Nós não somos vivos por 'poder próprio', nós não fizemos nada para termos a nossa vida, nós não escolhemos nascer, e somos incapacitados de dar a vida. A nós, simplesmente não nos pertence isso que chamamos de vida, pois não temos poder sobre ela. Quem nos deu, quem nos concede a vida, como um dom, é o próprio Deus. NEle está a vida.


  • "Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá; E todo aquele que vive, e crê em mim, nunca morrerá. Crês tu isto?" João 11:25-26
  • "Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim." João 14:6
  • "Eu sou o pão da vida." João 6:48
  • "Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens." João 1:4
  • "E o testemunho é este: que Deus nos deu a vida eterna; e esta vida está em seu Filho. Quem tem o Filho tem a vida; quem não tem o Filho de Deus não tem a vida." 1 João 5:11-12

Ou seja, a Deus pertence a nossa vida, é dEle por direito.

"E disse: Nu saí do ventre de minha mãe e nu tornarei para lá; o SENHOR o deu, e o SENHOR o tomou: bendito seja o nome do SENHOR." Jó 1:21


Jó deixa explicito que não temos nada por direito, mas que tudo, Deus nos deu. Todas as coisas pertencem a Deus. Se Deus dá a vida, Deus tem o direito de tomá-la. E como Jó disse, tanto num quanto noutro 'bendito seja o nome de Deus'. Jó não foi egoísta, arrogante... ele reconheceu humildemente seu lugar como criatura, e ao mesmo tempo, confiando na justiça de Deus.

Além disso, segundo J. R. Tolkien, na sua famosa obra "O Senhor dos Anéis" faz uma colocação extraordinária através do personagem Gandalf.


- "[morrer] Merece! Suponho que sim. Muitos que vivem merecem morrer. E alguns que merecem viver morrem. Você pode dar-lhes vida? Então não seja tão ávido para condenar à morte em nome da justiça, temendo por sua própria segurança. Nem mesmo os sábios conseguem ver os dois lados."

Ou seja, se não temos o poder de dar a vida a quem merece viver, como podemos condenar a morte quem merece morrer? Apenas Deus o pode, Deus dá a vida. Deus ressuscitou os mortos, assim como deu a vida a sua nova criatura no Éden. Deus tem esse direito, este poder, essa sabedoria e justiça para ver perfeitamente os dois lados. E nenhum outro. Além disso, se existe a morte. Então existe a necessidade de uma morte justa. Assim existe a necessidade a necessidade de um ser justo doador da vida, para dela poder privá-la, ao mesmo tempo, que pode restitui-la. Ou seja, o senso em si de uma morte justa impõe a necessidade de um ser como Deus, que pode dar a vida e tirá-la com justiça. E logicamente, nenhuma criatura tem o direito sobre outra criatura, mas só seu Criador. Do mesmo modo, apenas alguém com os atributos de Deus pode ser este Juiz, pois a Ele pertence a vida.

5. Homens Merecem a Morte
Segundo a Bíblia, o homem foi criado puro, perfeito, sem pecado; e Deus colocou uma provação no Éden, 1 única árvore proibida, qual, se fosse desobedecido a vontade de Deus, o homem morreria. Como vimos acima, Deus é o doador da vida. E quando transgredimos a Sua vontade, estamos nos afastando dEle (Pecado = separação; separação de Deus).

"Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus nosso Senhor." Romanos 6:23

O salário do pecado é a morte. Todo aquele que escolhe se separar da Vida, por definição, abraça a morte. Há alguem que jamais pecou que não mereça a morte?

"Que é o homem, para que seja puro? E o que nasce da mulher, para ser justo? Quanto mais abominável e corrupto é o homem que bebe a iniqüidade como a água?" Jó 15:14-16

6. Um Deus Paciente e Piedoso

"Não matarás o inocente" Êxodo 23:7

Como vimos, nenhum de nós merecia estar vivo. Deus poderia ter fulminado, tirado a vida de Adão e de Eva assim que pecaram (que se separaram dEle, da vida), ou mesmo de Satanás. Mas o não fez.

"O SENHOR é tardio em irar-se, mas grande em poder, e ao culpado não tem por inocente;" Naum 1:3

Deus não é impaciente, ou apressado em dar a merecida condenação ao homem. Mas antes dá tempo, da oportunidade para as pessoas verem os seus erros, se conscientizar do erro, se arrepender, seguir o seu caminho, mesmo que oposto a vida; e tudo isso por piedade, por amor, porque quer que antes o homem se arrependa, volte-se para Ele, e então Ele o perdoará e o salvará da condenação merecida (a morte).

A condenação da morte veio naturalmente. Segundo a Bíblia houve mudança até mesmo na Natureza após o pecado. A mulher passou a sentir dores de parto, as serpentes passaram a rastejar (provavelmente eram aladas), as plantas passaram a ter espinhos, entre tantos outros, o mundo começara a se tornar hostil. Pois como um efeito dominó, o vírus do pecado, passaria de pouco a pouco afetando e levando naturalmente as pessoas a se afastarem de Deus. Aos poucos vemos na Bíblia a longevidade das pessoas diminuindo, sobretudo após o dilúvio, antes que eram centenas de anos, até mesmo quase 1 milênio de vida, passara a se tornar, em torno de 60 - 80 anos.

E quanto a isso, vemos em toda Bíblia, infinitos casos em que Deus adiava a sua "Ira" (a condenação, a consequencia dos amargos frutos dos erros que plantavam). Inúmeros. Egito, dera 9 pragas, 9 chances, algo que durou semanas, meses, para o faraó, 'por bem' libertar os hebreus, e ele recusou, por MAIS PRODIGIOSAS que fossem essas petições. Até que por fim, Deus deu mais uma ordem, que iria fazer juízo sobre aquela nação, e que quem não fizesse a marca de sangue de novilho na porta de sua casa, o primogenito morreria. Ou seja, Deus não pegou ninguem de surpresa, e nem deu um prazo curto, mas tempo suficiente para todos fazerem algo razoavel, aqueles que não o fizeram, foi por puro senso de rebelião contra a vontade de Deus, e assim, o filho do faraó morrera. E só então, desta maneira, ele se humilhou e permitiu que o povo fosse. Para o homem, após o pecado, Deus deu uma promessa de um plano para salvá-los. Um plano não só qual teria por finalidade retirar deles a condenação, a morte adquirida pelo pecado, mas a levarem-se a se arrepender de seus males, voltarem atrás de seus caminhos ruins, etc. Para o próprio Israel, na travessia do Deserto, no êxodo, o povo se rebelou tão ferozmente contra Deus que provavelmente seria mortos naquele momento, todavia Moisés intercedeu por eles, rogou por eles, e assim, Deus adiou sua ira, dando-os mais 40 anos de vida, peregrinando pelo deserto, dando-lhes oportunidade para arrepender-se dos seus erros. O mesmo povo, que certa vez pecaram, e então, serpentes picaram eles, eles estavam quase morrendo, e então, rogou Moisés a Deus, e então Deus pediu um que fizessem uma estatua de madeira de uma serpente e ao olhar seriam curados; ali estava simbolizando Jesus como quem livra o pecador da morte e restaura a vida, e ao mesmo tempo, ao verem o formato da serpente, lembrariam claramente da causa de sua moléstia, o pecado que transgrediram. Há infinitos outros exemplos... que não conseguiria descrever nem 1/1000 deles se passasse o resto dos meus dias relatando.

7. Os Casos Em Que Deus Aplicou A Pena
Para ser sincero, acho que podemos contabilizar todos os casos em que Deus dera ordem de matar alguém, ou outros povos, nações. E são poucos os relatados na Bíblia. Não fora com todos os povos. Dos que eu lembro de cabeça, Sodoma, Gomorra, Amorreus, Ninive. E mesmo para os demais, sempre é possível que Deus os tolerou por um longo tempo, deu-lhes chance de arrependimento, conversão, Deus mostrou sua piedade, sua longaminidade. No caso de Nínive, enviou Jonas, e eles, se arrependeram, e então Deus os perdoou, logo não foram destruídos. No caso de Sodoma e Gomorra, não há muitos detalhes, mas os mensageiros celestes de Deus que foram anunciar da destruição, foram recebidos com o desejo de serem estuprados pelo povo. E depois de um longo dialógo, Deus mostrou a Ló que apenas havia ele e sua familia no meio daquele povo que não estavam extremamente corrompidos que não merecessem a execução da sentença do salário do pecado. O caso dos amorreus nos deixa ainda mais claro.

"E a quarta geração tornará para cá; porque a medida da injustiça dos amorreus não está ainda cheia." Gênesis 15:16

Como pode ver, Deus tolera até um nível de injustiça, de pratica, não no sentindo de achar 'que não é condenavel', mas no sentindo de ter paciência. Há uma medida para cada um. E quando está se enche (o que diante da paciencia e longaminidade de Deus é algo muito dificil; literalmente, a pessoa precisa se esforçar muito para que Deus execute-na a sua morte merecida). Ainda mais os amorreus, um povo pagão que faziam diversas atrocidades e maldades, para os quais, Adolf Hitler iria parecer um ursinho de pelúcia.

"Pois consumirás a todos os povos que te der o SENHOR teu Deus; os teus olhos não os poupará; e não servirás a seus deuses, pois isto te seria por laço." Deuteronômio 7:16

Aqui Deus mostra claramente que iria consumir tais povos, por proteção a Israel. Pois se tais não fossem consumidos, Israel seria contaminado por tais, como por uma infecção, e Israel passaria a servir aos mesmos deuses que eles, passariam a praticar os mesmos males.

"Quando, pois, o SENHOR teu Deus os lançar fora de diante de ti, não fales no teu coração, dizendo: Por causa da minha justiça é que o SENHOR me trouxe a esta terra para a possuir; porque pela impiedade destas nações é que o SENHOR as lança fora de diante de ti." Deuteronômio 9:4

Ou seja, Israel não era melhor do que eles, mais merecedores que nada. E Deus não destruiu aquelas nações em favor de Israel. Mas por causa da IMPIEDADE deles, porque eles eram extremamente maus, precisavam ser eliminados.


"Assim não farás ao SENHOR teu Deus; porque tudo o que é abominável ao SENHOR, e que ele odeia, fizeram eles a seus deuses; pois até seus filhos e suas filhas queimaram no fogo aos seus deuses."  Deuteronômio 12:31

Os amorreus eram povos tão impios que o pai e a mãe matavam seus próprios filhos, os queimando vivos no fogo, para os seus deuses. Além disso, faziam relações sexuais sem distinção, com crueldade, estupravam, mantinham relações até mesmo com animais. Era um povo com uma 'gangrena moral' (como diria o Pr. Rodrigo Lemos), e era preciso ser amputado para não contaminar o resto do corpo e matá-lo. Era um povo moralmente já morto, que rejeitaram toda possibilidade de arrependimento; um povo irreconciliavel; não havia mais solução para eles, mais possibilidade de arrependimento, eles rejeitaram totalmente tal. E mesmo assim, Deus os tolerou, Deus foi paciente com eles, enviou mensageiros a eles, deu-lhes oportunidades... Aguentou-os por gerações, por 400 anos!!! Por 400 anos!!! Deus os tolerou a crueldade que deixaria Hitler e a SS com inveja, por 400 anos! Por 400 anos Deus foi longanimo e paciente com Eles. Mesmo após cada vez que Deus contemplava uma mãe colocando seu filho bebe ou criança pequena nos idolo de metal em brasas para ser sacrificado, e ali contemplava a criança gritando, se contorcendo, chorando e gemendo de dor, ainda assim, Deus os chamava ao arrependimento, implorava para eles "não faça isso", "o que estão fazendo é errado", "arrependem-se", "larguem esses deuses", "voltem para mim"...por 400 anos tolerou isso. Até que então os destruiu.

Como que pode ser Deus acusado de injusto, de sanguinário, de um ser com sede sangue e matança? Foram justamente estas coisas terem chegado a tal proporção naqueles povos, que encheu Deus a um ponto que não podia mais ficar sem agir e permitir que eles derramassem tanto sangue inocente, que fizessem tanta barbaridade. E agiu para por um fim nisso.

Que pessoa em sã consciência, chamaria isto de injustiça, de crueldade da parte de Deus? Tais pessoas, no minimo teriam que abraçar a causa de seres cruéis como Nero, a Inquisição Católica, Hitler, Stalin... E achar que Deus teria que ficar de braços cruzados vendo-os fazer suas atrocidades sem fazer nada.






8. O Oferecimento do Perdão de Deus
Quando Deus por meio de Moisés deu Leis quais a punição seria com a morte para o próprio povo de Israel. Em nenhum momento diz que tais pessoas, ao cometerem tal pecado deveriam ser imperativamente executados com a morte logo em seguida. Mas pelo contrário, como visto no estudo sobre as Leis, o perdão e a piedade era sempre a ideia central das Leis. Haviam ordenanças inclusive para com respeito ao Perdão. Como ofertas feitas em prol de um arrependimento; havia a cerimonial anual do perdão no Templo.

De acordo com as Leis de Israel, em primeiro lugar, as pessoas antes de serem condenadas, tinham que ser tratadas com amor, longaminidade, piedade e paciência, tinham que ser chamadas ao arrependimento. E em grande parte dos casos, provavelmente a maioria (alias, na Bíblia, há pouquíssimas vezes que vemos alguém sendo sentenciado à morte). Mas se a pessoa não se arrepender, insistir no erro, insistir em fazer o mal; então os juízes deveriam julgar o caso e com extrema reflexão, dar uma sentença. E na própria Bíblia há vários casos, de que muitas pessoas que foram perdoadas, que se arrependeram. Inclusive o próprio rei Davi, que certa vez cometeu um pecado cruel de matar o marido de uma mulher para ficar com a sua mulher.

Na época de Jesus, vemos que até mesmo com Jesus, por mais 'errados' que estivessem os mestres da Lei. Eles ainda foram pacientes com Jesus, pois não acreditavam que Jesus era o Filho de Deus. Todavia, Jesus se proclamava como Deus, como quem podia perdoar pecados, e estas coisas eram blasfêmia, para qual, a condenação era a morte. E mesmo assim, por mais que quisessem matá-Lo, não o fizeram de imediato, mas levou um bom tempo até que realmente tramassem um modo de matá-lo (mesmo que não fosse por causa da Lei que o mataram, mas pelo ódio). Por exemplo, mulheres adulteras, que a condenação era a morte, Jesus ao ver o arrependimento no coração delas, a perdoou. E as pessoas que estavam com o coração obstinado, impiedoso, sem compreender o significado da Lei que era o Perdão, já queriam apedrejá-la; foi quando Jesus impediu aquela matança, escrevendo na areia com o dedo, pecados quais cada um deles souberam que cometeram e que também mereciam a morte, ou punição ruim tão quão, e viram que Jesus estava agindo com piedade com eles, e com paciência, ao invés de julgando-os e os condenando a morte, os dando oportunidade de arrependimento, de voltarem para Deus e abandonar seus pecados.

9. A Execução da Morte
Deus deixou bem explicito na Bíblia como era para Ele a execução de uma morte, de uma sentença de morte; e qual deveria ser o sentimento de todo aquele que o fizesse. Ou seja, se Deus ordenasse alguem que matasse outro, ou outro povo, isto não deveria ser como uma festa, alegria, como um louco sanguinário, que tem prazer no sofrimento e na morte dos outros. Mas o exemplo é o de Abraão, o pai da fé, quando Deus pediu que sacrificasse o seu próprio filho. Foi a única vez que houve um pedido assim em toda a História Biblica. E Abraão, com lágrimas nos olhos, o foi fazer. E de último hora um anjo enviado por Deus, o impediu. Pois Deus apenas quis dar uma grande lição para Abraão e toda a humanidade. Que o sentimento de Deus ao executar a pena capital para uma criatura sua, um homem, é como matar o próprio filho a qual muito amasse. E além disso, que em prol de toda humanidade, de todas as pessoas, Deus enviou Seu Único Filho, Jesus, para o matadouro e assistiu a sua tortura e morte; em prol da humanidade.

A execução da morte era uma triste cena, para o qual um coração puro e sincero choraria de executá-la, não só por ter que matar alguem a quem (deveriam amar e orar), mas por quem tentou de todas as maneiras levá-la ao arrependimento, e recusou. Era o triste silêncio por quem rejeitou até o último suplico de arrependimento se obstinando na própria maldade. Alguem por quem não tinha mais o que fazer. Senão silencia-la na morte.

Com lágrimas se lança à morte.

07 junho 2012

Escravos, Servos, Trabalho e a Bíblia

9 comentários
Não digo ser muito comum, mas muitas vezes já vi supostos 'argumentos ateus', ou melhor ainda, 'anti-cristãos' (pois 99% das revoltas dos ateus são para com o cristianismo e a Bíblia, e raramente para as demais), é o usar uma mentalidade descontextualizada, ou melhor dizendo, um entendimento a desejar quanto a concepção de Escravidão da mentalidade de hoje, usando tal, como se fosse uma Virtude Moral (a qual não poderiam usar como argumento, fora de um contexto realmente cristão - ou seja, uma contradição para o acusador), dizendo que a Bíblia APOIAVA a Escravidão. Bem, então, aqui apresento um estudo mais profundo da questão.

1. De qual Escravidão estamos falando?
No Wikipedia temos a seguinte definição para o termo:
"A escravidão (denominada também escravismo, esclavagismo e escravatura[2]) é a prática social em que um ser humano assume direitos de propriedade sobre outro designado por escravo, ao qual é imposta tal condição por meio da força. Em algumas sociedades, desde os tempos mais remotos, os escravos eram legalmente definidos como uma mercadoria. Os preços variavam conforme as condições físicas, habilidades profissionais, a idade, a procedência e o destino." (link)

Ou seja, quando um humano passou a ter direitos sobre outro humano pela força. Se formos olhar bem, a grosso modo esta definição, estamos considerando, que um "Patrão" escraviza seus "Funcionários" hoje por meio do "trabalho", que seria a força, ou seja, se o funcionário pisar na bola, ou não atender as expectativas do patrão (detentor de poder, força), tal é demitido. Além disso, podemos dizer que as até mesmo uma pessoa jurifica exercem um poder aos seus funcionários. Aliás, de certo modo, tais, fazem um contrato com a empresa, se colocando como propriedade (de algum modo) da empresa; sobretudo o Estado. Somos escravos do Estado, através de um Contrato Social. Se violamos este contrato, somos punidos, ou a força entramos no eixo. Alias, este é o papel mais evidente da Policia. Na forma mais explicita, os presidiários são os exemplos mais claros de escravos. Além disso, "Os preços variavam conforme as condições físicas, habilidades profissionais, a idade, a procedência e o destino."; é a mesma condição do Mercado de Trabalho hoje, as pessoas tem um preço, conforme sua competencia, status, formação, curriculo, habilidades, experiência profissional, idade etc. A grande diferença talvez, é que a Empresa NÃO ARCA COM O CUSTO, ou seja, não é ela que tem que vender seu funcionário para outra empresa, quando quer se livrar dele. Mas ao contrário, é o profissional, a pessoa que tem que SE VENDER para a empresa, através das ENTREVISTAS.

Ou seja, por definição, não mudou nada. Por fim, Escravidão está dizendo ser quando uma pessoa tem poder sobre outra pessoa, de modo a usar 'métodos' de força para obrigá-la a fazer algo. Ou melhor ainda, podemos considerar como apenas um método de trabalho, quando a responsabilidade pelo quem é mandado é do próprio Dono. Diferente de hoje, quando o Dono não tem responsabilidades pelo funcionário. Mas o mais interessante, no processo histórico das últimas décadas, principalmente através de Sindicatos e Greves, os 'mandados' (trabalhadores), obrigaram (melhor dizendo, 'negociaram') os Donos a terem algumas responsabilidades sobre eles. Ou seja, por fim, as lutas sociais dos trabalhadores nas últimas décadas, foi um processo de escravizar os trabalhadores. E claro, e do mesmo modo, como hoje existem a lista das 100 Melhores empresas para se trabalhar, além de lugares inusitados como a Google e Facebook, um paraíso de trabalho para muitos, também há lista de empresas que abusam, exploram, dos seus trabalhadores, entre elas,  de certo modo, a Apple, qual através de uma sub-empresa na China, que é onde fabrica os brinquedinhos da SUPER MARCA para o mundo (como iphone, ipad, ipod...), a Foxconn, qual obriga muito trabalhadores a trabalharem coisas do tipo 20hrs por dia (se não me engano), e condições tão péssimas, que tem provocado muito suicidios de seus funcionários. E é simples, se eles não trabalharem, são descartados, e logo contratam mais um chines desesperado morrendo de fome para trabalhar no lugar, entre os zilhões de chineses.

Isto é um Contrato Social, ou melhor, um Contrato de Trabalho, que naturalmente fazemos, pois toda vez que formamos qualquer laço social, como na definição de George Orwell em seu famoso livro "1984", sempre abrimos mão de uma certa medida de nossa liberdade para recebermos em troca algum nível de proteção. Ao Estado, nos subtemos em grandes medidas, em troca, recebemos uma infra-estrutura, uma organização, que nos permite ter agua e comida, no mais grosso dos modos. Ou seja, a principio, a ESCRAVIDÃO, a principio, não tem problema algum. Nem hoje, nem no passado. No aspecto de comparar o Trabalho de hoje, com o dos tempos antigos.

2. O que foi a Abolição dos Escravos?
A Abolição que ocorreu há poucos séculos, não tem uma autoria de aspecto "moral", ou de "caridade", ou de "amor pelo próximo" (Lei Aurea como ficou também conhecida), ou seja, não estava interessados (os burgueses e ricos que a fizeram) em acabar com o sofrimento dos negros obrigados a trabalhar a força e dar mais dignidade de vida. Aliás, quais, Hollywood traz a ideia de que todo escravo, tinha pelo menos a marca de 100 chicotadas nas costa (o que é um grande equivoco). Mas a verdadeira identidade foi Interesse Econômico. Simplesmente, porque o Capitalismo estava crescendo. E 1 dos 3 pilares do Capitalismo é o MERCADO CONSUMIDOR. Ou seja, não era interessante para o capitalismo ter um monte de pessoas sem ganhar dinheiro, pois poderiam estar consumindo e, assim, fazer os burgueses enriquecerem com o consumo deles. E ao mesmo tempo, houve interesse, dos próprios Donos desses escravos, pois era mais barato e menos dor de cabeça, do que manter o escravo.

O Lado Negro da Abolição é que no curto e médio prazo, foi um terror para os escravos. Pois até então, os seus donos 'cuidavam' deles. Ou seja, davam moradia (mesmo que fosse uma péssima moradia em muitos casos, mas dava); dava comida para trabalharem; se adoentavam, ou morriam, eles tinham uma perda de patrimonial irrecuperável; e como era escravocata, a pessoa era escrava até morrer, mesmo velho, ainda era cuidado. Ou seja, quando acabou com isso, ao invés desse Dono ter todos esses gastos, dava um 'salário' ridiculo para tais escravos, e eles eram obrigados a se virar para viver com tal salário. Ou seja, tinham que correr e cuidar da própria moradia (sendo que nao podiam se distanciar muito das terras em que trabalhavam, logo, acabavam alugando uma terra, que, geralmente, era seu próprio dono, logo o que o Dono dava de salário parte recuperava, ou as vezes, tudo, e, até mesmo o ex-escravos criavam dividas para com os Donos, trabalhando para eles em troca de água, comida e moradia.). Imagine, de repente mudar o cenário, e o ex-escravo, ter que cuidar da própria alimentação, e depois, quando ficar velho, como o dono não pagou por ele (não comprou ele, não é um patrimônio), quando deixa de ser útil, e, assim que ficar velho, ele que se vire, "bye bye" (não havia ainda uma Lei de Aposentadoria, sobretudo para os ex-escravos).

Ou seja, logo que ocorreu a Abolição, os que mais sofreram foram os próprios escravos. Não pelos chicotes, mas pela Lei. Muitos morreram de fome. Imploraram para seus senhores lhes escravizarem novamente, cuidarem deles. Alias, a vida inteira foram escravos, não sabiam cuidar de si mesmos. Fora, que muitos vieram da Africa, não tinham familia por ali, estavam em terras desconhecidas; e lógico que não podiam sair invadindo qualquer terrinha e construindo sua fazenda; as terras estavam já tudo praticamente nas mãos dos Donos. E por assim, a definição de Escravo não mudou. Apenas mudou os interesses economicos de quem já tinha poder e descobriu um modo de aumentar este poder. E assim como, hoje, precisamos agora, competir um com os outros, como loucos, trabalhando 10h por dia, 1h de almoço, e depois mais 5h estudando, mais 4h de transporte, para dormir umas 4h por noite, para conseguirmos ser competitivos no Mercado de Trabalho, ganhar o nosso salário para sobreviver, e para garantir a nossa aposentadoria quando envelhecermos. E essas 'regalias' após a escravidão, só ocorrera muito tempo após ter sido Abolido, na época não se pensava nessas coisas que hoje podemos chamar de Direitos dos Trabalhadores.

3. O Grande Preconceito
Hoje todo mundo tem um grande preconceito quanto ao termo "Escravo", pois normalmente, sempre se usa a conotação de Escravos sendo torturados a trabalhar como num Campo de Concentração Nazista; ou muito torturados. Entre outros. Sendo, que não faz muito sentindo. Pois 1, em geral, os escravos eram 'comprados', ou seja, custavam para os Donos, não fazia sentido matá-los, ou feri-los e privá-los de modo a adoecerem e não conseguir ter um bom rendimento no trabalho, ou pior ainda, morrerem. E, 2, se ficassem castigando muito o coitado, ele não conseguiria trabalhar, se não fosse alimentado, não teria forças. Não eram tão baratos assim. Imagine, boa parte vieram da África, era necessário construir navios enormes, bancar uma tripulação para ir até a Africa, e lá tomar a força conquistarem tais homens, trazer de volta para a América; isto envolvia um custo enorme, logo, não eram vendidos tão baratos, e se o fosse, não teria sentido; pois ninguem, iria fazer tanto trabalho, para vendê-los baratos e não ganhar quase nada. E nisto, é bom lembrar que paises como Portugal e Espanha, se enriqueceram muito através do tráfego negreiro. Ou seja, escravo não era "tão descartável" assim como em geral, os filmes de BangBang dos EUA nos ensinaram.

Claro, haviam Donos malvados, assim como há chefes malvados hoje que exploram seus funcionários, até mesmo não pagando salário, ou enrolando para pagar, ou fazendo trabalhar muito mais, entre tantos outros, ou pagando quase nada, como 1 salário minimo. Hoje temos milhões de pessoas estressadas por causa do trabalho. Mas do mesmo modo, haviam bons Donos, bons chefes. Como os Donos do escravo George Washigton Caver, nos EUA, qual era um menino escravo, mas seus donos viram que ele era muito inteligente e deram estudos e o estimularam, não só o fazendo se tornar independente depois, mas um grande pesquisador, cientista biólogo, agronomo, inventor, que chegou a Universidade e se tornar professor. E do mesmo modo, houve no passado relações de Senhores e Servos saudáveis. Claro, nos filmes sempre mostra um monte de chicotes, como sempre mostra pessoas armadas e tiros; pois isto gera drama e excita o público.

4 - Nos Tempos Bíblicos 
Segundo a Bíblia, o povo Hebreu passou por algum tipo de submissão escrava (no sentindo não assalariado) ou talvez como algum tipo de serventia, do tipo trabalhar para ganhar sustento, como se acredita ter sido no modo Egipsio. Depois, também conta-se que por diversas vezes, o povo hebreu, já como Israel, também foram tomados, por outros povos, como por exemplo, os Babilônios, Medo-Persas, e mais explicitamente ainda, os Romanos. E consta, que mesmo sobre este dominio, hebreus como José e Daniel, foram pessoas que adquiriram muito status, se tornando governantes. Ou seja, é um povo que soube o que era ser Escravo, Em Jeremias, podemos ver muitas lamentações a respeito disso. Sendo que na época, a diferença entre servo e Escravo, a grosso modo, era praticamente, que o escravo era uma espolia de Guerra. Ou seja, um pais que dominasse o outro, a população de tal passava a se tornar escravo; para maioria das civilizações na História foi assim, para a Grécia, no período Heleunistico, com Alexandre (O Grande), foi um pouco diferente, pois, ele tentou submetê-los, através da Cultura e filosofia (aliás, o que esperar de quem foi pupilo de Aristóteles). Voltando, após o flash histórico, servo, em geral, era quando era alguém do próprio povo. Como era 'os métodos de força' dos Donos, variava, conforme o Dono e etc. E claro, ainda mais para a época, era comum, métodos que apelavam mais para a dor fisica, fome e cede. E as vezes,  quando o número era absurdamente alto de escravos, trazendo problemas sociais, inclusive falta de controle, como os Romanos, até mesmo faziam esquemas para reduzir o número de escravos, sendo que, na maioria das vezes, ao invés de libertá-los, simplesmente matavam eles. Bem, se lermos a Bíblia, raramente iremos ver partes que falam quanto a Israel dominar a outros povos, e o que fizera com tais povos no sentido de como tratou-os quanto a trabalho, exército, se torturavam eles, e essas coisas. Todavia, temos o caso descrito de Rute e sua nora, que mostrou uma boa relação, um caso formidável.


5. A Lei Biblica, A Lei de Israel para com As Relações de Dono e o Submisso

Em Israel, havia Leis 'Trabalhistas' (digamos assim), mais explicito no Tora, nos livros de Exodo e Deuteronômio, as quais deveriam ser imperativamente observadas. Algumas descrevo  a seguir

a) Perdão e liberdade em 7 anos
"Se comprares um servo hebreu, seis anos servirá; mas ao sétimo sairá livre, de graça." Êxodo 21:2. Ou seja, apenas duraria 6 anos, o que normalmente acontecia por divida. E ao sétimo ano, era totalmente perdoado da divida (mesmo que não paga), e deixava de ser escravo ou servo.

b) Assim como se tornou escravo, assim sairá
"Se entrou só com o seu corpo, só com o seu corpo sairá; se ele era homem casado, sua mulher sairá com ele." Êxodo 21:3 
Suponha que marido e mulher, e um dos dois se tornou livre, então o outro iria ser livrado junto com ele. Ou seja, a sua família não deveria ser prejudicado com isso. Mas se ele, se casou durante a serventia, e não antes, a condição era diferente. A Justiça estava no sentindo em 'assim como ele entrou', 'assim irá sair', não deveria ser prejudicado quanto a isso.

c) O Direito de Continuar a ser servo, se assim ele quiser

"Mas se aquele servo expressamente disser: Eu amo a meu senhor, e a minha mulher, e a meus filhos; não quero sair livre, então seu senhor o levará aos juízes, e o fará chegar à porta, ou ao umbral da porta, e seu senhor lhe furará a orelha com uma sovela; e ele o servirá para sempre." Êxodo 21:5-6

Olha essa que interessante, para o caso, de o servo QUERER CONTINUAR a ser servo do seu senhor (uma opção que não foi dada na Abolição da Escravatura Moderna). Se assim o quisesse, iria receber um furo na orelha, indicando que ele seria servo do seu senhor para SEMPRE. Ou seja, até a sua morte, o seu senhor teria que cuidar da família dele, e eles trabalhar para seus senhores. Aliás, repare com "eu amo a meu senhor", isto deixa explicito, que tais relações de trabalho deveriam ser amistosas e saudáveis, de modo a até mesmo o servo amar ao seu Dono.

d) Punição para quem ferir uma mulher grávida
"Se alguns homens pelejarem, e um ferir uma mulher grávida, e for causa de que aborte, porém não havendo outro dano, certamente será multado, conforme o que lhe impuser o marido da mulher, e julgarem os juízes." Êxodo 21:22
Se um a mulher grávida de um servo for ferida, e tiver que abortar, o marido dela irá impor uma multa para o Dono, se os juízes acharem justo. Onde já se viu uma Lei semelhante quanto hoje? Muito atualmente, nas últimas 2 ou 3 décadas, mais precisamente, é que vemos alguns direitos na nossa Lei para com as mulheres grávidas. E alias, semelhante ao modo biblico. O qual o marido colocaria uma multa e este seria julgado pelos juízes. Ou seja, assim como hoje, alguem processa o ex-chefe, ou uma empresa, estipula um valor de indenização, e os juízes julgam.

e) "Olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé"
O famoso verso "Olho por olho, dente por dente" (Êxodo 21:24), que hoje é usada com uma má conotação de VINGANÇA, no contexto é usado como conotação de Justiça e Punição. Ou seja, se o servo for ferido, por exemplo por uma briga, e no caso, uma mulher grávida morrer, então o Dono iria pagar com a vida. (verso 22) Ou seja, traduzindo nos dias de hoje, se uma trabalhadora grávida de uma empresa, sofrer uma agressão no trabalho e morrer, o Dono dela, o Dono da empresa, iria morrer. (era mais ou menos isso). E nos versos seguintes continua a dizer, coisas do tipo: Se alguem cegar 1 olho de algum dos servos, então, a sua divida será automaticamente perdoada, e ele será deixado livre. Ou seja, se fosse hoje, se você se tornasse servo de alguem porque lhe deve 100 bilhoes de dólares, e alguem ferir seu olho, e você ficar cego, toda sua divida será perdoada e você vai para casa. E por ai vai vários exemplos. "Olho por olho, dente por dente", queria dizer para os DONOS: "Se alguem sobre os seus cuidados, sofrer qualquer coisa, nem que seja perder um dente, você vai ter que pagar por isso, e libertá-lo." A Lei de Israel não era uma Lei 'negociável' como a de hoje é entre sindicatos e donos, não era uma Lei comoda, muito menos INTERESSANTE para os Donos, não visava fazer os donos ter benefícios, lucrarem, pouca responsabilidade; pelo contrário, era uma Lei de dar medo.Uma Lei muito invejável, a qual a Lei de hoje se distância exponencialmente favorecendo burgueses e ricos.

f) Proibido sequestrar, raptar, tráfico de pessoas
"E quem raptar um homem, e o vender, ou for achado na sua mão, certamente será morto." Êxodo 21:16
Raptar, sequestrar alguem para vendê-lo era totalmetne proibido, e a punição era a morte. Ou seja, escravizar como foi na época do Tráfego Negreiro, que sequestravam os homens de suas tribos na África. Segundo a Lei de Israel, a Lei de Moisés, tais pessoas seriam punidas com a MORTE, por terem raptado, sequestrado. E ainda mais, aquele que tratasse uma pessoa como uma "mercadoria", este seria morto. Era uma Lei extremamente dura. Mostrando claramente, a filosofia de Deus, qual é inadimissível desrespeitar a vida de uma pessoa, ou seja, não poderiam ser tomados a força; e ao mesmo tempo, inadimissível, para Deus, tratar um ser humano, a sua criatura, como uma 'mercadoria'. Quando mais, segundo a Bíblia, Deus resgatou toda a humanidade, do pecado, com o valor do Seu sangue, comprou a humanidade com a própria vida. É uma grande blasfêmia vender alguém, assim como os irmãos de José fizeram com ele.

g) Mantimentos e Condições para Recomeçar a Vida

"E, quando o deixares ir livre, não o despedirás vazio. Liberalmente o fornecerás do teu rebanho, e da tua eira, e do teu lagar; daquilo com que o SENHOR teu Deus te tiver abençoado lhe darás." Deuteronômio 15:13-14

Quando a pessoa era perdoa e libertada, o seu Dono tinha que lhe dar recursos básicos para se manterem e recomeçar a vida. Semelhante a MODERNA ideia do Fundo de Garantia e do Seguro Desemprego, isto já havia na Lei Bíblica. Digo, parecida, porque a moderna, isto é um custo, qual o dono tem que pagar, ou é descontado do salário do trabalhador; mas que para Israel, deveria ser dado como uma doação.

h) Repouso Sabático - 1 dia de folga / semana
"Mas o sétimo dia é o sábado do SENHOR teu Deus; não farás nenhuma obra, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o teu estrangeiro, que está dentro das tuas portas." Êxodo 20:10
Assim como todo Israelita que observavam a Lei de Deus, os servos, escravos, tinham que guardar o 4º Mandamento - guardar o dia de sábado [O Memorial da Criação, Gênesis 2:3]. Era proibido trabalhar, nem o servo, ou escravo, ou seja quem fosse. Ou seja, eles teriam 1 dia de folga na semana, jornada de 6 por 1, sempre aos sábados. (claro podia ser mais do que 1 dia de folga, dependendo do Dono. Além das outras festividades israelitas).

i) Ajudar os pobres
"Quando entre ti houver algum pobre, de teus irmãos, em alguma das tuas portas, na terra que o SENHOR teu Deus te dá, não endurecerás o teu coração, nem fecharás a tua mão a teu irmão que for pobre; Antes lhe abrirás de todo a tua mão, e livremente lhe emprestarás o que lhe falta, quanto baste para a sua necessidade." Deuteronômio 15:7-8
Quanto as causas das dividas, que normalmente levavam a tal condição, muitas vezes se pensa: "Ah! A pessoa era pobre não tinha como se sustentar e acabou fazendo dividas." Mas até isso, a Bíblia contesta. Pois de acordo com tal, quem tinha como ajudar o podre, era seu dever ajudar. 


j) Proteção ao que tentasse fugir
"Não entregarás a seu senhor o servo que, tendo fugido dele, se acolher a ti; contigo ficará, no meio de ti, no lugar que escolher em alguma das tuas portas, onde lhe agradar; não o oprimirás." Deuteronômio 23:15-16
Um servo/escravo que tentasse fugir e fosse capturado, não deveria sofrer punição, muito menos ser morto, mas antes, deveria ser protegido. Esta Lei mostrava a misericórdia e benevolência com que as pessoas deveriam ser tratadas. E não o contrário como é hoje, que algo semelhante numa empresa, normalmente é tratado como uma Demissão por Justa Causa. Nas entrelinhas, está Lei dizia que se ele tentou fugir, é porque o Dono está sendo um péssimo exemplo, está desonrando a Deus, e deveria acolhe-lo, mostrar sua hospitalidade, pagar a divida que fez para com o seu servo e com Deus, por ter tratado-o não justamente. Os donos tinham que ser carinhosos com seus servos.


k) A Razão Destas Leis
"E lembrar-te-ás de que foste servo na terra do Egito, e de que o SENHOR teu Deus te resgatou; portanto hoje te ordeno isso." Deuteronômio 15:15

Há mais diversas outras Leis, e exemplos bíblicos que falam sobre esta questão de trabalho, entre tantos outros. Destaquei algumas que mostravam a relação de trabalho entre Dono (senhor) e servo e/ou escravo. Mas creio serem estas serem suficientes para quebrar qualquer argumento dos 'anti-cristãos' e 'ateus' para em dizer que a Bíblia apoia a escravidão. E para encerrar esta sessão, apenas coloco mais 1.

l) Empréstimos sem Lucro
"Ao estranho emprestarás com juros, porém a teu irmão não emprestarás com juros; para que o SENHOR teu Deus te abençoe em tudo que puseres a tua mão, na terra a qual vais a possuir." Deuteronômio 23:20
Sem sombras de dúvidas, esta é uma das Leis que mais me surpreende. Deixa claramente, que as relações de trabalho não deveriam visar o LUCRO, a exploração, o enriquecer a custa dos outros; e, especialmente, em consideração ao Empréstimo, não deveria ser tratado como um produto financeiro, como hoje o é. Hoje, de certo modo, o Sistema Financeiro Capitalista, mais especialmente, as Instituições Financeiras, como Bancos, o grande produto que as vezem LUCRAR e ganhar muito dinheiro, talvez o principal produto em volume financeiro e rentabilidade (mas falta eu avaliar números para ter certeza, mas acredito que seja). É o Lucro sobre empréstimos. Ou seja, emprestar R$ 10.000,00 para uma pessoa, e cobrar, como dívida, R$ 20.000,00, e assim lucrar R$ 10.000,00 nesta operação.

Quanto a esta Lei, eu certa vez eu até conversando com meu amigo Elcio questionei: "Mas isto é um absurdo! E os riscos de inflação? A pessoa teria prejuízo no empréstimo?" E o risco de inadimplência? Pensava eu? E o risco de capital, de ficar com o dinheiro parado, enquanto podia estar sendo investido ou rendendo de outros modos? E eu pensei muito sobre isso. Pois, literalmente, emprestar dinheiro, segundo a Lei Bíblica era sofrer um prejuízo. Isto deixa ainda mais claro os conselhos de Salomão em Provérbios quanto a ser fiador de alguem, ou emprestar algum dinheiro; que deveria se evitar isto, e que, ao mesmo tempo, deveria por condições duras, fazer contratos fortes como até mesmo "que a pessoa dê suas roupas como garantia" (ou seja, se não pagar, a pessoa fica nú, até pagar), para ter o seu empréstimo pago. Pois lembra de uma da 1ª Lei exposta? A pessoa poderia fazer uma divida de 1bilhão com você, se tornar seu servo para pagá-la, e, no máximo em 7 anos, seria perdoado desta divida. Ou seja, um calote absurdamente alto!!! Foi então, que depois de muito pensar eu compreendi, que está Lei explorava bem o caráter da Lei de Deus, e da Lei de Israel. Emprestar significava um ato de misericórdia, renúncia e sacrifício próprio. Não era comodo, não era lucrativo; mas pelo contrário, era literalmente por a mão no fogo, era se sacrificar por alguém, era ser misericordioso. Aliás, isto ficou mais claro ainda, quando Jesus fala sobre isso através de uma parábola (A Parábola do Credor Incompassivo, Mateus 18:23-35), o qual resumidamente, em essencia significa, Perdão, e diz assim:
"Por isso o reino dos céus pode comparar-se a um certo rei que quis fazer contas com os seus servos; ... Então o senhor daquele servo, movido de íntima compaixão, soltou-o e perdoou-lhe a dívida."

E vale a pena olhar mais sobre esta parábola, e ver o que ela falava sobre perdoar. Que devemos perdoar uns aos outros, mesmo as nossas dividas impagáveis. É nisso que se baseia o Reino dos Céus. É uma lição sobre perdão. As Leis Biblicas, a Lei de Israel, a respeito do trabalho de Serventia/Escravos, era uma Lei de Perdão, que testificava, com ações duras para os credores, perdoar os devedores. E é assim, como Jesus disse no modelo de oração que nos deixou: "Perdoe as nossas dividas, assim como nós perdoamos os nossos devedores." A Lei baseada no perdão!  

A Lei de Trabalho A Força em Israel, na Bíblia, significava A Lei do Perdão. Foi a esta conclusão que eu cheguei.

Eu até me perguntei como uma nação poderia ter uma saúde financeira assim? Pois é o totalmente oposto de hoje. Todavia, atualmente, o Mundo Capitalista Contemporâneo está lidando com este dilema. Os países mega endividados, as suas dividas estão destruindo a saúde das nações, como o caso da Grécia, que tem provocado uma crise e temores em todo o sistema financeiro do mundo. Além dos Bancos dos Estados Unidos em 2008. E até o momento, as melhores soluções encontradas fora o PERDÃO DAS DIVIDAS. Muitos bancos foram resgatados pelos Governos, e no caso, a Grécia, teve 50%, metade, da sua divida perdoada, muitos bilhões de dólares perdoados (ou como os mais pessimistas dizem, Um Calote Histórico). Claro, por um lado, os ricos, os bancos, países, credores de tais, sofrem as consequências disso, no quesito perder poder financeiro. Todavia, esta foi a melhor situação pensando no todo, pensando na própria saúde. E hoje, uma reflexão podemos pensar quanto a isso. Pois Israel, foi fundamentada numa Lei de Perdão, e hoje, se tornou uma das mais poderosas nações do mundo, os Judeus, sempre retratados como ricos, detentores de grandes Corporações e fortunas. Será, que não é isso que está faltando ao mundo hoje para melhorar sua situação politica, social, econômica...? Aprender a perdoar?


5 - O Caso de Jesus
Quando o Messias veio a Terra, a grande maioria, inclusive o próprio João Batista considerava que Ele livraria o povo das mãos dos Romanos. Todavia, em nenhum momento Jesus se opõe a isso, e ainda mais, deixou claro que não é disso que ele veio 'se importunar'. Mas se sujeitou a uma vida sob o dominio de Roma, pobre, com trabalhos pesados e humildes. E num momento mais tenso, os chefões de Israel, interessada nos próprios interesses, e no que todos tinham grande expectativa, tentaram o por contra Roma, perguntando, se era justo pagarem tributo a Roma. E a resposta de Jesus foi "dái a César, o que é de César e a Deus, o que é de Deus." (Lucas 20:25) Jesus deixando claramente, para pagarem os tributos e impostos de seus dominadores; para continuarem a sujeitar-se a eles; e ainda mais, ensinou, a trabalhar em dobro, metaforicamente. Quando disse, se alguem pedir para que ande 1km, ande 2; se te pedirem 1 real, lhe dê 2 reais; e assim, sempre atender em dobro o pedido da pessoa. E ainda mais, disse para amar e orar pelos seus inimigos. Em outras palavras, o exemplo de Jesus, era totalmente proposto a qual tipo de modelo Sindical de hoje, sobretudo o de boicotes, greves.. E além disso, Ele disse para ricos darem tudo aos pobres. Disse, para as pessoas não procurarem juntar tesouros neste mundo.

Em grosso modo, Jesus tentou deixar bem claro para as pessoas não serem interesseiras. Não fazerem seu senso de justiça pensando em recompensas, em ganhar algo, em enriquecer, em ganhar poder, em lucros, e coisas desse tipo. Pois como já afirmava as Escrituras, 
"Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores." 1 Timóteo 6:10 
 Ou seja, se formos pensar bem; este era tanto o desejo de escravos e servos quanto o dos Donos; ambos estavam no mesmo barco, só mudava a posição de cada uma, o Interesse, a Cobiça (proibido pelo 10º mandamento da Lei de Deus). E Jesus estava ensinando para ambos saírem desde barco, e irem para uma nova dimensão, a de, como Pedro, andar sobre as águas. Não precisam, do patrimônio, ou propriedade privada (barco), nem de poder de consumo (comprar o barco), apenas precisavam segui-Lo. O mesmo Jesus que replicava as palavras de Moisés (sim estava na Lei antiga também), amar ao próximo como a si mesmo, fazer ao próximo o que gostaria que te fizessem, ser um pacificador...


"Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra;
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos;
Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia;
Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus;
Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus; "
Mateus 5:5-9


6 - Conclusão Final
Não há acordo entre o modelo Bíblico de Leis que deveriam reger seus cidadãos quanto a questão de escravos e servos, além da filosofia da moral biblica de como deveria ser o comportamento, e o modo de lidar com o próximo. Ou como em Isaias 58 anuncia,

"Porventura não é este o jejum que escolhi, que soltes as ligaduras da impiedade, que desfaças as ataduras do jugo e que deixes livres os oprimidos, e despedaces todo o jugo?
Porventura não é também que repartas o teu pão com o faminto, e recolhas em casa os pobres abandonados; e, quando vires o nu, o cubras, e não te escondas da tua carne? "
Isaías 58:6-7

Não há conciliação da Bíblia para o modelo de Escravatura que houve nos séculos recentes; sobretudo, para com a violência, ou exploração, ou tráfego. E além disso, já impunha Leis Trabalhistas, muitas quais, apenas muito recentes, nas últimas décadas, através de greves, entre outros protestos, em muitos lugares do mundo criaram Leis Trabalhistas palidamente semelhantes em teor de justiça e comprometimento do dono, do rico; pois a de hoje, foram feitas através de 'negociar', ou seja, ainda tem um certo grau de conforto para os Donos, patrões; enquanto que a biblica, foi imparcialmente feita pelo Senhor, ou pelo Moisés (como alguns alegam), que era o Lider de Israel, mas qual fez Leis que fossem extremamente duras para com os Donos que não cuidassem muito bem dos seus servos; e que por cima, em 7 anos, de um jeito ou de outro, não importa o que fosse, seriam libertados. E acima de tudo, está Lei, e o trato deste relacionamento entre 'quem manda e quem é mandado', tinha que manifestar o caráter de Deus, como exemplificado com Jesus, e sobretudo, a respeito do Perdão Divino; pois financeiramente, quem sempre saia perdendo era o dono, o credor, o patrão; mas a este, Deus prometia bençãos sem medidas. Era uma Lei contra o a Exploração, o Interesse e o Lucro e fundamentada no Perdão e Amor ao Próximo. Tal semelhança, não podemos encontrar nos modelos de trabalho em nenhum lugar no mundo na História, seja no Mercantilismo, seja no Capitalismo, tampouco na Abolição dos Escravos em 1888.