03 agosto 2011

Bancos & Capitalismo - O Fim?

A grosso modo, um Banco é visto como o simbolo máximo do Capitalismo. Um termo equivoco ao meu ver, visto que instituições com a mesma característica existia na Roma Antiga, quando ainda não se tinha o Capitalismo como Modo de Produção. Bem, a associação atual em Banco com Capitalismo se deve em geral a questão de serem grandes acumuladores de capital, a cada ano que passa, em geral, crescem absurdamente em bilhões acumulando sempre um patrimonio fisico e virtual cada vez maior.

Em termos simples, podemos resumir as principais contribuições de um banco nesses 3:
1. Segurador
2. Agente credor
3. Investidor

1. Segurador
Em temos antigos, as pessoas guardavam suas riquezas em casas, cofres, palácios, precisavam esconder bem, e também, os mais afortunados, contratavam seguranças, guardas, guerreiros, etc. Para proteger que sua fortuna não fosse roubada. Outros colocavam o dinheiro dentro do colchão, de buracos estratégicos na parede, em caixas de sapato. - Acredito que muitos ainda o fazem. Bem, o banco pode ser visto como um 'agente segurador'. Ou seja, alguem a quem você confia o seu dinheiro, ele irá proteger seu dinheiro, suas riquezas, sua fortuna. E em troca desta proteção, você praticamente permite que o banco utilize seus recursos para outros fins, mas sempre se comprometendo poder devolvê-lo em sua totalidade.

2. Agente Credor
Como o banco naturalmente acaba tendo um grande quantia de dinheiro em posse. Ele fornece empréstimos para outras pessoas que precisam do dinheiro, em grandes quantias; podendo, por sua solidez financeira, permitir pagamentos parcelados de muitos anos. E assim, fornece recursos para muitas pessoas, empresas entre outros.

3. Investidor
Devido também a ter muitas reservas de dinheiro, o banco age investindo em muitas coisas, e não só visando o próprio lucro; mas muitas vezes (e isso ocorre todos os dias) apenas para dar "saúde ao mercado", quais em muitas possuem operações de perca. Mas de tal modo, que faz com que o mercado continue a se movimentar; pois o Capitalismo é uma engrenagem que precisa estar sempre em movimento.

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Poupança
Você já pensou alguma vez o porque a poupança dá um pequeno retorno (mesmo que, normalmente, abaixo da inflação)? Donde vem o dinheiro do banco para ele depositar na sua poupança? Bem, antes de mais nada, é bom entender o que é a "poupança". A poupança de certo modo, significa 'emprestarmos' dinheiro ao banco. Ou seja, é um acordo financeiro, no qual damos (depositamos), R$ 10.000,00 por exemplo. O banco irá usar este recurso, com uma parte fazendo seu caixa, como um fundo de segurança, e outra parte usando para operações financeiras, ou mesmo emprestando o dinheiro para outras pessoas. E assim, os seus R$ 10.000,00 que podiam ficar parados na caixa de sapato em casa, é usado para movimentar o mercado, para outras pessoas usarem. E tudo isso, no acordo, o banco se compromete, dando a sua palavra, que você sempre poderá resgatar seu dinheiro, esses R$ 10.000,00; protegendo-o. E ao mesmo tempo, como você 'empresta' dinheiro para o banco, ele te paga um juros. É literalmente isso, o banco TE PAGA uma pequena taxa.

Bem, atualmente, o banco paga em torno de 0,6%. Mas quanto será que ele lucra? Bem, com os seus R$ 10.000,00 ele pode ter emprestado para uma pessoa, num cheque especial, por exemplo, com 4% de juros ao mes. Ou seja, só nisso, ele teve uma diferença (spread) de 3,4%. Está aí o lucro do banco. Além disso, soma as operaçoes no Mercado Financeiro, entre outros.

O Patrimonio de um Banco
É meio estranho dizer isto, mas há uma boa lógica um banco lucrar cada vez mais, isto, de certo modo trás saúde financeira, e para o mundo financeiro; apesar, que por outro lado, é uma concentração maior de riquezas. Que teoricamente é a grande contradição do Capitalismo.

Então, a grosso modo podemos dizer que um banco possuí quatro (4) blocos de recursos (no meu linguajar):

I. Depositados
II. Próprio
III. Emprestados
IV. Investidos
* há também a parte das ações do próprio banco no Mercado Financeiro, mas prefiro deixar este de lado.

Depositados: É a parte dos recursos depositados no banco pelos clientes (conta corrente, poupança...) usado como reserva, que não foi usado para empréstimo e investimentos.
Próprio: É os recursos próprios (que arrecadou através de lucros) que tambem não foi usado para outros fins.
Emprestados: Recursos emprestados para outros que são pagos a longo prazo, que pode lhe render lucro com o juros ou prejuízo pela inadimplência (não pagamento).
Investimentos: Recursos investidos no Mercado Financeiro, pesquisas, ou acordos especificos. Que pode valorizar, desvalorizar, e até mesmo perder todo o valor, ou dever. (é bem variável)

Se formos pensar de modo bem conservador, o banco realmente só possui em caixa "o dinheiro próprio". Com qual tem que ainda pagar funcionários, despesas gerais. E de certo modo os "Depositados". Todavia, este os clientes podem querer resgatar a qualquer momento. E grande parte dos seus recursos (arrisco-me a dizer, a maior) em empréstimos e investimentos.

É bom enfatizar que o valor depositado pelos clientes é maior do que I. E, talvez, maior do que I + II. Logo, o que aconteceria se todos os que emprestaram dinheiro ao banco quiserem resgatar seu dinheiro? É bem possível que o banco quebre.

CONFIABILIDADE
Logo, a saúde de um banco praticamente depende da confiabilidade de seus clientes no banco. De que tal pode honrar os seus compromissos. Que tal está fazendo uma boa administração dos recursos. Pois, quando o cliente do banco suspeita que virá uma crise sobre o banco, ou que o banco não conseguirá honrar os seus compromissos, ele, naturalmente, para proteger seu patrimonio, irá resgatar seu dinheiro.

Caso Desastre:
Suponha o seguinte caso:
Depositaram no banco: 1.000.000,00
O banco possui: 2.000.000,00

Total: 3.000.000,00
Despesas do banco: 1.500.000,00

Então o banco empresta: 1.000.000,00
Saldo: 2.000.000,00

Ai o banco investe 1.000.000,00
Saldo: 1.000.000,00

Bem, o tempo passa. E ocorre uma grande crise financeira no Mercado, então o banco resgata parte do que tinha investido, com prejuizo, e mantém outra parte para tentar dar o minimo de saúde para o mercado.

Saldo anterior: 1.000.000,00
Resgate: 200.000,00
Investido: 500.000,00 (em alto risco - em baixa)
Saldo: 1.200.000,00

Devido a uma crise financeira no pais, negócios fracos, alta do desemprego, ocorre um grande aumento de inadimplência, e a taxa de juros não era muito alta. De modo, que do emprestado, apenas retorna 200.000,00.

Saldo: 1.400.000,00

(percebe-se que o saldo está abaixo das despesas, e do saldo dos clientes)

O banco faz demissões, e toma atitudes para diminuir os gastos e custos fixos. Baixando as despesas para R$ 800.000,00

Naturalmente, os investidores e clientes do banco percebem que uma crise está acontecendo, que o banco está com uma saúde precária, e grandes clientes resgatam seu dinheiro para se proteger, pretendo o pior... Perda de 1.200.000,00

E assim se tem o saldo final de apenas: 200.000,00
E sendo que tem despesas de 800.000,00 para pagar.
E ainda 800.000,00 que pertencem aos seus clientes.

Bem, o banco chega num ponto que não pode honrar os compromissos. Os demais clientes querem resgatar seu dinheiro, e o banco se vê necessário vender todas as suas posições no Mercado Financeiro a custo de banana. Conseguindo mais 200.000,00. Mas ainda é o insuficiente para honrar os compromissos.
Então o banco tenta recorrer a um empréstimo de outro banco, mas o outro banco vê muito risco, pois a saúde do banco está péssima, e o cenário financeiro do mundo também ruim, e não empresta. Então, o banco recorre (por incrivel que pareça) ao Governo, e o Governo também diz não. Então o banco pede 'concordata'.

E aí o banco fecha as portas e é obrigado a honrar seus compromissos, tendo que vender o patrimônio físico e tudo mais, e na esperança que alguem compre. Mas e se ninguem comprar? E as pessoas, que tiveram suas contas congeladas não podendo resgatar o que colocou no banco?

Bem, isso, a grosso modo, de modo meramente didático, foi mais ou menos o que ocorreu na crise que ocorreu a poucos anos atrás, com a quebra do banco Lehman Brothers. E que espalhou como um efeito dominó, a partir do momento que tirou a saude financeira do Mercado, fez o Sistema Financeira, como um todo, perder credibilidade, e as pessoas passaram a resgatar seus investimentos, poupanças, conta corrente.

Em grandes crises financeiras do tipo, nada impede de que o próprio Governe mande congelar as contas bancárias (ninguem mais pode fazer saques); ou o banco fechar. Logo, poupança também tem risco; inclusive aposentadoria. Resumidamente, TUDO tem risco.

Mas e se os bancos fecham a porta, e o dinheiro volta para a mão das pessoas, o que ocorre?

Em primeiro lugar, uma crise total do capitalismo e panico... pois o MOTOR da engrenagem para de funcionar. O mundo, as pessoas, as empresas, o Governo... precisam de empréstimos. Quem vai emprestar? Como conseguir juntar um grande poder que estava espalhado nas mãos de muitos, concentrados sobre a administração dos bancos? Ao mesmo tempo, o que acontece com "a moeda"? Que em grande parte é controlada pelas operações de cambio, bem, também entra em grande crise. Passa a perder valor, uma grande corrida inflacionária passa a ocorrer, o dinheiro passa praticamente a parar de valer, pois perde credibilidade. E assim todo o comercio entra em caos também. E então, o Governo se vê num enorme desafio para conseguir controlar isto.

Isto também atinge seriamente a sociedade. Aumento absurdo do desemprego, crise civil, saques, furtos; e uma corrida desumana pelos itens de base: higiene, água e comida.

A Roda do Capitalismo
O capitalismo, é uma roda que funciona com o movimento, e não um movimento qualquer, mas num no qual precisa haver acumulação de riquezas, o que não necessariamente é algo ruim. Todavia, este movimento de produção e consumo, necessita ser 'acelerado'. Isso significa que deve haver crescimento. O que se chama de Crescimento Economico. Todavia, sobretudo, desde a crise de 2008, se percebe, que o Crescimento Economico, está diminuindo, ou seja, a aceleração está caindo. Clara percepção disso está no "consumo", está caindo, ou seja, diminuição do 'consumismo', sendo um dos pilares do capitalismo. Ao mesmo tempo, que a produção está enfrentando um problema devido a alta cada vez maior das commodities, devido a fatores climáticos, aumento pela demanda de alimentos (por exemplo)...

Recomendo E MUITO, para quem ainda não viu, ver o vídeo abaixo (apesar de seu enfoque ambientalista):



Infelizmente, acho que muitos não conseguem compreender as implicações de todas essas coisas, no sentido de como pode afetar o mundo em todos os aspectos, social, politico, financeiro, trabalho, educação, saúde, acesso a alimentos e água, pacifidade, guerras.

Pois uma coisa é um mundo que funciona no modo "Esperança On": Paz, investimentos, saúde, educação, melhora do padrão de vida, prosperidade, exodo rural (migração para cidadesBlog do Evandro), desenvolvimento, organização, boas expectativas, desenvolvimento cultural...

E uma outra coisa é um mundo que funciona no modo "Esperança Off": Pessimismo, guerras, falta de investimentos, exodo urbano (migração para o campo), destruição, milicias, guerra civil, manifestações, protestos, paralisações, falta de recursos (inclusive em Saúde), racionamento, entre tantos outros...

E aí é só ver na História o que acontecia quando o "modo Esperança" estava On e Off. No ultimo grande Off, (crise 1929), tivemos em seguida a II Guerra Mundial. Depois, meio que ligou o modo On, sobretudo após a Queda do Muro de Berlim, praticamente marcando o fim da Guerra Fria, e a partir daí, tivemos praticamente 20 anos, de "Modo Esperança On". Mas isso parece estar acabando. Ao meu ver, já acabou. Mas, acho que a midia aprendeu a lição com 2008, e não ficar cotucando a tecla, e não intensificar e espalhar o pessimismo, mas buscar contê-lo.

O mundo necessita de um grande milagre. A Mídia tenta vender o peixe, que o Grande Milagre virá de malabarismos politicos e economicos e com revoluções tecnológicas que a ciência realizará; e assim, prega a esperança o povo. Todavia, questões como a Previdência, pouco são faladas. O projeto 85/95 da Dilma alguem disse alguma coisa? Falta do aumento da expectativa de vida para 150 anos na próxima geração, alguem fala das implicações sobre recursos naturais, água, comida, espaço, moradia, tráfego, poluição, lixo que isto implicaria, competitividade? Além da desertificação, erosão, 'varrimento' dos oceanos... Ninguem fala sobre isso. Questões que estão ocorrendo, importantíssimas, mas a mídia, está ocorrendo, para não disseminar o pânico. O que ocorre é como numa guerra, em que a Imprensa era obrigada apenas notificar coisas boas para animar a moral, animo e esperança do povo e dos soldados, e ocultar deles ou minimizar os 'contras'. Aliás, isto, sem falar da questão "moral" em que o mundo se encontra, como alguns dizem, já em divida com Sodoma e Gomorra.

Eu particularmente, não quero que isto ocorra, de certo modo, um grande temor, como nunca tive antes cresce dentro de mim, quando penso nisso e no meu futuro e da minha família, amigos e entes queridos; e no próprio cenário que pode vir a ocorrer no mundo (tendo a ser um tanto pessimista, quase melancólico). Todavia, isso gera um pouco de esperança que possa ser o cenário apocalíptico no qual ocorra os eventos finais que antecedem a volta de Jesus conforme as profecias bíblicas descrevem. Todavia, confeço que sou de uma geração mal acostumada, acomodada, que apenas viveu num mundo a grosso modo 'em paz', ou seja, pouco preparado, para enfrentar os desencomodos e o que pior pode acontecer. Será que estou preparado como Elias a viver anos no deserto bebendo de um riacho, alimentado por corvos, em meio a solidão, enquanto um mundo no caos; e ainda assim, manter as esperanças? Ao mesmo tempo, como se preparar? E quando? Do que minhas ocupações e atuais atividades e propósitos estão realmente valendo para a segurança futura?

1 comentários:

Lagrange disse...

Também tenho temor de um cenário desses e refleto se as minhas atuais atitudes para com o minha caminhada profissional vão evitar possíveis dificuldades financeiras e espirituais. Isto é, vejo que ser um acadêmico num cenário apocalíptico não é umas das melhores coisas; pior ainda é estar fazendo pos-docs em física (ou pelo menos tentando - provavelmente não haverá bolsas). Por isso estou num período de dúvida quanto as minhas decisões e reflito seriamente sobre aquela profissão toda especial apontada no livro "A Ciência do Bom Viver" e tantas vezes escrita pela pena da autora norte-americana.

Passar fome deve ser infernal e mesmo pode trazer loucura. Quem sabe quem sou eu? - eu não sei. Além de que como eu compartilharia o pão da vida naquele tempo? - se bem que já é esse tempo.

Daniel