20 fevereiro 2011

Brucknerianos

Não sou o único Bruckneriano, na verdade é meio que comum encontrar pessoa que passaram a ouvir a música de Bruckner e logo se encantaram pela sua extrema religiosidade divina imposta na música de modo que em suas sinfonias literalmente não "são músicas e obras para este mundo".

Ontem, me deparo com uma descrição espantosa do Carlinus no Blog PQPBach, sobre mais um album de Bruckner. Que creio valer a pena colocar as palavras, de como esta Missa de Bruckner impactou o coração desde homem como eu e você.


"Chegamos ao final de mais uma integral. Consegui realizar um intento que há muito alimentava: postar as sinfonias de Anton Bruckner. Saio desse lavor com a sensação de que desci do monte da transfiguração. Lá divisei anjos e querubins. Estive no Paraíso como Dante em A Divina Comédia. Ou como naquela história contada pela Bíblia, de quando Moisés desceu do Monte Sinai, onde estivera com Deus. Um brilho, um lume radiante, untava-lhe a face. Assim, estive com a música de Bruckner e ela me fez mais casto. Sua obra é densa, funda; obra para monges; para asceses catárticas. Como no simbolismo místico de Cruz e Sousa a qual afirma na poesia Música Misteriosa:
Tenda de Estrelas níveas, refulgentes, 
Que abris a doce luz de alampadários,
 
As harmonias dos Estradivarius
 
Erram da Lua nos clarões dormentes…
Pelos raios fluídicos, diluentes 
Dos Astros, pelos trêmulos velários,
 
Cantam Sonhos de místicos templários,

De ermitões e de ascetas reverentes…
Cânticos vagos, infinitos, aéreos 
Fluir parecem dos Azuis etéreos,
 
Dentre os nevoeiros do luar fluindo…
E vai, de Estrela a Estrela, a luz da Lua, 
Na láctea claridade que flutua,
 
A surdina das lágrimas subindo…
Ouçamos Bruckner e diluamos as imoralidades, os sacrilégios, as inverdades. Que o mundo escute Bruckner e seja curado dos seus desmazelos, de suas chagas purulentas; de sua lúxuria, de sua glutonaria pelas vaidades e seus repastos insossos. Sim! O último disco traz a maravilhosa Missa em Fá. É para ouvir e sentir-se beatificado. Subamos a montanha da música bruknereana e lá tenhamos um encontro com a prece e com a exaltação. Perdoem-me o afetamento. Mas a solidão e essa música imaculada “botam a gente comovido como o diabo” - Drummond. Boa apreciação!"

By Carlinus
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Meus comentários.

Creio que foi de uma tremenda inspirarão Carlinus ter conseguido se expressar deste modo, o exemplo de Moisés no Monte Sinai - ual! Olha essa Missa é realmente muito boa, apesar da primeira música me suar desfamiliar. Contudo, o mais maginifico, é perceber a maioria das células sinfonicas brucknerianas (inconfundivel, plenamente originais e próprias do compositor) usadas em muitas das suas sinfonias, nas suas obras cantadas, como essa Missa, entre outras; mostrando claramente sua fonte e intenção religiosa nas sinfonias. Quais, considero absurdamente, tremendamente, obras angelicais as sinfonias 4, 7 e 8 (e um pouco da 9). O problema é achar boas interpretações, é comum encontrar gravações onde há muita enfase no romantismo (algumas de Karajan), ou na sonaridade, ou no poder e intensidade (como as de Jochum), e deixarem o elemento religioso e espirituoso não tão enfático e profundo. Mas o Haitink tem uma gravação absurdamente celestial da 4ª, a Karajan também tem uma da 8ª feita numa catedral de fazer nos deixar de joelhos.

Muitos pergunam sobre o que acho das músicas, dos músicos, principalmente atuais, do gospel e blablabla, principalmente religiosamente falando. Sabe. Ouça Bruckner, e quando conseguir interpretar, quando seus ouvidos, sistema nervoso, se deparar com toda essa inspiração, como quando lemos a Bíblia, ou o Cristianismo Puro e Simples de C. S. Lewis; na música de Bruckner, todos os elementos religiosos, idéias, cores, texturas, profundas, tão profundas quanto descrito na Canção de Ilúvatar em O Silmarillion de J. R. R. Tolkien; não haverá mais dúvidas, todos compreenderão. É como se estivéssemos sempre a beber água lamosa, cheia de sendimentos, areia, ou cloro, e de repente, então experimentássemos a mais deliciosa e fresca água cristalina do lago das Mansões de Deus.

E com que autoridade eu digo isso? Do mesmo modo como só uma música assim foi capaz de inspirar Carlinus a tal descrição. Aos comentários que o maestro Carlos Moreno já fizera antes de executar algumas sinfonias de Bruckner com a Orquestra Sinfonica de Santo André.

Bruckner foi o mais simples campositor de vida humilde no campo, que não buscou a vanglória, nem a publicidade, nem a fama (tanto que pouco e ouve falar nele), que toda a manhã, antes de sua morte, como uma devoção matinal, trabalhava na sua 9ª Sinfonia que ficou incompleta. E este simples homem do campo, deixou para as gerações seguintes, músicas que 1 século depois, ainda faz vibrar e tremer mesmo o coração do homem mais ateu. É música arrebatadora. Pois logo de inicio, a música com seus temas, te tira desde mundo, desta Terra, e o leva para um outro planeta, uma viajem no Universo, tentando alcançar as Cidades Santas, e você só volta, só lhe dá conta de onde está sentado, quando a música termina. E quanto mais a ouve, mais se familiariza com este mundo transcendente, como Nárnia. E menos, quer voltar para cá, para este caótico mundo.

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