26 abril 2010

O Poder do Perdão

"Tomem cuidado.Se o seu irmão pecar, repreenda-o e, se ele se arrepender, perdoe-lhe. Se pecar contra você sete vezes no dia, e sete vezes voltar a você e disser: Estou arrependido, perdoe-lhe."
Lucas 16:3 - 4

Nos últimos dias, minha mente pensou muito no perdão, principalmente pelo contexto qual estou passando; alias, qual - coincidencia? - foi parte do tema do sermão do Pr. Ronaldo Arco da UCB, neste sábado, no Dia Mundial dos Desbravadores. Mas sabe, esse tema - perdão - me lembrou muito das aulas de psicologia na faculdade.

Um dos pensamentos que mais insistia era: "Se todos fossem ensinados a amar e perdoar desde criança, era o fim dos psicólogos." Por quê? Porque a grande maioria dos problemas que se manifestam na verdade são transtornos e traumas do passado não superados (e os mais intensos, normalmente são atribuidos a infância). Claro, segundo Freud tudo era um trauma sexual de infância; mas hoje - ainda bem - a coisa é muito mais desenvolvida.

A vida é cheia de traumas e transtornos, alguns são nós que fazemos, outros são outros. Mas por que dói tanto? E o interessante, é que quanto mais intimo, mais dói. Há homens na história que suportaram a tortura mais cruel, mas que não suportaram a traição de algum ente muito querido, ou a sua própria culpa e se cuicidaram por fim. Se alguem que você não conhece faz algum mal, você por fim acaba pouco ligando; mas se for seu melhor amigo, ou irmão, ou seu pai, mãe, ou seu filho (não tenho filhos, mas isso me faz imaginar o que é ser um pai)... então a coisa é realmente forte, MUITO forte. É quase impossível de se pensar numa mãe traindo o próprio filho; então imagine o transtorno que é para um filho quando isso acontece! E de fato, um dos piores traumas existentes, são quando pais ferem os corações dos filhos quando crianças (como pais que abusam sexualmente de filhos, ou que traumatizam através de uma postura religiosa). Há uma grande aceitação de psicólogos que boa parte dos ateus e "anti-cristãos" eram filhos de pais cristãos, ou de parentes cristãos, em que o suposto cristianismo de tais traumatizou, quando eram criança. Aliás, o que imaginar das crianças que foram violentadas por padres? Esses traumas, são certamente um dos mais difíceis de se superar. Aliás, quão violento é para um filho o divórcio dos pais!

Mas há um outro trauma que considero ainda pior: É quando nós fazemos um mau para alguem que amamos. A culpa que isso carrega é imensurável. Ultimamente, houveram momentos que até me fez querer não ter existido, e então não teria feito tamanhas feridas. E aí, pode desenvolver um dos piores problemas: "Quando a pessoa não se perdoa."

Mas por que isso ocorre?
Segundo uma perspectiva da psicologia crítica, o homem tem 2 posturas: "Abertura" ou "fechadura". Um verdadeiro relacionamento só acontece quando nos abrimos, isso automaticamente envolve confiar, dar valor. Abertura é uma autodisposição a participar, compartilhar, carregar todas as experiencias, dores, alegrias, amarguras do próximo. Inclusive dar a própria vida por ele. E isso é uma essência do nosso ser. Quando pensamos no homem, temos que pensar nos relacionamentos que formam este homem. Ou seja, quando penso no Evandro, estou pensando em todos os relacionamentos para o qual ele é profundamente aberto (meus pais, amigos, familia, música, Deus, natureza, etc. -  sobretudo, as pessoas e Deus.); tais são o que me formam nesse homem que sou e pensa. Salomão já dizia que as amizades moldam o homem; diga com quem andas e direis que tu és, e por aí vai. Essa abertura são laços que criamos, cordas que sustentam nossa vida, existencia, ser; aquilo que acreditamos, que temos esperança, o que nos dá vontade, propósito, energia, disposição para viver. E isso apenas ocorre quando estamos com a porta aberta; formando um verdadeiro relacionamento afetivo educativo. Educativo, porque essas conexões te constrói, desenvolve, tanto você, quanto quem está na outra ponta da corda.

Enquanto não houver uma abertura, esses laços não são feitos. Uma postura fechada impede não só de criar o laço, mas até mesmo de compreender, ensinar. Como no trabalho de estágio que fiz na disciplina, e depois discutido em sala de aula com outros graduandos; as crianças que eram fechadas com o Evandro, simplesmente não se interessavam, não prestavam atenção, nem tinham a vontade de tentar entender o que ele dizia por mais didático que ele se esforçava; já as crianças que estavam abertas para com o Evandro, sobretudo as mais amigas: o Evandro até mesmo podia estar muito limitado na didática, e cometendo erros, mas elas se esforçavam naturalmente para compreender e entender. E por fim o professor descreveu isso, deste modo: quando se faz esses laços frutos de uma abertura, se torna plenamente intimo, tão intimo que é quase como dizer que "o seu pensamento é o pensamento do outro", a pessoa não se satisfaz se não compreender o que a outra ponta está pensando; ela quer fazer parte disso; e mais, pois isso é parte dela.
Isso me fez pensar nos pensamentos de Sêneca

"Se tu vês um homem como amigo sem teres nele tanta confiança quanto em ti mesmo, tu te enganas muito e só tens uma vaga idéia do valor da verdadeira amizade."
"Podieria citar-se muitos homens que sentiram falta não de um amigo, mas da amizade."
"Perguntas-me, escreve ele, que progresso eu fiz? Tornei-me meu próprio amigo." [Quando se tem uma verdadeira amizade]
"Se queres ser amado, ama!"
"Tiramos a grandeza da amizade, quando nela vemos um meio de ganhar alguma coisa."

E Sêneca desenvolve uma idéia de que a amizade se torna uma união tão intima, como se fosse uma só carne (ou seja, é como a corda fosse tão curta que as duas pontas fossem uma só.). Logo, quando se está amando ao próximo, quando se está educando o próximo, quando se está amando o próximo, quando se está perdoando o próximo, na verdade, por fim, está fazendo tudo isso a si mesmo. Que incrível é esse pensamento, pois Jesus disse: "Perdoem, e serão perdoados." Lucas 6:37
Mas aí acontece o trauma, uma das duas pontas pega uma faca e tenta cortar a corda. E, algumas vezes, é algo tão forte que chega a rompê-la. Em seguida, a vitima tende se fechar rapidamente. O homem se fecha = GRANDE TRAUMA. Na verdade o homem está arrancando o próprio braço, coração, ele está cortando fora aquilo que lhe forma; aquilo que forma sua vida, seus planos, vontades, pensamentos, desejos, motivações, sua base. E isso dói! E como dói! Por isso é tão duro fechar uma porta. Este é o maior trauma que pode ser feito. Quando fechamos a porta para alguem, para um relacionamento. E se fechamos, isso se torna um trauma não superado. A vida passa a entrar em desequilibrio, com uma das pontas cortadas; o todo não funciona em harmonia, e esta doença vai se desenvolvendo pelo resto da sua vida, e, na maioria, muito sutilmente, destruindo aos poucos muitas coisas do homem. Às vezes, o estrago é tanto, que tais pessoas precisam ir ao psicólogo. E aí, aquela busca pelos traumas não superados.

Que interessante: "Eis que estou a porta e bato..." Jesus propondo perdão, abertura, reconciliação; mas nunca impõe. Acho que a melhor definição de "santo", neste momento, é "sem traumas". Lucifer é assim, porque não perdoou. Deus é assim, porque muito perdoou.

Mas o que Jesus diz quanto a isso?
"Se [a pessoa] pecar contra você sete vezes no dia, e sete vezes voltar a você e disser: Estou arrependido, perdoe-lhe."
A solução é simples. Talvez Sêneca diria: "Se a corda arrebentar, salte e agarra-se na pessoa, abrançando-a. E não mais solte até ter remendado a corda." (isso não lembra: "quem muito é perdoado, muito é amado"?). De fato, Jesus foi o maior psicólogo que já existiu. Pois o perdão é algo simplesmente maravilhoso, alguns dizem ser divino. Ele consegue curar as duas pontas, sobretudo aquele que perdoa! E quando se perdoa, está remendando a corda. Eu diria ser um remendo com um nó de pescador duplo, triplo, quadruplo, n-plo; que deixa a corda que une os dois ainda mais grossa e resistente. (Quem é desbravador vai entender melhor.)

O perdão abre as portas. O perdão promove vida; dá ar fresco mesmo na chaminé. O perdão une. E mais, o perdão é a verdadeira cura para os traumas.

Hoje eu tenho uma cicatriz de mais ou menos 1,1cm no dedão direito, de quando era criança e brincando com meu primo, ele me fez cortar ao quebrar o vidro da janela com um soco (fiquei imensamente bravo com ele. Até lembro que lhe disse: "Olha o que você fez!"). Hoje eu olho para isso, e é até que agradável; porque isso criou um laço com meu primo, muito querido, ao invés de destruir. Do mesmo modo, creio que Jesus eternamente carregara as marcas das feridas em suas mãos com grande agrado, prazer, satisfação, alegria. As quais abriram suas mãos, mas abriram portas, uniram corações, criaram laços inseparáveis para toda a eternidade.

Satanás é quem não quer que perdoemos, assim como ele não perdoa. Satanás é quem quer que sejamos rancorosos, magoados, infelizes, fechados, com medo, desconfiados, perplexos, e com várias cordas cortadas (aliás, ele quer substituir tudo isso por falsos laços que estão presos a nada). Já Deus é o contrário. O perdão salva vidas, salva amizades, salva alegrias, salva afetos, salva orgulho, dignidade, valor, confiança, esperança, salva até mesmo casamentos e evita guerras.

Ah se simplesmente as pessoas perdoassem uns aos outros, estariam amando-as. Como seria o mundo, se simplesmente, as pessoas perdoassem tão facilmente quanto respiram.

Que tal hoje mesmo recuperar e criar novos laços, abrir as portas? Se você errou, seja humilde, como foi o homem segundo o coração de Deus: "Então, disse Davi a Deus: Muito pequei em fazer tal coisa; porém, agora, peço-te que perdoes a iniqüidade de teu servo, porque procedi mui loucamente." I Cronicas 1:21 E se pisaram na bola contigo, olha, é tão simples: se tal se arrependeu, e pede perdão, não pense em mais nada, não pense na faca, mas no nó; vá e abraceo. Perdoe-o, e estará se perdoando e superando um trauma. E mesmo que ele não queira o seu perdão, perdoe-o; porém, ele não se permitirá ser perdoado. Mas não deixe nenhuma sujeira no seu coração. Não faça um estoque de "provas criminais". Se livre dessas coisas que apenas escurecem a vida. Leve lá fora, todas essas coisas e queime-as, limpe a casa, abra as portas, e agora com espaço novo, limpo.

Deus quer que entremos no Céu. Isso quer dizer a renovação da nossa mente, do nosso caráter, uma sáude perfeita, e isso, quer dizer, livre de todos os traumas; totalmente curados. Pois, se não perdoamos, por fim, não estaremos perdoando a nós mesmos, como então Deus nos perdoará?

O Maior Psicologo de todos os tempos nos deu a fórmula mágica da vida, da cura, dos relacionamentos. A Sua vida foi uma perfeita experiência de perdão. Todos os sacrícios de animais instituidos no passado significavam "Perdão". Quando Jesus morreu na cruz, exclamou "Perdão". E este perdão aponta, conduz para a vida, a eterna.

"E, quando estiverdes orando, se tendes alguma coisa contra alguém, perdoai, para que vosso Pai celestial vos perdoe as vossas ofensas."
Marcos 11:25

1 comentários:

Vanessa Meira disse...

Mto massa, Evandro!
Gostei msm...