07 abril 2011

Educação - Crise de Identidade

Resumir a História e a Educação em poucas palavras: Tarefa ardua. Todavia, agora, cada vez mais intenso, me convenço que, pelo menos hoje (senão em todo o período pós-Iluminismo) a Educação passa por uma Crise de Identidade.

Ora, é fato que Educação, Escola, está envolvido como um processo essencial para uma civilização. Mas é isso? Bem, antigamente, não era bem isso. Mas hoje é quase que exclusivamente isso. Porém, quando dizemos civilização estamos pensando em todo um conceito de sociedade, de mundo, de vida, de modos de vida, modos de produção; e tudo isso parte de uma concepção individual de vida. Ou seja, uma própria filosofia, uma força metafisica (religioso ou não) que move o homem a idealizar uma vida, como as pessoas devem viver, o "que é o melhor", "o que é bom". Aliás, sem o fundamento da moral e da virtude, não há sentido quando falamos em educação.

Ontem assisti um filme na disciplina de Didática na FE-USP, O Menino Selvagem, e ali temos claramente a idéia do que é um homem sem educação, sem ser disciplinado, sem ser civilizado: um selvagem, sem discernimento (será?), mal desenvolvido suas capacidades, sem capacidade de se comunicar, expressar, ou mesmo compreender o mundo ao redor, apenas sendo 'um fantoche' (vamos assim dizer) de seus instintos mais carnais, como comer, beber água, se defender e descansar. Contudo, o filme levanto um questionamento que mexeu com todos: "E daí?" "Mas isso não é a pura liberdade do homem, o de não ser domesticado pelo homem, sem ter influencias de outros homens, descobrindo a vida por si, e escolhendo os próprios caminhos?" "Que direito tem o homem civilizado de ir lá, pegá-lo a força, levá-lo para a cidade, e educá-lo. Isto é: contê-lo, discipliná-lo, tirar a 'liberdade de vida' dele...?"

A discussão ainda é mais longe. Pois sempre parece que temos que lidar com questões essenciais de moral, virtude... chegando aquelas questões "religiosas". Pois retirar este fundamento de que "há o bem", "há algo bom para se fazer", "é dever de todo o homem ser disciplinado, controlar seus instintos..."... então passamos a cair num VAZIO, num vazio que nenhuma teoria antropocentrista pode preencher. Pois então o homem é mais um animal, um animal como qualquer outro, por sorte, por acaso, se uniu em comunidade, civilização, mas ainda assim não há nenhum principio, fundamento que diga "isso deve ser feito", "isso é bom". Logo, "tudo bem em ser um selvagem", "por que deveriamos ser educados?" Mas a CENA, o VER o MENINO SELVAGEM, o homem indiferente, que nem mesmo sabia chorar e era indiferente a tudo, foi chocante. As pessoas reclamam de Deus e dos principios religiosos de barriga cheia, quando estes já formaram bases de moralistas na civilização. Mas conforme essas bases morais vão sendo extirpadas, deterioradas e excluídas, e o homem começa a ver cada vez mais um "simples animal selvagem", é muito atormentante a alma, e creio que no fundo, todos voltam seus olhos para cima esperando 'alguma ajudinha'. Claro, não vimos nenhum garoto selvagem em nossas vidas - provavelmente - mas quantas vezes não vemos no dia-dia, homens selvagens, no sentido que perdem todo o auto-controle e se tornam fantoches de drogas, luxúria e violência por exemplo.

A Educação históricamente, principalmente desde o Iluminismo, tem-se distanciado cada vez mais da Religião, da Disciplina dos Instintos, e dessas perspectivas moralistas. E cada vez mais, senão ABSOLUTAMENTE, voltada para o Mercado. Sim, para o mercado de trabalho, para o pragmatismo, para o rendimento, a economia de energia do homem. Basicamente, é o MERCADO, as EMPRESAS, o CAPITALISMO, o CONSUMISMO, que tem ditado a Educação. E ainda é neste rumo que estamos presos e se acentuando.

Claramente, com isso, houve e está tendo duras consequencias na Educação. Há quem acha que Educar significa meramente "transmitir conhecimento e técnicas úteis para o Mercado"; e o problema basico das escolas então seria, "como fazer os alunos terem interesse" e "como produzir métodos objetivos e mais universal possível para conseguir essa transmissão com exito." E por todo o mundo está discussão ainda ocorre. Além das buscas por "desculpas" do "por que ensinar", sem recorrer-se a metafisica.

Todavia porém portanto, cada vez um número maior de docentes e pedagogos estão sentindo essa crise existencial, esse vazio, que há algo de errado "em aspectos filosóficos e metafisicos" na Educação. Algo claro quanto é isso, é por exemplo a Música que irá voltar a fazer parte do curriculo escolar na Escola Básica. Mas parece haver algum raio de luz, de esperança, pelo menos há quem pense assim: Que a educação deve-se voltar, principalmente, para a introspecção, a disciplina, a filosofia, a moral; e menos, a ser um fantoche do Mercado.

Eu não boto muito fé que a coisa irá mudar. Pelo contrário, acho que a tendência é cada vez mais rumo a Abolição do Homem (vide a C. S. Lewis). Até lá, as discussões continuam, como num jogo de ping-pong. Pois eu diria que a Educação não só se tornou fantoche do Mercado, mas ela passou a ser também Mercado, uma Industria.

Cada vez mais me convenço das palavras de Salomão: "Vaidadade de vaidade, tudo vaidade. É como correr atrás do vento. Nada faz sentido."

1 comentários:

Isabele Dellê Volpe disse...

Todo essa esquematização desde o nosso nascimento para nos focarmos inteiramente no trabalho, no dinheiro, e consumismo nada mais é que táticas do Inimigo para nos mantermos afastados de Deus e esquecermos o verdadeiro sentido de estarmos aqui. A Palavra de Deus se torna uma "fábula", uma historinha bonita, para a maioria. É uma pena. Mas creio que a luz virá para todos em determinado momento da vida.