13 julho 2010

Sêneca & Salomão

Estudando a obra "Da Tranquilidade da Alma" de Sêneca, fico espantado das muitas coisas que diz que são praticamente como se estivesse lendo a Bíblia. E duas delas compartilho aqui, por serem considerações muito pontuais, extremamente parecidas com o que vemos na obra de Salomão.

Quanto a escolher amizades e companheiros
     “Deve-se ter uma cuidadosa escolha dos homens, para sabermos quais são dignos de que lhes consagremos uma parte da nossa vida ou se é proveitoso que com eles percamos tempo.
(...)
     Atenodoro dizia que nem sequer iria jantar com alguém que pensasse que não lhe devia nada com alguém que pensasse que não lhe devia nada por isso. Penso que compreendes que muito menos iria à casa daqueles que igualam os jantares aos deveres dos amigos, os que contam os pratos pelas dádivas, como se a falta de moderação fosse uma honra aos outros.
(...)
     Nada, pois, é mais proveitoso a uma alma, do que uma amizade fiel e doce. Quão bom é encontrar corações preparados para guardar todo segredo. Tu temes menos a consciência deles que a tua própria. A conversa deles alivia a solidão. As sentenças deles se tornam conselhos. O seu gracejo dissipa a tristeza, a própria presença deleita!
     Tanto quanto for possível, devemos escolhê-los dentre os isentos de paixões desregradas, porque os vícios entram sutilmente e passam para quem está próximo e prejudicam pelo contato.
Assim, como em uma epidemia, deve-se cuidar de não nos aproximarmos de corpos já infectados e ardendo na doença, porque atraímos os perigos com a própria respiração.
     Assim, na escolha dos amigos, devemos ter trabalho de escolher os menos maculados. O inicio da doença resulta da mistura dos doentes com os sãos.” - VII

Se ler Provérbios, verás as várias vezes que tais pensamentos são expressos.

Quanto a ter dinheiro
"Bion elegantemente disse que não causa menos moléstia a um calvo que a um cabeludo que lhe arranquem algum cabelo. O mesmo se aplica tanto ao pobre quanto ao rico. Para eles, o tormento é igual, pois tanto a um quanto a outro o dinheiro adere de tal modo que não pode ser tirado sem dor.
Porém, como já disse, é mais tolerável e fácil não adquirir do que perder ,e por isso verás mais alegres aqueles a quem a sorte nunca olhou do que aqueles a quem a sorte abandonou.
(...)
Mais feliz é quem não deve nada a ninguém a não ser a si mesmo, a quem é fácil negar. Como não temos tanta força, certamente devemos estreitar o patrimônio para que estejamos menos expostos às injurias da sorte. Na guerra, são mais hábeis os corpos que podem se contrair e se proteger com os escudos que aqueles cujo grande tamanho os deixa expostos às feridas.
Com relação ao dinheiro, o melhor critério consiste em não cair na pobreza nem dela afastar-se totalmente." – VIII

Compare a Provérbios 30:7-9

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