20 novembro 2011

Empolgação

Poucas vezes na vida senti tanta adrenalina e empolgação quanto ontem tocando no Teatro Municipal de Santo André, com o Innovare. Bem, apesar dos vários ensaios. Bem, nada como o pro valer ao vivo, num Teatro cheio cheio lotadérrimo de pessoas, com muitas em pé e sentadas nas laterais, quase q não dava para respirar! Uma situação estranha para mim, pois eu não conseguia ter um retorno do meu som se projetando, era uma sensação quase inédita para mim, ai eu tinha sempre a impressão que estava muito pp meu som, e ai mandava muito ar, acho q toquei entre f - fff o tempo todo (tenho q ouvir alguma gravação para ver como ficou). Ao mesmo tempo, não dava para sentir muito o som da massa orquestral, só o que estava mais próximo de mim.

Mas aí, teve uma música, a do "Pai Nosso", com solo de uma garota + orquestra, arranjado pelo Fernando Mathias. Bem, a música toda é muito muito serena, com uma textura muito apropriada para meditar seriamente, e bem tranquila, traz uma paz. mas para o final dela então, numa repetição do coro, os timpanos começam tomeçam a atacar num trinado crescente, culminando com uma forte entrada dos metais; nossa, aquele ponto foi um máximo! Tipo, os timpanos estavam literamente atrás de mim, eles começaram a bater e minha cadeira e meu corpo começou a vibrar. Aquilo despertou uma coisa que não sei explicar, foi uma comoção, na hora que os 4 trompetes entraram unissono, com aquele som cheio, um arpejo... eu até tremi, o q fez o bocal deslocar um tiquinho, q me fez errar o ataque da nota seguinte rs.

Bem, vamos deixar os detalhes para lá. Mas muita gente muita, gostou disso. Ora, até os funcionários do Teatro, que ouviram de tocaia as músicas, que estão acostumados a ouvir grandes apresentações, como a Orquestra Sinfonica de Santo André, quando passava por eles, me cumprimentavam, parabenizando, que ficou muito bom; se percebia, que até esses, que teoricamente são os mais calejados, foram comovidos, pelo poder da música, aquilo que aconteceu aquela noite. Acho que agora veremos os resultados, os seus efeitos, espero que sejam tão bons quanto foram ontem.



Para mim, foi algo muito parecido com o que o grande regente Bernard Haitink descreveu de uma experiência que teve:


"Sentado no café de um hotel no centro de Salzburg, com vista para o Rio Salzach, Bernard Haitink sorri com a lembrança. "Estive aqui pela primeira vez em 1947, tinha acabado de completar 18 anos. Estava animado para ver de perto um maestro de quem se falava muito, Wilhelm Furtwängler. Eu o vi regendo Fidelio, outras óperas, e... nada. Não provocou impressão nenhuma em mim. Até que durante um concerto, a 8.ª Sinfonia de Bruckner,algo aconteceu e uma eletricidade tomou conta do teatro de maneira muito forte. A apresentação era de manhã e lembro que passei toda a tarde caminhando na margem desse rio, tentando entender o que eu acabara de testemunhar. É algo de que não me esqueço até hoje."

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